domingo, dezembro 21, 2003
Kill Bill - Vol. 1 (Idem)
Enfim, Quentin Tarantino demora anos para fazer um outro filme após Jackie Brown, já antes da filmagens a coisa começa a borbulhar na internet, nas filmagens e antes da estréia então todos podiam ter acesso à quase tudo, aí quando lançam lá fora a distribuidora brasileira adia o lançamento de janeiro para março do ano que vem! Ora bolas, que incentivo maior para que se veja o filme puxado da internet?!
Posto isso é bom que se diga que para mim valeu não ter esperado. Por que? Porque achei o filme legal, bem legal, mas no geral um pouco abaixo do que esperava. Se minha impressão foi essa agora imagine com o filme fervilhando na minha imaginação até março? Eu ia acabar achando o filme fraco!
O que eu esperava? Ação (que há) e diálogos legais (que não há). Desde o teaser o que mais atrai ao filme são as lutas mostradas e é nisso que esse primeiro volume se sustenta, dando mais de meia hora só num cenário em preparação para a seqüência. O tempo no filme muda ao gosto de Tarantino só que desta vez parece que o motivo foi de dinamizar a história (Pulp Fiction também? não sei, teria que rever). Se a história fosse narrada de forma tradicional a metade inicial seria bem monótona, do jeito que está começamos com uma luta que só apareceria no começo do volume 2 e logo após no meio da história teremos um anime para mais ação enquanto Uma Thurman sai do coma e vai em busca de vingança. Depois disso há uma conversa com Sonny Chiba que não chega a ser empolgante ou engraçada, parece ser exclusivamente para homenagear Chiba (imaginem outro ator desconhecido no papel e a cena seria drasticamente reduzida). E finalmente chegamos na esperada luta final (que vai se dividir em 3 partes).
Tarantino fez uma bela salada em muitas cenas, muito pelo uso da música que pode passar de suspense para comédia sem a menor cerimônia. Ouvir trilhas de westerns spaghetti num cenário (e com personagens) japoneses é engraçado e anacrônico. O que dizer da luta final que começa com Don't Let Me Be Misunderstood versão do Santa Esmeralda? Ou no meio da luta com 88 capangas começar a tocar Nobody But Me do The Human Beinz?
Se falaram tanto da violência melhor não esperar tanto. Não há muita violência no filme, pode-se contar nos dedos as cenas violentas levadas a sério. O resto é puro non sense, como um desenho animado, num universo particular (claramente falso por várias passagens de maquete) do Tarantino. Cabeças cortadas que jorram como fontes de água, aliás qualquer parte do corpo desmembrado que faz chover sangue no set, um cara cortado ao meio, isso é uma grande brincadeira que nem pode ser considerada ofensiva.
Muitas coisas parecem ter sido postas para amenização da violência:
- a seqüência do anime se filmada seria bem violenta, como está é o que é, um desenho animado;
- o uso de músicas que parecem fora de lugar ressaltam o lado cômico da coisa, e não uma glorificação ou tensão;
- o sangue esparramado na neve e uma língua que parece borracha ao ser esticada, entre outros recursos, estão ali para sugerir ou tirar sarro da violência;
- a seqüência em p&b da parte da luta onde há mais membros cortados.
Os personagens não são (ou não querem ser) bem construídos, fora o personagem de Uma todo o resto fica no limite do superficial: a braço direito, o estuprador, o fazedor de espadas, a vilã maluquinha, a vilã com passado (é, nem com a história da vida dela dá pra se falar que é um personagem dramaticamente bem construído), o xerife, etcs. Aparecem e somem com rapidez, conforme a necessidade de Uma (ou de Tarantino). É como se Tarantino tivesse queimado os neurônios para planejar as lutas e tenha deixado um pouco de lado o resto.
Quanto a direção muitas vezes o que vemos é o estilo de Tarantino nas cenas paradas, sem muitas frescuras, mas em outras partes (tirando as cenas de ação) ele parece dar uma De Palma em tomadas do cenário de cima, como um grande voyeur que vê todo o quadro ou em tomadas moderninhas como de dentro de um revólver. Nas cenas de ação vemos um outro Tarantino, com muitos cortes e câmera ágil, o que não era comum em seus outros filmes, valendo bastante a coreografia da coisa que Sonny Chiba e Yuen Woo-Ping ajudaram bastante.
Pelo filme ter sido dividido em duas partes essa primeira parte não se sustenta muito sozinha, já que o que seria a grande vilã do filme na verdade é mais uma a ser eliminada, não houve conflitos para que chegássemos a querer ela morta ou não, como no próprio filme mostra, ela é apenas a primeira da lista; e a primeira da lista não chega a ser difícil e nem memorável.
Agora é esperar pelo segundo volume, esperando que seja maior e melhor (maior para superar a luta de Uma com 88 capangas e melhor nos diálogos e construção de personagens).
No geral não é espetacular como Hero (impressionante em muitos sentidos) e não é o melhor do Tarantino. Mas é legal, e acho que isso que o filme almejava (mesmo depois vendo que isso de só ser legal fique parecendo pouco).
P.S. - fetiche por pés? Tarantino coloca três no filme, de Uma (horríveis, com direito a close e uma cena engraçada com o dedão), de Julie Dreyfus (bonitos) e de uma das integrantes do grupo The 5, 6, 7, 8s (normais). Se lembrarmos que Tarantino escreveu a cena de Um Drink No Inferno em que Salma Hayek enfia o pé dela na boca dele...
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Simplesmente Amor (Love Actually)
Boa comédia romântica com vários personagens (em histórias que não necessariamente estão interligadas). Algumas melhores que as outras, uma mais exploradas, outras quase esquecidas. Retrata os vários tipos de amor (todos heteros) nas diversas idades e diversas situações.
O elenco está bem, sem muitos destaques. As gracinhas da vez são Keira Knightley e Martine McCutcheon, adoráveis (sem contar a participação especial da linda Elisha Cuthbert). Laura Linney, mais madura, brilha quase que sozinha em seu segmento (Rodrigo Santoro não atrapalha, mas nota-se que diz as falas, mas não as interpreta). A atriz Heike Makatsch (a secretária de Alan Rickman) tem uma tremenda semelhança física com a atriz Jeri Ryan (Boston Public).
O filme é recheado de canções que tocam quase sem parar. Tem quem ache isso bom e tem quem ache isso irritante.
Dentre as histórias a que eu me identifiquei foi do cara que se apaixona pela mulher do melhor amigo, em como ele evita isso (ela acha que ele não gosta dela) e como ele demonstra isso (sem palavras, apenas por imagens de um vídeo e placas com texto).
Mas a seqüência do garotinho e seu primeiro amor é emocionante, seja pela situação que em si que é memorável (o primeiro amor) e por quem ele se apaixona (uma belíssima garota negra, para mim razão mais do que evidente do porque esse grande amor). E isso é seguido pela declaração de Colin Firth para a portuguesa. Duas cenas para ficar de garganta entalada. Claro, a cena do roqueiro e seu empresário é legal também.
Achei um pouco problemática a montagem que privilegia uma história e esquece de outra, quando deveria satisfazer um pouco cada lado para que não se fique esperando e esperando para ver o que vai acontecer em outra história.
A do garçom que parte para os EUA é a mais fantasiosa e totalmente absurda, por isso muito divertida. Afinal é uma comédia! Bem como Claudia Schiffer aparecer de repente para o Liam Neeson.
É interessante o preconceito que a personagem de Martine McCutcheon recebe de todos (menos de Hugh Grant que brinca com isso no final) por ser gordinha (onde?!) tendo largado do namorado por causa disso, comentada pelos colegas de trabalho e até tem apelidos dos pais. O filme só não trabalha mais isso com relação a ela, preferindo manter o foco em Hugh Grant.
