RD - B Side
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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sexta-feira, outubro 29, 2004
Capitão Sky E O Mundo De Amanhã (Captain Sky And The World Of Tomorrow)

Todo o processo de feitura do filme já deve ser de conhecimento de todos antes de até ver o filme então o que fica é que fora isso o filme é uma boa aventura, competente para estréia de um diretor que emula antigas aventuras e tem muito de Indiana Jones em vários momentos e personagens. Esquecemos que muito do que vemos não se precisou de cenários, locações e etcs, o que pode ser uma idéia legal para libertar os diretores. Não fica parecendo que estamos vendo um videogame e esse deve ser o melhor elogio para um filme quase virtual. Tem suas falhas, suas piadas sem graça, mas é uma boa experiência para a nova tecnologia além da tentativa de criar um novo herói cinematográfico. O final é engraçado já que evita algo meloso e solta uma piada (faz tempo que não via um aventura romântica terminar assim, com uma piada).

Menina Dos Olhos (Jersey Girl)

Kevin Smith fazendo seu primeiro drama (ou quase isso). Ele perdeu a mão no ritmo que inexiste, às vezes parece algo frouxo, algo rotineiro, depois entram aqui e ali algo mais pessoal ou divertido. O casal Ben Affleck e Jennifer Lopez é irreal até nas telas, e isso é muito esquisito já que foram um casal verdadeiro na vida real, mesmo que irreal em todo caso. Eles não combinam em nenhuma circunstância, Ben ainda tem jeito de criança, fora que tem jeito simples de ser, já Lopez é uma prima donna que "combina" com rappers, gangsters, todos poderosos... (mulher de chefão é um bom modelo pra ela). Então nunca acreditamos no relacionamento que vai marcar a vida do personagem de Ben. A garotinha foi bem escolhida, ela realmente parece filha da Lopez. Liv Tyler, coitada, meio que sobra no filme. Ao menos Bruce Springsteen aparece na trilha duas vezes (filme em New Jersey sem boss é foda). A oposição cidade grande e o subúrbio foi melhor explorada no Um Homem De Família. No final vemos que é dedicado ao pai de Kevin. Pena que tenha sido no filme mais fraco dele.

Como Fazer Um Filme De Amor

A estréia de José Roberto Torero em longas infelizmente é irregular. Tudo parece um curta, seja no clima, nas situações, na filmagem... Seria o caso do filme ter sido um curta bom do que um longa regular? O carisma de Denise Fraga ou conquista (eu) ou afasta as pessoas (e muita gente não gosta dela). Há bons momentos alternados com cenas fracas (ou idéias repisadas demais, mesmo que o filme trabalhe só com clichês). O filme pode ser visto como uma comédia romântica ou uma crítica à esse modelo. Nos dois o filme não chega a ser totalmente bem sucedido, mas a parte crítica faz o público ficar mais irritado já que vai mostrando que está sendo manipulado em todas as ocasiões. A narração do Paulo José sempre é algo legal (que vai até o final dos créditos). Que o próximo do Torero seja melhor.

Casa De Areia E Névoa (House Of Sand And Fog)

O filme joga com dois personagens diante da posse de uma casa e consegue dar dimensão complexa aos dois, não tomamos exatamente um lado. O ruim desta estrutura é que tudo pode desmanchar se o final tomar um rumo que desagrade boa parte da platéia ou por soar falsa ou transformar tudo na defesa de um dos lados. Este filme não faz isso, mas também complica mais. Não é o final que esperava (ou desejava) e não posso falar o que define este final para não estragar para quem não viu. Não estragando muito posso falar que é um posicianamento niilista e isso com certeza vai irritar muita gente (o final, mesmo eu não gostando, não fez com que todo o filme ficasse ruim, só acho que deveria parar num momento e concluir em outro tom, mas isso sou eu). Só fico pensando no quanto esse final vai contra a proposta (se é que há) da película. Ou então o final é a proposta, sendo assim não veria todo o motivo para a realização do filme inteiro! Complicado! Bom, as atuações são muito boas e o diretor dirige com firmeza. Gostando ou odiando vale conferir. Pessoalmente eu não gostei de toda parte "americana" (o policial sendo o maior representante), mesmo que o filme mostre seus motivos e suas complicações pessoais (e mesmo que Jennifer Connelly represente esse lado também).


posted by RENATO DOHO 6:27 PM
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quarta-feira, outubro 27, 2004
Antes Do Pôr Do Sol (Before Sunset)

