quinta-feira, março 29, 2007
Indiana Jones And The Temple Of Doom OST
Brilhante trilha sonora!
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Harry Connick, Jr. - Chanson Du Vieux Carré
Que ótimo álbum! Harry Connick, Jr. no terceiro álbum de uma série onde ele toca piano, sem cantar (há algumas cantadas, mas são outros cantores), faz o arranjo de todas as faixas e é acompanhado de uma big band muito boa, mesclando músicas tradicionais com originais. É uma homenagem à New Orleans com fundos revertidos para a New Orleans Habitat Musicians' Village. Vale ler uma crítica legal que saiu por aqui no JB.
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Robert 'Fashion' Rodriguez
Não deve haver hoje em dia diretor mais fashion em set de filmagem que o Robert Rodriguez hehe Bandanas ou chapéus, óculos escuros, as costeletas com a barba por fazer na medida, os casacos ou coletes que ele usa... Até as câmeras viram acessórios de moda (como não lembrar de como ele usava a câmera na foto da capa do livro dele?). E não é uma crítica, só é engraçado ver que algumas vezes ele é mais cool que o protagonista do seu filme ou mais cool do que o filme em si hehe
Falando nisso alguém poderia fazer (a SET ou o Telecine) um especial "moda entre os diretores". De cara Francis Ford Coppola e David Lynch se destacariam: Coppola, por respeito à profissão só dirige de terno e gravata; Lynch sempre está com aquelas camisas sociais com todos os botões fechados, todos! Teria também Steven Spielberg e seus tradicionais bonés; Brian De Palma e seus casacões; Tony Scott e seu boné da sorte (cada dia mais surrado); Tim Burton e seus penteados; Wong Kar Wai e seus óculos escuros (alguém já o viu sem óculos?! se não me engano em Cannes viram o Kar Wai nas salas vendo filmes de óculos escuros!) e vários outros...
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quarta-feira, março 28, 2007
Momento Jornada Nas Estrelas 2
No início das filmagens de Jornada Nas Estrelas III, William Shatner, assim como boa parte do elenco e equipe técnica, estava com certos temores diante da direção novata de Leonard Nimoy que nunca havia dirigido nada antes. Esses temores se dissiparam logo nos primeiros dias de filmagem e Shatner diz mais:
"Para minha surpresa, Leonard não se tornara um babacão. Não tinha de repente deixado crescer um cavanhaque, passado a usar um rabinho de cavalo ou algum tipo de boina. Não passou a fumar charuto perfumado, ou a discursar sobre os textos de André Bazin; não passou a me chamar de 'meu querido' ou 'meu chapa'. Ao contrário, em meio a todo aquele caos e insanidade reinantes em todos os sets de filmagem, ele simplesmente continuava sendo... Leonard."
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Shadow Company
Fascinante documentário sobre os mercenários de guerra. Os realizadores conseguiram dar uma visão geral muito boa sobre o assunto. O que é um mercenário? O que fazem? Quem são as pessoas que viram mercenários? Como se contrata essas companhias militares privadas? Quais as regras? E assim vai. O mote principal é que a guerra no Iraque é uma das primeiras onde essas companhias militares privadas agem em abundância. Quais as novas faces da guerra diante desses mercenários? Vemos as ações dos mercenários através da história, desde os egípcios passando pelas revoluções, guerras civis, mundiais e os recentes confrontos em diversos países, principalmente na África (Serra Leoa e Guiné Equatorial), e claro, no Iraque. Além de entrevistar experts no assunto e verdadeiros mercenários, o documentário organiza muito bem o seu material, seja ele com filmagens in loco (com muita coisa que geralmente não vemos na tv), arquivos de tv, fotos, gráficos e legendas que pontuam as falas, explicando certas expressões, siglas ou mostrando dados. Também falam da indústria do entretenimento que explora o assunto através do cinema, das séries de tv (apenas 2 falaram de mercenários abertamente até agora: Esquadrão Classe A e SOF - Special Ops Force) e os videogames. Até Stephen J. Cannell é entrevistado quando Esquadrão Classe A é comentado (e ter certa preferência entre mercenários). Uma das narrativas que um mercenário conta é ilustrada muito bem através de desenhos, como se fossem quadrinhos, mostrando como os realizadores conseguiram deixar o documentário empolgante. Aparecem os treinamentos dos mercenários também. No meio da narrativa acompanhamos um suposto mercenário nunca identificado visualmente (vemos fotos de quando era criança) que lê cartas (provavelmente para sua família) que mandou do Iraque, dando uma visão interna e pessoal da atividade e das pessoas desse universo (seus gostos, seu visual diferencial de companhia para companhia, etcs). Além da situação no Iraque há muito mais o que se pensar sobre esse boom de mercenários e principalmente esses contratos privados interferindo diretamente em nossas vidas quando pensamos em segurança privada (armada), combate ao tráfico de drogas, facções criminosas, etcs. O Estado largando tudo na mão da população: saúde (planos de saúde), educação (escolas e universidades particulares), economia e agora segurança. As corporações como novos estados. Esclarecedor e atual o filme merece ser visto e exibido. E Michael Mann precisa realizar um filme sobre isso.
