RD - B Side
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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

segunda-feira, agosto 30, 2004
Collateral Soundtrack



Ótima trilha!

01) Briefcase - Tom Rothrock
02) The Seed (2.0) [Extended Radio Edit] - Cody ChesnuTT & The Roots
03) Hands Of Time - Groove Armada
04) Güero Canelo - Calexico
05) Rollin' Crumblin' - Tom Rothrock
06) Max Steals Briefcase - James Newton Howard
07) Destino De Abril - Green Car Motel
08) Shadow On The Sun - Audioslave
09) Island Limos - James Newton Howard
10) Spanish Key - Miles Davis
11) Air - Klazz Brothers
12) Ready Steady Go [Remix] - Oakenfold
13) Car Crash - Antonio Pinto
14) Vincent Hops Train - James Newton Howard
15) Finale - James Newton Howard
16) Requiem - Antonio Pinto

E essa parece ser boa também:



posted by RENATO DOHO 6:00 PM
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domingo, agosto 29, 2004
Fahrenheit 11 De Setembro (Fahrenheit 9/11)

O novo filme de Michael Moore se mostra ao mesmo tempo mais "maduro" e menos característico do que vinha fazendo. A opção por aparecer menos em frente às câmeras e organizar as imagens alheias nos dá um belo começo, como o atentado de 9/11, muito bem retratado com a tela preta, as caras de reação e as folhas espalhadas no céu. Nunca tinha visto Bush tanto tempo assim em reportagens e pronunciamentos; isso só reforçou a impressão de que ele é extremamente despreparado para qualquer posição de destaque no cenário político, mas isso não quer dizer muita coisa na política, não é? Ao final parece que Moore fez as coisas depressa demais, falta abordar outros temas, ser mais criativo nas suas intervenções, como a mãe do soldado morto que não leva à nada, ela apenas chora na frente da Casa Branca? Ela poderia ter sido uma incentivadora de protestos ou agir de forma dura através da imprensa ou do judiciário, mas só vai à Washington chorar... Pequenas mudanças aconteciam nos filmes anteriores (como o Wal Mart deixando de vender balas), aqui o objetivo maior (Bush não ser reeleito) é pós-filme, nada dentro do filme. Moore também deixa de usar o que sempre usou e era uma de suas marcas registradas: o confronto direto. Quem ele confronta cara a cara no filme? Ninguém! Bush é o alvo maior? Sim, mas através de noticiários. Moore confrontava seus adversários, algumas vezes conseguindo (Columbine / presidente da NRA) outras não (Roger & Eu / presidente da GM). Aqui ele nunca tenta chegar perto de Bush (a única vez é de uma cena antiga) ou de qualquer um do alto escalão do governo, o máximo que consegue é a ridícula idéia do alistamento para filhos de congressistas. Até a sua leitura do Patriot Act é vazia, quase que feita de improviso, como se pensada e executada em meia hora... A pressa em fazer e lançar o filme antes da eleições é evidente da metade pro fim, onde se reprisam informações e não se acrescenta nada. Mesmo assim é um bom filme, mas merecia mais pesquisa (há poucos dados), mais confronto pessoal (ele por exemplo mostra os soldados, mas não tenta jogar na parede qualquer general ou superior militar) e mais entrevistas com gente importante, senão o Moore que conhecemos não vai ser o mesmo e vai ser apenas mais um entre tantos.

Garotas Do ABC

Belo novo filme de Carlos Reichenbach. A divisão do filme entre a vida no trabalho e as horas de lazer é boa, mesmo que a trama paralela dos neo-nazistas percorra o filme todo sem mudanças (pois eles não trabalham, então suas vidas não são marcadas por mudanças entre trabalho / lazer). Como muitos filmes nacionais demorasse um tempo para se acostumar com as falas que parecem artificiais em certos momentos (de vez em quando há exceções como O Invasor ou os filmes de Ugo Giorgetti), mas depois entrasse no clima (ou então, quando o filme é falho, fica-se incomodado o tempo todo). Aqui o que percebi foi mais o caso de certos atores, pois o ótimo Selton Mello diz com naturalidade suas falas ao contrário de seus companheiros. Seria ele que modifica o escrito para adaptar as falas enquanto outros dizem tudo literalmente? Não sei. Dentre as operárias os destaques são Luciele Di Camargo e Natália Lorda, com ótimas atuações. Fica-se mais com a vontade de saber dessas duas personagens do que a principal, Aurélia. Michelle Valle é bonita e está bem, mas falta algo tanto na atriz quanto no personagem para se manter o interesse. Já os personagens de Selton Mello e Fernando Pavão são claramente retratados com mais fascínio, são deles as seqüências mais marcantes como a da pedreira e o surto de Fábio (Pavão) nos fazendo remeter ao excepcional São Paulo S/A, além do final dos dois, poético. Se o projeto era maior (com mais filmes) e maior duração dá em certos momentos para se perceber isso ao não termos desenvolvimento de personagens como a de Antuérpia, que parece ter potencial, mas fica naquilo inicialmente mostrado. Ou a Suzana de Luciele, com sua virgindade e sua paixão pelo empregador. Uma minissérie seria ideal para que os personagens fizessem parte do dia a dia do espectador, além de explorar ao máximo cada um dos personagens. A participação de Fafá De Belém é ótima, mas estranhamente quando chegamos na seqüência do Democrático nota-se um arrastar da trama, como se só ali percebessemos a duração do filme. As subtramas do jornalista e da família de Aurélia (a investigação do atentado, o pai conservador, o caso entre o soldado e a tia) não me despertaram atenção. A escolha do ator que faz o Sam Ray poderia ter sido outra, a de um negro, pois a explicação de Aurélia para sua paixão pela música dele (além dos exemplos citados) vai no caminho oposto da fisionomia do ator. A bêbada feita por Vera Mancini é hilária, natural e memorável. Os assassinatos de moradores de rua nos noticiários nos últimos dias dá uma atualidade grande ao filme (infelizmente). Fotografia, direção e música são sempre de alta qualidade nos filmes de Reichenbach. Não há como não deixar de achar bem engraçada e legal a cena final para os descendentes orientais como eu. E a volta ao Democrático nos créditos finais dá o clima exato do belo trabalho apresentado, exaltando a alegria e o popular, que nos faz esquecer eventuais falhas aqui e ali.