Extraordinário! Fora de Mostras, circuito ou outra coisa, é algo totalmente emocional que nem sei o que escrever aqui. Que trabalho do trio! É como se fosse realmente um filme feito à três mãos, com cada um contribuindo com algo de sua vida pessoal. Julie Delpy está mais linda ainda. Infelizmente me vejo no futuro como o personagem de Ethan Hawke com relação ao casamento (ou como a Julie Delpy nos namoros?). Se o personagem de Hawke fez um livro para o reencontro quem sabe um dia eu faça algo artístico para que o mesmo ocorra comigo? A continuação ainda consegue ter o mesmo momento dos dois na cabine de música no primeiro, só que é breve e só acontece de uma parte (fenomenal!). O final é maravilhoso (que o público fala: ahhh não!). Espero que um terceiro encontro se realize daqui uns 3 anos (e não 9 como agora). Ah, todos deveriam ver esse filme!


posted by RENATO DOHO 6:26 PM
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terça-feira, outubro 26, 2004
Mostra BR (2)

Mate Seus Ídolos (Kill Your Idols)

Documentário curto (75 minutos) falando do punk novaiorquino no início e nos dias atuais pegando alguns integrantes de bandas (velhas e novas) para entrevistas. Não há novidades na realização, são pessoas falando para a câmera e algumas cenas ao vivo (de arquivo ou atuais), mas o que se diz é bem interessante. Dos velhos falam de Suicide, Teenage Jesus And The Jerks, Mars, DNA, Sonic Youth (sendo a ponte para a nova geração) e dos novos Yeah Yeah Yeahs, Liars, Black Dice, etcs. Vários personagens legais como Lydia Lunch, Arto Lindsay e Karen O. A velha geração acaba com a nova, as bandas posadas e que nada dizem. O final é engraçado, falando do futuro.

Mofando No Subúrbio (Lurking In Suburbia)

Aparentemente realizado em digital o filme retrata um dia na vida de um cara que comemora seus 30 anos. Como o protagonista fala com o público nós lembramos na hora de Ferris Bueller e é como se ele estivesse fazendo 30 anos e quisesse reavaliar sua vida. Mesmo formado e fingindo ser escritor (na verdade desempregado), voltando a morar numa república após o término de um relacionamento longo o protagonista (que lembra um Giovanni Ribisi sem trejeitos) vai repensar algumas coisas com situações que acontecem no sue aniversário. Não há novidades no retrato do subúrbio, mas mesmo com o truque de se falar com o espectador o filme consegue às vezes soar real, honesto, com alguns personagens (o ex-zagueiro de futebol gay por exemplo) e situações (o filme é modesto e dá pra se identificar com a maioria as coisas que acontecem, não há muitas coisas do tipo "só acontecem em filmes"). Há 2 finais, um mais aberto e outro passado 2 anos depois para dar uma geral no que mudou na vida do protagonista. Os trintões podem gostar mais.


posted by RENATO DOHO 8:18 PM
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segunda-feira, outubro 25, 2004
Mostra BR (1)

La Niña Santa

Não vi O Pântano, o anterior da Lucrecia Martel, mas parece que esse não foge muito do estilo dela. Um ótimo filme, tanto pela forma com que a história é contada como pelo jeito que ela filma tudo isso. É tudo oblíquo, vamos sabendo da história pelas beiradas e vemos as coisas através de quadros dentro de quadros, ou por espelhos, ou pelos segundos planos, etcs. A sexualidade é latente mesmo que nunca explícita e o retrato que dá da juventude é exemplar. Tanto a garota como a sua mãe foram escolhas ótimas, as duas são sexys sem exatamente serem. E o final é daqueles que adoro, isto é, quando vejo certos planos e penso "acaba aí, acaba aí" e isso ocorre dá uma satisfação tremenda (e muitos filmes além de estragarem estes momentos para mim estragam os própriso filmes). Corte exato. Certa parte do público irritada. Não importa, era pra ser aquele final mesmo.

Papai Noel Às Avessas (Bad Santa)

O filme não tem nada de muito diferente, mas tem momentos muito engraçados com o Billy Bob Thornton acabadão. Parece que há uma versão mais pesada que saiu em dvd (Badder Santa), fico curioso. Podia ter mais sacanagem, já que o papai noel é tarado. O garoto é um coitado (queria ver como ele é nas filmagens hehe). O público curtiu muito (achando graça até demais em piadas mais ou menos).

