RD - B Side
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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sexta-feira, fevereiro 25, 2005
Com As Próprias Mãos (Walking Tall)

Como um filme aparentemente bem reacionário pode ser bem legal, e mais, complexo? Se observamos pela história não há como não evidenciar um posicionamento: um homem que toma pra si o direito e dever de exercer a justiça com as próprias mãos, em favor de um ideal nostálgico, sendo contra o progresso. Mas e se colocarmos como protagonista um mestiço (o pai é negro, a mãe é branca) veterano de guerra e o vilão como um branco capitalista? E se uma das questões é o valor de uma pessoa através de seu cargo e o do quanto ganha? E se o desenvolvimento só busca o lucro, promovendo o tráfico de drogas e uma perda da idéia de comunidade? O que dizer do embate entre o herói usando um pedaço de pau contra os vilões com metralhadoras e outras armas? Há várias coisas interessantes neste que aparentemente é um simples filme de ação. Por esse lado o filme também é bom, feito para enaltecer o estilo antigo (como o tema do filme) não há efeitos, nas lutas e tiroteios o que vemos é o trabalho dos atores e dublês sendo registrado de forma seca, sem frescuras. The Rock tem se mostrado um ótimo herói de ação, é o segundo filme bom que vejo dele. É carismático e se dá bem tanto na parte física quanto na persona que desempenha (sério ou sorridente). Algumas cenas são ótimas pelo teor reacionário, como do julgamento no tribunal ou da tortura de um bandido. Alguns liberais podem torcer o nariz por tantas violações e idéias mostradas (a posse da arma pelo pai, a nomeação do assistente do novo xerife, a destruição do cassino). E pensar que o filme é baseado numa pessoa real!

A Dez Segundos Do Inferno (Ten Seconds To Hell)

Filme extremamente tenso dirigido por Robert Aldrich que mostra o trabalho de desarmadores alemães de bombas logo após a segunda guerra. Jack Palance é o líder do grupo. Mesmo sabendo que no começo Palance não pode morrer ficamos nervosos em vê-lo desarmando bombas, muito pela construção da cena por Aldrich e a música empregada. No meio desse trabalho surge uma rivalidade e um romance que vai mostrar a existência conturbada do líder, na sua falta de propósito diante de novos caminhos (por que ele não muda de profissão tendo sido ele um arquiteto antes da guerra? por que ele não se entrega à paixão? o que virou sua vida?).

Paranóico (Paranoiac)

Ótimo filme da Hammer dirigido pelo talentoso Freddie Francis. O irmão mais novo de uma família de 3 volta após 8 anos de ter sido dado como morto. A irmã que muito sentiu a perda renasce para a vida, o mais velho prestes a herdar a grana dos pais entra mas fundo ainda numa raica descontrolada. Se há suspense nesta trama a coisa fica mais aterrorizante quando certos fatos começam a acontecer. Há muito clima neste pequeno filme, onde o p&b realça o temor e a desconfiança e até sugere o sobrenatural. Surgem até outros temas provocantes levantados (incestos por exemplo). O irmão mais velho tem um desempenho marcante pela sua raiva e arrogância. Os planos são muito bem construídos e o final é exemplar.


posted by RENATO DOHO 2:54 PM
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quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Musa



E olha que eu nem vejo Smallville!


posted by RENATO DOHO 1:09 AM
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quarta-feira, fevereiro 23, 2005
John Huston - Homem, Diretor, Inovador
(John Huston: The Man, The Movies, The Maverick)



No dvd duplo de O Tesouro De Sierra Madre há um ótimo documentário de mais de 2 horas sobre John Huston. Dirigido por Frank Martin foi feito um ano após sua morte e é apresentado por Robert Mitchum. Conta com entrevistas de: Lauren Bacall, Michael Caine, Anjelica Huston, Danny Huston, Arthur Miller, Paul Newman, suas ex-esposas, entre outros. Para quem não conhece a vida de Huston vai ficar maravilhado já que ele era um verdadeiro aventureiro, onde a vida era mais importante que os filmes. Um cara que partiu pra guerra, que adorava filmar em locações diversas para aproveitar os locais e principalmente para caçar, que se mudou para a Irlanda e depois para o México, que adorava bebidas, mulheres e jogo. O documentário tenta falar de todos os filmes, mas passa por alguns apenas citando os títulos (Freud por exemplo não é explorado). O melhor é que há muito material de arquivo de Huston. Muitas entrevistas, muitas cenas de bastidores dos filmes e pessoais, em várias fases de sua vida, o que torna tudo muito mais interessante do que apenas conhecer um cineasta pelas opiniões dos outros e através de fotos. Miller tem insights muito bons sobre Huston e Bacall além da admiração não se furta a falar um pouco mal de sua personalidade (ela acha que ele não gostava de mulheres, apesar dos vários casos, sutilmente quer dizer que era misógino, não seria alguém que ela desejaria se relacionar amorosamente). Seria muito bom se houvesse mais extras e documentários assim sobre cada cineasta antigo nos dvds dos filmes mais famosos de suas carreiras quando lançados. O do John Ford do Peter Bogdanovich poderia ser atualizado e incluído em alguma edição especial, por exemplo.