E o mais legal do filme é que ao final (com as cenas reais no aeroporto) o que se passa é mais uma vontade de se apaixonar ou amar alguém do que necessariamente lamentar não termos alguém no momento (e mesmo se tivermos cria-se uma vontade de amar outros).
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sexta-feira, dezembro 19, 2003
Cartões
Caramba, cada ano vou mandando mais e mais cartões de fim de ano para amigos. Mandei uns 10 hoje e ainda faltam 5. Gostei tanto do cartão que comprei que guardei um de lembrança hahaha Na família não é tradição mandar e receber cartões, geralmente estamos reunidos então fica até sem sentido, mas mando para os mais distantes que não estarão na reunião de fim de ano. Aqui em casa não se recebe muitos não, pois também não há tradição de amigos meus mandarem (se começarem agora vai até ser estranho). Pra mim está legal saber que receberam e ponto. Só meus pais recebem de alguns amigos de outras cidades e estados. Pena que minha letra é horrível, cartões tão legais com uns garranchos nada criativos escritos por mim, meu pai que deveria escrever todos, tem uma letra bonita, a minha é enorme e parece de criança, então escrevo em letra de forma, que não ajuda muito...
Musashi
Achei o Volume 1 do épico que Eiji Yoshikawa escreveu sobre Miyamoto Musashi no sebo daqui e desesperei pra arranjar grana antes que fechasse (pois poderia ser levado e eu só poderia voltar lá segunda à tarde). Bom, meu roubo foi bem sucedido e consegui a grana (o caixa não queria dar a grana mesmo com o revólver na cara dele). Agora é ler e torcer para achar o Volume 2 num sebo de novo.
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Império - Dois Mundos Se Colidem (Empire)
Estreante diretor negro junto com John Leguizamo (produtor também) tentaram mostrar o lado latino das máfias do South Bronx ao acompanhar a história de Victor Rosa (Leguizamo) que vai de traficante de bairro para novo burguês em Manhattan através de contatos com gente de Wall Street. No meio disso seu relacionamento com Carmem que espera um filho seu. Por mais que haja boas intenções e experiência (do diretor e do pessoal do elenco com esse cotidiano) o filme soa como se fosse mais um feito sobre gangues. Aqui e ali vemos o que tentaram modificar, mas quase tudo já foi visto antes. Uma cena resume bem o filme, Rosa cita uma frase que ele segue fielmente que seu irmão disse à ele quando jovem, aí seu amigo diz que a frase é do O Poderoso Chefão. Rosa não aceita o bem o fato e quer acreditar que o irmão é que inventou a frase. São os próprios traficantes de hoje que não têm mais as referências da vida real, mas a dos filmes. Por ter Leguizamo há semelhanças com O Pagamento Final, ainda mais perto do final com a "mensagem" do filme. Denise Richards, Sonia Braga e Isabella Rossellini participam do elenco.
Determinado A Matar (Out For A Kill)
Faz tempo que não via um filme do Steven Seagal que andou em baixa (ou continua?) e lançou alguns filmes na surdina, alguns direto em vídeo feitos por produtoras pequenas. Bom, infelizmente, não mudou muita coisa para melhor e o que mudou foi para pior... As tramas são as mesmas de sempre, no caso ele querendo se vingar da máfia chinesa que matou sua assistente (ele é professor arqueólogo!) e sua esposa (em cenas onde ele não expressa dor nenhuma). E consegue derrotar todos! Mudou que as cenas de ação têm agora uns lances voadores dos filmes de Hong Kong (por parte dos vilões, não de Seagal). Uma coisa ridícula demais é a forma que os mafiosos são vistos: estão todos numa mesa, como uma reunião mafiosa (até aí nada demais) só que sempre aparecem no mesmo local, do mesmo jeito, em cenas que se passam em dias diferentes, como se reunissem todo dia apenas para falar as coisas mais banais do processo de captura do personagem de Seagal. Na quarta vez a cena começa a ser hilária involuntariamente. E ainda falam em inglês e sempre estão fumando charutos. Que horrível! E o diretor disso fez um filme anterior ou posterior com Seagal. Que "vontade" de ver isso! hahahaha
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quinta-feira, dezembro 18, 2003
Anything Else
O mais recente filme de Woody Allen retoma um pouco das antigas comédias românticas de sua carreira como Annie Hall. Não é mais a comédia simples que Allen fazia no começo da carreira que tentou reproduzir em seus filmes mais recentes. Agora é novamente a história de um casal e suas neuras, como se conheceram e como se relacionam. Jason Biggs faz um jovem Woody Allen em todos os maneirismos, falando demais e gaguejando. Christina Ricci seria uma mistura das antigas mulheres dos filmes de Allen, só que desta vez mais encorpada, mais gostosa melhor dizendo. Mas Allen participa como uma espécie de mentor do jovem Biggs, os dois são escritores de humor tentando a sorte (mesmo que um tenha 21 e o outro 61 anos). É com Allen que as cenas mais engraçadas acontecem, mas bem mais nos diálogos e da paranóia do personagem que vê nazistas e anti-semitas em qualquer lugar e atitude além de ser um defensor do armamento pessoal. Danny De Vito faz o empresário de Biggs e Stockard Channing faz a mãe de Ricci. É mais um drama com bom humor, com as tiradas intelectuais, as conversas sobre jazz (Diana Krall faz uma participação tocando uma canção), as discussões sobre infidelidade, etcs. A cena da cocaína é bem engraçada, mesmo que lembre uma cena similar que o próprio Allen realizou com Diane Keaton em Annie Hall.
No fim parece que Allen quis fazer um antigo filme seu com um elenco jovem e o resultado é ao mesmo tempo interessante e repetitivo, pois já vimos tudo isso antes, mas o frescor do elenco ajuda a dar uma cara quase nova na coisa. Com mais atenção notamos algumas atualizações como certas atitudes de Ricci, como Biggs termina o filme, a própria figura de Allen no filme, não é tudo também mera cópia do que ele já fez, há uma visão de um futuro vista até com carinho. Biggs se mostrou um ótimo mini-Woody Allen, se dirigindo para a câmera muitas vezes para contar a história ou comentar algo. Só não é hipocondriaco, já que de resto... vai ao psicólogo, fala pelos cotovelos, é inseguro, se auto-analisa, tudo como os personagens que Woody Allen interpretava eram.
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Repertório Beckett
A Cia. Nova De Teatro desde 2002 vem tentando divulgar a obra de Samuel Beckett encenando suas peças curtas e com intenção de realizar 19 no total. Já fizeram duas montagens, vi o Repertório1 com as peças:
Ato Sem Palavras 1
Uma pantomina onde um homem jogado num cenário insólito tem que alcançar objetos por um comando distante, mas mesmo com ajuda de pedras, corda e tesoura fracassa em todas as tentativas. Singular simbolismo de Beckett para a inutilidade das ações do ser humano.
Ato Sem Palavras 2
Nessa pantomina dois homens estão em sacos e são, um de cada vez, acordados por uma grande lança. Saindo do saco cada homem vai realizar ações que remetem a uma rotina para depois voltar ao saco quando outro é despertado e realizará uma rotina diferente para também voltar ao saco e assim as coisas prosseguem. O ciclo da vida e a da rotina questionados e vistos como sem sentido.
Vaivém
Três irmãs se reencontram num lugar que as faz lembrar do passado. Cada uma sabe de um segredo terrível da outra, contando uma para a outra na ausência de uma, mas nenhuma fica sabendo desse segredo. Na peça mais curta e falada Beckett nos fala da incomunicabilidade humana, além do espectro sombrio da morte.
Aquela Vez
Um homem iluminado apena no rosto, perdido na escuridão do palco. Uma voz sendo emitida de três lugares distintos (esquerda, direita e na frente). Recordações de uma vida misturadas. A cada pausa a respiração ofegante do homem. Participação especial da voz de Paulo César Pereio.