A Música Mais Triste Do Mundo (The Saddest Music In The World)

Primeiro do Guy Maddin que vejo. Bom, pra quem não conhece é uma boa porta de entrada. Ele filma como se estivéssemos na era do mudo ainda, só que o filme tem falas e tudo mais. Estranho, mas nem tanto, a narrativa não é tão ousada assim, só o visual. Aqui o concurso tem seu humor (diferente, mas engraçado). Há várias "esquisitices" aqui e ali, mas nada que não se encaixe no filme, fazendo com que tudo seja apreciável e não incômodo. Maria De Medeiros parece ideal para este tipo de filme. Isabella Rossellini está caricata e muito boa (fazendo uma mulher sem pernas). Logo após o filme vi a entrevista dele ao vivo, foi curioso.

Crepúsculo Das Ninfas De Gelo (Twilight Of The Ice Nymphs)

Filme colorido de Maddin. A encenação como um conto de fadas permanece. O filme todo parece um grande sonho. O final é um pouco irônico e triste. As influências de sua obra são constantes e evidentes.

Contos Do Hospital De Gimli (Tales From The Gimli Hospital)

Mais um Maddin. P&b e com mais cara de filme mudo (poucos diálogos). Um conto de fadas mais sombrio e como o anterior com um final nada alegre. Muitas coisas interessantes, ao mesmo tempo acho que não quero ver mais Maddins por enquanto...


posted by RENATO DOHO 7:11 PM
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quinta-feira, outubro 21, 2004
Hércules Na Conquista Da Atlântida (Ercole Alla Conquista Di Atlantide)

Este de Cottafavi é melhor realizado (como o longo plano seqüência inicial) com o Hércules de Reg Park mais carismático que o de Mark Forest, mas ao mesmo tempo os personagens e a narrativa são mais frágeis, sem carisma e cenas marcantes (o único que lembramos mais ao final é o anão). Meio que por acaso Hércules acaba se envolvendo na destruição de Atlântida (parece que algumas cenas de destruição são de outro filme). Essa versão, ao menos, é dublada em italiano. As melhores cenas envolvem os guardas (que mais parecem zumbis) com armadura que mais tarde George Lucas faria parecido em Star Wars para a guarda imperial.

O Rolo Compressor E O Violinista (Katok I Skripka)

Estréia de Andrei Tarkovsky neste média metragem (46 minutos). Numa história envolvendo um garoto que toca violino e um operário que asfalta uma rua Tarkovsky já demonstrava um olhar acurado para enquadramentos, ritmo e símbolos. Há muitas coisas que podem ser comparadas e diferenciadas (começando pelo relacionamento dos protagonistas que envolve arte, técnica, povo, infância e outros) incluindo objetos de cena (a bola de brinquedo e a bola de destruição, os reflexos em espelhos e na água, a maçã e pão) e cenários. O final se passa no mundo da fantasia, onde só assim a amizade continua.

Quem Bate À Minha Porta? (Who’s That Knocking At My Door?)

Este primeiro longa de Martin Scorsese foi feito em várias partes por vários anos, podendo ser dividido em três fases. Não sabendo do processo de realização não chega a interferir na apreciação do filme que mostra um Scorsese solto, muito influenciado pelos mais variados tipos de cinema (nouvelle vague, Elia Kazan, Cassavetes, Hawks, etcs) e também pela sua bagagem pessoal (o cotidiano dos italo-americanos e a religiosidade). Os diálogos entre Harvey Keitel e a garota sobre cinema (Rastros De Ódio, Lee Marvin, Rio Bravo) parecem um embrião de Quentin Tarantino, coisa que o próprio Scorsese não desenvolveria depois. Há muita música e a seqüência de sexo ao som de The End do The Doors é ótima (e foi algo exigido para se conseguir distribuição, deveria haver nudez em alguma parte do filme). Não há uma linha narrativa clara, a não ser o relacionamento do casal que é entrecortado por Keitel com amigos. No final Keitel parece até pronto para "pular" para Caminhos Perigosos. No dvd o assistente de direção fala sobre o filme e há comentários em aúdio dele e de Scorsese.


posted by RENATO DOHO 4:29 AM
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segunda-feira, outubro 18, 2004
Ziyi



posted by RENATO DOHO 3:13 AM
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O Joelho De Claire (Le Genou De Claire)
Amor À Tarde (L'Amour, L'Après-Midi)