Super Size Me – A Dieta Do Palhaço (Super Size Me)

Quase um filhote do Moore, mas o que não se espera é que pelo resumo da história e proposta o filme venha a ser até bom, não é apenas ele comendo e engordando no McDonald's. É divertido (ainda bem), toca no assunto mais comentado que mostrado que é a epidemia de obesidade nos EUA e a alimentação escolar (vi o assunto sendo brevemente discutido em Boston Public, um seriado sobre o sistema escolar) e vai apresentando pesquisa e dados, seja entrevistando gente que estuda o assunto, indo nos locais do problema e tentando confrontar os principais envolvidos. Talvez tenha faltado coragem em mostrar mais o processo de realização da carne (o McNuggets é mostrado através de desenho e de forma suave) e cutucar mais as companhias de regrigerantes. Ele vai tentando cobrir as variantes, não sendo um discurso monotemático, ele vê o lado dos gordos, não como objetos de sarro ou nojo, mas também de preocupação (a garota que não consegue emagrecer, mas se espelha no cara dos comerciais do Subway; o senhor que passa por cirurgia de redução de estômago); vê o estado atual dos refeitórios das escolas (e ainda não fala da quantidade maciça de aparelhos de venda de salgadinhos e refrigerantes nos corredores, disponíveis para fora do horário das refeições); até mostra o cara que come muitos Big Macs e é magro. Curioso foi dias antes do filme eu notar que o folheto do McDonald's tem agora as informações nutricionais que no filme ele quase não consegue achar. Outra coisa relacionada é presenciar no horário de almoço a entrada enorme de alunos de colégios particulares próximos de uma das lanchonetes indo almoçar lá, e diariamente, como pude saber ao questionar a caixa. E teve gente que achou exagerada a proposta dele de comer lá todos os dias por 30 dias! Tem gente que faz isso por anos! Preocupante...


posted by RENATO DOHO 5:05 PM
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Colateral (Collateral)

Filmaço de Michael Mann que mesmo num roteiro até certo ponto prevísível e comum consegue se sair muito bem utilizando 2 atores em ótima sintonia e forma, uma fotografia captada em digital muito boa, a cidade de Los Angeles como poucas vezes vi sendo retratada e os grandes temas de sua obra. Cruise segue o modelo dos anti-heróis de Mann, notem que seu visual é muito similiar ao de William Petersen em Caçador De Assassinos e Robert De Niro em Fogo Contra Fogo (e também Alex McArthur no telefilme original, Made In L.A.). Se quisermos podemos incluir Russell Crowe em O Informante, os protagonistas dos seriados Miami Vice e R.H.D.L.A. e da minissérie A Guerra Das Drogas. Fora o visual o que eles têm em comum é o profissionalismo, todos são ótimos no que fazem (e em Colateral isso também inclui o taxista). Esse confronto de profissionais (seja um serial killer sendo perseguido por criminalista ou um policial por um ladrão) faz parte integral do mundo do perfeccionista Mann. O respeito que ele tem por eles é palpável. A identificação com o personagem de Cruise é imediata, não há quem verdadeiramente não queira ser como ele, mesmo sabendo que é um fantasma, e que já está condenado desde sempre. A passagem de conhecimento também é bem colocada, o taxista vai aos poucos incorporando o assassino, e dele extrai a força que o faz avançar em sua existência, mostrada no início da noite como estagnada, sem coragem e apenas fantasiada. Cruise tem um dos melhores papéis de sua carreira e a parceria era previsivelmente ótima, pois Mann e ele tem personalidades parecidas. Não por acaso já estão planejando novo filme juntos. E Mann não precisa confirmar nada, é grande e basta.

Sin City – Inferno

Mais um ótimo exemplar das histórias de Frank Miller que aqui giram em torno de um desenhista e uma suicida. A parte alucinatória (em cores) é o inusitado desta história.


posted by RENATO DOHO 1:14 AM
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quinta-feira, agosto 26, 2004
Under A Blood Red Sky



posted by RENATO DOHO 1:50 AM
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Bogdanovich

O quase término de leitura de Afinal, Quem Faz Os Filmes tem feito com que eu fique motivado a ver filmes dos cineastas entrevistados que tenho gravado aos montes por aqui. Os mais recentes foram:

Laura (Idem)

Otto Preminger. Ótimo. Lembrou bastante de Um Corpo Que Cai, mas menos corajoso ao não ousar em estabelecer uma relação necrófita como Hitch fez tão bem. Mesmo assim é um grande filme. Sabendo dos bastidores da realização fica mais legal ainda. Escolhi esse entre os 8 que tenho dele gravado pois é o mais falado durante a entrevista. Vamos ver quando eu vejo o resto...

