quinta-feira, julho 29, 2004
Kill Bill – Vol. 2 (Idem)
A segunda parte da saga de vingança da “noiva” feita por Uma Thurman muda de tom, os diálogos ficam mais evidentes e há poucas cenas de ação. Não que isso seja qualidade ou defeito, pois por estranho que pareça o que se sentia falta na primeira parte é o que não é bem realizado na segunda e o que falta na segunda é o que se tinha bastante na primeira.
Os diálogos. Tirando a parte final com David Carradine e Uma Thurman o resto não traz nada de interessante ou engraçado ou substancial, como se tudo fosse reservado para a excelente exposição sobre o Super-Homem que vai dar luz sobre toda a saga. Engraçado pensar que o filme se resolve por meio de diálogos, não fossem as falas finais não veríamos o todo e as verdadeiras implicações dos acontecimentos e motivos do filme.
As cenas de ação. Poucas e apenas uma realmente boa, o embate de Uma Thurman com Daryl Hannah no minúsculo trailer no deserto. O treinamento com Gordon Liu é bom, mas não chega a ser empolgante e é curto (mas engraçado). O duelo final nem chega a ser uma cena de ação. Sendo o filme pensado como um só percebesse que o começo da segunda parte seria a parte “morta” da narrativa, que serviria de alívio após o massacre dos Crazy 88 e muito do que se passa poderia ser cortado quando se chega no personagem de Michael Madsen (ele chega a ser quase inútil não fosse pequenas coisas). Mesmo tendo os dramas familiares e o western como referências mais fortes desta vez não há uma utilização eficaz tanto quanto os filmes de artes marciais exerceram na primeira parte, só lembrar que o que se passa no deserto é mostrado em sua maioria num espaço confinado e logo a seguir numa casa. Há paralelos com a primeira parte, quase repetições. Uma mais uma vez tem que sair da imobilidade (um caixão, lembrando suas pernas paralizadas na caminhonete no 1) tendo um flashback no meio para explicações. O embate de duas mulheres num local pequeno tem a mesma dinâmica seja em Uma versus Vivica A. Fox quanto Uma versus Daryl Hannah.
A utilização da trilha sonora continua exemplar, seja no incidental de Robert Rodriguez quanto nas utilizações de Ennio Morricone, Malcolm McLaren, Luis Bacalov, Johnny Cash e Shivaree que termina bem o filme com a bela Goodnight Moon (fazendo paralelo com Nancy Sinatra que começou o filme, já que há semelhanças nas cantoras escolhidas).
Os efeitos sonoros também são um destaque para acentuar as cenas de luta (incluindo a cena de um minuto com tela preta).
A fotografia de Robert Richardson é ótima nas duas partes e ajudou muito o filme já que vemos mais o estilo dele do que do diretor em certas cenas.
Uma tem melhores momentos de interpretação nesta segunda parte e David Carradine só no finalzinho mesmo mostra alguma utilidade (fico pensando como seria se fosse o Warren Beatty). Os outros estão competentes e só.
Quem sabe se uma montagem tivesse sido mais rigorosa teríamos apenas um bom filme do que dois com altos e baixos? E se pensarmos no tamanho da produção e na ambição fica-se com a impressão que poderia ser mais, principalmente na segunda parte que se visto como um filme separado é bem modesto, calcado em diálogos, com os cenários não interagindo com a história (que se desenvolve melhor apenas entre quatro paredes). No fim das contas a luta com os Crazy 88 é a coisa mais memorável (tem até um espaço para essa seqüência nos créditos finais) e até parece o motivo de todo o resto ter sido realizado em torno disso...
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quarta-feira, julho 28, 2004
Garden State
A estréia de Zach Braff na direção (que estou ansioso pra conferir) só tem despertado elogios até agora. No Rotten Tomatoes conseguiu a média positiva de 93%; de 28 críticas apenas 2 são negativas. Vejam o trailer. No site oficial há entrevistas e making ofs e uma das músicas de fundo é Let Go da Frou Frou que está na trilha sonora que sai em breve:
1. Don't Panic - Coldplay
2. Caring Is Creepy - The Shins
3. In The Waiting Line - Zero 7
4. New Slang - The Shins
5. I Just Don't Think I'll Ever Get Over You - Colin Hay
6. Blue Eyes - Cary Brothers
7. Fair - Remy Zero
8. One Of These Things First - Nick Drake
9. Lebanese Blonde - Thievery Corporation
10. The Only Living Boy In New York - Simon & Garfunkel
11. Such Great Heights - Iron And Wine
12. Let Go - Frou Frou
13. Winding Road - Bonnie Somerville
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Salma, Sempre
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segunda-feira, julho 26, 2004
Resumão
Só pra deixar registrado, pois não estou muito a fim de ficar escrevendo sobre.