Todas as peças têm características próprias e seguem muito de perto as instruções (que eram na maioria das vezes minunciosas) do próprio Beckett. Destaque para a trilha sonora extremamente climática e que ajuda a passar confusão e estranheza para o público. Os figurinos das três mulheres são peculiares pelas cores e o ocultamento da face pelos chapéus. Os homens atuam com as caras pintadas de branco, como um filme mudo, como o kabuki. O uso de luzes e fumaça é exemplar, criando uma atmosfera de sonho e pesadelo. Fica o interesse em ver os outros repertórios.
Essas 19 peças foram transpostas para o cinema, num projeto ambicioso chamado Beckett On Film reunindo grandes atores e diretores como Neil Jordan, Julianne Moore, Jeremy Irons, Atom Egoyan, John Hurt, David Mamet, Harold Pinter, John Gielgud, Rebecca Pidgeon, Anthony Minghella, Kristin Scott Thomas e Alan Rickman, entre outros.
Espero que com essas iniciativas cresça o interesse pela maravilhosa obra de Samuel Beckett, um dos grandes da história da humanidade.
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quarta-feira, dezembro 17, 2003
De Porta Em Porta (Door To Door)
Produção para a TNT que mostra a trajetória real de Bill Porter como vendedor sendo ele uma pessoa com problemas de fala e locomoção devido a uma paralisia cerebral (além de orelhas de abano). Ele era aquele antigo vendedor de produtos de porta em porta, trabalhando para a Watkins. O filme o acompanha desde o início de sua procura por um emprego, obviamente cheio de dificuldades por causa de sua condição. Trata da superação de dificuldades e também da independência que chega a ser excessiva, por ele não aceitar ajuda (que pode soar como dó e caridade). Sua mãe, depois de um tempo, começa a apresentar sinais de esclerose múltipla, sendo ela sua principal incentivadora e amiga. É tipo daqueles filmes de lição de vida, mas William H. Macy fez com tanto carinho o personagem (ele co-escreveu também), numa interpretação memorável, que fica difícil não gostar do filme. Também fala da interação que ele consegue com seus clientes (cada um adquire uma história e importância própria) e o aspecto da comunidade e da amizade. Há momentos tocantes que ficam mais emocionantes se lembramos que a história é real, não é um personagem criado, mas algo que Porter passou (como uma homenagem que recebe). Boas participações de Helen Mirren (a mãe), Kyra Sedgwick (a assistente que ele tem que contratar com o tempo) e Kathy Baker (uma cliente), além de outros mais desconhecidos. Quem ver o filme vai até saber que Porter tem um site oficial onde pode-se comunicar com ele e acho que está na empresa até hoje. Um belo e singelo filme.
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terça-feira, dezembro 16, 2003
Horror
Ótimo terror dirigido por Dante Tomaselli em seu segundo filme. O clima criado é assustador que é reforçado por cenários sombrios, um cuidado com sons e música e uma ótima fotografia (que me fez lembrar dos filmes sombrios da década de 70). A história aqui é o que menos importa, mas sim a viagem que o filme proporciona, um pesadelo vivo. Há vários simbolos e sinais que podem ser explorados com mais profundidade para arrancar um sentido geral, para isso seria necessário revisões. Há a participação do Amazing Kreskin, um famoso mentalizador / hipnotizador, que está ótimo no papel de um reverendo, avô de uma das personagens. Se há algum porém no filme é a interpretação dos jovens, mas que não atrapalha. O filme equilibra bem o suspense e a tensão com o horror mais gráfico, mas também dá belos sustos. Um cineasta promissor, vamos ver o que vem por aí. Uma boa entrevista com ele, aqui. Vejam o trailer no site oficial.
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Ring 0 - O Chamado (Ringu 0 - Basudei)
Um prequel da saga contando mais de Sadako lá pelos 20 anos. O diretor Norio Tsuruta decupa muito bem as cenas e realiza grande parte do filme de forma lenta, mais drama que terror, para no final jogar tudo de uma vez, de forma apavorante. O filme lembra muito Carrie, inclusive na cena onde Sadako surta no palco. No começo fiquei confuso com os personagens e história pois já não lembrava direito o que aconteceu exatamente no Ringu 1 e 2, mas aos poucos as coisas retomam. O filme esclarece algumas coisas e bota em dúvida outras. Cena final desesperadora. Achei melhor que Ringu 2.
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Sete Minutos
A iniciativa de lançar um peça teatral em dvd se mostra interessante nessa comédia rasgada que Antônio Fagundes escreveu e atuou dirigido por Bibi Ferreira. O que pode soar estranho no início logo nos envolve como uma peça verdadeira. Fagundes conseguiu fazer uma peça metalinguística que fala da relação do ator com o público teatral de forma engraçada, mesmo que extremamente crítica. E fez isso usando do humor escrachado, popular, sem vergonha de botar coisas que possam soar pouco refinadas numa peça de "classe". O ator cansado das maneiras pouco educadas da platéia desiste de apresentar a peça e é nos camarins que a história rola com o jovem ator, a produtora, um policial e dois reclamantes, uma que não conseguiu entrar depois da peça ter começado e o outro que estava na platéia e viu a coisa ser interrompida. Além de tirar sarro de muitas coisas irritantes que acontecem no meio do público (tosses, celulares, balas, barulhos, etcs) a peça vai também mostrando um pouco da história e da importância do teatro; também a relação muito especial e quase exclusiva que o teatro tem com o público, a coisa do ao vivo cara a cara, da reação imediata. Fagundes está bem e alguns atores também, talvez Suzy Rêgo ainda não tenha achado o tom certo de interpretação. Não sei se é direção da Bibi, mas algumas vezes parece que os atores estão tão relaxados que riem demais, não sei se era essa a intenção. Na parte final Fangundes se dirige a platéia numa espécie de desabafo, um pouco para explicar o nome da peça. Vale conferir esse lançamento inusitado nas locadoras. De extras há entrevistas e bastidores da peça, um perfil de Antônio Fagundes e aúdio de comentários do elenco (só Fagundes se salva nessa, o resto ri ou fala coisas banais). E vamos mais ao teatro, pessoal!
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segunda-feira, dezembro 15, 2003
Moviemakers' Master Class
O jornalista Laurent Tirard (e também cineasta, vai lançar ano que vem o filme Un Autre Que Moi) entrevistou 20 cineastas com o intuito de que eles fizessem uma breve aula sobre cinema, os principais problemas, como planejar um filme, como dirigir, entre várias outras dúvidas do mundo cinematográfico. O resulto é ótimo, embora pelo número grande de escolhidos não haja espaço para uma grande aula de cada um. Por outro lado a variedade dá uma visão geral interessante das mil possibilidades da criação no cinema. Cada um age de uma forma, onde não há exatamente o certo ou errado, mas o mais apropriado ao jeito de cada um. Um ponto comum é que a maioria faz filmes para si mesmo e muitos se sentem mais à vontade em serem os próprios roteiristas de seus filmes. Uns ensaiam, outros não; uns fazem storyboards detalhados, outros chegam no set abertos a qualquer idéia; uns ligam mais para os atores, outros mais a câmera; uns fazem muitos planos de cobertura, outros evitam ao máximo mesmo causando dores de cabeça na sala de montagem depois.