O documentário despertou a vontade de ver os filmes que tenho gravado de sua filmografia:

Resgate De Sangue
O Diabo Riu Por Último
Freud – Além Da Alma
A Noite Do Iguana
Caminhando Com O Amor E A Morte
Roy Bean – O Homem Da Lei

Descobrindo Um Tesouro: A História Do Tesouro De Sierra Madre
(Discovering Treasure: The Story Of The Treasure Of The Sierra Madre)

Mais um extra do dvd duplo de O Tesouro De Sierra Madre, dirigido por Jeff Kurtti, com mais ou menos 50 minutos, se concentra na realização do filme. Conta com depoimentos de Martin Scorsese, Leonard Maltin e outros historiadores, críticos, etcs. A narração fica por conta de John Milius (coincidência ou não vi também Milius nos extras de A Ponte Do Rio Kwai, o Laurent Bouzereau fez um mini especial com ele falando do filme - como aconteceu com M. Night Shyamalan no dvd de Pacto Sinistro). O enigma do autor do livro é mais explorado e varios outros aspectos não vistos no documentário da vida de Huston, por isso não parece de maneira alguma repetitivo.


posted by RENATO DOHO 9:32 PM
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A Living Prayer - Alison Krauss & Union Station



In this world I walk alone
With no place to call my home
But there's one who holds my hand
The rugged road through barren lands
The way is dark the road is steep
But He's become my eyes to see
The strength to climb my griefs to bear
The Savior lives inside me there

In You're love I find release
A haven from my unbelief
Take my life and let me be
A living prayer my God to Thee

In these trials of life I find
Another voice inside my mind
He comforts me and bids me live
Inside the love the Father gives

Peguem a belíssima canção
aqui. Senha: C38F9F9D



posted by RENATO DOHO 8:05 AM
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segunda-feira, fevereiro 21, 2005
Lua De Papel (Paper Moon)

Belo e simpático filme de Peter Bogdanovich, ainda na fase áurea de sua carreira. A fotografia é excelente, com grande profundidade de foco e paisagens escolhidas com muito critério. Os longos takes proporcionam ótimas atuações de Ryan O'Neal e sua filha, Tatum. Ela é realmente um achado (quem diria que depois teria todos aqueles escândalos com Melanie Griffith, caso com Stanley Kubrick, etcs?). Acho fraca a parte do meio com Madeleine Kahn (pra mim ela só funciona com o Gene Wilder). É um pequeno grande filme.

Diário De Uma Paixão (The Notebook)

Soube deste projeto ainda na década de 90, quando diziam que Tom Cruise trabalharia pela primeira vez com Steven Spielberg. Por isso adquiri o livro importado (na época que os pocket books eram muito baratos nas livrarias daqui), mas quando logo após eles desistiram do projeto eu não quis mais ler o livro. Foi só quando Nick Cassavetes retomou o filme que fiquei levemente interessado em ver como seria a história. É um romance clássico, de um amor quase impossível, que envolve diferenças de classe misturado com uma história no tempo presente, com idosos. Essa opção ao mesmo tempo interessante (pois fala do mal de alzheimer afetando a relação e também da velhice) é um ponto fraco por tentar dar um suspense na coisa, quando faz o espectador pensar se o casal é o mesmo da história ou se o homem é o noivo e não Noah. É desnecessário isso e o vai e volta estraga o desenrolar da história principal. Não há novidades, há vários clichês, mas o romance convence e é marcado por atritos do casal, o que diferencia um pouco. Os jovens atores estão bem, o visual é esplendoroso, a música é forte e os coadjuvantes não atrapalham e em alguns casos há lances muito bons (Sam Shepard adorável como o pai dele e Joan Allen muito boa como a mãe dela). O noivo que poderia ser facilmente visto negativamente é bem retratado, até melhor que Noah, o que reforça que a escolha dela é de algo bem mais profundo que as aparências (o noivo é visto como uma pessoa boa, boa pinta, rico, carinhoso, atencioso, compreensivo, já Noah é mostrado até com defeitos). Não consegue ter algo a mais que torne o filme especial, mas na tradição é um bom romance.