Avalon (Idem)
Primeiro filme live action do Mamoru Oshii (Ghost In The Shell) que é bem interessante, uma sci-fi que gira em torno de um jogo passado num futuro próximo onde muitos levam a vida jogando o jogo, como trabalho. A trama é complexa, mas não tanto. O problema é que o filme é de um japonês feito na Polônia com atores de lá, na língua local, com roteiro traduzido. Quando saiu em dvd houve dublagem pro inglês em algumas versões que ora se baseavam no roteiro em japonês, e outros nas falas dos atores poloneses e na versão inglesa há um voice over explicando certas partes (como ocorreu em Blade Runner). Uma confusão só! Palavras importantes são acrescentas ou subtraídas, dependendo da versão. Vi a versão polonesa com legendas em inglês, e conferi os offs em inglês para ver o que foi acrescentado, mas mesmo assim tem muita coisa para ser investigada. Há um site que explica as diferentes versões e o que implica cada uma, além de teorias sobre a trama. O trabalho de fotografia (e efeitos) é bom e diferente. Mais um trabalho instigante de Oshii que não é apenas um filme que poderia ser anime, é um filme que deveria ser um filme mesmo.
Meu Vizinho É Mafioso 2 (The Whole Ten Yards)
O primeiro filme já não era lá grande coisa, mas tinha momentos engraçados e Amanda Peet ficava sem camisa uma boa parte do final, agora essa continuação é uma sucessão de erros impressionante! Piadas sem graças, atores mal dirigidos, trama banal, criação de situações constrangedoras, caracterização ruim... Nada salva! Matthew Perry tenta, mas não consegue. Bruce Willis está no automático. Amanda Peet, coitada, nem nua aparece. O vilão feito por Kevin Pollak parece saído de Cassino e está péssimo. Natasha Henstridge nem se nota... Quem quiser ver que se arrique!
Tokyo Godfathers (Idem)
Ótimo anime de Satoshi Kon (tendo Satoshi no nome como não ser bom? hehe) com incrível senso de humor ao retomar a velha história de três adultos que encontram um bebê na véspera de natal (rendeu vários filmes e é baseado nos três reis magos). Aqui são 3 mendigos, uma garota, um gay e senhor de meia idade. A relação dos três é ótima e o encontro com o bebê vai ajudar a resolver as complicadas relações familiares de todos, além dos três constituírem uma das famílias mais inusitadas e criativas vistas recentemente. A dramaticidade nipônica se funde ao humor trapalhão tendo até ação no meio. Um belo conto de fadas natalino com ressonâncias no cotidiano real japonês (mendicância, jovens baderneiros, homossexualismo, desestruturação familiar por jogo e bebida, etcs).
Linha Do Tempo (Timeline)
Boa diversão realizada por Richard Donner numa história meio absurda que lembra a trama da famosa série de livros Operação Cavalo De Tróia, só que aqui os viajantes do tempo acabam parando na guerra entre França e Inglaterra no século 14. É muito rápida a assimilação da viagem no tempo, em poucos minutos os personagens ficam sabendo da máquina e logo estão lá no passado, coisa que levaria um filme inteiro em outros casos. Mas, aqui a intenção é diversão e Donner consegue imprimir um bom ritmo na aventura. Creio que o livro de Michael Crichton só serviu de espinha dorsal para o projeto, já que é provável que o livro se detenha na ciência da viagem do tempo além do aspecto histórico da época e local onde ocorre a aventura. No dvd extras sobre a realização do filme, enfatizando a criação do mundo do século 14 para o filme. Mais uma vez Paul Walker se mostra o mais não carismático ator principal de Hollywood nos últimos tempos e nem é porque seja ruim (não é) mas ele passa em brancas nuvens em qualquer coisa que faça, incrível (é um talento isso, se visto ironicamente).
Possuída 2 - Força Incontrolável (Ginger Snaps 2 - Unleashead)
Continuação que não é tão boa quanto o primeiro, mas não é ruim. Uma coisa ruim é que se perde um pouco daquilo que no primeiro era uma qualidade: o subtexto da amadurecimento de uma garota, a menstruação, a libído... Aqui o subtexto seria mais o vício em drogas já que a protagonista precisa injetar um líquido para não liberar seu lado selvagem, mas acaba numa instituição de recuperação de drogados. As duas atrizes do primeiro voltam, mas a que fazia Ginger agora só aparece de vez em quando, a atenção é em Brigitte. O começo parece um trailer, mas depois normaliza. Há boas cenas, mas também não chegam a serem memoráveis e não há uma exploração maior de violência e sexualidade que o filme abre portas. Já há a terceira parte (os filmes foram realizados ao mesmo tempo) onde as irmãs estão vivendo séculos atrás, um prequel.
O Mistério De Picasso (Le Mystére Picasso)
Clouzot fez junto com o amigo Picasso a filmagem do pintor realizando vários quadros com uma técnica onde a câmera filmava a parte detrás da tela, Então o que vemos são quadros brancos sendo preenchidos brilhantemente por Picasso com uma música de fundo. E é isso. Há poucas intervenções, uma delas meio forçada, do tipo corrida contra o tempo. Achei que deveria ter havido a inversão de imagens, para que víssemos como Picasso via a tela e desenhava, mas parece que vemos é o inverso do que ele pinta; claro que em nenhum momento isso parece prejudicar a apreciação das obras, mas seria o correto. O processo de Picasso é interessantíssimo, ainda mais quando vemos ele ir criando um quadro por camadas, modificando completamente o que tinha iniciado; ou vendo sua desconstrução a partir de bases convencionais (quando eu achava que já partia de algo mais abstrato). Todas as obras filmadas foram destruídas após o término do projeto. No dvd um curta de Alain Resnais sobre Guernica e um texto de Truffaut sobre o filme.