Trailer
Universos Paralelos (Parallel Universes)
Bom documentário da BBC sobre um dos temas atuais da física e cosmologia, os universos paralelos. Para isso volta-se para o bib bang e a teoria das cordas para chegar na teoria M. Consegue explicar bem os conceitos sem ser muito técnico, inclusive colocando teóricos em situações diferentes como um deles que gosta de patinar e a outra que é adepta das escaladas, criando paralelos didáticos. Dá para se baixar via google video, já legendado. E quem quer apenas o texto pode ler a transcrição de todo o documentário.
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domingo, março 25, 2007
Jesus Is Magic OST - Sarah Silverman
Trilha do filme/show/espetáculo da Sarah Silverman que comentei ano passado. Infelizmente ainda inédito por aqui. Contém trechos do show stand up dela falando dos mais variados assuntos e canções que aparecem no show, além de inéditas. Uma das melhores é a Everybody Sings, pois além de ser engraçada tem um ótimo formato pop. Fico imaginando a canção tocando nas rádios com as letras destilando esteriótipos de negros, chineses, mexicanos e anões. A You're Gonna Die Soon fica mais engraçada no filme pois ela canta essa canção num asilo com vários velhinhos, dando sentido à letra.
Tanto quem viu o filme quanto quem não viu pode baixar o álbum.
01. Can Write A Show (3:21) 02. That's What I Do (5:11) 03. Nana (2:17) 04. You're Gonna Die Soon (1:30) 05. Ron Jeremy (3:15) 06. Porn Song (2:54) 07. I Don't Need Two Reasons (1:32) 08. German Cars (1:14) 09. I Love You More (1:52) 10. Racist (4:13) 11. Everybody Sings (2:18) 12. Nobody's Perfect (3:53) 13. Phoebe's Song (5:15) 14. So Great (1:53) 15. Give The Jew Girl Toys (2:20)
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O seriado The Sarah Silverman Program conseguiu ótimas audiências na Comedy Central e com isso vai ter uma segunda temporada. Ao contrário de suas apresentações stand up o seriado é com ela atuando, fazendo um personagem quase parecido com ela (o mesmo nome, a sua irmã fazendo sua irmã, mas muita coisa diferente). Todo episódio tem canções cômicas que ela canta.
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sábado, março 24, 2007
Letra E Música (Music And Lyrics)
Não vou dizer que Hugh Grant salva filmes pois nem todos os filmes que ele faz conseguem ser salvos, mas quando ele está fazendo o que sabe fazer como ninguém aí ele domina. Só assim para explicar o carisma do filme. E, claro, Drew Barrymore contribui muito para deixar a química rolar entre os dois. Mesmo com direção mais do que convencional, Marc Lawrence acerta em outras coisas além da escalação da dupla central (e das situações do roteiro que ele escreveu). Um dos acertos é a jovem estrela, Haley Bennett. Sua Cora Corman é crível (uma bela mistura de Britney Spears, Shakira, Madonna e outras pop stars) e toda produção em cima dela também, por isso não passa algo de falso quando ela canta, dança ou aparece em fotos e cartazes. E acho que filmaram mesmo no Madison Square Garden, dando ao show uma credibilidade que ajuda bastante na trama (um exemplo contrário envolvendo Hugh Grant é como Tudo Por Um Sonho não conseguiu isso ao tentar reproduzir um programa do tipo American Idol). Se saísse um álbum da Cora Corman logo após a estréia do filme eu não acharia nada inusitado (aliás acho que a iniciante atriz gravará um álbum em breve). Essa credibilidade também funciona logo no início com o clipe do PoP. Adam Schlesinger do Fountains of Wayne fez um belo trabalho nas canções (a trilha é bem legal). Quanto mais acreditarmos que aquela banda existiu e aquele universo não é tão longe da realidade mais é convincente o romance da dupla musical. Fazer com que os atores realmente usassem suas vozes ao cantar foi outro acerto. E Hugh Grant dando uma de ex-pop star, meio Barry Manilow, meio Ricky Martin, não tem preço, é impagável.