Jogos Mortais (Saw)

De início o filme até parece ter seu fascínio, mas conforme vai se desenvolvendo as escolhas erradas estragam tudo. A trama vira algo risível (quando o ideal seria que se aumentasse a tensão, botando seriedade na coisa), as atuações passam do over (e ficam caricaturais, não passam mais o desespero da situação, mas sim de um jogo se gritos e incoerências comportamentais), o personagem de Danny Glover é um dos mais patéticos dos últimos tempos (ele ter escolhido o papel é pior ainda), parecendo um fantoche na mão do roteiro e os flashbacks são mal montados e repetitivos, como se tentasse explicar mais do que o necessário, insultando o espectador. Fora isso as câmeras "modernas" soam datadas. O filme muito me lembrou o nacional Nina onde também há uma clara influência no estilo do diretor, só que uma influência mal trabalhada, mal digerida, como se pegasse apenas o superficial de um estilo, não tendo um conteúdo de real importância por detrás. Fica então quase um filme vazio, mas é um filme de estréia e o diretor até sugere que pode dar mais do que o apresentado, só tem que refletir mais sobre o que realiza, e não só tentar mostrar as coisas.

O Filho De Chucky (Seed Of Chucky)

Pulei um dos episódios (A Noiva De Chucky) e só posso dizer que é uma diversão trash, pois há coisas muito mal feitas, mas há uma vontade (em certas horas) de serem mal feitas que é prazeiroso. As expressões de Chucky estão bem melhores atualmente. Jennifer Tilly é constrangedora e divertida ao mesmo tempo. O filho é bizarro. Então é bom, mas ruim e ruim, mas bom. Só sei que a platéia saiu achando que foi totalmente enganada, o que foi bem divertido de se ver hehe

Ray (Idem)

Uma boa cinebiografia, menos chapa branca que achava que seria. Mas a atuação de Jamie Foxx ainda é um enigma, não sei se realmente é boa, pois o roteiro não dá espaço para ele. Na parte final com os olhos abertos senti na hora a diferença, ele já não era Ray, mas Jamie. Se o olhar denuncia uma interpretação é complicado avaliar o quanto ela vale quando é inteira feita de olhos fechados. O gestual ao menos é idêntico e isso é algo a se valorizar. Taylor Hackford mostra a mesma competência com que produziu La Bamba, uma boa cinebio e nada muito além disso. Para mim apenas o seu Marcados Pelo Sangue se destaca em sua filmografia (e alguns momentos de Advogado Do Diabo). Ray para mim se encaixa naquele tipo de filme que pega um artista conhecido, mas não muito prestigiado no momento e o transforma em ídolo, virando uma mania ou onda. Sempre soube da importância de Ray na música, mas nunca tive o interesse de conhecer o novo trabalho ou sequer acompanhar a carreira e de repente vemos cds tributos, especiais, relançamentos... Como seria com Stevie Wonder caso fizessem um filme sobre ele. Não acho que haja uma atenção para sua carreira musical atualmente, mas é só ele morrer ou ter um filme que teremos a redescoberta do músico de primeira. Não sei o quanto isso é válido ou importante e se isso não é supervalorização. Com isso quero dizer que Ray não estaria numa lista minha sobre músicos que gostaria de ver a vida nas telas, mas já que fizeram um filme sobre ele até que não é ruim, só não sei se ultrapassa a mera cinebio.

Enigma (Idem)

Produção modesta e nada muito empolgante sobre os decifradores da segunda guerra. O tema em si já causa espanto alquém querer levar isso pras telas. Não tem como não ser meio chato a atividade. Por isso incluíram um romance, mas o protagonista é tão apagado que não nos envolvemos nisso. Fica, então, a sempre ótima Kate Winslet com o ingrato papel da amiga feia que se mostra interessante com o passar da ação. Enfim, um supercine do futuro.


posted by RENATO DOHO 12:38 AM
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domingo, fevereiro 20, 2005
Dark Water



Mais,
aqui.

posted by RENATO DOHO 5:41 AM
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sábado, fevereiro 19, 2005
O Justiceiro (The Punisher)