Coincidência ou não recentemente adquiri três dvds duplos: Wyatt Earp, O Leopardo e Era Uma Vez No Oeste.
Termino de ler o curto e ótimo Cartas A Um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke.
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quarta-feira, julho 21, 2004
The Mann
E no dia 27/08:
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Gate Of Hell (Jigokumon)
Grande filme de Teinosuke Kinugasa que em 1954 ganhou a Palma De Ouro em Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro (pelo que consta o primeiro a ganhar na categoria).
Com visual impressionante, principalmente na primeira parte com a batalha, o filme mostra a obsessiva história de um bravo samurai que se apaixona por uma mulher casada e a pede em casamento para seu lorde (ou shogun) em retribuição aos serviços prestados, claro que é um pedido impossível, mas ele não se satisfaz com a resposta e fará de tudo para tê-la. O que mais chama atenção para olhos ocidentais é o comportamento dos personagens que seguem regras e hierarquias bem claras, provocando um final muito bom e ao mesmo tempo soando estranho para estrangeiros (os gaijins hehe) já que uma história assim ocorrendo do lado de cá seria tratada (e terminaria) de forma completamente diferente.
The United States Of Leland
Tem as qualidades e defeitos do cinema independente americano, mais de um lado ou de outro dependendo do gosto do espectador para esse tipo de filme (pensem em Donnie Darko, 13 Visões, Hal Hartley, Todd Solondz, etcs). A narrativa é lenta e vamos entender as relações dos personagens conforme o tempo vai passando, a narração em off vagueia por pensamentos diversos, alguns comportamentos "estranhos" aparecem aqui e ali, tudo parece ser deprimente e tedioso, a trilha é cheia de canções lentas (mas também tem várias do Pixies). Projeto escrito e dirigido por Matthew Ryan Hoge. Ocorre um crime, um jovem vai preso e não se esforça em negar a culpa e nem explicar o motivo; um professor do presídio se interessa pelo jovem para servir de tema para um futuro livro; o pai do jovem é um escritor famoso, mas distante; a ex-namorada enfrenta problemas com drogas. Não há um desenvolvimento de certos personagens como a mãe do jovem (Lena Olin) ou o pai (Kevin Spacey, produtor do filme) ou a irmã Michelle Williams) da ex-namorada (Jena Malone), o que é uma falha do roteiro que faz com que atores bons no final fiquem parecendo quase inúteis. Concentra-se no jovem (Ryan Gosling), no professor (Don Cheadle) e na ex-namorada. A psicologia usada ao final para explicar o crime e outras atitudes do protagonista pode irritar certas pessoas, mas é uma idéia que foi abordada levemente em Beleza Americana (no personagem do traficante / videomaker) e é interessante; se colocada em prática na vida real parece justificativa para se cometer horrores, mas no mundo das idéias e num filme até que funciona.
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terça-feira, julho 20, 2004
Edição Tripla
e aqui só uma edição simples...
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segunda-feira, julho 19, 2004
A Noite Nupcial (The Wedding Night)
Ótimo filme de Henry King com Gary Cooper e uma adorável (adorável mesmo) atriz russa, Anna Sten (aposta de Samuel Goldwin que não deu certo). Um escritor, junto com a esposa, retorna a casa que pertecia à sua família para tentar escrever um novo livro após sucessivas publicações mal recebidas pela crítica e público até que conhece a família vizinha de imigrantes polacos onde uma das filhas está de casamento arranjado. Inspirado pela paixão que descobre por essa jovem o escritor escreve sobre o que está passando em sua vida e complicações surgem. O clima romântico é impecável, o protagonista e nós, o público, nos apaixonamos pela personagem de Anna. Seus gestos, seus olhares, suas falas, tudo nos faz cair de paixão por ela. E há humor também. O final é excelente e infelizmente não dá pra comentá-lo para não estragar as coisas.
Confessions Of A Teenage Drama Queen
Lançado antes de Meninas Malvadas é mais um veículo para consolidar Lindsay Lohan como estrela do momento. Pela recepção não foi um filme bem sucedido, mas talvez tenha preparado o terreno para o sucesso de Meninas. Aqui Lohan faz uma garota novaiorquina que tem que se mudar com a mãe e irmã mais jovem para Nova Jersey, o horror para uma habitante de NY. Lá ela tem que se acostumar na nova escola e novos amigos. Mas o conflito não é esse já que logo de cara conhece outra garota e as duas ficam muito amigas. A história vai se concentrar na concorrência com a metidinha da escola com relação à uma peça escolar e o último show da banda favorita das garotas, Sidarthur. As coisas não são muito bem desenvolvidas, por isso as tramas vão acontecendo rapidamente (o filme é curto, menos de 1 hora e meia), tendo muita fantasia no meio (e tornando tudo menos realista do que o normal). Lohan canta 6 canções, 3 delas aparecem na trilha de fundo e 3 ela canta ao vivo no filme. Ela narra o filme em off, por isso ela aparece em 100% das cenas. Para os fãs recentes dela é obrigatório, para os não fãs pode-se até indicar por lembrar um pouco os filmes de garotas dos anos 80 como A Garota De Rosa Shocking (seria Lohan a mais nova ruiva do momento como Molly Ringwald foi anos atrás?).