O Amor Pode Dar Certo (Griffin & Phoenix)
Legal ver dois atores que gosto fazendo um romance, Dermot Mulroney e Amanda Peet. Dermot faz um divorciado, com dois filhos, que está com um câncer no pulmão e tem menos que um ano de vida. Ele encontra Amanda e começam um relacionamento diferente desde os primeiros encontros. Melhor não saber mais. O filme é dramático e bonito, com a relação dos dois e a morte rodando por perto. Não fica melodramático. Gostei do final encontrado e algumas lágrimas rolaram. Amanda Peet, não preciso dizer, conquista todo mundo. O filme é refilmagem de um telefilme da década de 70 (e é o mesmo roteirista) com Peter Falk e Jill Clayburgh que é bem elogiado, comparado com Love Story e opiniões do tipo "possibly the saddest movie of all time". Gostaria de poder ver o original.
Totalmente Apaixonados (Trust The Man)
Filme escrito e dirigido por Bart Freundlich, mais conhecido por ser o marido da Julianne Moore. Por isso ela está no elenco assim como alguns amigos de outros filmes dele como Billy Crudup e James LeGros. David Duchovny, Maggie Gyllenhaal e Eva Mendes entram para a trupe nesse filme. Aparentemente um filme de amigos. Tenta se sustentar no elenco, mas o problema é o roteiro que deixa muita coisa solta e o tom nunca se acerta, fazendo com que em certas horas haja um sentimento de farsa inadequado, situações pastelões quando deveriam ser mais sérias, etcs. Fica faltando algo mais profundo ou verdadeiro daqueles personagens. Mesmo assim o carisma do elenco ajuda nas cenas. Bart foi mais bem sucedido em O Mito Das Digitais que é mais sério. Há um outro filme, Cidadão Do Mundo, com Moore e Crudup que ainda falta ver (e devo ter gravado). É esperar que com novas obras ele deixe de ser apenas o marido de Julianne Moore e vire um nome por si só.
Happy Feet – O Pingüim (Happy Feet)
Não sei exatamente o que me fez ficar bem disperso ao ver o filme. As várias músicas, talvez. Achei um pouco longo e não cativante por boa parte da duração. Curioso que o filme parece dar como certo que todos viram A Marcha Dos Pinguins ou já saibam a rotina da vida dos pinguins imperadores pois o roteiro não explica e brinca com situações que tem que ser previamente sabidas. Há momentos engraçados e bem feitos, mas no final o filme não deixa marca. Ao menos na versão original podemos ouvir as vozes de Robin Williams, Elijah Wood, Nicole Kidman, Brittany Murphy e Hugh Jackman.