Não tem como não deixar de comentar que o personagem é o meu favorito de todos os tempos e qualquer adaptação dele pras telas não chegaria nem perto do que imagino ser um filme bem adaptado. Por outro lado eu tolero o pouco que se consegue, gosto da versão anterior que Mark Goldblatt fez com Dolph Lundgren, não é nada fiel, mas já vi várias vezes. Lundgren está bem com aquela cara acabada e as conversas dele com Deus são boas. Esta nova versão tem pontos positivos imersos em muitos negativos. O que há de positivo? Thomas Jane, quem diria, ficou bem como Frank Castle, ele tem potencial para ser mais explorado dramaticamente caso haja continuações. O diretor, Jonathan Hensleigh, quis filmar no estilo dos filmes da década de 70, sem cgis e movimentos de câmera rápidos ou montagem picotada demais. A todo momento (até no comentário em áudio) ele cita Don Siegel, Sergio Leone, Sam Peckinpah e John Frankenheimer como influências. Dá pra perceber que a ação do filme é diferente do que vemos nas produções atuais, mas também vemos como o baixo orçamento limitou o filme (no aúdio dá pra saber com detalhes que muita coisa foi cortada por causa do orçamento), onde poderia haver uma boa cena de ação com carros só pôde acontecer uma breve cena, por exemplo, fazendo com que o carro mostrado por um bom tempo sendo armado tenha sido usado minimamente. Fora todos os problemas orçamentários, um dos maiores é o roteiro que monta uma história ruim sobre a origem do personagem e constroi um vilão fraco. Várias outras situações são tiradas de uma história do Garth Ennis, mas isso também não ajuda em nada ao botar uma "família" como amigos de Castle. O que há de errado na origem? Bom, potencializa o aspecto de vingança que não existe na essência do personagem, matam sua familia e ele vai atrás de quem matou. O personagem nunca foi isso. O local onde isso ocorre é num paraíso tropical, quando o personagem sempre foi urbano. O vilão sem querer vira o criador do anti-herói, quando na verdade o personagem já existia desde sempre, mas só vai florescer após a morte da família (mortos por mafiosos sem querer no Central Park). É todo um processo que o filme corta e mostra algo muito diferente.

A violência do filme é algo que se nota de imediato, o filme é mais violento que a média, com algumas situações até bizarras (como um personagem nos trilhos de trem). A ação, um pouco por causa do orçamento, não é constante e a trama que se constroi é um pouco ridícula (a chantagem com um dos capangas, a intriga de ciúmes com o chefão) para o personagem.

O filme parece horrível desse jeito, mas não é, eis o mais estranho. Tem coisas bacanas que poderiam ser melhor trabalhadas, re-arranjadas numa outra história. Há ótimos momentos como a da canção no café e a luta com o russo.

Quem sabe se numa continuação esquecessem o primeiro e reinventassem as coisas? Ou então que a história contada não tivesse ressonâncias do primeiro. Só sei que Thomas Jane tem que continuar e a idéia do diretor de ter um estilo mais seco e sem efeitos é algo para se manter (mesmo que não seja o mesmo diretor na continuação). O personagem tem potencial para ser sombrio, os temas de (auto) punição, justiça, castigo, danação e muitos outros estão abertos para serem explorados. É um personagem frio, solitário, com um toque de loucura, extremamente competente, em nada simpático para o espectador. Quem sabe décadas no futuro eu venha com um Punisher Begins para apagar tudo feito antes hehe De teaser teria que ter Transition de Abigail Mead de fundo tocando.

Monster - Desejo Assassino (Monster)

Para quem não esperava muita coisa do filme (motivo pelo qual até hoje não tinha visto) achei acima da média no que se refere à filmes de serial killers. Primeiro que trata do caso real de uma serial, o que é algo raro na vida real. Segundo que Charlize Theron realmente convence e impressiona, não só por estar fisicamente diferente, enfeiada, mas por oferecer um belo trabalho de interpretação (coisa que eu não esperava do que ela já tinha mostrado em sua carreira até o momento). Ajuda também que Christina Ricci está bem e a diretora, Patty Jenkins, realizou um trabalho simples, violento (mas não exploratório) e humanizador da assassina. Pelo filme Aileen é vista mais como uma pessoa pressionada ao máximo que passa a matar do que uma serial killer, o que envolveria algo mais perverso e planejado. Não que ela não mate com crueldade, mas parece ser mais instinto de sobrevivência aliado à uma bizarra rotina que foi iniciada após um trauma. Como a verdadeira assassina foi vista mais como um monstro pela mídia, o filme parece querer ver o outro lado sem tentar inocentá-la do que cometeu, tentar entendê-la. Há momentos tensos e bem trabalhados como a da vítima samaritana e o telefonema final. A trilha sonora é bem peculiar e chama a atenção, tanto que até há um interessante extra no dvd sobre. No final o filme trata mais de um romance doloroso e vidas à margem da sociedade dita civilizada do que a história de uma serial killer (denominação que até merece mais estudo, seria ela uma serial mesmo?).