Eric Rohmer continua à toda nos cinemas nacionais. Mais dois filmes estraram em cartaz (um no Rio e outro em São Paulo). O Joelho é a obra mais famosa de Rohmer e é o filme que mais gostei de sua filmografia até o momento. Todo o filme é espetacular no que consegue mostrar e dizer (ora uma coisa, ora outra, em muitos casos as duas coisas ao mesmo tempo). O jogo entre os adultos que são amigos explora as possibilidades de um homem prestes a se casar, estar de férias num paradisíco lugar e ter duas jovens atraentes lá. A trama lembra muito o jogo sedutivo de Ligações Perigosas, só que com menos perversidade por parte dos integrantes. Todos os relacionamentos mostrados são interessantes, seja com a primeira jovem, a amiga já madura e celibata (no momento) e finalmente, Claire, e seu famoso joelho. As cenas envolvendo o joelho dela são magníficas e a principal é uma das mais belas do cinema por envolver ao mesmo tempo sexualidade, inocência, perversão e muitas outras coisas. Não é preciso nada além do som da chuva acabando, o silêncio entre os dois e contato tão esperado. É um exemplo concreto de quanto o pouco pode ser mais que muito (no caso, o explícito).

Já Amor À Tarde também faz parte dos Contos Morais, aqui envolvendo a fidelidade de um marido diante de tantas mulheres e em especial a ex-namorada de um antigo amigo. Assim como em Claire as pequenas coisas dizem mais que as grandes, no caso, um toque nas costas da mulher. Mesmo assim o diálogo é essencial para o relacionamento fora do casamento, afinal ele fica cada vez mais tentado a partir do momento que consegue se abrir mais com a outra ao invés da esposa (e isso é muito importante para a cena final). Uma curiosidade é ver as três atrizes de Claire fazendo pontas de forma engraçada para quem viu o filme (e com alguma relação de importância, não só meras presenças).

Nas sessões a presença maciça de mulheres parece mostrar que Rohmer é apreciado pelas senhoras cinéfilas hehe Em uma delas eu era um dos raros homens (e jovens) pois os poucos que estavam lá eram de idade e acompanhados de suas esposas.

Golias E O Dragão (La Vendetta Di Ercole)

Primeiro filme que vejo do famoso Vittorio Cottafavi. A versão da Classic Line é a americana, com título, créditos e dublagem em inglês. Houve também mudanças na montagem, na trilha sonora e o acréscimo de um stop motion para o dragão. A dublagem mudou o original Hércules para Golias (não sei exatamente o motivo). Este filme fez parte da seleção que Quentin Tarantino e Joe Dante apresentaram em Veneza este ano na mostra "Os Reis Do Cinema B Italiano". Cottafavi teve mais outro filme selecionado: Os Filhos De El Cid. Golias é um filme enxuto, de pouca duração e onde a resolução da trama fica para os 10 minutos finais e ficamos pensando que não vai dar tempo, mas os filmes antigos eram craques para finalizar filmes. Os monstros são engraçados pela precariedade, mas ao mesmo tempo fascinantes (o dragão do título é uma pérola). Alguns achados são ótimos como o aviso importante que a amada consegue mandar através do vento! O wide do dvd não chega aos 2:35 originais, ficando no 1:85 (ou 16x9), por isso alguns planos bem abertos em movimento apresentam problemas.


posted by RENATO DOHO 1:07 AM
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sexta-feira, outubro 15, 2004
The Shield - Terceira Temporada



Acabou na AXN a mais recente temporada de uma das melhores séries policiais de todos os tempos. Se não chega a ter o mesmo nível de adrenalina que foi o final da segunda temporada desta vez a coisa fica mais amarga com a possibilidade de término do esquadrão especial e onde as cartas são jogadas na mesa no que diz respeito à amizade deste grupo e o quanto o dinheiro influi. Claudette vai ficando a cada dia mais isolada na delegacia justamente por ser o centro moral do seriado, ela é um exemplo de como é "lonely at the top" e "hard to be right". Mesmo sendo dos EUA o que ela passa é algo que todos podem se relacionar, o que acontece quando alguém não joga o jogo social estabelecido, não dança conforme a música e segue um padrão ético rígido que afasta as possibilidades dos "jeitinhos". Dutch, como parceiro dela, sofre as mesmas ridicularizações (até de Vic que sabe jogar com isso). Vic, ao mesmo tempo que pode ser o vilão da coisa por ser corrupto se mostra um dos policiais mais eficientes da delegacia e demonstra compaixão por certas vítimas; o que não chega ser novidade se lembrarmos de idiossincrasias do tipo mafiosos / religiosos, criminosos de colarinho branco / filantrópicos e assim vai. Ele é obviamente o personagem mais complexo e interessante do seriado que pode passar no mesmo episódio de grande fdp à um amoroso pai, de um insensível policial ao pai que sofre com o autismo de dois de seus filhos. Mal posso esperar para a quarta temporada! Só em Janeiro nos EUA.