Mortalmente Perigosa (Gun Crazy)

Joseph H. Lewis. Ótimo também. O cineasta dos filmes baratos e feitos rapidamente (este em 30 dias, mas alguns em 7, 10...). Um precursor de Bonnie & Clyde. A famosa cena do assalto é realmente brilhante. Os atores são desconhecidos para mim, mas o ator achei melhor que a atriz, ela não se expressa muito bem. O final tem um clima surreal, na névoa. Pena que só tinha esse gravado. Lewis mostrou ter uma personalidade admirável, íntegra, vai ser um prazer ir atrás de outros filmes de sua carreira.

Don Siegel é o próximo do livro. Tenho 2 filmes para ver após então.


posted by RENATO DOHO 12:49 AM
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segunda-feira, agosto 23, 2004
Sex And The City



E assim acabou mais um seriado de sucesso. Não deu pra segurar, chorei em algumas partes. Todas elas passaram por várias coisas, mas a que mais mudou foi Miranda e nesta parte final foi a que mais gostei. É dela algumas das cenas mais bonitas dos últimos episódios e isso começou com a ótima cena da festa de aniversário do filho, onde ela se declara para o ex-namorado com quem teve o filho. Ela foi passando de uma típica advogada, cínica e urbana, para uma suburbana, mãe e amorosa. Ela que mais cresceu e mudou, literalmente! Teve um filho, impensável para o personagem no início. Se declarou e descobriu o amor onde menos esperava, num ex (que não é nenhum modelo e tem um trabalho bem menos rentável e de pouco status). Mudou de Manhattan para uma casa! Chamou a sogra para morar junto! Ela não virou outra coisa, mas agregou valores, não passou de advogada desalmada para dona de casa boazinha, mas redefiniu prioridades (como quando vê como a sua firma a pressiona por conta da criação do filho) e conciliou mais as coisas. O marido também não ficou atrás, Steve foi se mostrando a cada episódio o cara ideal para ela, que a aceita e a compreende mesmo que não concorde com certas atitudes dela. Ele que foi criando um sentimento maior na vida dela, como quando ele diz "somos uma familia" para mostrar um dos motivos da compra da casa (enquanto o que ela mais queria era internet instalada). Engraçado que ela toda independente e segura de si se mostrou mais criança diante da maturidade da criação de uma família e ele todo crianção, sempre jogando basquete, se mostrou preparado e maduro para isso. No episódio final é emocionante a constatação do estado da mãe dele quando vai buscar algo no apê da mãe e a oferta da casa feita por Miranda. Depois ela saindo desesperada atrás da sogra pelas ruas e depois dando banho nela para logo após a empregada que a conhece tão bem tendo que afirmar para Miranda que ela é capaz de amar, como se a própria não se convencesse disso. Mais uma prova de como foi ficando madura. É tocante. Todos os personagens encontram sua própria felicidade, mas Miranda parece ser a que tem e terá uma felicidade mais rica e completa.

Outro momento emocional é da adoção de um bebê por Charlotte, tanto ela quanto o marido são bem retratados, ambos são emocionais ao fato.

E até Samantha tem uma cena tocante ao receber a declaração do seu namorado no meio da noite e conseguir desabafar e revelar que ele é o homem mais importante da vida dela. Aliás, o personagem do namorado é até ideal demais, extremamente compreensivo.

Justo a principal, Carrie, não tem algo tão emocional assim, mas sim divertido. No fim das contas ela continua a mesma, apaixonada por sua cidade e suas amigas e futuramente, casada. Curioso que a vida do artista, Petrovsky, é retratada como sem emoção, mas sua rotina e atitudes são muito parecidas com o que um artista teria, extremamente voltado para o trabalho, onde a companheira sempre ficará em segundo plano (por isso muitas vezes as companheiras mais estáveis são as que fazem parte do mesmo meio).

Big, quem diria, é o parceiro ideal. Um bon vivant que pode estar disponível e também proporcionar o luxo e/ou glamour que Carrie sempre precisa.

Não sei se o Multishow mesmo que teve a idéia preciosa de anunciar The Golden Girls comparando com Sex And The City. Não é que as séries são bem parecidas mesmo? Seriam elas no futuro! Aliás, o antigo seriado (que teve até Quentin Tarantino como um imitador de Elvis) era muito divertido, se sustentando em atrizes pra lá da meia idade (será que hoje uma série assim seria criada e teria sucesso?).

Bom, agora que acabou fica a saudade e a boa lembrança desta ótima série (brevemente passando na FOX também).

Nota: quem quiser saber a canção que toca no final do episódio é You Got The Love de Candi Staton.



posted by RENATO DOHO 11:53 PM
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domingo, agosto 22, 2004
Juliette And The Licks



Quem diria que Juliette Lewis poderia vir a ser a mais nova sensação da cena roqueira? Foi uma surpresa quando Liam Howlett a chamou para cantar no novo disco do Prodigy e acabou fazendo duas das melhores canções, as fodaças Hotride e Spitfire.

Ela agora tem banda e está para sair com um álbum. Já ouvi 4 canções e são ótimas! Dá pra pegar 3 por enquanto,
American Boy, Got Love To Kill e Shelter Your Needs. A melhor, Comin' Around, não achei em lugar algum, mas pode ser ouvida no site oficial.