O melhor é que conhecendo o trabalho de cada entrevistado vemos suas peculiariedades que explicam certas escolhas e preferências. Tim Burton e os irmãos Coen seguem muito o instinto; Takeshi Kitano escala atores não famosos e inusitados para os papéis; Lars Von Trier prega que vai pela emoção mesmo que passe a impressão que seja um controlador mecânico; Pedro Almodóvar elogia o uso de objetos de David Lynch, mas acha artificial os closes dos westerns de Sergio Leone; David Cronenberg quer cada vez mais usar apenas uma lente na filmagem toda; David Lynch ressalta a importância do som e revela o segredo de um movimento de câmera que ele sempre usa e dá certo (Jean Pierre Jeunet leu essa "aula" e tentou fazer num filme seu, não deu certo); Wong Kar Wai é enigmático e sua aula é breve, mas rica. Martin Scorsese fala que há os que fazem filmes apenas para o público, outros só para eles mesmos, mas há as exceções de cineastas como Alfred Hitchcock e Steven Spielberg, que faziam (e fazem) filmes tanto para o público quanto para eles mesmos. Jean-Luc Godard é o último do livro e é a aula separada do resto (dividido em categorias) pois Godard é uma categoria à parte na cinematografia mundial, talvez seja a dele a aula mais interessante no que tem de análise do próprio método de filmar que ele usa nos sets, nas boas frases e uma desilusão bem clara com o cinema ("I really think today that, in fact, cinema is just an ephemeral thing and that it was already beginning to disappear") e com ele mesmo, ao falar que os melhores trabalhos sempre foram realizados por um grupo de pessoas que debatiam e discutiam idéias e não nos que queriam fazer tudo sozinhos ("I think making a film on your own is about as hard as playing tennis alone: if there isn't anyone on the other side to hit the ball back, it just can't work") e como ele não encontra mais quem o questione (o único é o produtor, por causa do dinheiro, mas ele acha que ao menos é alguma coisa). É exemplar o fato que ele relata de uma atriz num filme seu que teria que dizer a frase "acting kill the text" que Marguerite Duras disse e na qual Godard não necessariamente concorda. A atriz não perguntou o que a frase significava e por que ela teria que dizer a fala, não houve o diálogo que poderia ter melhorado a cena, ela apenas fez a cena. Godard já não tem com quem conversar, para sua infelicidade. Ele também cita Alain Delon que o usou, pois deu prestígio ao ator (fez um filme do Godard), mas nem sabia porque estava filmando cada cena de Nouvelle Vague. Isso me fez lembrar em como Woody Allen não é questionado pelos atores que apenas o obedecem cegamente, apenas para o prestígio destes; seria isso um dos problemas que ele enfrenta em sua carreira atual? Ninguém que o questione?
Para os interessados é uma ótima dica de leitura. Tirard abre a possibilidade de um segundo livro com outros cineastas de sua preferência que ficaram de fora.
Os cineastas que estão no livro: Woody Allen, Pedro Almodóvar, Bernardo Bertolucci, Tim Burton, John Boorman, Joel & Ethan Coen, David Cronenberg, Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Jeunet, Takeshi Kitano, Emir Kusturica, David Lynch, Sydney Pollack, Claude Sautet, Martin Scorsese, Oliver Stone, Lars Von Trier, Wim Wenders, Wong Kar-Wai e John Woo.
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domingo, dezembro 14, 2003
Encontros Do Destino (The Safety Of Objects)
A diretora Rose Troche juntou várias estórias do livro de A.M. Homes num filme só, então o que antes eram estórias separadas em locais e tempos distintos acabaram acontecendo num mesmo bairro, com 4 famílias. Ela não tenta apresentar todo o quadro de uma só vez, há histórias que não sabemos exatamente onde começam ou vão terminar mesmo com mais de uma hora de filme. Com isso não deu para ter um aprofundamento nos personagens, os mais explorados são a Glenn Close e o Dermot Mulroney, mas todos têm sua cota de importância. Fora os dois atores só Moira Kelly e Kristen Stewart são mais conhecidos, Kristen depois fez Quarto Do Pânico e é uma atriz de traços bem ambíguos, só depois de um tempo vi que era uma garota e não um moleque (como aconteceu com ela em Quarto Do Pânico), mas é bonita e quem sabe tem futuro (fez este ano o Cold Creek Manor com a Sharon Stone e acabou de fazer Undertow com a revelação do cinema indie americano David Gordon Green, junto com Dermot Mulroney).
Talvez um ou dois personagens acabem ficando obscuros mesmo ao final do filme, não ficamos sabendo exatamente suas aflições. Cada um da trama procura algo vago ou específico, como o advogado que se desilude com a vida após ver tanto trabalho não ser recompensado na firma que trabalha ou a mãe que está com o filho preferido em estado semi-vegetativo após um acidente e tenta compensar a falta de atenção com a filha participando de um concurso de resistência no shopping local ou o filho do advogado que tem um caso amoroso com uma boneca Barbie ou um jovem jardineiro que seqüestra uma garota sem ela perceber por motivos que só depois ficarão claros ou a mãe que tenta cuidar das duas filhas, tem uma vida amorosa frágil e tem o ex-marido distante. Essas e outras vão sendo mostradas e interligadas, às vezes bem apresentadas outras não.
O título original se explica pelos objetos que os personagens usam para tentar uma comunicação com outros, seja um carro, uma guitarra, uma máquina de lavar louça, um walkie talkie, uma boneca, brinquedos velhos, uma pulseira, uma luva de beisebol (o que fica mais explícito no final)...
O filho em estado vegetativo feito pelo Joshua Jackson (de Dawson's Creek) era músico e aparece uma canção de sua banda que vai ser retomada ao final, dando um desfecho emotivo (mesmo que pareça forçado não deixa de emocionar). A banda que toca essa canção se chama Bullet, mas não é conhecida e dificilmente se acharia as canções (várias na trilha) para puxar num Kazaa da vida. Bem, por sorte achei as 4 canções em mp3s. São as três canções que tocam em momentos diferentes do filme e uma em especial que fecha que é tocada com participação da atriz Jessica Campbell (aliás, uma bela garota e atriz). Vale ouvir.
Aqui estão:
Paul's Song - Bullet
Paul's Song - Bullet com Jessica Campbell
Relapse - Bullet
Lovely - Bullet
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As Regras Da Atração (The Rules Of Attraction)
Roger Avary adaptou para as telas o romance de Bret Easton Ellis. Se bem ou não como posso saber se ainda não li o livro (mas tenho e quero ler)? Mas virou um filme bem legal sobre universitários, com uma constante manipulação do tempo, e várias coisas criativas da direçaõ que ajudam o filme e não são apenas artifícios. James Van Der Beek destrói com competência sua imagem de bom moço vinda com o sucesso da série Dawson's Creek, talvez seja sua primeira grande atuação em sua carreira. Shannyn Sossamon como sua paixão é uma escolha acertada, ficamos encantados e tão desesperados por uma salvação vinda dela como o protagonista. Ian Somerhalder completa a trinca principal e está bem como o personagem gay e tem tanta complexidade quanto o protagonista.
O filme mais do que tratar de universitários fala do estágio desses personagens em busca de um sentido maior para suas vidas e os caminhos tortuosos que tomam para chegarem num melhor esclarecimento. Parece que o filme teria 2 horas e 30 minutos, mas teve que ser diminuído (para horror de Bret Easton); seria interessante saber o que foi cortado pois o filme tem uma parte que eu acho que seria perfeitamente dispensável e trata do encontro do personagem de Ian com sua mãe (apesar de que rende uma cena engraçada ao som de George Michael com um outro ator). Acho que o foco teria que ser mais concentrado em James e Shannyn. Mesmo apesar dessa "barriga" e alguns outros pontos negativos (de coisas que faltam, mas que podem ter ficado na sala de montagem) é um ótimo filme.
Nos extras do dvd entrevistas mostram que Avary era muito fã do livro, que leu quando estava na universidade e achou o livro o mais realista sobre como é estar numa universidade, já que via na sua própria experiência semelhanças com as situações e personagens do livro. Desde lá que fez a adaptação mesmo sem ter os direitos do livro, pois tinha certeza que ele é que acabaria fazendo o filme. Há um especial do canal Sundance que detalha a realização de uma cena em particular de tela dividida (foi ótimo porque eu queria saber como tinha sido feita).
Avary está fazendo a adaptação de Glamorama, outro livro de Bret Easton, vai virar o adaptador oficial de Bret? As outras adaptações mesmo não sendo ótimas não acho que sejam ruins: Abaixo De Zero e Psicopata Americano, mas falo isso sem ter lido os livros, apenas como filmes. Psicopata numa revisão achei até melhor de quando eu vi pela primeira vez.