UPDATE: vi o boxoffice da época e o filme até que ficou um tempo nos 10 mais além de estrear em segundo lugar.
Vale registrar também dois filmes vistos há tempos que não comentei aqui:
Do Outro Lado Da Lei (El Bonaerense) - bom filme argentino que aborda o sistema policial do país e os grandes problemas que as polícias latino americanas terão que resolver se quiserem ser eficientes ou até úteis, não que o filme foque isso, mas é o que se começa a pensar após a exibição; as cenas de sexo são bem feitas, excitantes e condizentes com a animalidade que se quer passar.
Justiça - interessante (e temeroso) retrato da justiça brasileira, sem entrevistas. Essa opção causa algumas cenas meio forçadas como nas casas da defensora pública, mas não estraga o todo. Como tenho um primo juíz agora fica mais claro certos procedimentos e a rotina do tribunal, pois só conhecia a versão dele.
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sexta-feira, julho 16, 2004
Seis
Estamos passando pela metade do mês e contei que já li seis livros o que é uma marca boa para alguém que vinha com uma média bem fraca ultimamente (2 em junho, 3 em maio). Teve a exceção de abril com 5, mas a média vinha sendo 3 por um bom tempo. Caso leia mais 6 até o final do mês (improvável) será que estabeleço algum recorde pessoal? Não faz muito tempo que comecei a anotar o mês que terminava cada livro por isso não posso comparar com o quanto lia na época da universidade, talvez fosse maior, ainda mais no tempo que estava na pensão sem nada (nem walkman ou tv, e pc era coisa longínqua, imagine internet!). Tá certo que os livros lidos são curtos e fáceis de ler, mas sempre tenho estes tipos à mão e em nenhum outro mês li assim. O foda é olhar para certos tijolos que estão no meu armário que parecem falar "leia-me" como O Arco-Íris Da Gravidade, Musashi, Criatividade, Submundo, Abusado, As Correções, A Mulher Do Próximo... aí sim, uns 6 destes por mês dariam uma bela notícia.
Uma coisa boa também foi a divisão entre livros de ficção e não ficção, já que estava tendendo a ter mais paciência e interesse em ler não ficções e esquecendo das narrativas tão importantes.
Os lidos até agora:
• A Metafísica Dos Tubos (Amélie Nothomb)
• O Monge Que Vendeu Sua Ferrari (Robin S. Sharma)
• Doze (Nick McDonell)
• A Arte Dos Impressionistas (Janice Anderson)
• Num Piscar De Olhos (Walter Murch)
• Carlos Reichenbach – O Cinema Com Razão De Viver (Marcelo Lyra)
O mais recente adquirido (em sebo) é a biografia de Luchino Visconti, O Fogo Da Paixão, escrito por Laurence Schifano.
Em processo de leitura, alternando ficção com não ficção, estão Cinema De Invenção do Jairo Ferreira e Uma Vida Interrompida de Alice Sebold (sendo retomado, tinha parado na página 100 meses atrás).
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quinta-feira, julho 15, 2004
Homem Aranha 2 (Spiderman 2)
Melhor que o primeiro, mas isso não chega a ser grande coisa já que qualquer pequena melhoria iria resultar nisso. Há coisas positivas e negativas que resultam num todo bom, mas insuficiente. De positivo há o aumento das cenas de ação. De negativo os efeitos do Aranha em particular continuam falsos, mais parecendo um video game de segunda categoria e não há uma grande criatividade no desenvolvimento da ação, fora a duração longa demais. A trama, com seus questionamentos e dramas, não ajuda e nem atrapalha, mas foi capaz de provocar momentos constrangedores como o "discurso" de tia May sobre o papel do herói, a conversa final de Peter com dr. Octopus, as conversas de Peter e Mary Jane... E o paralelo entre a perda de poderes dele com a falta de sexo? É cômico. Outra coisa irritante é o excesso de revelação de identidade do Aranha. Bom, todo mundo parece saber quem é ele ao final! Nas primeiras revelações, tudo bem, mas quando a quarta ou quinta pessoa descobre a identidade secreta aí começou a ficar ridículo. A questão da desistência do papel de herói vem de uma das histórias em quadrinhos com vários pontos em comum (não sei se recebe crédito) incluindo, se não me engano, o uniforme jogado no lixo, J.J. Jameson conseguindo o uniforme, etcs. Há um belo momento em que temos um pouquinho do antigo espírito de Sam Raimi que é a ressurreição do dr. Octopus no hospital (incluindo a aparição de uma moto serra), pena que fique apenas lá (e dois ou três takes durante o filme)...
O momento comédia (in) voluntária é a fala final de M.J. onde a platéia se acabou na risada. Esse final heróico até que fica bem, mesmo em filmes que não tenham apresentado isso durante toda projeção. Um dos Batmans ruins (Eternamente ou Robin) termina muito bem, com ele e Robin atendendo o chamado do batsinal com música grandiosa ao final. Até parecia que tínhamos acabado de ver um belo filme...
A cena do metrô, com todos os passageiros segurando o personagem é boa, bem no espírito do Aranha ser um herói do povo novaiorquino, mas exagerar na dose ao botar todos o defendendo diante de Octopus quase estraga o clima. Engraçado que não passa em nenhum instante que são novaiorquinos, na sua diversidade étnica e social, pareciam mais figurantes.