Os shows estão sendo bem elogiados pela energia da Juliette que afirmou querer vir a ser a nova Iggy Pop.

O álbum sai em Outubro.

posted by RENATO DOHO 7:37 PM
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sexta-feira, agosto 20, 2004
Atalho Para O Inferno (Short Cut To Hell)

Primeira e única experiência de James Cagney na direção. Seria o filme ideal para o próprio ter atuado, assim o protagonista, que faz um assassino frio enganado por poderosos que parte para a vingança, teria mais empatia com o espectador. O ator escolhido é mais jovem e presunçoso, impossibilitando que tenhamos qualquer simpatia por ele e por isso não levarmos muito a sério (ou tentarmos entender) a simpatia que ele desperta numa jovem atriz. Esse miscasting que prejudica todo o filme.

Os Assassinos (The Killers)

Baseado num conto de Ernest Hemingway é a primeira versão, feita por Robert Siodmak. Quase 20 anos depois Don Siegel realizaria outra versão. Aqui a estrutura lembra Cidadão Kane com um agente de seguros querendo decifrar a morte de um simples frentista de um posto de gasolina de uma cidadezinha do interior por dois assassinos profissionais. Burt Lancaster é o frentista que vai ter sua trajetória relembrada por várias pessoas. A presença de Ava Gardner é luminosa (com certeza uma das mais belas mulheres da história do cinema), como uma típica femme fatale. Aos poucos vamos entendendo a trama e as atitudes dos personagens.

A Capital Do Poder (Capital City)

Um projeto com poucas informações disponíveis. Supostamente é o piloto de uma série que Rod Lurie (A Conspiração) escreveu e produziu para a Dreamworks onde acompanhamos uma jovem entrando nos meandros do poder em Washington. Seu entusiasmo e inteligência farão com que não fique apenas como assistente de um poderoso deputado. Este piloto não vingou numa série, mas idéias, alguns atores e até nomes de personagens foram reaproveitados na série Line Of Fire com a mesma atriz principal (Leslie Bibb) sendo agora uma jovem agente do FBI enfrentando um chefão mafioso local. O fracassado piloto é muito interessante, ainda mais para quem gosta de ver os bastidores da política, com bom elenco (Tom Berenger, David Paymer, Peter Fonda, Kyle Chandler, Peter Horton, Mary Steenburgen, etcs) e uma trama que daria muitas histórias. O filme termina num ponto crucial, onde ficamos com vontade imensa de querer ver mais. Além disso as histórias não fecham, mas dava pra perceber o potencial de certos coadjuvantes, certas futuras tramas... Uma pena que não veremos o desfecho das coisas, mas como está fica até um final instigante.

Lurie aprecia essas histórias políticas, todos os seus filmes lidam com isso, até o em primeira instância distante A Última Fortaleza. Bibb, pelo que eu saiba, fez seu primeiro papel como adulta, já que ficou famosa como adolescente na recente série Popular. Ela se mostrou carismática, mostrou que pode interpretar pessoas mais de acordo com sua idade com muita simpatia e inteligência. Seu personagem no filme é ótimo e teria muito a que ser desenvolvido por pequenas pistas de seu passado. Quem sabe a série Line Of Fire (que só durou 13 episódios lá fora) não passe por aqui para conferirmos?

UPDATE: o AXN vai exibir Line Of Fire em Setembro!

2002 – Exterminadores Do Além (2002)

Uma salada de gêneros conduzida por Wilson Yip. Mistura caçadores de fantasmas com filme policial, dramalhão romântico, lutas marciais, humor ingênuo, papos de reencarnação... Melhor nem tentar explicar a trama. Os gêneros mudam de uma hora pra outra. A história do jovem que se apaixona por uma jovem em coma lembra até Fale Com Ela. Outros momentos lembram O Sexto Sentido. A bela Danielle Graham estréia nas telas (metade chinesa, metade irlandesa), depois fez apenas o clipe do Dj Shadow dirigido por Wong Kar Wai. Há quem vá achar a salada indigesta, com os efeitos exagerados, a pieguice dos dramas, a lógica ilógica da trama, mas quem não ligar para a mistura vai encontrar uma bela diversão com momentos dramáticos.


posted by RENATO DOHO 9:44 AM
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quinta-feira, agosto 19, 2004
Scarlett Johansson

Quem diria que aquela garota que fiquei bem impressionado em O Encantador De Cavalos viraria esta estrela que é hoje?

Na época (1998) eu anotei o nome e consegui catar uma foto dela na internet:



Ela já era um pouco reconhecida pelo trabalho em Meninas De Ninguém que fez quando criança (aliás, um filme que tenho pra ver aqui em casa).



Aí ela começou a chamar atenção no mundo independente fazendo Mundo Cão, se bem que as atenções mesmo estavam com a protagonista vindo da fama de Beleza Americana. Mas, pra mim ela que sempre brilhava. Sua voz característica era sensual e seu jeito melancólico só realçava sua beleza particular (antes da fama muita gente achava ela estranha) com seus lábios carnudos e seus seios avantajados.

Os irmãos Coen a chamaram para O Homem Que Não Estava Lá, ela foi fazendo também Uma Rapsódia Americana e Malditas Aranhas.

E claro, o sucesso veio mesmo com Encontros E Desencontros. Seguido de Moça Com Brinco De Pérola. The Perfect Score foi realizado em 2003, mas não sei se antes ou depois dos dois citados anteriormente, só foi lançado este ano.