posted by RENATO DOHO 2:31 AM
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quarta-feira, fevereiro 16, 2005
Brigada 49 (Ladder 49)

Um filme bem acima da média sobre bombeiros que tenta acima de tudo ser honesto com o trabalho da corporação. Não há grandes acontecimentos, mas a rotina de uma brigada, onde acompanhamos a trajetória do personagem de Joaquin Phoenix a partir do momento que entra para o grupo. O filme se desenvolve entre ele preso num incêndio e os flashbacks. Uma das qualidades do filme é que consegue transmitir muito bem a vida daqueles homens, tudo é feito de forma simples e convicente, seja as festas, o namoro que leva ao casamento, as conversas, os incêndios, as tristezas, as dificuldades do casamento, o sofrimento dos amigos, etcs. Nada parece falso ou colocado para algum propósito dramático da trama. O primeiro encontro amoroso, por exemplo, tem os diálogos mais normais possíveis, sem grandes sacadas, como algo comum e por isso até embaraçoso quando colocado nas telas. Quando há a morte de um amigo sentimos a perda deste personagem, pois foi bem construído, e não sentimos que foi algo gratuito. Aliás, os coadjuvantes são poucos e bem construídos, ao final a cada close não vemos ali os atores (facilmente reconhecíveis), mas bombeiros, com todo um passado. A escolha da atriz que faz a esposa (Jacinda Barrett) também recebe esse belo tratamento, ela é crível, bonita sem ser deslumbrante, e acreditamos no seu relacionamento e suas preocupações. John Travolta tem bons momentos e aparece como uma figura reconfortante em várias situações. A aparente banalidade das cenas é que dá força ao filme, o grupo se valoriza, cremos que são um time unido, quase uma família e não um bando de atores fingindo ser bombeiros. Os incêndios são bem filmados, aparentemente com pouco cgis. O filme não prega surpresas e emociona em certos pontos, inclusive em seu final (que quase me fez chorar) que é lentamente construído (mais uma vez sem forçar a barra, é algo esperado). Phoenix (de propósito ou não) está com o físico comum, até gordo para os padrões atuais, mas isso dá mais credibilidade na atuação de um simples bombeiro pai de família, com direito à barriga. Ainda bem que o filme não incluiu nenhuma traminha de suspense ou algo assim que desviasse a atenção do retrato que tenta fazer do trabalho dos bombeiros. Creio que os próprios bombeiros se sentirão bem satisfeitos e emocionados com o filme, sendo heróicos sem os mostrar como, mostrando as dificuldades inerentes ao trabalho (não vira uma propaganda, há pontos a se pensar para quem queira ser um). Na trilha boas canções de Robbie Robertson, David Gray e Tom Petty. Enfim, um filme digno e bem conduzido que pela sua simplicidade pode até ser encarado negativamente, como um filme qualquer, o que não é.


posted by RENATO DOHO 11:45 PM
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O Aviador (The Aviator)



Um elogio à loucura, um elogio à loucura com dinheiro. Eis o que mais me marcou após ver maravilhado o novo filme de Martin Scorsese. Claro que sendo Howard Hughes um personagem fascinante e Scorsese tendo uma obra multi-facetada há dezenas de outros tipos de recepção e abordagem por parte de cada espectador. Há uma quase utópica e trágica busca pela essência da perfeição (ou beleza), também há a solidão da criatividade, assim como muitos outros ângulos. Mas o que para mim mais me fez palpitar o coração é Scorsese usando Hughes para falar de si mesmo como cineasta sem esquecer do empreendedor histórico. As maiores loucuras de Hughes só eram toleradas pela grana que bancava tudo e isso permitiu que sua ousadia alçasse vôos ainda maiores. E o que é Scorsese numa super produção para falar disso? Contanto com astros de Hollywood, os melhores técnicos, os mais belos cenários, os mais incríveis efeitos... Eis que o filme se torna tão grande justamente pelo dinheiro que sustenta tudo isso. A loucura aliada ao poder econômico nos traz esse filme. Seria outro tipo de filme caso Howard Hughes não fosse o retratado e a produção não fosse milionária.