O Apanhador De Sonhos (Dreamcatcher)
Esse filme foi surrado quando passou nos cinemas, não sei se foi um fracasso mas de críticas foi quase arrasado. Teve uns defensores (lembro que o Valente na Contracampo elogiou), mas poucos. Bom, como acompanho a carreira do Lawrence Kasdan eu tinha que conferir e não é que achei a coisa legal? hehehe Veja bem, tem umas coisas ridículas a partir de certo ponto (o começo é bom, sem dúvida nenhuma, até quem não gostou do filme acha o início bom), mas se entrar no espírito da coisa dá para se divertir e ficar tenso em várias ocasiões. Talvez o que estrague é uma maldição do Stephen King que poucos diretores conseguem se livrar que é a parte final ser bem fraca, de revelar demais o que antes era misterioso, escancarar e explorar algo que era sutil. It, Fenda No Tempo, Rose Red, Storm Of The Century e outros tinham que ter um desfecho "espetacular" que geralmente se reduz a muitos efeitos (podres) e um overacting geral do elenco.
Damian Lewis consegue ser o melhor ator do grupo no filme, sua atuação dupla se sustenta só em sua interpretação, não em efeitos e fica plausível. Donnie Wahlberg impressiona pela transformação física, só fui lembrar que era ele nos créditos finais; está se especializando em sujeitos estranhos (em O Sexto Sentido fazia um). A cena no banheiro fica na memória e é uma das melhores do filme. Há várias coisas interessantes no filme: a forma como se mostra a mente do protagonista e sua interação com o mundo real, o flashback da adolescência dos personagens (bem Conta Comigo) e a criatura nojenta (lembrando os monstros de Fenda No Tempo). Já a parte paranormal é bem "over the top" e entra na parte ridícula da coisa (mas que pode ser tolerada se a pessoa entrar na brincadeira). O final parece querer mostrar o quanto aquilo é uma piada (intencional ou não? já que o final foi refeito e era bem mais tradicional e emotivo).
Voltando ao Kasdan: foi uma mudança curiosa essa na sua carreira, mas nada que estrague reputações, ele mostra ainda grande competência durante o filme na condução das cenas, mas talvez seja bom ele se afastar um pouco de livros do Stephen King hehehehe
Rudy - A História De Rudolph Giuliani (Rudy - The Rudy Giuliani Story)
Direto ao ponto: telefilme feito para ir na cola da popularidade alcançada por Giuliani após 11/09 (onde virou quase um herói de NY). Dito isso dá pra se notar que os fatos passam bem rápido ao se contar a trajetória dele de procurador à prefeito. É um personagem grandioso e fascinante pela história que poderia merecer um tratamento melhor nas telas. É quase um filme celebração, o que é estranho vindo de um prefeito que era extremamente criticado pela política de tolerância zero com os crimes e tinha muitas outras contradições. Até a infidelidade dele é vista com olhos carinhosos. Mesmo assim o telefilme não é puxa saco demais, pois nem dava devido aos fatos de sua vida. James Wood é até parecido com o verdadeiro Giuliani. Penelope Ann Miller faz sua esposa e Michelle Nolden se revelou uma bela atriz fazendo a forte secretária de comunicações do prefeito. A trama passa por 11/09 e retoma sua vida a partir do cargo de procurador, vai até seu divórcio e a batalha contra um câncer de próstata. A duração é curta e há vários trechos de gravações reais dos acontecimentos. O diretor Robert Dornhelm parece ser especialista em telefilmes sobre pessoais reais ou fatos reais, fez filmes sobre Anne Frank, Robert Kennedy, a esposa de Lee Harvey Oswald, Spartacus, um atentado numa igreja negra num estado sulista...
Quem sabe não fazem um filme no futuro que explore melhor o personagem (agora) histórico? Mas o que está aí não deixa de valer uma espiada para saber os fatos mais relevantes para quem nunca soube dele.
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quinta-feira, dezembro 11, 2003
O Massacre Da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre)
A versão 2003 do clássico de Tobe Hooper ficou nas mãos de Marcus Nispel e surpreendentemente faz um ótimo trabalho. Há mudanças na trama, não é apenas uma refilmagem, mas também não é uma atualização. A impressão que fica é que é bem mais apavorante do que o original. Há tomadas inusitadas (como no suicídio logo no início) e cenários horripilantes auxiliados pela fotografia escura e luzes estratégicas. O prólogo e epílogo dão um toque legal (à lá Bruxa De Blair). A tão falada Jessica Biel somente com esse filme fui saber quem é e ela está bem, com corpão e em constante estado de desespero (ficar nesse clima durante as filmagens deve ter sido duro). Só achei aquela calça dela meio moderna pra década de 70, mas o que eu sei de moda? hehe Parece que ela virou estrela em ascenção, vai estar em Blade Trinity e nos novos filmes de Rob Cohen e David R. Ellis (que fez Premonição 2). Nispel é diretor pra se prestar atenção. Quem diria que esse "remake" ficaria tão bom!
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A Fonte Da Donzela (Jungfrukällan)
Um Bergman bom e violento que ganhou o Oscar de filme estrangeiro (para minha surpresa devido à violência). O filme é curto e falar de sua trama é quase contar todo o filme, mas trata de religiosidade e vingança, com assassinatos e um estupro ocorrendo na época medieval. Bergman três anos antes já falava de Deus em O Sétimo Selo e depois deste filme continuou com Através De Um Espelho, Luz Do Inverno e O Silêncio. A fotografia em p&b é ótima. Uma cena em particular é forte até hoje, fico imaginando na época, se bem que há muitas coisas de filmes antigos que fico surpreendido estarem expostos enquanto hoje não seriam nem abordados.
Da filmografia de Bergman ainda faltam vários para serem conhecidos. Os que vi:
Quando As Mulheres Esperam
Mônica E O Desejo
Sorrisos De Uma Noite De Verão
O Sétimo Selo
Morangos Silvestres
O Rosto
A Fonte Da Donzela
O Olho Do Diabo
Através De Um Espelho
Luz De Inverno
O Silêncio
Para Não Falar De Todas Essas Mulheres
Persona – Quando Duas Mulheres Pecam
A Hora Do Lobo
A Hora Do Amor
Gritos E Sussurros
Cenas De Um Casamento
Face A Face
O Ovo Da Serpente
Sonata De Outono
Da Vida Das Marionetes
Fanny E Alexander
O Diário De Uma Filmagem
Destes o que acho melhor talvez seja Gritos E Sussurros e o mais fraco é Cenas De Um Casamento que eu até precisava rever, mas na época não suportei.
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quarta-feira, dezembro 10, 2003
A Humanidade (L'Humanité)
Segundo filme de Bruno Dumont (A Vida De Jesus) que segue o mesmo estilo do anterior com uma cadência lenta. Aqui somos apresentados ao fato principal logo no início, mas só retomaremos isso depois de uns quarenta minutos onde vemos o cotidiano de inspetor da polícia que tem um passado trágico e agora parece estar sempre num estado de torpor e contemplação. A investigação do assassinato da criança fica em pano de fundo e vemos mais os relacionamentos deste inspetor com a mãe, a vizinha (uma paixão platônica) e o namorado dela. O personagem principal é uma pessoa pura que não compreende toda a noção do mal que o assassinato da garotinha traz à tona; seus olhares e atitudes são peculiares (que merecem reflexões ainda mais em duas atitudes que de início parecem incompreensíveis com dois presos). Dumont constroi tudo com grande rigor técnico, com belos e longos planos. Há uma crueza da morte (o close da menina morta no início) e do sexo (entre o casal de namorados) numa paisagem idílica (como Lynch faz em Twin Peaks ou Veludo Azul), como se ao mesmo tempo fossem inseparáveis e opostos. A cena final é enigmática, nos deixando a pensar. Um belo filme.