Há filmes do começo de sua carreira que eu vi, mas não lembro dela neles como O Anjo Da Guarda, Justa Causa, Lado A Lado Com O Amor e Esqueceram De Mim 3. Outros não vi como Fall e Pig – Uma Aventura Animal.

Ela vem aí com muitos outros filmes, sendo dirigida por, entre outros, Woody Allen e Brian De Palma.

Cresceram as ofertas de trabalho como também os boatos de seus envolvimentos amorosos. Todo mundo queria saber quais seus próximos filmes e quais as novas conquistas sexuais (pois amorosas a imprensa nem sequer tocava na palavra, a transformando na ninfomaníaca de Hollywood da vez).





posted by RENATO DOHO 5:37 AM
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Uma Rapsódia Americana (An American Rhapsody)



Casal húngaro foge de seu país para os EUA na época do comunismo dos anos 50, mas a filha menor (um bebê ainda) fica para atrás, é criada por outros pais e aos 6 anos vai de encontro com os pais verdadeiros nos EUA. Ela cresce e se debate com a mãe que a prende em casa e uma saudade de sua terra natal. Até que ela vai, ainda adolescente, para Budapeste reencontrar suas raízes. Pronto, a história é essa.

O filme é baseado na vida da diretora, Éva Gárdos, e temos Nastassja Kinski como a mãe e Scarlett Johansson como a filha, já adolescente. Scarlett está ótima, mesmo que apareça da metade pro fim e as resoluções de seu personagem sejam simples demais. Só aquele olhar dela diz muito da saudade de algo, de estar deslocada do mundo (coisa que todo cineasta vem trabalhando isso nela). O filme poderia ser mais longo, ou quem sabe uma minissérie para dar conta dos conflitos da personagem de Scarlett e da mãe, assim como de ambos os pais. Vê-se que é um filme bem pessoal, mas que teve que ser bem simplificado. A metade inicial é melhor trabalhada que a metade final, mesmo que na final entre Scarlett.

Há um pouco a defesa da América livre e da crítica ao comunismo, pelo contraste dos países, mas não sei se sutilmente há uma ironia com os EUA já que a garota chegando na América adquire os hábitos "saudáveis" de comer hamburguer na janta, tomar coca cola, ver tv, mascar chiclete, fazer compras (e fumar e beber quando jovem)... melhor estava ela lá no campo húngaro, com as coisas mais simples, pais mais presentes (o pai dos EUA tem que trabalhar toda hora), preferência à leitura, melhor comida...

A parte com a Scarlett daria até outro filme, menos sobre o passado histórico e mais sobre adolescentes de auto descobrindo numa viagem ao estrangeiro.

Nota: Emmy Rossum aparece brevemente numa cena com Scarlett, como seria bom se essas duas jovens atrizes pudessem contracenar mais.


posted by RENATO DOHO 5:01 AM
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Composição







Eu ia falar de composição de grupo baseado nessas cenas do trailer de The Life Aquatic, novo do Wes Anderson e até ia chegar nas falas em filmes, sobre realismo / artificialismo, etcs, mas eu perdi o texto e estou com preguiça de escrever de novo. Fiquem com as imagens...


posted by RENATO DOHO 4:56 AM
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quarta-feira, agosto 18, 2004
Eu, Robô (I, Robot)

Não deve ter muito do Asimov neste filme, e nem do Proyas. E não tendo essas referências sobram os visuais já vistos em Minority Report e similares. Mas, o filme ao menos não é maçante, só é esquecível tão logo acabe.

O Preço De Um Homem (The Naked Spur)

Sempre falavam do personagem do James Stewart como um dos mais amargos e vingativos dos westerns. Bom, se comparar talvez seja mesmo, mas ele até me soou menos do que o esperado, eu queria até que fosse mais radical em certas escolhas. Fora isso é um ótimo western de Anthony Mann, preocupado mais nas relações entre os personagens que na ação. Stewart está brilhante juntamente com Robert Ryan. E não é que só no finalzinho eu percebo que a Janet Leigh é a Janet Leigh?! Pra mim era uma atriz conhecida, mas não lembrava direito...

Cinco Revólveres Mercenários (Five Guns West)

Western comum do Roger Corman (em seu primeiro filme como diretor), bem barato, algumas cenas até mal feitas revelando o cenário por causa da iluminação porca. Em alguns momentos lembra o do Mann, unindo personagens que suspeitam um do outro (se bem que a escolha de bandidos perdoados para uma missão do governo lembre Os Doze Condenados). Os protagonistas não têm muito carisma.

Chopper – Memórias De Um Criminoso (Chopper)

Filme australiano que revelou o Eric Bana. Aqui ele está mais cheio e mais tosco fazendo um serial killer todo confuso nas idas e vindas da prisão. A narrativa ajuda nesta confusão, com fotografia artificial, cores berrantes, tempo não linear e um fiapo de história com poucas motivações (uma hora não sabemos bem exatamente o que o personagem quer com as coisas ou com a vida). O sotaque carregado é engraçado. Bana realmente impressiona, construindo um monstro ao mesmo tempo aterrorizante e inocente, capaz da maior violência ou da mais pura ingenuidade. Levemente baseado em fatos reais, parece que o tal serial killer existe e escreve livros de sucesso.