Por termos muitos Hughes temos que notar que a parte responsável por limpar muito da imagem do retratado é o roteiro. Ele lima aspectos mais negativos de Hughes como a bissexualidade, o racismo, o anti-semitismo, o posicionamento direitista bem forte, etcs. Por entrevistas percebe-se que Scorsese pegou o roteiro pronto e a partir dele que foi conhecer Hughes, por isso não tenha tido vontade de abordar outros aspectos de Hughes. Por exemplo, o lado da mãe de Hughes (que foi a primeira coisa que Scorsese leu ao abrir o roteiro), foi uma visão do roteirista que eliminou o pai e o avô que foram fundamentais na formação de Hughes (sempre houve uma tentativa de Hughes superar o pai). Por tudo deixado de lado temos para o futuro material riquíssimo para novos filmes sobre Howard Hughes.

Vendo apenas pelo que foi recortado no filme há um trabalho bem realizado ao concentrar a história em alguns anos (ele já filmando Hell's Angels até a briga com a Pan Am), deixando os anos de formação e os misteriosos anos de declínio no ar. Pelo título o filme já antevia que a aviação seria mais focada que o lado produtor cinematográfico e, realmente, as melhores cenas têm os aviões como protagonistas, seja nos testes, na produção, na condução e até nas telas de cinema.

Nem é necessário ressaltar o excelente trabalho de fotografia de Robert Richardson que sempre faz trabalhos magníficos não importando muito o diretor (foi grande colaborador de Oliver Stone e recentemente fez Kill Bill).

Leonardo Di Caprio tem uma atuação primorosa, muito da força do filme vem dele e no que sua cara pode transmitir. Cate Blanchett até que se sai bem diante da tarefa de interpretar Katherine Hepburn. Já Kate Beckinsale, apesar de não estar ruim, não dá conta de fazer a mulher mais bonita do mundo, Ava Gardner, até pelo típico físico (Monica Bellucci seria mais adequada, o duro seria o sotaque). E os coadjuvantes estão bem (Alan Alda, John C. Reilly, Alec Baldwin).

O fascínio por Hughes já tinha feito com que tivesse lido um livro sobre ele. Nem bem acabei de sair do cinema fui meio que induzido a comprar O Aviador para ler, pois além do fascínio há algo de inspirador na loucura de Hughes.

Engraçado que O Aviador surja em tempos de Alexandre, dois personagens históricos que muito fizeram em pouco tempo, mudando muita coisa no mundo ainda enquanto jovens. E no outro lado Menina De Ouro abordando os que passaram da idade e nada conseguiram (onde 30 anos já é uma idade velha).


posted by RENATO DOHO 12:13 PM
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domingo, fevereiro 13, 2005
Los Lonely Boys



"This glorious, dark, and steamy diamond, rooted in innocence and raw rock & roll beauty, is most definitely a contender for debut album of the year" - AMG

01. Señorita
02. Heaven
03. Crazy Dream
04. Dime Mi Amor
05. Hollywood
06. More Than Love
07. Nobody Else
08. Onda
09. Real Emotions
10. Tell Me Why
11. Velvet Sky
12. La Contestación


posted by RENATO DOHO 9:37 PM
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sábado, fevereiro 12, 2005
Menina De Ouro (Million Dollar Baby)



Eis um filme que não precisa de indicações para ser visto, por isso vou falar de coisas do filme que estragarão as expectativas de quem ainda não viu, por isso só leia quem já viu o filme.

Desde que vi o trailer do filme sabia que havia três coisas ali que me interessariam se exploradas como dava a entender (fora o fato de ser o novo trabalho de Clint Eastwood): o trabalho de claro e escuro, a relação fraternal da boxeadora com o treinador (em oposição às suas famílias originais, ela com a mãe e ele com a filha) e a religiosidade do treinador. Não é que o filme explora muito bem essas três características e acrescenta outra que é o fato surpresa do filme (a questão da eutanásia)?

É um trabalho de maturidade impressionante realizado por Clint Eastwood, um filme que evoca personagens e temas dos seus mais diversos filmes (como Honkytonk Man, Os Imperdoáveis e Um Mundo Perfeito por exemplo) para alcançar um patamar impressionante que sua idade e vida proporcionaram. Só nessa idade que ele conseguiria chegar nesta interpretação gloriosa, como cada marca de seu rosto representa muita coisa. Mas, o melhor, é generoso o bastante para dar a Hilary Swank e Morgan Freeman trabalhos magníficos, formando um trio inabalável.



