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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sábado, setembro 16, 2006
A Casa Monstro (Monster House) ••••

Ótima animação computadorizada que tem Steven Spielberg e Robert Zemeckis como produtores executivos. A técnica é a mesma empregada em O Expresso Polar e aqui é muito melhor utilizada devido ao roteiro e às atuações. A história é simples, mas criativa e sem ficar se escorando em brincadeiras, referências (a não ser o início que é igual ao de Forrest Gump), etcs e faz tempo que isso não acontecia em animações. Mesmo visto dublado gostei do trabalho dos atores (carioquês, mas bom) que combinou com os personagens, até quero ouvir no original quando sair em dvd (vozes de Steve Buscemi, Maggie Gyllenhaal, Jason Lee, Kevin James, etcs). As feições dos personagens são ótimas, dando personalidade e vida à cada um como a menininha do triciclo, os garotos, a babá (a voz ficou muito boa!), a garota que se junta ao grupo, o namorado pentelho da babá, o sinistro vizinho, o policial negro, etcs. A velha história da casa assombrada se renovou e consegue conquistar o público adulto talvez até mais do que o público infantil (pode ser um pouco mais aterrorizante pra esse público do que o normal). Além de ser uma ótima diversão e uma evolução técnica bonita de se ver a trama contém muita coisa legal que passa por uma trágica história de amor e uma inversão muito boa de um personagem, ressaltando ainda mais que não é uma mera animação ou mera diversão, passando sua mensagem sem ser didático. Escrevendo assim e relembrando trechos fico até achando que vi mais um filme que uma animação, que bom!

Notícias De Uma Guerra Particular •••

Só agora fui ver o documentário do João Moreira Salles e Katia Lund, depois de diversas reprises no GNT e do lançamento em dvd. Dá uma perspectiva diferente diante do que ocorre hoje. Sem querer vemos como até no crime São Paulo se organiza melhor, o PCC é quase a resposta do que se diz no documentário de que se houver organização o crime domina. Ver o BOPE agora, após ler Elite Da Tropa, é bem diferente. Só achei meio curto, poderia ser maior. Uma das coisas que mais ficam até hoje é a questão que Hélio Luz aponta: a sociedade quer o fim da corrupção, uma polícia séria? O exemplo da experiência no microcosmo de uma cidade dá idéía do que seria no macro. E isso se extende para todos os outros problemas, se realmente é de interesse social a justiça realmente funcionando, as leis realmente sendo cumpridas, etcs. Pois quase todo o tecido social está de alguma forma burlando leis e cometendo injustiças, se tudo funcionasse mesmo muita, mas muita gente mesmo não ia gostar nada disso (e não são só os "vilões" da história, é muito mais que isso, os ditos "cidadãos de bem" também). Então...

A Sangue Frio (The Ice Harvest) •••

Harold Ramis fazendo algo na linha de Fargo e Um Plano Simples. Pra mim isso é mau sinal, mas Ramis sempre consegue fazer algo bom (aliás, sua filmografia poderia muito bem ser reavaliada). O jogo de azares e traições é típico, até podemos ver onde tudo vai dar, mas a condução é muito boa, com boas atuações de John Cusack, Billy Bob Thornton, Connie Nielsen e Oliver Platt. Concordo com o final que Ramis escolheu, no dvd há outros finais, incluindo o que seria o original do livro em que o filme se baseou.

Pergunte Ao Pó (Ask The Dust) ••

Robert Towne passou tanto tempo tentando fazer o filme e quando faz dá nisso?! Não que seja tão ruim quanto achava que seria, mas quem leu o livro espera muito mais. Agora quem não leu até pode curtir além do que um simples romance entre um aspirante à escritor e uma garçonete mexicana. Em poucos momentos senti um clima de Fante nas imagens, nas falas, nas interpretações e até na reconstituição da época. Houve aqui e ali momentos soltos que lembravam Fante, só que perdidos no meio da narrativa. Salma Hayek, ao menos, está uma delícia. Espero que haja outra adaptação no futuro pra que essa não fique sendo a oficial.

Serpentes A Bordo (Snakes On A Plane) ••

Era pra ser um trash divertido (ao menos), mas acabei vendo um disaster movie mal feito. O problema é que o filme se leva a sério em momentos a mais do que deveria e assim expõe suas falhas que não apareceriam caso chutassem o pau da barraca, mesmo. Isso acontece lá pro fim, um pouco depois da famosa frase do Samuel L. Jackson (parece demarcar um momento, como aquelas transições para cenas de sonho/pesadelo). Naqueles poucos minutos o filme fica engraçado, mas é pouco, ainda mais depois de todo marketing feito. Sei do único momento, anterior a essa parte final, em que ri (ou ao menos sorri de verdade) que é quando Jackson solta um "great, snakes on crack!". Toda a parte terrestre é um desastre (não intencional); as adições feitas para agradar os fãs ficaram primárias (imaginem como era antes então!); Samuel nem chega a ser o herói cool em boa parte do filme. Parecia que estava vendo um filme do David A. Prior na Band (o nível é o mesmo) e que David Bradley ou Michael Dudikoff iam aparecer na trama. Se tivessem seguido a linha do ótimo O Ataque Dos Vermes Malditos ou até mesmo do bom Do Fundo Do Mar teria sido bem mais empolgante, engraçado (não ouso dizer que até Malditas Aranhas é melhor, mas quase hehe) e até tenso.


posted by RENATO DOHO 2:24 AM
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