O Filho (Le Fils)
Excelente filme dos irmãos Dardenne (primeiro que vejo deles, os outros conhecidos são Rosetta e A Promessa). Eles têm uma abordagem física de cinema impressionante, com a câmera grudada no rosto (nuca melhor dizendo) dos atores os seguindo constantemente. Mesmo com essa abordagem diferente o cinema dos irmãos é semelhante ao de Bruno Dumont no que tem de não explicitar as coisas ao espectador. Parece que o ditado deles é "menos é mais" e isso ajuda muito o filme que não tenta fazer com que nos simpatizemos com o protagonista, mas suas ações que o revelem. E os diretores (e ator principal) caminharam por uma tênue linha para equilibrar tanta coisa que o objeto de estudo do filme pode trazer, se fazem demais estragam, se fazem de menos também, como saber balancear tudo isso foi complicado, mas valoriza ainda mais a obra (fazendo um paralelo com o trabalho de marceneiro do protagonista). E também a narrativa não é apresentada de imediato, apenas depois de um bom tempo é que vamos nos dar conta do que o filme quer tratar (e mesmo assim até o final ainda teremos dúvida do que é). É um grande filme que fala de muitas coisas, mas entre perdão, vingança e perdas o que fica de principal é a trajetória do personagem rumo à vida que ele parece ter perdido e neste caminho é que todos esses outros temas entrarão. A atuação de Olivier Gourmet impressiona, ainda mais quando ele atua com a câmera tão próxima e sempre não deixando transparecer as coisas. No dvd um extra especial é uma conversa dos irmãos Dardenne com um crítico (uns 40 minutos) e com o ator principal (uns 20 minutos). Conversa esclarecedora e inteligente onde vemos o processo artístico dos irmãos. Curioso notar que em toda essa conversa nunca é citado outro filme, cineasta ou referência cinematográfica a não ser a própria feitura do filme (e dos anteriores), mostrando que os Dardenne se inspiram muito mais na vida do que no cinema. Tanto a conversa quanto o filme são verdadeiras aulas de cinema. Obrigatório.
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terça-feira, dezembro 09, 2003
Atores atrás das câmeras
Vi dois filmes por atores estreiando na função de diretores, um pelo Denzel Washington e o outro pelo George Clooney. Os dois se saem bem e mostram competência. Denzel com Voltando A Viver - Antwone Fisher privilegia a atuação e o estilo sóbrio do filme, o lado emocional do filme é forte ao contar a história real de Fisher. Mesmo que no final haja uma certa defesa da carreira militar e da psicologia (ambas justificadas na própria trajetória de Fisher) o filme vai além disso; já George com Confissões De Uma Mente Perigosa mostra criatividade na decupagem e encenação das cenas, brincando com a realidade que condiz com o tema, uma biografia ficcionalmente verdadeira de Chuck Barris. Só que o filme de Clooney não caiu no meu gosto por juntar duas coisas que não suporto num mesmo filme: roteiro de Charlie Kaufman e atuação de Sam Rockwell. Não tenho uma explicação satisfatória para os dois, Kaufman me traz uma noção de roteirista "moderno" e "estrela" que afasta a noção de ser alguém se expressando pelo que escreve, mas apenas de alguém que manipula bem as regras do jogo e faz para chamar a atenção para si; já Rockwell é uma coisa de simpatia, desde o primeiro momento que vi uma atuação dele (Box Of Moonlight) não gostei e os filmes foram só confirmando isso (em Os Vigaristas eu apenas o tolerei por mérito do filme). Quem sabe no futuro ele faça algo que mude minha opinião, mas se nem nesse onde ele teve uma grande oportunidade conseguiu tirar essa impressão ruim não sei que diabos de projeto ele poderá fazer para reverter isso.
Forasteiros Em Nova York (The Out Of Towners)
Quanta diferença ver um filme de um autor que por acaso é um grande dramaturgo e roteirista. Falo, claro, de Neil Simon. Esse filme é a primeira versão da década de 70 com Jack Lemmon no papel principal. Nos anos 90 houve uma refilmagem com Steve Martin e Goldie Hawn que é muito inferior. Não sei porque na refilmagem (com roteiro do mesmo Simon) mudaram muitas coisas e pra pior. O clima decadente de NY no filme original é ótimo; há greve dos transportes públicos, dos lixeiros (NY é um grande lixão pela ótica do filme) e a ineficiência da polícia, tudo ajuda a aumentar o desespero do personagem de Lemmon (excelente aqui, mais uma prova do grande ator que foi), obcecado pela correção e pelo planejamento num dia dos infernos na grande cidade para uma entrevista de emprego (um Depois Das Horas feito bem antes). Até Arthur Hiller mostra que era criativo na época, com coisas que atualmente parecem impossíveis num filme dele. A trilha é de Quincy Jones. Ótima comédia!
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segunda-feira, dezembro 08, 2003
Matt Nathanson
Descobri Matt ouvindo a cover de Laid do James feita para a trilha de American Pie - O Casamento. Fui ouvir outras coisas e acabei gostando bastante de um álbum dele, Still Waiting For Spring, onde todas as faixas são ótimas.
Ele já fez 6 álbuns e é comparado frequentemente com Howie Day e John Mayer, mas Matt já tocava e gravava bem antes deles. Ele faz parte da turma de jovens cantores com influências folk como Jason Mraz e David Gray (do qual tenho o ótimo álbum White Ladder) ou Ben Harper. Aliás, ele já tocou com esse pessoal, além de Jessica Riddle (que descobri sábado passado) e Jewel.
O mais recente álbum, Beneath These Fireworks, agora é lançado por uma major (Universal). Espero que ele alcance um público maior e o cd chegue por aqui. Suas apresentações ao vivo são elogiadíssimas.
Em seu site oficial há várias informações e um diário engraçado onde entre outras fala vontade de ter Scarlett Johansson num de seus clipes depois dele ter visto Lost In Translation.
"I want Scarlett Johansson to be in my video. I wonder if she'd do it... I could sell my house and just give her the money. You never know, could work... We saw 'Lost In Translation' in Chicago the other night. Made me want to quit my life and get lost in Tokyo with Scarlett. It was heavy. She was the perfect person to cast in that role. Perfect lips... and perfectly sad." - Matt Nathanson
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sexta-feira, dezembro 05, 2003
O Último Suspeito (City By The Sea)
Dá pra admitir que nos dias de hoje ser fã do Robert De Niro é foda, o cara faz uma quantidade enorme de filmes a cada ano e quem tenta acompanhar sua carreira tem que ver filmes que de outro modo nem despertaria sua curiosidade. Esse filme faz parte dessa leva, mas ao contrário de outros (Showtime, Homens De Honra, Ninguém É Perfeito) até que é interessante conforme vamos vendo o desenrolar da história. Um viciado em uma compra de drogas se mete numa briga e numa auto defesa mata um traficante, acaba que o corpo vai parar nas margens de NY onde justamente seu pai é o policial encarregado do caso. Os dois não têm contato desde o divórcio e ainda por cima ficamos sabendo que o avô do viciado, o pai do policial, morreu na cadeia, acusado de assassinato de uma criança. É esse tema da perpetuação do "mal" passando de pai para filho que traz algum interesse ao filme, só que no meio disso há uma trama de captura do fillho e a perseguição do ex-sócio do traficante morto. Acompanhando De Niro temos um James Franco bem como o viciado (ainda mais se compararmos sua imagem junkie com o certinho que fez em Homem Aranha), Frances McDormand fazendo a namorada de De Niro e Eliza Dushku fazendo a ex-namorada de James. Michael Caton-Jones é só um competente diretor, nada além disso e o filme é bem o retrato do seu diretor, fora esse tema curioso nada demais surge no filme. Ao final sabemos que o filme foi baseado em fatos reais e no dvd temos uma pequena entrevista com o verdadeiro policial que teve o pai morto na cadeia e o filho acusado de assassinato, claro que o filme mudou várias coisas, mas a questão dos pecados dos pais indo para os filhos ou o contrário é verdadeira e o policial afirmou que o filme captou bem esse dilema. Curiosidade: em uma cena vemos a filha de De Niro atuando, na delegacia.