Aquele ginásio mais parece ser o purgatório terrestre, onde as pessoas têm que passar para se livrar de suas existências. E se num primeiro momento achamos que Clint e Morgan é que são os anjos responsáveis veremos depois que apenas Morgan é o espírito iluminado e acolhedor. Hilary e o próprio Clint são visitantes daquele lugar e tendo por lá passado irão em direções que nunca imaginariam. Essa reversão é maravilhosa, quando o que se pensa tratar da boxeadora é na verdade do treinador. Tudo o que vemos da boxeadora é mostrado em pouco tempo, ela é temporária nesta vida, teve que começar tarde, mas em sua breve passagem modificou a vida de quem passou por muito e do qual sabemos quase nada. É no que o treinador foi (quem ele foi?) e no que ele virou (o que ele virou?) que o filme se sustenta. Esse, digamos, recurso é o usado em O Sexto Sentido, quando do menino vemos que o principal é o médico, é das percepções dele após a revelação que vamos parar para pensar. Para a boxeadora a coisa é simples: ela chegou onde queria e quer morrer. Pro treinador a coisa é complexa desde sempre, seja com relação à sua filha, com seu amigo, com sua profissão, com sua religião e agora com o que aprendeu com a jovem boxeadora. Ele baixou a guarda e deixou de se proteger, assim como ela. Seria ela um anjo também? E Morgan? Seria ele mais um observador (lembrar do olho cego dele), um anjo transformador que faz as coisas sutilmente (ele que vai unir a boxeadora com o treinador), que une as pessoas (lembrar para quem ele narrou as coisas)? O treinador, que sempre postergou as coisas, teve que tomar atitude e sair por aí ao final, tentando finalmente se achar nesta existência. O que mais esperamos é que sim, ele achou o sentido das coisas através desse processo doloroso de viver.



posted by RENATO DOHO 10:47 PM
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quarta-feira, fevereiro 09, 2005
Trivial & Variado

Bom ter revisto alguns episódios de A Comédia Da Vida Privada (em dvd), já que pelo menos 2 (de 5) não tinha visto. Dá pra notar que o som era deficiente na época, a captação prejudicava o excesso de diálogos, o que em muitas horas ficava inaudível, mas o texto e interpretações continuam boas (a direção não foge do comum). Pensar que foi algo para a tv ainda contêm algo de inusitado (há lances e informações demais para serem lançadas no formato televisivo).

Li o simples e informativo Howard Hughes Em Hollywood de Tony Thomas. Uma boa intro para o filme de Scorsese (se bem que a vida de Hughes é tão fascinante que um filme só não pode englobar tudo, deveria haver partes focadas, assim como esse livro que se concentra na atuação dele como produtor). Indo na leva estou lendo O Elefante E A Pulga de Charles Handy.

Finalmente tenho em mãos o box set comemorativo dos 20 anos de Bon Jovi, 100,000,000 Bon Jovi Fans Can't Be Wrong. 4 cds mais 1 dvd. Ótima embalagem e livrinho com mensagens de fãs, fotos inéditas, comentários sobre as faixas, mensagens dos integrantes da banda, etcs. No dvd os integrantes comentam as faixas do box set com algumas cenas de Access All Areas (ótimo documentário sobre a banda) no meio. Poderiam ter realizado um dvd mais bem produzido, falando de toda carreira, como um especial, mas acho que a gravadora nem apoiou muito o box set para que isso acontecesse.

Há no Carrefour uma promo com dvds da Columbia por 19,90. Até gostaria de ter adquirido O Tempo E A Maré, Tokyo Godfathers, etcs, mas acabei levando apenas Cowboy Bebop - O Filme.

Filmes vistos que não vou tecer muito comentários:

- Mulheres Perfeitas (The Stepford Wives), não vi o original e esse é quase simpático;

- O 5o. Passo (Levity), estréia na direção do roteirista de As Panteras e Homens De Preto, num tom oposto ao que escreve, isto é, é um filme lento e de personagens, há boas passagens e atuações (Billy Bob Thornton, Morgan Freeman, Kirsten Dunst, Holly Hunter), falta algo a mais, mas vale ao menos ser conhecido;

- Redentor, é até bom (o que não esperava) com bons momentos e sacadas, um filme em família que ao menos se trata de uma família de talento (mãe, pai e irmã). Por tentar ser um épico o filme peca por ser curto demais, sendo que a parte final parece resumida, poderia haver maior desenvolvimento de personagens e situações;

- Sob A Névoa Da Guerra (The Fog Of War), ótimo documentário no que fala (McNamara) e no que mostra (ótimas escolhas de cenas e imagens, montagem).


posted by RENATO DOHO 4:19 PM
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sexta-feira, fevereiro 04, 2005
Paixão À Flor Da Pele (Wicker Park)

Sempre que me deparo com filmes assim eu tento evitar colocar aqui no blog comentários que possam estragar a apreciação do filme. São filmes pouco falados ou vistos que geralmente nem eu sabia muito e sem mais nem menos me surpreendem. Este é um deste casos. Adorei o filme! Lembro que há tempos vi o trailer e não me chamou atenção, ainda bem que esqueci do que o filme falava e aluguei mais por ter a Diane Kruger e saber porque ouvi (muito por alto) falar muito bem do filme (não sei quem, mas foi da imprensa, talvez o Lúcio Ribeiro...). Eu achava, por cima, que era algo, mas não é nada disso. Posso falar que é bom a pessoa procurar não saber de nada do filme, apenas vê-lo. Não querer saber que gênero o filme é e nem qual a trama básica. Assim o entusiasmo pode vir a ser o mesmo que eu tive.