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sexta-feira, março 23, 2007
The Office - Segunda Temporada
Um dos melhores seriados cômicos em exibição atualmente, The Office é quase um marco na tv. Aos poucos vou alcançando a série pois só recentemente comecei a vê-la. Ela se encontra na terceira temporada. Essa segunda é completa, com 22 episódios, enquanto que a primeira era mid-season com 6 episódios. Pra quem não sabe a série trata da rotina da Dunder-Mifflin, uma companhia de papel, em uma cidade da Pensilvânia e é uma adaptação de uma série inglesa de grande sucesso. Steve Carell faz o chefe, Michael, que tem algo de tolo, sem graça e sem noção. Tenta ser amado e admirado por todos, mas na verdade todos o acham um pé no saco e só o toleram por ser o chefe. Todos do escritório lutam constantemente para afastar o tédio de seus trabalhos, o que resulta nas várias tramas do seriado (festinhas, olimpíadas internas, basquete entre pessoal do escritório e pessoal do depósito, etcs). O humor e a forma como seriado se apresenta são diferentes e talvez leve algum tempo para o espectador se acostumar. Tudo é registrado como um falso documentário daquele escritório, então as câmeras são parte importante da ação, seja com os personagens dando depoimento, olhares cúmplices em vários momentos ou mesmo notando suas presenças o que causa reações de embaraço ou exibicionismo. Fora Michael há mais 4 personagens centrais no seriado: Dwight, o empregado puxa saco geek (mais do que nerd, do tipo que tenta ser super eficiente, é expert em paintball, pratica artes marciais, é xerife voluntário, fanático por Lost e Battlestar Galactica, tem planos de ir para a Nova Zelândia fazer a trilha de O Senhor Dos Anéis, etcs), Pam, a recepcionista toda graciosa (Jenna Fischer é apaixonante), Jim, o jovem boa praça que tem uma grande atração por Pam mas não se declara e Ryan, o temporário do escritório. Os outros funcionários têm sua importância, mas muitos deles parecem realmente funcionários reais de escritório, passam desapercebidos num primeiro instante. Vários atores escrevem os episódios (inclusive Ryan). Há muitas referências pop/culturais americanas que podem se perder para o público estrangeiro (a não ser quando mais óbvios como quando algo de Star Wars ou Lost é citado) além de muitos jogos de linguagem nas piadas. Não dá pra explicar bem, mas a série conquista com seu peculiar humor e seu abundante tédio e vai aos poucos trazendo muito mais complexidade do que aparenta. Michael é o melhor exemplo, é um personagem rico que parece banal, às vezes tão patético que não dá para acreditar que seja chefe e em outras de repente mostra suas qualidades (seja no lado profissional ou no pessoal). Dwight, o super geek, consegue namorar a séria Angela da contabilidade (para espanto de Pam e Jim, os únicos que sabem) e manter segredo do caso, mostrando um lado sentimental insuspeito. Até um gay se revela entre eles, mas apenas nós ficamos sabendo disso (e claro, o pessoal que grava do documentário, que nunca sabemos quem é). Momentos hilários antológicos dessa temporada são vários que nem dá para listá-los aqui, mas não dá pra esquecer o discurso de Dwight baseado em Mussolini ou o vídeo de apresentação de Michael em NY ou os prêmios Dundies. A temporada acaba num ótimo gancho que pode vir a mudar tudo na próxima.
Madonna: The Confessions Tour
O que poderia ser o registro de um belo espetáculo acabou sendo um fraco vídeo tudo por causa da direção de Jonas Akerlund. Ele estraga quase tudo fazendo do espetáculo um imenso videoclipe, pipocando tudo e não deixando que um único movimento se mostre por inteiro ou completo. Deve ser a primeira direção ao vivo dele, só pode. Não há movimentação das câmeras e ele mais parece um diretor de tv que fica apertando os botões das câmeras para mudar os ângulos. Isso sem falar que abusa das câmeras lentas e sobreposições. O espetáculo (não acho que seja um show musical) traz muitas coreografias de dançarinos, patinadores e praticantes do le parkour (mais um hype do momento que a Madonna incorpora), mas todo o esforço deles fica confuso quando não podemos acompanhar seus passos e movimentos, nenhuma ação é mostrada do começo ao fim, tudo tem que ser cortado e rápido. Outra falha é ignorar o público, a não ser quando não dá pra fugir dele, mesmo assim há uma impessoalidade da câmera vendo tudo de longe, raras as vezes que sentimos o entusiasmo nas expressões