Pensando depois no personagem lembrei que nunca o achei grande coisa mesmo. As preocupações com a tia May eram irritantes (porque ela não morria simplesmente?), as dificuldades do dia-a-dia (como estudante, trabalhador) pareciam novelinhas, os momentos de ação era recheadas de piadas (acho que veio do personagem aquele recurso besta de personagens soltarem piadas à todo momento durante momentos de ação), os vilões eram fantasiosos demais, e por ai vai. Só fui reconsiderar o personagem quando Todd McFarlane assumiu nos traços. Eis que ele acha o ponto chave da coisa: o visual. É um personagem que tinha que ousar no visual, no contorcionismo e nos ângulos inusitados (a perspectiva tem que ser totalmente outra de uma pessoa que pode andar pelas paredes e se pendurar por aí com uma teia) o que Todd conseguiu (ele foi criticado pelas histórias fracas, mas isso era o que menos contava). Aranha era para ser um personagem do ácido (as cores vibrantes, as piruetas visuais) ao invés de outros heróis mais chegados em outras drogas como a maconha (Surfista Prateado), a cocaína (Hulk), a heroína (Demolidor), o speed (Speed Racer?)...
O que diferencia este filme de uma série como Smallville que também trata dos conflitos pessoais enquanto há a necessidade da presença do herói? As cenas de ação mais grandiosas. Justamente era nisso que o filme deveria concentrar esforços, mas parece que há uma atenção demasiada no roteiro, na mensagem do filme... Ora, uma série televisiva (que eu nem acompanho) consegue ter roteiros no mesmo nível toda semana!
Mas ao final o filme é uma boa diversão, onde o público sai alegre (e tirando sarro de Peter Parker que definitivamente é quase uma lady hehe).
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segunda-feira, julho 12, 2004
Trilha
Claro que quero ter!
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Steamboy
O novo filme de Katsuhiro Otomo! Este mês no Japão!
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Sonhos Esquisitos
Não sei de onde veio a história de anotar sonhos ou idéias que temos quando acordamos para não esquecermos depois. Eu quase não faço isso porque passar para palavras algo que penso é quase impossível (como vai ser bom no futuro termos a possibilidade de gravarmos num dvd os nossos sonhos!), mas de vez em quando encontro em páginas soltas de cadernos algumas coisas que escrevi e não tenho noção do que exatamente se tratava ou da importância ou do contexto ou de qualquer imagem que eu possa associar a isso... É uma merda!
O que essas coisas significam?!
"todos os pais morrem em festa de crianças - experimento psicológico" uh?!
"guerra nuclear!" uh uh ?! entendi tudo! hehehe
"minnessota / cidade do interior de minas / população sobrevive por ter genética alterada" uh uh uh?!
"morte sentimental de duas pessoas que estão juntas" !!!!!!!
"a idéia de morte é irreal - distância / o físico comprova a morte / intimidade" ??????
este é até detalhado (de que ano será isso?):
"soldado elite / emboscada / código com chefe poupando 2 pessoas / todos morrem, menos 2 / um sobrevive quase do lado inimigo / depois de um tempo ele vasculha o local e acha conhecidos, mas agem estranhos / procura nas crianças a verdade / uma revela algo, ele a pega como refém / mata uma criança / fica preso num lugar / acorda num restaurante / encontra agentes infiltrados / pegam um ônibus / com algum &%@* (inteligível) de realidade virtual ele tenta saber se o que vive é real ou não / por que ele é o escolhido?"
Credo, imagine o que tem por aí em cadernos perdidos! Pior é que realmente não sei do que exatamente eu estava sonhando pra ter anotado estas coisas...
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domingo, julho 11, 2004
Livros & Cds
Últimos adquiridos:
• Num Piscar De Olhos: Walter Murch.
• O Olho Interminável – Cinema E Pintura: Jacques Aumont.
• Ponto De Fuga: Jorge Coli.
• Cinema De Invenção: Jairo Ferreira.
• Carlos Reichenbach – O Cinema Como Razão De Viver: Marcelo Lyra.
• Johnny Cash Presents A Concert Behind Prison Walls
• I Am Sam
• Meio Desligado – Kid Abelha
• Grandes Compositores – Mahler
• As Próximas Horas Serão Muito Boas – Cachorro Grande
• Everything I Touch Runs Wild – Lori Carson
• A Life Less Ordinary
Também quis ver como era a revista PHT que foi lançada agora (por 1,99) e é uma reunião das revistas Quatro Rodas, Vip e Placar. Vale pelo ensaio com a deliciosa Sabrina Satto.