Há várias referências cinematográficas, algumas dele nem posso falar para evitar associações que podem dar uma dica de como o filme é. Um recurso que não tem problema comentar é a tela dividida que é influência direta do Brian De Palma, pois o estilo é similar. Há também um interessante uso de espelhos e imagens por todo o filme (só não posso falar o que esse uso ressalta do filme...). Os flashbacks são criativos na forma como aparecem e no recurso empregado. Aliado a isso há um uso muito bom da música, não de canções que são bem escolhidas, mas as incidentais.

As atuações do elenco feminino são superiores ao dos homens (Josh Harnett pra mim não tem muita expressão). Diane Kruger foi uma escolha perfeita! Só a presença dela dá força ao que o filme se propõe.



O filme é uma refilmagem de um filme francês que tem o casal Vincent Cassel e Monica Bellucci (o restaurante recebe o nome de Bellucci numa referência à ela) que não vi. Com isso dá pra ver a importância que é a escolha da atriz certa para ao papel (Bellucci e Kruger).

O final é... (sem adjetivos para não dar dicas hehe se eu falo trágico, emocionante, alegre, triste, impactante, etcs já entrego a coisa) foda!

Indico para todos o filme. Uma belíssima surpresa! Será que o diretor Paul McGuigan teve sorte ou tem talento? Só conferindo outros trabalhos passados e futuros.


posted by RENATO DOHO 1:57 AM
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terça-feira, fevereiro 01, 2005
Sinais Do Mal (Maléfique)



Interessante suspense francês com toques sobrenaturais. Passado num único cenário, uma cela de prisão, o diretor Eric Valette consegue criar um clima opressivo e de mistério sem ficar preso pelo limitado espaço cênico. Tipos peculiares que dividem uma cela encontram um dia um livro antigo onde há anotações místicas que podem os tirar de lá. Há cenas mais fortes com sangue, mas nada exagerado.

Sylvia - Paixão Além Das Palavras (Sylvia)



Conhecia Sylvia Plath apenas por nome, sem saber de sua história e esse filme com a Gwyneth Paltrow passou desapercebido por todos, até por mim. Apenas vi por acompanhar o seu trabalho. Tive uma boa surpresa, gostei do filme, mas depois vi que o filme não chamou atenção pois muitos criticaram por ser frio, além disso o filme fracassou nas bilheterias. Que estranho, achei um belo filme, que de certa forma me apresentou à poeta (mesmo que o filme em uma hora se concentre mais na vida pessoal que na atividade artística). Prendeu minha atenção mesmo sendo lento, em parte por não conhecer a história real e acompanhar tudo sem saber o final. Gwyneth tem um desempenho muito bom sustentando várias cenas, seja desglamourizada ou elegante. O desequílibrio emocional se mostra mais através do ciúme quase doentio, mas que a diretora nunca afirma ou nega ser infundado. As Horas é um filme de clima parecido. Achei a direção sutil, com belos momentos, mas li por aí que é acadêmico demais, o que não acho em muitas partes como Gwyneth mostrada em muitos claros e escuros, de longe, seja olhando uma janela ou sentada num sofá, ressaltando seus sentimentos no momento e reforçando uma espécie de solidão inerente. Uma cena dela quase no final é até mágica, mas simples ao extremo, ela olhando uma luz no teto. Poderia se explorar mais o lado poeta dela, se bem que nunca achei legal poemas recitados em filmes e o filme parece que não teve permissão da filha de Sylvia para reprodução dos mais famosos. Se o lado poético não pôde ser muito explorado a vida conjugal é mais retratada, com o detrimento dela do fazer artístico por causa dos afazeres do lar ou do mero trabalho (como professora) enquanto o marido alcança cada vez mais glórias literárias. O filme é acima da média e não merecia esse descaso todo. O trabalho de Gwyneth merece ser conferido, assim como da diretora, da trilha, da fotografia e da própria vida de Sylvia e Ted Hughes.


posted by RENATO DOHO 11:36 PM
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