The Perfect Score

Filme da MTV falando de um tema em especial para jovens americanos, o teste do SAT que todos têm que fazer para conseguir entrar em boas universidades. Um grupo quer roubar os resultados pelos mais diferentes motivos e vão ter a ajuda da filha do dono do prédio onde estão os resultados. Filme juvenil simples e eficaz, que conta com duas belas atrizes, Scarlett Johansson (com visual rebelde) e Erika Christensen (cdf toda certinha), em atuações carismáticas e atraentes e um engraçado asiático (Leonardo Nam) que faz lembrar as comédias dos anos 80. Os outros atores masculinos, incluindo o protagonista, são apagados. A rebeldia de contestar o SAT é diluída durante o filme.


posted by RENATO DOHO 8:43 AM
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terça-feira, agosto 17, 2004
Soninha 13108

Soninha 13108

Não voto em São Paulo, mas fica aqui meu apoio total e indicação para os paulistanos dessa extraordinária mulher, Soninha Francine!

Soninha 13108

Clicando nas fotos dá pra acessar o site oficial dela com vários textos, propostas, agenda, formas de ajudar na campanha, fotos e muitas outras coisas.

No dia da eleição, 13108!

posted by RENATO DOHO 3:47 AM
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sábado, agosto 14, 2004
Moore



More

Álbuns recentes baixados:

Carla Bruni - Quelqu'un M'a Dit
Damien Rice - O
Pearl Jam - Live At Benaroya Hall
Prodigy - Always Outnumbered, Never Outgunned
Shivaree - Rough Dreams

Canções soltas:

Beta Band - Out Side
Black Eyed Peas - Hey Mama (Instrumental)
Black Eyed Peas - Shut Up
Counting Crows - Accidentally In Love
Damien Rice - Creep (Radio Live)
Damien Rice - Volcano (09.24.2003)
Deana Carter - I've Loved Enough To Know
Delta Goodrem - Born To Try
Franz Ferdinand - Matinée (Top Of The Pops)
Frou Frou - Holding Out For A Hero
Junkie XL & Dave Gahan - Reload
Lazlo Bane - Superman
Rammstein - Mein Teil
Saves The Day - Anywhere With You
Sinead O'Connor - The Funeral
The Coral - Auntie's Operation

Livro adquirido:

Hell’s Angels – Medo E Delírio Sobre Duas Rodas: Hunter S. Thompson

Fergie



posted by RENATO DOHO 6:52 AM
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sexta-feira, agosto 13, 2004
Em Novembro



posted by RENATO DOHO 5:58 AM
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segunda-feira, agosto 09, 2004
Conto De Outono (Conte D’Automne)
Conto De Inverno (Conte D'Hiver)


Quarto e quinto filme que vejo do cineasta. Passaram na ordem das estações, mas o do Inverno foi feito antes. São bons filmes que têm a característica de resolver tudo através da fala (seja isso um traço típico de Rohmer ou dos franceses) e não através de atitudes. Aliás, vamos entender atitudes por meio das falas. No conto de inverno isso é mais marcante já que a protagonista é volúvel, instável. Suas atitudes são imprevisíveis, mas explicadas por ela mesma quando diz para outra pessoa (e para o público), assim ficamos sabendo por quê de sua reação emocional com a peça de Shakespeare, de sua súbita partida do ônibus, da rápida decisão de largar o cabeleireiro, de sua reza na igreja, de seu amor idealizado pelo pai de sua filha, etcs. Mesmo outros personagens são explicitados pela fala (a criança triste ao final explica que está triste porque está alegre, coisa que se não dita permaneceria dúbia). E a fala na maioria das vezes não é contestada, ela é uma prova e não um sinal que pode ser incorreto. E também motivos fortes, como no caso do suposto insulto que o cabeleireiro disse que em nenhum momento é interpretado como a não ser na visão da protagonista que diz isso.

No conto de outono entendemos mais a cultivadora de uvas através das falas, suas indecisões e sua atitude ríspida com o pretendente para que fosse numa estação de trem; também vemos as reais intenções e explicações da livreira para com o homem e para com a amiga. Fossem estes filmes mudos haveria uma grande dificuldade de entender certas atitudes dos personagens. Seria a realidade tão facilmente exposta e esclarecida assim através da fala? Creio que não, eis aí o universo peculiar de Rohmer, idealizado. É um contraste curioso se pensarmos que David Mamet trabalha com a confusão da linguagem, o que se diz em oposição ao como se age, onde às vezes nos denunciamos pelo que fazemos mais do que pelo que falamos. São duas opções muito interessantes.

Tendo visto primeiro achei que o de outono era o melhor pois a identificação com o universo das pessoas que estão procurando relacionamentos (mesmo que de meia idade) é imediata, além do que torcemos pelo pretendente com a cultivadora de uvas e percebemos os erros interpretativos de atitudes que muitas vezes afastam futuros pares (só que aqui são otimisticamente consertados pelo diálogo). Mas a parte final do conto de inverno também é boa pela opção pelo romantismo mesclada com fé. No diálogo sobre reencarnações e fé neste filme não deixamos de lembrar de Richard Linklater como um sub-Rohmer, coisa parecida que aconteceu comigo quando fui vendo cada vez mais Ingmar Bergman em comparação aos Woody Allens "sérios". Espero que Linklater não sofra nesta comparação como Allen sofreu.