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Meninas Malvadas (Mean Girls)
Primeiro filme que vejo desta nova onda em torno de Lindsay Lohan (ela tem 2 outros filmes anteriores que ajudaram a colocá-la como queridinha do momento) e é uma boa combinação de bom roteiro com bom elenco retomando as comédias de escola, centrando nas garotas (como As Patricinhas De Beverly Hills). O roteiro de Tina Fey (que também atua e está ótima) tem coisas muito legais e bem sacadas, às vezes mais inteligentes e bem humoradas do que engraçadas. O ritmo em algum momento é quebrado ou pela direção ou pela montagem não ficando um filme redondo, mas cheio de arestas que poderiam ser melhor trabalhadas. Lembra um pouco o clima de Heathers que foi roteirizado pelo irmão do diretor. A "vilã" do filme não chega a ser odiável e há uma reviravolta quando se percebe que a protagonista é que assumiu toda vilaneza do filme, o que é diferente, mas ao mesmo tempo dramaticamente perde o impacto (mesmo que interessante). O galã do filme não tem muito carisma e fica apagado. Atores de SNL pintam aqui e ali. Claramente é filme pra Lindsay virar estrela. Faltou alguma coisa no final, talvez erros de gravação ou apresentação dos atores ou alguma coisa em conjunto que não tivesse nada a ver com a trama (uma dança por exemplo) para finalizar bem com muito bom humor e lembrar que aquilo é apenas um filme.
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terça-feira, julho 06, 2004
Final
Hoje Friends se despede com o seu último episódio...
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Peter Pan (Idem)
P.J. Hogan tem se mostrado um ótimo diretor que consegue mostrar emoções à flor da pele de forma desavergonhada em filmes como O Casamento De Muriel, O Casamento Do Meu Melhor Amigo e Amor À Toda Prova. Aqui ele está em sua produção mais ambiciosa e luxuosa. O roteiro segue muito de perto a clássica história do garoto que não queria crescer e é um conto tão rico que há muitos significados imbutidos que o filme explora bem (e mesmo os que não são tocados ao menos são sinalizados). A opção de colocar o mesmo ator para o pai das crianças e para o Capitão Gancho foi brilhante para acrescentar mais significados. O garoto que faz Peter Pan combina bem o lado convencido e pueril do personagem. A Wendy foi muito bem escolhida (seu primeiro trabalho e com 13 anos) por misturar beleza, graciosidade e ser destemida. A Sininho foi toque de mestre dar para Ludivine Sagnier fazer, ela só com gestos e caretas é um espetáculo à parte (e nos extras descobrimos que os técnicos queriam que a personagem fosse interamente em cgi, Hogan que quis Sagnier por ter ficado encantado com ela, aliás, quem não fica?).
Não vou tocar nos temas, mas há muito o que se tirar do filme. Amadurecimento, relação pais e filhos, sexualidade infantil, projeções de família (Peter vira o pai, Wendy a mãe; Capitão Gancho é o pai de todos), solidão, poder da crença, possessividade infantil, egoísmo, ciúmes, imaginação, etcs. Teve até quem insinuasse que o pó mágico da Sininho que fazia as pessoas voarem era cocaína hehehe Em breve sairá um filme sobre J.M. Barrie e sua criação do personagem (Johnny Depp no papel principal).
O visual e fotografia do filme são magníficos, extremamente imaginativos e fantasiosos (o filme que mais lembrei de visual semelhante foi Moulin Rouge).
Hogan não tem medo de ser emocional, como na seqüência "eu acredito em fadas" que é de chorar e em outras. E sua mão na condução dessas cenas é tão honesta que breguice, pieguice e manipulação não passam por nossas mentes. O final tem um certo ar de tristeza que é até esperado.
Pena que esteja em versão full (lá fora saiu em wide), mas há vários extras no dvd, pequenos e médios, mas com tanto senti falta de um making of geral, uma entrevista com o diretor (que aparece pouco nos extras) e outtakes. Vendo Hogan nas filmagens (morrendo de rir filmando a Sagnier) que percebemos como somente alguém tão ou mais criança que Peter Pan possa dirigir bem um filme sobre o tema / personagem. Não é à toa que não se faz filmes sobre Peter Pan (somente Steven Spielberg, outra criança, entrou no universo do personagem com Hook que é bem interessante ser visto após este filme).
Um dos diretores mais interessantes dos últimos tempos, P.J. Hogan fez uma pérola sobre o clássico personagem que crianças e adultos podem ver, curtir e extrair muita coisa.
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domingo, julho 04, 2004
Doze - Nick McDonell
Romance estréia do jovem McDonell (escrito aos 17 anos) que foi muito elogiado e comparado ao Apanhador No Campo De Centeio pelo retrato da juventude. Exagero, ser um Salinger não é pra qualquer um, mas McDonell mostra talento ao mostrar os últimos 5 dias do ano entre adolescentes ricos que moram em Manhattan. O protagonista é o traficante White Mike que não bebe, não fuma, não usa drogas, e é inteligente. Mas a narrativa não fica só nele, mas em todos os outros jovens que vivem em torno dele (em relações diretas e indiretas todos têm alguma ligação uns com os outros) e também há flashbacks. O autor não exagera tentando mostrar o vazio de uma geração, mesmo que os jovens estejam apenas se drogando, transando, indo em festas, jogando vídeo game, vendo tv, fazendo compras... todos são tratados com um pouco de carinho e mesmo com o protagonista não há posicionamentos se é uma pessoa boa ou ruim, é apenas alguém. Apesar de ter muitos personagens conseguimos identificar de imediato cada um e suas trajetórias ficam cada vez mais interessantes, o que culmina na festa de ano novo. O autor mais semelhante atualmente seria Bret Easton Ellis que acho que pega mais pesado e enche o texto de referências culturais e sociais (marcas de roupas, carros, etcs). Mas o tom de McDonell lembra mais o filme Elefante de Gus Van Sant, incluindo um toque ao final. Uma promissora estréia desse jovem autor que tem como padrinho Hunter S. Thompson (um incentivador de sua carreira).