Bang Bang! Você Morreu (Bang, Bang, You're Dead)
Filme feito para a tv (Showtime, que junto com a HBO fazem filmes interessantes e às vezes mais ousados ou contudentes que os para o cinema) que fala dos massacres nas escolas dos EUA. Consegue um bom retrato dos tempos pós-Columbine nas escolas e suas tolerâncias zero, além de outros tópicos abordados (gostei bastante do fato da atividade artística influir em algo na história). O jovem Ben Foster tem um bom desempenho fazendo o papel principal. Há o uso constante da imagem digital das câmeras portáteis que o protagonista usa para os mais diferentes propósitos, mas basicamente serve para relatar à sua maneira o que é ser um estudante numa escola americana. Thomas Cavanagh (da série Ed) faz o professor de teatro que tenta ajuda Ben, uma escolha acertada já que Cavanagh passa essa imagem de confiança e bom mocismo. O diretor Guy Ferland já tinha trabalhado com Cavanagh na série Ed, fez alguns episódios de The Shield e os bons Uma Babá Objeto Do Desejo (com Alicia Silverstone) e No Embalo Da América mostrando que sabe trabalhar com jovens.
Um fato curioso é que no final aparece algo que eu não sabia e creio que a maioria que vai ver o filme também não saiba. Isso deu uma importância maior pro filme, mas claro que não posso falar para não estragar algo. Então fica a dica, tem nas locadoras.
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quinta-feira, dezembro 04, 2003
O Evangelho Segundo São Mateus (Il Vangelo Secondo Matteo)
Só fui ver agora o famoso filme de Pier Paolo Pasolini. Curioso um ateu declarado fazer este filme tão religioso e fiel aos acontecimentos narrados na bíblia. Mais do que um filme o que Pasolini parece ter feito foi uma encenação da vida de Jesus, onde utilizou vários não atores (as crianças ficam mais evidentes pelo amadorismo) e onde muitas cenas parecem armadas para dar uma idéia do que ocorreu, mas não uma tentativa de reproduzir algo. Até a câmera assume essa postura mais amadora, os planos de detalhe de grupos, onde a câmera passeia pelos rostos, às vezes até perde de vista o próximo rosto, buscando rapidamente corrigir isso. O sermão da montanha, por exemplo, vira um close de Jesus declamando onde os cortes dão a passagem do tempo. Visto hoje o filme soa correto e resumido, quem já viu alguma obra falando da vida de Jesus não vai ver alguma coisa nova nessa visão de Pasolini (a não ser pelo aspecto de encenação). Agora é esperar pelo filme de Mel Gibson pra ver o que ele traz de novo.
Johnny English (Idem)
Rowan Atkinson já teve dias melhores. Aqui fazendo uma versão cômica de James Bond o ator tropeça em não criar situações mais engraçadas (apesar de ter bons momentos de humor), culpa do roteiro bem simples e curto (o mais esquisito é que os roteiristas são os mesmos dos dois últimos filmes de James Bond e o que está sendo filmado agora). John Malkovich como o vilão não fede nem cheira e chega a estar constrangedor em algumas cenas e com sotaque francês. Natalie Imbruglia é linda e não estraga as coisas, mas não parece interagir com os outros atores, talvez um pouco enferrujada (ela atuava antes da carreira de cantora na Austrália). Engraçado que nos extras do dvd ela está mais bonita que no filme (culpa da fotografia que não ressaltou seus olhos brilhantes, no filme eles estão opacos). Ao menos ela não fez cenas constrangedoras. O filme parece que surgiu de pequenos comerciais que Rowan fez anos atrás, quem sabe esse era o formato ideal para o personagem (pois já se tem um Austin Powers que não chega a ser bem melhor, mas é mais bem construído). O diretor Peter Howitt tinha feitos antes dois filmes interessantes, uma comédia romântica (De Caso Com O Acaso) e um suspense (Ameaça Virtual); pelo visto escorregou na comédia, agora vem aí com uma outra comédia romântica, Laws Of Attraction com Pierce Brosnan, Julianne Moore e Parker Posey.
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quarta-feira, dezembro 03, 2003
S.W.A.T. - Comando Especial (S.W.A.T.)
Boa aventura policial que toma como base a série televisiva (talvez a série que mais me proporcionou aventuras quando criança, eu queria entrar para essa equipe! hehe). O diretor Clark Johnson vem da tv, dirigindo séries policiais famosas como N.Y.P.D. Blue, Homicide, The Shield e The Wire. Os roteiristas também têm background em filmes policiais, David Ayer escreveu Dia De Treinamento e Dark Blue (além de U-571) e David McKenna fez A Outra História Americana, O Implacável e Profissão Perigo.
O filme lança as bases para uma possível boa continuação, já que fomos apresentados à equipe, seu treinamento e seus relacionamentos pessoais. Se pegarmos da metade para o final notaremos que tudo foi non-stop, o que é ótimo neste tipo de filme que geralmente dá uma pausa (da noite para o dia por exemplo) para acalmar o espectador para o clímax final. Do momento que o prisioneiro sai em escolta até o final não há pausas e os momentos exagerados (a emboscada na rua ou a aterrisagem do avião) só ajudam a aumentar a tensão. Uma invertida legal foi não deixar nas mãos de Olivier Martinez o papel de vilão maior, já que seu personagem não é odiável o bastante, mas sim retomar alguém mais pessoal, Gamble, o ex-parceiro de Colin Farrell, este sim, odiável e ainda por cima com as mesmas habilidades da Swat.
Não concentrando toda a trama na escapada do vilão, mas sim no treinamento (que poderia até ser mais explorado) e ações rotineiras ajuda o filme a estabelecer uma rotina de ação dessa equipe (reforçada no final onde parece que o que passaram foi mais um dia de trabalho e não um grande evento), propício para uma continuação envolvendo talvez algo pessoal para alguns dos integrantes da equipe especial.
Como num filme de equipe não há destaque no elenco, todos estão no mesmo nível, só faltou um pouco mais do lado agressivo de Michelle Rodriguez (que ainda bem pelo fato de ser mulher não gerou uma sub-trama de preconceito dentro da equipe).
A continuação tem potencial para ser melhor porque a ação mostrada na parte final é muito mais de guerrilha, onde apenas uma unidade persegue seu objetivo sem muitos recursos e aí perde um pouco do charme que é um filme de equipes táticas, o fator de gerenciamento e operações especiais de um time de elite. Mas no final das contas ficou até melhor do que se esperava (que seria uma tremenda bomba só para fazer Colin Farrell o herói da vez).
O tema poderia ter sido reinventado por algum grupo importante, do jeito que ficou pouco se ouve.
O diretor Clark Johnson entre os atores Samuel L. Jackson e Colin Farrell.
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A Última Carroça (The Last Wagon)
Ótimo western e quarto ótimo filme que vejo de Delmer Daves (os outros três justamente foram filmes feitos logo em seguida a esse em apenas dois anos). Richard Widmark como um meio comanche / meio branco está excelente. Durante a trama de um recém capturado assassino que vai se envolver com uma caravana de homens, mulheres e crianças veremos surgir os temas do preconceito racial, da figura do pai, da liderança e sobrevivência em um ambiente hostil e das contradições internas do personagem principal diante do que ele é, do que ele fez e do que ele tem que fazer. Ao final há uma discussão pertinente sobre o conceito de justiça que à época que se passa a história tinha sua razão de ser, mas é de se pensar o que isso queria dizer no meio da década de 50 quando o filme foi realizado.