Apenas no conto de outono houve quem saísse do filme na sua metade, quando se percebe que o excesso de falas é uma constante. Talvez no dia seguinte só tenham ido quem já estivesse familiarizado. Mas em ambas as sessões foi grande o número de senhoras de meia idade (e algumas jovens) que ficaram maravilhadas com os filmes. Coisa que aconteceu bem menos com os jovens, talvez arrastados para a tortura por suas namoradas...

De Rohmer ainda acho meu favorito O Signo Do Leão que é muito mais calcado na imagem, com poucas falas e uma história poderosa.


posted by RENATO DOHO 2:44 PM
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sexta-feira, agosto 06, 2004
Onde Impera A Traição (The Duel At Silver Creek)

Western ágil, curto e bem realizado por Don Siegel (seu sétimo filme). Tem o jovem Audie Murphy se juntando ao xerife de Silver Creek para resolver o problemas de invasores que têm matado fazendeiros e mineradores e se apossado de suas terras. É impressionante que em menos de 80 minutos desenvolva tão bem sua trama e personagens, por isso o filme não tem "gorduras", não perde tempo com o que não seja necessário ao desenrolar dos acontecimentos.

O Caçador De Bruxas (Matthew Hopkins - Witchfinder General)

Filme regular, sem muitas novidades que tem Vincent Price como o vilão, um caçador de bruxas que adquire fama por onde passa. Até que um jovem soldado parte em busca de vingança após o caçador ter matado o tio de sua noiva, além de ter iludido a jovem com promessas de perdão em troca de favores sexuais. Há um pouco mais de sadismo nas cenas de tortura dos supostos combinados com o demo (a mulher amarrada numa escada e abaixada numa fogueira é a mais significativa), mas fica nisso. O final é levemente trágico. Um poema de Edgar Allan Poe é recitado no início e no fim do filme, mas sem muita ligação com o filme em si.

Tempo - Uma Questão De Sobrevivência (Tempo)

Telefilme fraco com uma envelhecida Melanie Griffith. A trama nem vale à pena ser comentada, mas ao menos temos Rachael Leigh Cook no elenco (motivo para que eu visse o filme). O final não é lá muito feliz.

Hellboy (Idem)

Primeiro filme do Guillermo Del Toro que acho bom por inteiro. Não vi Cronos, mas os outros nunca me satisfaziam inteiramente. Não que esse seja ótimo, não, é apenas bom. Curioso que o filme lembra os outros filmes dele, partes ali e aqui, como estivesse retrabalhando ou reutilizando coisas para um resultado mais satisfatório. Também nunca li os quadrinhos de Mike Mignola e pelo trailer não tinha ficado entusiasmado, talvez por isso, pela falta de expectativas, é que tenha curtido. Outra coisa é que o filme lembra partes de outros filmes baseados em hqs, vemos X-Men, Homem Aranha, Hulk, Demolidor e outros espalhados no filme. Um ponto positivo é que o jovem (Rupert Evans) não se mostra chato e é por ele que entramos no filme, torcemos mais por ele com Selma Blair do que o rejeitado Hellboy (Ron Perlman, bem caracterizado). Na maioria das vezes coloca-se um jovem atraente e prepotente para esses papéis. O conflito existencial e/ou amoroso do protagonista não convence (que sempre é colocado em quadrinhos de "monstros", só lembrar de Wolverine / Jean Grey / Ciclope onde o bruto perde a mocinha para o certinho) já que se corta do bebê Hellboy para o já quase adulto. Não entendi ou procurei entender como os outros integrantes do grupo (o homem anfíbio, a mulher chama) adquiriram seus poderes. O vilão principal é fraco, mas o mascarado nazista é bem interessante e poderia até ser um bom personagem como herói, o seu visual é ótimo. O filme parece um piloto de seriado (com orçamento mais polpudo) e até a história poderia ser melhor trabalhada em episódios semanais do que em filmes em série... o que faz sentido, já que a maioria dos personagens em quadrinhos serve para isso, uma história seriada.

Matadores De Velhinha (The Ladykillers)

Refilmagem de um filme que não vi (do Alexander Mackendrick) que os irmãos Coen (agora assinando a direção conjuntamente) não tentaram atualizar muito (só o personagem de Marlon Wayans tem um toque atual). Tom Hanks está estranho e falante e seu personagem é esquisito, sem muitas explicações do por quê disso. J.K. Simmons está otimo (assim como faz um ótimo J.J. Jameson em Homem Aranha) e é dele a maioria das boas cenas de humor. Aliás, para quem viu poderia tirar a dúvida se aparece uma introdução do seu personagem como acontece com os outros integrantes do bando? Eu tentei lembrar durante o filme e não conseguia e fiquei intrigado com isso. A parte final é a mais engraçada, cheio de humor negro. É um filme que ao menos lembra um pouco do antigo trabalho dos Coens e isso já é uma pequena qualidade. A utilização cenográfica e musical do interior americano são mais uma vez muito bons, são irônicas, mas vê-se que são coisas queridas dos cineastas.