Vai Começar



Arte de Amos Gitai.


posted by RENATO DOHO 4:01 AM
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The Cutting Room Floor

Acabei de ler este livro do Laurent Bouzereau sobre os cortes sofridos em vários filmes. Ele analisa os cortes dos filmes de William Friedkin (O Exorcista, Parceiros Da Noite), Brian De Palma (Vestida Para Matar, Scarface), Paul Verhoeven (Instinto Selvagem), Steven Spielberg (Contatos Imediatos Do Terceiro Grau, 1941), James Cameron (Aliens, O Segredo Do Abismo, O Exterminador Do Futuro 2), Robert Zemeckis (De Volta Para O Futuro, A Morte Lhe Cai Bem), Ridley Scott (Blade Runner, A Lenda), Alfred Hitchcock (Suspeita, Topázio, Quando Fala O Coração) e John Boorman (O Exorcista II). Várias partes são interessantes e outras claramente percebemos que os dvds assumiram a posição de mostrar as cenas cortadas (ao invés de descrevê-las em livro). Coisa que Laurent vem fazendo ao preparar vários filmes para o dvd. Jack Valenti é visto (que surpresa) no livro como à favor de vários filmes e cineastas, argumentando bem contra certos cortes ou classificação etária (talvez o lado "mal" dele estaria voltado só para as cinematografias estrangeiras). As pressões dos grupos gays contra Parceiros Da Noite e Instinto Selvagem foram bem fortes e não sei até que ponto tinham a razão de ser ou não (os protestos geraram interesse e isso resultou em boas bilheterias...). Outros filmes foram cortados pelos testes com público (O Exorcista II é um dos poucos filmes que o livro relata e que não vi que sofreu bastante com os testes - e no final das contas parece que o filme é ruim de qualquer jeito). No final percebemos as eternas concessões que os cineastas têm que ter para lançarem seus filmes. A tal da classificação etária é levada à sério pois significa o destino comercial do filme e se pensarmos bem é algo sem sentido já que certos filmes parecem querer se comunicar com um público adulto, mas a possibilidade dele não ser liberado para menores faz com que o circuito seja reduzido porque vários cinemas não passariam estes filmes (como os de shopping). Uma contradição! É querer um público adulto, mas sem essa classificação para que esse público adulto possa ver o filme em vários lugares (e até os adolescentes para que a bilheteria aumente). Isso, claro, para os realizadores, já que para os empresários quanto mais gente puder ver, melhor. O pior é a montagem para a tv que se mostra faca de dois gumes - se o cineasta não fizer (por questão de integridade) outros farão pior ainda, então a opção é ele mesmo fazer os cortes para ter o controle do seu filme, mesmo que fazendo isso é como se perdesse o controle. Ah, Hollywood! hehehe


posted by RENATO DOHO 1:29 AM
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Chamas Da Vingança (Man On Fire)



Até estranho falar deste filme e botar a foto da Dakota Fanning em destaque, tem gente que vai achar que é um doce filme sobre crianças hehe Bom, mas é que essa garota é ótima, uma das razões pra se ver o filme (a outra seria a Radha Mitchell), mas não esquecendo Christopher Walken e Denzel Washington. Tony Scott, que figura. Sendo criticável ou não é muito irônico ver um filme como este e imaginar que se trata de um jovem cineasta, saindo da universidade, louco para botar anos e anos de MTV, videogames e internet que estavam em sua retina quando na verdade é um senhor que sempre está com o seu boné da sorte (atualmente bem surrado) e seu inseparável charuto. Seria muito mais a "cara" dele estar fazendo produções inglesas para a BBC baseado em livros renomados (mais engraçado ainda que algumas destas produções podem estar sendo dirigidas por jovens). A primeira impressão que ficamos é que Cidade De Deus impressionou Scott. Não que ele já não vinha fazendo isso (talvez Scott que influenciou Cidade), mas pelo cenário latino as semelhanças aumentam. O visual do filme já estava sendo testado quando Scott fez o curta para a BMW, Beat The Devil, o que só é uma continuação de algumas marcas registradas de seu cinema. Por vezes esse ritmo me dá dor de cabeça, mas ao contrário de Michael Bay, Scott sabe reduzir o andamento das coisas.