A Filha De Satã (Burn, Witch, Burn)
Suspense inglês de produção barata muito bem realizado (quase um terror ao envolver magia negra). O mérito vai para o roteiro feito Charles Beaumont e Richard Matheson, roteiristas de vários episódios de Além Da Imaginação. A direção de Sidney Hayers também é cheia de agilidade e criatividade, só que sua carreira não chegou a ser muito conhecida e virou um requisitado diretor de séries televisivas nas décadas de 70 e 80. Ao acompanhar a história de um professor de sociologia cético que descobre que sua esposa pratica certos rituais de bruxaria (para proteção diante da nova moradia e comunidade) e a faz queimar todos os objetos relacionados, passando a acontecer coisas estranhas logo após é que vamos nos deparar com o questionamento sobre nossas crenças, sejam superstições ou magias. O filme não deixa o mistério e a tensão caírem em nenhum momento e o final é ótimo, de impacto. Não deixa de ser curioso que muitas cenas parecem ter influenciado outros filmes depois, mas duas coisas chamaram mais a atenção: os closes e olhares da atriz principal lembram muito a forma como Walter Hugo Khouri filmava suas atrizes, principalmente os closes femininos em As Deusas (a carreira de Khouri e o filme são contemporâneos, Khouri estava no seu quarto filme quando A Filha De Satã foi lançado, então talvez seja apenas coincidência); um dos closes desta atriz lembra muito a forma como De Palma iluminou e enquadrou Nancy Allen na cena do elevador em Vestida Para Matar. Como o filme toca nessa questão da psiquê feminina até há pontos em comum com os dois cineastas, mas tudo isso fica no reino da especulação.
E Quem Entende As Mulheres? (A Woman's Helluva Thing)
Filme que poderia ser melhor, mas acaba sendo apenas uma boa sessão da tarde. Muito do que se fala no filme lembra Do Que As Mulheres Gostam onde temos também um machão galinha que vai passar por situações que o ajudem a ter novas percepções da vida, só que aqui no caso o machão descobre após a morte da mãe que uma antiga namorada foi a amante dela em seus últimos anos. A amante é feita pela sempre interessante Penelope Ann Miller. Um dos erros talvez do filme foi botar o ator Angus MacFadyen no papel principal, pois ele não passa em nenhum momento ser o "tal" que comanda uma revista voltada ao público masculino e que atrai toda mulher que ele queira. O roteiro ainda tenta botar na roda a relação do ser humano com a natureza, a imagem idolatrada da figura do pai que é falsa, assim como a da mãe que é subestimada, bem como a quebra de preconceitos. Só que tudo bem depressa e não aprofundado. A cena de Angus e Penelope cantando Moon River para afugentar porcos selvagens é engraçada.
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segunda-feira, dezembro 01, 2003
Dirigindo No Escuro (Hollywood Ending)
Comédia regular de Woody Allen, mas bem mais engraçada que seus últimos filmes (Escorpião De Jade, Trapaceiros, Celebridades...). O problema aqui é a escassez de boas idéias e um timing cômico melhor. Várias piadas ou são recicladas ou são sem graça. Ao menos o filme é auto-irônico com a figura do diretor e dos próprios filmes de Allen (a piada com os franceses por exemplo). Um dos destaques é a boa presença de Téa Leoni que quase salva o filme e seria um personagem feminino alleniano perfeito caso Woody estivesse mais inspirado. Ela incorpora perfeitamente uma Diane Keaton que passou muito tempo na Califórnia, isto é, vemos resquícios de sua persona mais intelectual, neurótica e decidida misturada com o jeito mais relaxado e superficial da costa oeste. São dela as melhores cenas de atuação. Espero que ela consiga mais e melhores papéis depois dessa projeção (ela já era a melhor coisa do sentimental Um Homem De Família).
American Pie - O Casamento (American Wedding)
A terceira parte já mostra esgotamento total de idéias, partindo para a coisa formal de um casamento. Mesmo assim há momentos engraçados (a dança na boite gay é o melhor momento) e outros nem tanto assim que parecem forçados e, pior, feitos com pressa, pouco pensados. A falta de parte do elenco também se sente e não há explicação para o sumiço deles (as garotas dos outros filmes sumiram!). Quase tudo fica por conta do amigo retardado, Stifler. A cena da merda não deixa de ser a marca registrada da série (só lembrar da porra no primeiro e do beijo entre os amigos no segundo). Acho que ao menos não vai ter mais continuações da coisa.
O Culpado (The Guilty)
Dirigido por Anthony Waller este suspense é uma tentativa um pouco fracassada do diretor se recuperar do fiasco de seu filme anterior, Um Lobisomem Americano Em Paris. Ele que vinha de uma boa estréia, Testemunha Muda, não provou ser capaz de ficar à altura das expectativas recebidas. Um dos problemas deste filme é a trama por demais batida: advogado estupra uma secretária e logo após a despede, ela sem alternativas vê seu algoz virando juiz federal e ameaça contar tudo as autoridades se ele não renunciar, aí ele arma um plano. Fora isso há o caso de um filho bastardo deste advogado que quer encontrar o pai. Aí começam as coincidências... A condução do suspense é boa, mas tudo fica comum ainda mais pelo final conciliador demais, quando se previa algo ao menos diferenciado (revertido na cena final). Uma cena em particular é constrangedora por ser uma espécie de homenagem mal feita à Veludo Azul, com o vilão torturando uma vítima ao som de Crying de Roy Orbison (era essa a canção que Lynch usaria antes de conhecer a In Dreams), só não é plágio porque a situação é um pouco diferente, mas a referência é óbvia. De consolo duas belas atrizes no elenco: Gabrielle Anwar e Angela Featherstone. Pelo visto Waller foi só fogo de palha.
Deuses E Generais (Gods And Generals)
Épico sobre a guerra civil americana realizada por Ronald F. Maxwell que está se tornando especialista nisso (fez antes Anjos Assassinos sobre Gettysburg). Aqui os eventos relatados são anteriores à Gettysburg e o projeto é de uma trilogia com um futuro terceiro filme falando dos eventos pós-Gettysburg. Para interessados (como eu) é um ótimo filme, para os leigos o filme não deixa de ser envolvente mesmo com seus 231 minutos de duração (há tantas coisas acontecendo que a narrativa não fica monótona). É um lado pouco visto do conflito, com Virgínia como palco principal, onde os confederados não estão ali defendendo a escravidão, mas sim seu estado; assim o tradicional embate entre norte e sul não fica maniqueísta, não é os contra versus os à favor da escravidão, ao menos não no que aconteceu em Virgínia, há vários motivos em cada lado, em cada soldado.
O filme centra na sua segunda parte na vida do general Stonewall Jackson, uma figura histórica importante para os EUA que eu desconhecia. É um personagem fascinante pela liderança no combate, na forte religiosidade e na ternura como pessoa. Stephen Lang faz uma ótima interpretação como Jackson, e tem momentos marcantes de emoção em várias partes do filme, é de longe o personagem mais rico do filme (e o ator que antes pouco lembrava agora tem minha atenção). Robert Duvall faz um bom general Lee (que em Gettysburg era feito por Martin Sheen) e completam o elenco Jeff Daniels (fazendo o mesmo papel que fez em Gettysburg onde teve maior destaque), Mira Sorvino e C. Thomas Howell. Além, é claro, de milhares de figurantes em reconstruções históricas de cidades e batalhas extremamente bem feitas.
É o típico filme que necessita ser uma grande produção, para dar maior realismo e grandeza no retrato de uma era. No dvd 2 documentários sobre as filmagens e fatos históricos e 1 sobre Stonewall Jackson. Há também uma pequena introdução feita pelo Ted Turner, o responsável pela realização destes filmes históricos (há outras de suas produções também baseadas em fatos históricos). Enfim, um grande filme que é mais valorizado ainda conforme o grau de interesse sobre o assunto em particular.
Fica faltando alguma distribuidora lançar Anjos Assassinos em dvd, já que só se encontra ainda em vhs duplo. É um excelente filme. Fico esperando o terceiro filme.
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