O Monge Que Vendeu Sua Ferrari - Robin S. Sharma
Quase um livro de auto ajuda, mas é mais um guia de budismo para iniciantes disfarçado numa parábola sobre um advogado que após um ataque cardíaco larga tudo e vai para a Índia se encontrar espiritualmente. Quando retorna seu ex-assistente se surpreende pelo novo homem que seu ex-chefe se tornou e num encontro que dura a madrugada inteira o transformado irá passar os ensinamentos aprendidos com monges de uma comunidade pequena e distante de todos. Muitas coisas a maioria já deve conhecer, o duro talvez seja por em prática como o meditamento diário, o esvaziamento da mente com certas técnicas, o uso de mantras, a alimentação vegetariana, reposicionamento de perspectivas existenciais, profissionais, sociais, etcs. Nada radical, já que é frisado que cada um age como quiser a partir dos principais tópicos. O curioso é que li em uma noite, como na narrativa do livro. Agora, só fui ler isso porque numa entrevista recente soube que Jon Bon Jovi tinha achado o livro muito influente em sua vida e tive curiosidade em conferir. Poucas vezes fiz isso (cheguei a comprar, mas não li ainda, o Mal Estar Na Civilização do Freud apenas porque a Jewel achou esse livro influente na vida dela) e, admito, que mais vindo do Jon mesmo (fui descobrir quando adolescente o filme Terra De Ninguém do Terrence Malick porque é um dos filmes favoritos dele, além de ter virado muito fã de Bruce Springsteen que é uma grande influência na vida dele). Engraçado imaginar o Jon aplicando algumas coisas do livro (o mais estranho é que o Livro Dos Sonhos que aparece no livro já foi utilizado por ele numa canção feita no mesmo ano da publicação do livro) e outras que com certeza parece já serem praticadas com ótimos resultados (a compra do Philadelphia Soul e a importância do lado social do time com a comunidade ou a não importância mais com exigências de gravadoras e as extensas turnês, voltando atenções para a família e outras atividades artísticas, são exemplos).
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sexta-feira, julho 02, 2004
Comercial Gratuito
Não sei se posso chamar de hábito se não é algo constante e frequente, mas quando me deparo com uma embalagem que me atraia esteticamente fico com dó de jogar fora e guardo. Ainda bem que não é toda hora que eu vejo algo que me atraia ou lembre que tenho que guardar (as circuntâncias também entram na equação). Eis alguns objetos que por algum motivo ou outro eu guardei:
Talvez um recente seja o prato do McDonald's para o Green Salad que tenho 2 guardados (mas utilizados para outros fins culinários).
A garrafa de Coca é um clássico. Mesmo eu que não tomo refrigerante tive que comprar essa edição de 237ml que acho perfeita, uma obra de arte mesmo hehe
A latinha de Pepsi claramente é por razões futebolísticas (mas o visual novo ficou bom).
Vamos ver se essa "coleção" aumenta com o tempo...
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A Metafísica Dos Tubos - Amélie Nothomb
Mais um livro lido desta ótima autora belga (sucesso na França). Ela aqui faz um relato dos primeiros anos de sua vida no Japão (o pai era cônsul e ela nasceu por lá) do jeito que só ela consegue fazer. Muitas coisas podem ser só de sua imaginação ou como ela se lembra e ficamos intrigados (será que até os 2 anos ela era quase um vegetal? o que acontece perto do final realmente aconteceu?). Consegue misturar a visão de descoberta de uma criança com a perspicácia de uma mente adulta. Como acontece em seus livros a narrativa é rápida e curta (desta vez só um pouco menos mórbida pelo tema tratado). Das obras dela lançadas por aqui este é o segundo que tem toques autobiográficos. O outro é Medo E Submissão que fala de sua experiência, já adulta, trabalhando num escritório no Japão. Soube que Alain Corneau fez ano passado a adaptação para as telas do livro, fiquei curioso, o site oficial do filme é este. Higiene Do Assassino também foi levado às telas em 1999 por François Ruggieri.
Livros publicados no Brasil:
Espero que lancem por aqui os livros ainda não traduzidos e muito elogiados (Les Sabotage Amoreux, Les Combustibles, Péplum, Attentat, Mercure e Cosmétique De L’Ennemi).
Ela lançou livro novo ano passado (desde 1992 ela lança um por ano), Antéchrista.