Pros latinos o filme soa até ofensivo, mesmo que não seja muito. Claro, sendo os ofendidos podemos tomar partido e ver coisas a mais no filme o que lembra muito os protestos de minorias ou certas comunidades contra tipos de filmes por acharem algo homofóbico, profano ou anti-feminista (e sabemos o quanto estes grupos exageram nas acusações vendo coisas que não estão nos filmes). Assim De Palma vira misógino, Verhoeven um homofóbico, Scorsese um herege, etcs. Nem todos os mexicanos são vistos como vilões e nem todos americanos são os mocinhos (se bem que a coisa do pai é meio forçada). Seqüestros são realmente muito frequentes nos países latinos. E corrupção então? Nem vamos falar nisso! O que incomoda é que quem está dizendo isso é um diretor branco vindo de Hollywood (se bem que ele é inglês). Ora, um paulistano branco mostrou a sujeira do Rio em Cidade De Deus e muitos se ofenderam com isso. Com razão, ou não. Se fosse mexicano talvez ficasse mais irritado, ao mesmo tempo eu fiquei pensando que seria muito divertido uma produção hollywoodiana sacanear bonito com o Brasil (Os Simpsons no Rio foi um aperitivo).

Fora esse problema o que temos é mais uma história de vingança, que não acho despropositada. Se fosse o pai que partisse para a vingança eu acharia o filme quase desprezível, mas ao termos um assassino (Denzel) tudo muda de figura. É algo quase que inerente em sua pessoa e estilo de vida querer resolver tudo daquele jeito (cruelmente mesmo) e só poderia chegar naquele final. Caso ele sobrevivesse estragaria tudo. O filme é longo, mesmo não incomodando muito poderia se cortar algumas coisas (do meio pro fim, pois a construção da relação guarda costas e garota é essencial e poderia até ser maior) e ser menos frenéticamente montado em certas partes. Mas no final o resultado é bom.

Quem quiser ver o lado ruim do filme, comparando com o atual momento Bush, só ler
aqui. Não que não tenha certa razão, mas...

Outros filmes que gosto da filmografia do Tony: Fome De Viver, Vingança, O Último Boy Scout – O Jogo Da Vingança, Amor À Queima–Roupa, Maré Vermelha, Inimigo Do Estado, Jogo De Espiões e The Hire / Beat The Devil.

posted by RENATO DOHO 12:51 AM
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quinta-feira, outubro 14, 2004
Japão






Primos na terra do sol nascente. Já são 7 e em breve mais 2 estarão por lá, ralando todo o dia. Eis uma forma de lembrança deles (fotos de celular). Só falta daqui a pouco eu estar lá hehe. Fábio, Marcelo, Cristiano e Márcio, saudades! Sem fotos: Juliane, Claúdia e Regina. E um tio: Fideo.


posted by RENATO DOHO 2:24 PM
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quarta-feira, outubro 13, 2004
DVDS

Inspirado no post do
Vebis sobre suas recentes aquisições em dvd resolvi fazer o mesmo já que não tinha idéia do que postar. As capas são importadas, mas com exceção de um dvd todos são em edições nacionais (é que pra linkar é mais fácil usar as importadas).



Eu tinha que ter a primeira temporada de Twin Peaks mesmo após longa espera. O bom é que a edição nacional incluiu o piloto, lá fora é separado. Fico aguardando o resto, já que o episódio final da série é uma obra prima de David Lynch (e que poucos tiveram a chance de conferir).



Na promo das Americanas de leve 3 e pague 2 adquiri dois filmes que há tempos queria ter em dvd, O Segredo Do Abismo (versão estendida) e Além Da Linha Vermelha. O primeiro eu acho um dos melhores filmes do James Cameron e o segundo é um grande filme de Terrence Malick. São edições quase sem extras, mas nesses casos eu não sinto falta pois os filmes já bastam.



Jornada Nas Estrelas VI completou a promo acima e foi uma bela surpresa. Escolhi por ser uma edição dupla e por achar esse um belo filme de despedida (do grupo original). Há muitos extras interessantes e tudo feito com capricho (legendas em tudo). Ultimate X - O Filme eu já tinha copiado em fita, mas achando o dvd por um preço barato não resisti em ver com qualidade melhor as alucinantes manobras e feitos dos esportistas. Um grande filme de ação!