das pessoas que estavam lá (e quando mostra vemos como o público gay masculino é dominante). Se o espetáculo fosse sem público acho que as câmeras do Akerlund não sentiriam falta. Falta ao Akerlund uma experiência mais documental para registrar um show e não transformar o ao vivo num clipe, aliás os piores ao vivos são aqueles que não dão a impressão de serem ao vivo, por fazerem inserts no meio das canções, usar câmeras lentas ou repetições, pegar trechos de várias apresentações para se passar por uma única apresentação (e durante uma mesma música pois entre músicas é até tolerável quando uma canção ficou melhor captada numa noite do que em outra). Bom, se o registro não é bom a apresentação em si é? Sim, até que Madonna se mostra em ótima forma física e se arrisca a cantar ao vivo mesmo que mostre todas as suas deficiências como cantora (e com voz mais grossa que antigamente). O curioso é vê-la diferente, mais engajada, querendo passar mensagens sociais e políticas. Em Live To Tell a intro é de depoimentos em áudio de trajetórias sofridas enquanto dançarinos representam a história e quando Madonna aparece está numa cruz e com uma coroa de espinhos na cabeça enquanto imagens e dados aparecem (crianças com aids ou orfãs por causa da aids) e ao final citações bíblicas no telão. Uma tentativa de ser um show do U2 (mas bem longe de ser tão bem realizada e relevante quanto os irlandeses conseguem fazer). Até nos bastidores vemos esse novo lado dela quando todos se reúnem, antes de entrar no palco, e ela deseja que se ao menos 10 pessoas saírem do show mudadas para melhor ou dispostas a melhorarem o mundo então a missão foi cumprida. O melhor momento é quando vira um show musical mesmo onde ela num banquinho com violão canta Paradise (Not For Me) junto com Yitzhak Sinwani (parece ser o guru espiritual dela). Há poucas canções antigas no set list (Like A Virgin, La Isla Bonita, Live To Tell e Erotica). No dvd há um making of que consegue (mesmo que em vídeo) mostrar melhor as coreografias e se movimentar muito bem para acompanhar os dançarinos. Irônico que Madonna sempre tente se cercar de bam bams do show business e acabe deixando que Akerlund estrague um registro oficial de um show.
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quarta-feira, março 21, 2007
Momento Jornada Nas Estrelas
Lendo o ótimo Jornada Nas Estrelas - Memórias Dos Filmes do William Shatner, ainda sobre as conturbadas filmagens do primeiro filme, um trecho me fez cair na gargalhada. Se apenas lendo foi assim, imagino como foi no set.
Transcrevi o trecho para melhor explicação:
“... a situação ficou preta mesmo na manhã seguinte, quando filmávamos uma cena na qual a tripulação da Enterprise observa V’Ger lançando uma série de objetos cilíndricos desconhecidos em nossa direção. Copos de café na mão, todos nos reunimos sonolentos na ponte de comando para a primeira tomada do dia, lendo nossos roteiros num esforço enorme para ensaiar a próxima cena. Contudo, não tivemos condições.
Vejam bem, com nossos cérebros embotados por tediosos meses de produção, simplesmente não tínhamos mais força interior ou a maturidade necessária para evitar cair na gargalhada, como meros estudantes bagunceiros, ante a primeira fala de Uhura: “Capitão, o alienígena evacuou um grande objeto, que vem em nossa direção”. Na mesma hora, um bando de atores de meia-idade começou a rir histericamente, completando a cena com observações adolescentes do tipo “Cuidado! Cagalhão voador!!!”.
Enquanto nos contorcíamos com dor na barriga de tanto rir, a fala foi rapidamente alterada para “Capitão, o alienígena liberou um grande objeto”. Bob sabiamente resolveu nos mandar para almoçar mais cedo.
Uma hora depois, esforçando-nos ao máximo para ficar sérios, todos voltamos à filmagem. Em meio a risadinhas espaçadas e retardadas, mais uma vez assumimos nossos lugares na ponte, trocando olhares e dissimulando risinhos devido à cena que estava por vir. Bob Wise retoma sua posição atrás da câmera e convoca: “Muito bem, pessoal, vamos tentar nos concentrar no filme, está bem?”.
Empurrados para a frente das câmeras muito mais rápido do que esperávamos, todos começamos a mordiscar a parte interna da boca, ocupando nossas mentes com problemas matemáticos, pensando nas contas para pagar, cada um fazendo tudo para evitar ser o primeiro a perder o controle no set. “Ação!” grita o assistente, e tenho certeza de que estamos numa bela enrascada.