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Jin-Rô
Anime escrito pelo famoso Mamoru Oshii (Ghost In The Shell, Avalon) e dirigido por Hiroyuki Okiura. No Japão pós segunda guerra (não é um filme histórico, mas de realidade alternativa) crescem os grupos rebeldes anti-governamentais e no meio da confusão civil (com atentados terroristas) um soldado da força especial fica traumatizado ao ver na sua frente uma garota do grupo rebelde terrorista se matar com uma bomba quando fica cercada. Logo após ele vai encontrar e se relacionar com a irmã mais velha da garota. Mas as coisas vão ficar bem mais complicadas (a trama é complexa). Há muita violência, mas no geral o andamento e o enfoque é dramático com ótimas seqüências de emoção e pesadelo. O ritmo é lento, embalado por uma belíssima trilha sonora (Gabriela Robin canta a bela canção dos créditos finais). O tom é pessimista e o final é especialmente duro e emocional. Alguns temas parecem ser constantes no trabalho de Oshii e até de outros realizadores nipônicos (Akira, por exemplo). O personagem principal aparece em dois outros trabalhos de Oshii, Talking Head e The Red Spectacles, e pelo que ver é centrado na desumanização. Um fato importante e curioso é a referência do conto Chapeuzinho Vermelho durante toda história, até o livro alemão original aparece no filme. Se a história é a contada a versão mais conhecida é bem suavizada. Há uma versão americana com os diálogos dublados e o título de Jin Roh - The Wolf Brigade. Um anime para se rever e refletir.
Há uma edição especial do anime em dvd triplo (o filme, o dvd de extras e a trilha sonora de Hajime Mizoguchi) lá fora, só que já esgotado. Tentador!
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quinta-feira, julho 01, 2004
Messias Do Mal (Savage Messiah)
Parece um telefilme, sem desmerecer o filme com isso, mas não é (e tem algumas cenas que poderiam ser fortes para algo televisivo). Produção canadense baseada em fatos reais sobre um culto muito similar ao de Charles Manson e outros da mesma estirpe (misturando religião com comunidades alternativas). O "messias" tem desempenho muito bom de Luc Picard. Além dele destaque para Isabelle Blais como uma de suas seguidoras e uma envelhecida Polly Walker como a assistente social que vai denunciá-lo. A interpretação dos três é ótima. Há um fascínio nestes casos de cultos, em como um líder carismático consegue criar uma comunidade inteira sob seu domínio, tendo várias mulheres e filhos. As forças de dominação e sedução sempre são as mesmas: sexo, medo, uso de algum tipo de droga (seja álcool, narcótico, etcs), proteção, religião, violência, música... que cobrem todas as variantes (física, mental, social) e fazendo com que uma equilibre a outra, assim não é algo opressivo o tempo todo se há a alegria das orgias e festas. Há um fato no filme que tem muita chance de ser inventado para criar dramaticidade, que é o passado da assistente social, mas é muito bem colocado pois foca um outro lado da questão: a violência contra a mulher e/ou uma relação violenta que a mulher não consegue sair. O que gira em torno desta situação (lembro do excelente filme Denial de Erin Dignam que trata do assunto) é o jogo sádico do dominador que manipula os sentimentos da subjulgada alternando violência com extremo carinho (não sei em que estágio os estudos comportamentais se encontram, mas pode ser um distúrbio do próprio dominador que ama e odeia algo e não tem controle sobre isso ao invés de algo extremamente racional). Fica a curiosidade de se saber mais do caso (no fim há alguns dados do que aconteceu) e principalmente o que acontecerá com as crianças da comunidade que vivenciaram e sofreram muitos abusos mentais, sexuais e físicos. Outro ponto fascinante é as que continuam ao lado do "messias" ainda hoje, como isso se processa? Por quê? Charles Manson ainda tem seguidores, não?
Sacco & Vanzetti (Idem)
Famoso filme político italiano, proibido aqui no Brasil na época da ditadura. Desconhecia a história dos dois, por exemplo nem sabia que se passava nos EUA. São dois anarquistas imigrantes italianos acusados de assalto e homicídio e condenados mesmo com poucas provas. Cria-se uma comoção geral do público que se manifesta à favor dos condenados (tanto nos EUA quanto no estrangeiro) por acharem que estão sendo condenados por suas posições políticas. Gian Maria Volonté e Riccardo Cucciolla estão bem, mas a direção é apenas correta. Destaque para a canção composta por Ennio Morricone, letrada e cantada por Joan Baez. O caso real ainda parece obscuro, com algumas provas posteriores inocentando um, mas acusando o outro, então fica a questão que se não fosse o aspecto político talvez os dois não teriam sido símbolos da injustiça. A cena com o governador coloca isso, a justiça e a política se misturaram tanto que nenhum dos lados poderia sair dali impunemente.
Uma Noite Na Ópera (A Night At The Opera)
Este filme dos irmãos Marx marca a estréia deles sob produção da MGM de Irving Thalberg. Ainda acho que a comédia que deles é mais de teatro que de cinema, seja pelos diálogos ótimos de Grouchos quanto pelas palhaçadas de Chico e Harpo. São mais sketches bons de humor amarrados numa história capenga. Aqui e ali há momentos antológicos (a cabine, Chico e Harpo tocando, as trocas de camas) que na verdade não interferem em nada no todo, mas no geral é apenas regular, com aqueles números musicais tradicionais que dão sono. Os excessos de um ou outro irmão também irritam, quando já pegamos a piada, mas ela é repetida muitas vezes (Jerry Lewis e outros comediantes usaram e usam isso, alguns com melhor sorte que outros quando faziam da repetição escada para outra piada). Há um extra com várias personalidades falando do filme e o que mais chama atenção é como deve ter sido fascinante a história de Thalberg (merecia um filme atualmente), considerado um gênio.
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