Continuando minha coleção John McTiernan acabei levando O 13.o Guerreiro e Violação De Conduta. Com isso já tenho 5 de seus filmes e com exceção do filme com o Antonio Banderas todos têm comentários em aúdio do diretor. Em breve quero fazer um mini festival de sua obra. Espero que O Último Grande Herói seja relançado numa edição melhor no futuro e quem sabe O 13.o Guerreiro saia na versão do diretor um dia?



A edição nacional de Viver E Morrer Em Los Angeles é quase igual à importada, menos pelo fato de não ter o aúdio de William Friedkin. Por quê diabos fizeram isso?! E notei que William Petersen foi um ótimo ator cult dos anos 80, tendo feito dois clássicos com diretores de peso (e até similares), este e Dragão Vermelho do Michael Mann, além de Profissão Ladrão (de novo com Mann). Ele ainda fez Young Guns II que eu tenho afeição especial e faz CSI, motivo pelo qual comecei a ver o seriado e me tornei grande fã. Grande William Petersen! O dvd de 44 Minutos é usado e importado, mas quis tê-lo mesmo assim e não me arrependi. Mesmo tendo visto o filme notei que a imagem está muito melhor, está em wide e não full como vi e há os bastidores da realização que não consta na capa! O filme é ótimo, mostrando o maior tiroteio da história da polícia de Los Angeles (e até aquele momento dos EUA - creio que sustenta este título até hoje). Quem não gosta de sons de tiros deve passar longe deste dvd, mas quem gosta parece música. Uma pequena pérola feita para a tv.



E finalmente deve chegar amanhã o dvd do episódio final de Friends que contém cenas inéditas, o epísódio piloto e todas as aberturas dos 10 anos do seriado. Perfeito para quem não tem a possibilidade de adquirir os boxes das temporadas.

posted by RENATO DOHO 10:47 PM
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Police State

É o nome de um excepcional episódio de O Desafio (The Practice) exibido dia 24/09 na Fox. No decorrer de apenas um episódio (que sem os comerciais tem mais ou menos 42 minutos) temos um dos grandes ataques ao estado que se encontra os Estados Unidos atualmente (e por que não outros lugares do mundo). A utilização de todos do elenco num único caso durante todo o episódio é indício de algo especial, geralmente apenas um ou dois episódios por temporada são assim.

Um simples caso, um policial é baleado e por perto um suspeito foge, é perseguido e ao se render é alvejado no ombro por um dos policiais. Nada de arma com o suspeito. No hospital o torturam e impedem o tratamento médico, advogados são chamados e não podem fazer nada, a primeira a chegar é algemada numa cadeira. A firma inteira é convocada. Relatam o caso para o FBI e uma juíza (em plena madrugada) para evitar a continuação da tortura sob os olhos de todos (policiais, promotor, advogados, médicos), mas nada disso adianta. Conseguem a declaração de que o amigo do suspeito é que é o culpado, amigo este que preocupado com o suspeito chamou os advogados e era testemunha que o acusado nada fizera, apenas fugira por estar fora de casa depois das 22 horas e ter bebido (o que viola sua condicional). Ele é preso e o ameaçam com um processo, mas se der uma declaração que o suspeito é que é o culpado real fica livre de qualquer julgamento. A bola volta para o suspeito no hospital. Eugene Young, o advogado principal da firma, assume o caso e com veemência acusa os procedimentos vergonhosos que a polícia usou junto com o promotor, incluindo em seu discurso as novas medidas do judiciário, o Patriot Act, que as liberdades civis cada vez mais reduzidas num estado totalitário. A segunda declaração é aceita por não ser produto de tortura, é voluntário (mesmo que com a pressão de um indiciamento caso haja recusa). O julgamento é marcado. O promotor então vem com a proposta do suspeito pegar apenas seis meses de prisão por uma contravenção (porte de arma ilegal). Mesmo que isso seja totalmente despropositado o suspeito aceita o acordo por não querer arriscar uma perpétua num julgamento com júri popular (mesmo a promotoria não tendo a arma, o motivo e nem qualquer testemunha ocular). Eugene se recolhe ao escritório angustiado pelo pesadelo kafkaniano ocorrido, onde mais uma vez vê que a justiça virou um imenso jogo de negociatas que pode levar uma simples pessoa, no lugar errado, na hora errada, ser baleada, torturada, acusada de homícídio e depois condenada por uma contravenção que nunca cometeu. Sua companheira de firma reforça o pedido para que justamente pessoas como Eugene não desistam de lutar contra o estado totalitário, a injustiça e os caminhos cada vez mais absurdos do sistema judiciário.