Segundos depois, Nichelle sequer termina de dizer “Capitão, o alienígena liberou um grande objeto”, pois todos nós, como alunos a quem o professor não consegue controlar, caímos literalmente na gargalhada. Até mesmo Leonard, em geral impertubável, não resistiu. Enquanto a gente rola de rir, Robert Wise, normalmente dono de uma expressão pétrea, também cede à piada, embora se recuse a desligar as câmeras. Nosso cinegrafista, divertindo-se com o rumo da história, também não consegue segurar mais e explode em risadas. “Conti... ha-ha-ha... he-he-he... continuem” esforça-se Wise.
Nessa hora, George Takei prossegue com sua fala, que diz (eu juro): “Oh meu Deus, ele liberou mais um... agora dois... e três!”.
Bom, como já devem imaginar, estamos agora esparramados em nossos postos, chorando de tanto rir, entregues a uma histeria incontrolável. O pessoal da equipe acaba contagiado. A continuísta está se debatendo no chão, depois de cair da cadeira, e, acima de nós, a turma da iluminação faz o andaime balançar de tanto bater com os pés na plataforma.
De Kelley é o próximo: “Vamos torcer para que essas coisas não atinjam a nave!”.
Essa talvez tenha sido a primeira vez em minha vida, que me lembre, que ri tão histericamente, a ponto de não conseguir sequer respirar.
E agora é a vez de Leonard. Parado, de pé, em seu posto, ainda tentando manter algum resquício de decoro, um mínimo de dignidade, ele mantém seus olhos levemente cerrados, suas mãos visivelmente tremendo e sua cabeça sacudindo de um lado para o outro, silenciosamente recusando-se a falar. “Vamos lá, Leonard, libera você, também” improvisei, enquanto continuava a rir. “Eu preferia.. hummmmmm... permanecer... emmmmmm silêncio”, diz nosso vulcano, já entregando os pontos.
“Leonard, a fala, por favor?” incentiva Robert Wise, sabendo muito bem o que vem pela frente. “Oh Deus” murmura Leonard, revelando seu lado humano mais uma vez. Suspirando, fala sua frase de forma impecável: “Devo avisá-lo de que os objetos liberados são, pelo menos, cem vezes mais poderosos do que tudo que algum de nós já tenha encontrado”.
Tivemos um intervalo de vinte minutos. Durante esse tempo, jogamos água gelada em nossas caras encharcadas de lágrimas e ficamos pensando em coisas como a fome no mundo, doenças e morte, na esperança, de nos recompor. Meia hora mais tarde voltamos ao set, mas, pelo resto do dia, continuamos destruindo as tomadas, cada um de nós com sua parcela de culpa, ao rir fora de contexto à simples lembrança de nossa perda de controle.”
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segunda-feira, março 19, 2007
Fast Food Nation
Segundo filme recente do Richard Linklater que me decepciona. Não tanto quanto A Scanner Darkly. Ele fez um Traffic dos fast foods com narrativas separadas envolvendo o mesmo tema da carne para os restaurantes Mickey. É baseado no livro de mesmo nome escrito por Eric Schlosser que assina o roteiro junto com Linklater. Se não me engano o livro é de não ficção sobre o tema e tentaram ficcionalizar a coisa. Temos o vice presidente da companhia que vai dar uma olhada na cidade onde a carne da rede é produzida pois há muitos casos de coliformes fecais na carne; os mexicanos que cruzam a fronteira e acabam trabalhando na indústria de abate; e uma jovem atendente da rede que se junta à um grupo politizado. Dessas 3 principais narrativas derivam algumas outras. O elenco é variado e bom: Greg Kinnear, Ashley Johnson, Catalina Sandino Moreno, Kris Kristofferson, Wilmer Valderrama, Bobby Cannavale, Patricia Arquette, entre outros. E há algumas surpresas como Bruce Willis, Avril Lavigne e Ethan Hawke (que não é extamente surpresa num filme do Linklater, mas não achava que participaria). A parte com o Hawke é a melhor do filme e quando o filme mais tem a cara de seu diretor. O resto não parece, lembrando dos seus trabalhos para os grandes estúdios. O filme não chega a dar um bom painel dos personagens (a parte mexicana até tem um destaque maior) e nem uma crítica mais forte ao que tenta combater (a não ser a cena mais pro final com o gado sendo morto). Fica no meio termo e assim acaba soando o filme como um todo. Bom, mas nem tanto. Se John Sayles pegasse o tema acho que seria mais ácido, mais crítico e com personagens mais bem construídos.