Episódio dirigido por Rody Hardy, escrito por David E. Kelley e Jonathan Shapiro e história de Jonathan Shapiro.

Para ser gravado e revisto.

O Desafio passa toda sexta às 21 horas na Fox. Sua atual última temporada tem que ser visto por todos.


posted by RENATO DOHO 6:47 AM
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domingo, outubro 10, 2004
Festival Do Rio (resumo)

Dífícil colocar em categorias os filmes do festival pois há poucas certezas, muito interesse e reações e expectativas variadas. Então talvez apenas Leone seja no nível máximo enquanto os outros podem mudar com o tempo suas classificações. Por exemplo, há coisas bem legais no filme da Asia Argento e não sei se acho o filme ótimo ou bom. O do Almodóvar como é bem diferente do que imaginava causou uma reação estranha. Steamboy pela expectativa frustrou um pouco, mas seria até um ótimo filme. E Undertow que achei o mais fraco não é realmente fraco, há muitas coisas legais lá (como a forma de filmar típica dos anos 70) embaladas numa história tão repisada que não me motivou em nada. A categoria mais evidente para mim é a de excelentes, já que estes escolhidos é que me fizeram ficar maravilhado na platéia por todo o filme (os demais aqui e ali temos cenas deste impacto).

Em ordem alfabética:

Excelentes

Família Rodante (Familia Rodante)
House Of Flying Daggers
Três Homens Em Conflito (Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo)
Zatoichi (Idem)

Ótimos

Água Viva (Akarui Mirai)
Bens Confiscados
Hora De Voltar (Garden State)
Mal Dos Trópicos (Sud Pralad)
Ninguém Pode Saber (Dare Mo Shiranai)
O Coração É Traiçoeiro Acima De Todas As Coisas (The Heart Is Deceitful Above All Things)
O Operário (The Machinist)

Bons

29 Palms
Má Educação (La Mala Educación)
Metallica – A Música E O Monstro (Metallica – Some Kind Of Monster)
Nossa Música (Notre Musique)
Steamboy (Idem)

Regulares

Coffee And Cigarettes
O Jogador De Cartas (Il Cartaio)

Fracos

Undertow

Perdidos

Horários, datas e locais impediram que visse estes que espero que passem em São Paulo:

Agente Triplo
Anatomia Do Inferno
A Corporação
Dogora
Getting The Man's Foot Outta Your Basdassss!
O Intruso
Santa Menina
Saved!
Tarnation

Tirando os Leones, claro.

Este ano foi uma escolha direcionada aos cineastas, quem eu conhecia e gostava eu marcava para conferir o novo trabalho. Os que fogem deste padrão são Garden State que eu tinha curiosidade há tempos, o documentário da gravação de St. Anger e O Operário que apenas tinha visto o trailer. Tarnation, Saved e Dogora seriam do tipo que tradicionalmente eu veria mais pelo interesse do que pelos realizadores. Pouco quis saber de outros filmes, deve haver ótimos filmes que nem procurei querer conhecer já que geralmente faço isso na Mostra de São Paulo quando tenho pacotes de ingressos e há a necessidade de se procurar dentre centenas os filmes que mais interessam, pois uma parte já foi vista no Rio e outra parte o pacote cobre, sobrando ingressos que podem ser "apostados" em filmes desconhecidos.

Esse ano a legendagem eletrônica melhorou bastante, finalmente. Agora, a organização e o marketing ainda estão longe da ótima qualidade se comparados à Mostra SP. Que filmezinho de abertura era aquele?! E a imagem dos pés virou capa de catálogo, estampa de camisetas... (aliás, caríssimas, será que alguém comprou? em São Paulo o preço é mais em conta e a arte é geralmente de um cineasta convidado, dando um charme especial nos posters, capas de catálogos, camisetas, mochilas, postais, etcs). O Palácio entrando no circuito do Festival foi uma bela compensação com a perda do Estação Icaraí. E o Paço saiu, ainda bem.


posted by RENATO DOHO 1:03 AM
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sábado, outubro 02, 2004
Festival Do Rio 2

Do oriente dois excepcionais filmes: Zatoichi de Takeshi Kitano e House Of Flying Daggers de Zhang Yimou. Um dos grandes do Kitano e House ainda melhor que Hero!

Zhang Ziyi. O cinema existe para filmar uma beleza como a dela!



posted by RENATO DOHO 5:52 PM
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