A Morte E A Vida De Bobby Z (The Death And Life Of Bobby Z)
Filme do John Herzfeld com o Paul Walker novamente bancando o action hero. Ele não atrapalha e há movimentação suficiente para prender a atenção. Mas também não há algo que realmente destaque o filme de tantos outros. O começo é diferente, com um narrador/apresentador que fala de Bobby Z como se fosse uma lenda e aí que vamos para a história que basicamente é um azarado cara preso algumas vezes que é bem parecido com um poderoso e famoso traficante (o tal Bobby Z). Agentes da lei propõem ao sósia se passar por Bobby que morreu de uma hora para outra para enganar um traficante mexicano para libertar um outro agente que está como refém. As coisas não são tão simples assim e a confusão se instala (parece chamada de Sessão da Tarde). A presença de um garoto, que seria filho de Bobby, é ruim e só serve pra fazer um link para relação pai e filho que era melhor nem existir. No fim das contas o filme é mesmo uma sessão da tarde.
A Máscara Do Terror (Bruiser)
Filme fraco do George Romero que tem cara de direto pra vídeo. E decepciona pois é o filme após o ótimo A Metade Negra. O protagonista já é ruim, aí vem a história da máscara e tudo lembra um sub-Psicopata Americano nos temas, ambientes e personagens. Peter Stormare está insuportável. Não há violência explícita e a parte investigativa parece vinda de cine privê. O vilão é uma mistura de Fantasma Da Ópera com V (de V De Vingança). Enfim, fãs mesmo de Romero devem apreciar um pouco mais.
The Secret
Não é documentário, é quase um vídeo institucional/promocional do "segredo", dvd e livro que estão vendendo muito reciclando a velha idéia do poder do pensamento positivo misturando com pseudo-ciência, a tal lei da atração. No fundo no fundo é como muitas coisas que dão certo, simples e que todo mundo poderia pensar (ou inventar, falar, vender, etcs). Você foca em algo e age na direção disso. Nada de novo, mas também nada de enganação. A qualidade da produção é o destaque, já que basicamente são "professores" falando do tal segredo tudo poderia ficar chato e feito porcamente, mas tudo é muito bem realizado seja nos painéis que aparecem atrás dos palestrantes, as encenações que ilustram o que se diz (no nível de um bom comercial), a trilha, a montagem, a divisão bem clara em capítulos e a vinhetinha que marca essas passagens, enfim, uma ótima produção. Até Oprah Winfrey se rendeu ao segredo e fez dois programas sobre o assunto chamando alguns dos professores que aparecem no vídeo. Ela mesma segue essa "filosofia" mesmo antes de saber que era o tal "segredo", por isso se entusiasmou quando soube dele. A coisa do segredo é algo de marketing muito bem feita, pois não se fala exatamente o que é diretamente (antes de baixar eu ainda não sabia do que se tratava, só vendo fui descobrir). No vídeo há uma ênfase exagerada em se ficar rico que irrita, quase todas as histórias giram em torno da pessoa almejar ganhar milhões (e conseguir), mesmo que falem de leve que a riqueza não é tudo. Ao menos na Oprah não teve essa ênfase. Quem tem curiosidade em ver o segundo programa que a Oprah fez sobre o assunto só baixar aqui. Não faz mal não ter visto o primeiro ou mesmo não ter visto o vídeo. Assim vocês saberão do "segredo"... hehehehe
Borat (Idem)
Não é por nada não mas é a comédia mais sem graça que vi nos últimos tempos. Aliás não sei se posso falar em comédia algo que não me fez rir (sorrir? 2 momentos: a briga de Borat com seu produtor e Borat mostrando a foto dele com seu filho para uma mulher). Sério, é isso que tanta gente estava discutindo, seja positiva ou negativamente? Parece um programa de tv esticado e sendo assim sou mil vezes mais Jackass! Mesmo em Jackass aqueles sketches onde há interação entre o elenco e pessoas reais são as menos engraçadas, em Borat menos ainda pois nunca se estabelece o que o filme é. De início já vemos que não é documentário, então é uma farsa, aí começam a surgir aqui e ali pessoas que aparentemente não tem noção que aquilo é uma farsa e o humor supostamente deveria vir disso. Mas se não sabemos (claro que hoje quem vai ver sabe do Sacha e tudo o mais, mas originalmente o público não deveria saber) então muita da graça não acontece, afinal se aquilo é algo encenado é mal feito, mas se é "real" é só constrangedor. Sacha não interpreta bem e a direção não consegue dar um ar de realidade tanto na parte ficcional (Borat sozinho ou com o produtor) quanto na "documental", soa tudo falso e amador. Isso até me fez lembrar as clássicas reportagens que meu primo fazia onde fingia ser um repórter e entrevistava o pessoal na rua fazendo as perguntas mais sem sentido possíveis; como era pessoal do interior achava que era reportagem mesmo... Se há graça em Sacha quebrar várias coisas numa loja ou ficar tentando beijar pessoas na rua me foge completamente. Imaginava que era corajoso como o pessoal do Jackass, ao menos quanto a se auto humilhar e provocar: por que não colocar suas fezes no próprio prato e comer diante daquela família? por que não ser mais ousado com as mulheres (como ele é quando está com atrizes no Cazaquistão) tanto sexualmente quanto ofensivamente (supostamente Borat acha as mulheres inferiores)? por que não provocar e ser abertamente racista diante dos negros ao invés de apenas bajulá-los? medo? por que não acabar mijando nas calças durante a entrevista ao vivo? por que não mostrar o costume de se comer uma galinha viva em pleno McDonalds ou algo assim? Ir numa igreja evangélica e entrar na onda do exorcismo não é nada demais ou mesmo cantar o hino engraçadinho na abertura de um rodeio. Mal comparando Sílvio e Vesgo são mais audaciosos. E não querendo comparar, mas comparando, Michael Moore joga mais pesado (e pra algo a mais do que só humor). Outra coisa estranha é que supostamente o filme apresentaria o lado mais ignorante dos americanos, onde ouviriamos coisas que não fosse a farsa as pessoas nunca falariam... Bem, ouço coisas muito piores aqui mesmo sobre pobres, negros, gays, retardados, gordos, mulheres, estrangeiros, etcs. Os americanos mostrados são até normais e educados diante do besta do Borat. A confusão em saber exatamente quem faz ou não parte do projeto é uma das principais falhas. Aquela família que o recebe para a janta, quem são? Por que o receberam? Aquele casal judeu, quem é? Pamela Anderson sabia ou não de tudo? Tanto não se ri com o Sacha (ao vermos as reações das pessoas) quanto com ou do Borat (pois sabemos que é o Sacha tentando se passar por Borat, fragilmente). Fica aquela dúvida retórica: "isso era para ser engraçado?" que pensamos ao ver algum cômico ruim ou pessoa sem graça que acha que é piadista. Até o momento que dá pra sorrir (a briga de Borat e o produtor) é mais algo extrafílmica, pensa-se "o que pessoas não fazem para ganhar dinheiro?". Muitas das situações tinham mais potencial do que Sacha consegue extrair delas. Se pensar que houve algum tipo de planejamento antes aí fica pior ainda, pois é tudo muito mal construído. O humor só vem de conhecimento prévio, sem ele só se ri (teoricamente) das besteiras do Borat. Acaba que Borat é meio Forrest Gump visitando os EUA e sabemos que Forrest é não é lá muito engraçado. Uma qualidade posso apontar, ao menos, a trilha, que é muito boa.
Crimes Em Série (American Crime)
Besteirada com a Annabella Sciorra e a Rachael Leigh Cook (2 motivos para ter visto o filme). Filme de investigação de um serial killer que se passa como se fosse um programa televisivo do tipo Linha Direta. Fitas enviadas, suspeitos, pessoas desaparecidas... Uma hora é suspense outra um exagero cômico e assim nunca levamos nada a sério.
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