UPDATE: procurei na internet e lembrei que a introdução de J.K. Simmons é a do comercial do cachorrinho e a máscara de gás. Caramba! A cena é engraçada e tem o Greg Grunberg que conheço de Felicity e Alias, então porque não lembrava dela no momento seguinte, quando todos foram introduzidos e eu me peguei encucado ("mas qual foi mesmo a intro do Pancake?")? Preocupante! Ficando velho e senil? Ou talvez aquela intro me fez imaginar outra coisa (estou lembrando agora) bem rapidamente com relação ao Greg sendo diretor e como isso ia ser trabalhado no filme, em segundos devo ter feito um filminho na cabeça com o Greg (e o cachorro) num filme dos Coens e por isso esqueci do J.K.! Só pode ser isso, as divagações que acontecem e fazem com que esqueça o filme que estou vendo (ou reforce se o caminho tomado vai de encontro à minha divagação)...


posted by RENATO DOHO 11:40 PM
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domingo, agosto 01, 2004
Efeito Borboleta (The Butterfly Effect)

Uma boa surpresa (nem tanto, já que o
Ailton viu antes e adorou) vindo dos roteiristas de Premonição 2 estreando na direção em dupla, Eric Bress & J. Mackye Gruber. O filme passa levemente sobre o tema da teoria do caos e das viagens no tempo, mas o que realmente quer falar são os pequenos acasos que mudam a trajetória de uma pessoa. Não há sequer a tentativa de explicar do por quê o protagonista sofrer do mesmo mal do pai, que é ter amnésias repentinas e depois de um tempo descobrir que pode voltar no tempo lendo seu diário, não se tenta fazer isso porque o filme não chega a ser uma ficção científica investigativa, mas sim um jogo para mostrar os possíveis caminhos que a vida pode tomar no decorrer da jornada. Tudo é feito de forma envolvente, com bons atores juvenis (e Ashton Kutcher não estraga sendo o ator principal, mesmo que só tenha duas facetas: certinho sem barba, perturbado com barba) e direção discreta. A transformação de alguns atores é muito boa, em especial a de Lenny (soube depois que o ator gravou as cenas dele magro antes e engordou para retratar Lenny em estado perturbado).

Há problemas, claro, mas não compremetem o todo. Um deles, o mais óbvio é que o filme se concentra só no que acontece aos personagens, isto é, muda-se algo no passado e vai afetar só os personagens principais no futuro, nada mais muda (se lembrarmos de De Volta Para O Futuro há mudanças drásticas na sociedade como um todo por atitudes individuais). Outro é que o psicologismo é mais do que superficial (mas isso facilitou a condução da trama), se alguém teve um pai pedófilo vai torturar animais e acabar na prisão ou consertando carros; outro personagem passa a fumar por um incidente e tem câncer no pulmão; há rejeição de uma coisa e vira-se puta; tem-se um trauma infantil, vira um debilóide quando grande... ações e reações descomplicadas demais. Uma coisa que notei é que o protagonista tinha que viver um pouco em cada realidade que caia só para o público se situar, pois algumas coisas teriam que ser imediatamente resolvidas, isto é, pegar o diário e ler rapidamente ao se tocar o que aconteceu ou vai acontecer, mas isso não deixaria o público ver como a realidade mostrada é "errada". A realidade mais estranha é a supostamente mais bem sucedida, onde ele é um playboy de fraternidade, um veterano que aterroriza calouros, bem superficial, que só tem amigos idiotas enquanto que a realidade supostamente fracassada tem ele sendo bom aluno de psicologia, tendo um amigo de quarto alternativo... Mas o ponto que mais me interessou é que ao final (mesmo que em menos intensidade do que se poderia esperar) o protagonista percebe que não há uma realidade perfeita, que temos que escolher o que sacrificar para continuarmos vivendo, que temos que deixar de lado o passado (ele literalmente faz do seu passado cinzas). Isso inclui até perder o grande amor (o filme tenta vender essa idéia, mas se lembrarmos, na realidade número 1, a real mesmo, ele e a garota nunca mais se viram depois que ele se muda, então não é um grande amor, isso só acontece depois em outras realidades). Caso o final fosse mais feliz o filme fracassaria, caso o final fosse mais pessimista talvez ficasse ainda mais interessante (parece ser esse o final no director's cut). No meio termo que ficou está ok.

O filme lembra o cult Donnie Darko em certas partes, só que não se aprofunda como o semelhante. Darko questiona mais as coisas e vai na psiquê dos comportamentos apresentados, por isso pode ser revisto muitas vezes mesmo se sabendo do final. Efeito pode não ter o mesmo "efeito" se revisto mais vezes, pois o roteiro é montado para que o mais importante seja o que vai acontecer em seguida e não analisar os personagens profundamente. Efeito seria um belo divertimento enquanto Darko um ótimo filme. De forma ácida Darko comenta sobre a estrutura familiar, a psicanálise, o sistema educacional, os gurus de auto ajuda, o universo de competitividade, do falso moralismo, da confusão mental dos adolescentes, entre vários outros assuntos. Não que Efeito não passe também por certos assuntos (pedofilia, criação, memória, etcs), mas privilegia a dinâmica do roteiro para agilizar a narrativa (um exemplo bem rápido: os estigmas que Kutcher provoca nele mesmo só servem para a história e não algum assunto relevante relacionado à religião). Em Darko há também o sacrifício final, o personagem tem que morrer para que toda a realidade (e o mundo / universo) sobreviva e com isso ele nem chegará a fazer parte da vida do que seria seu grande amor.

Parece que lá fora o filme foi muito criticado, o que não deixa de ser curioso, já que o filme não chega perto de ser ruim, mas dava pra se ler coisas como "this is the first film made by writer-directors Eric Bress and J. Mackye Gruber. In some ways, that fact should be a relief to them - it's hard to see how they can get any worse". Em bilheterias não foi fracasso. Talvez o filme tenha melhor recepção quando sair nas locadoras (que em dvd tem várias coisas legais, incluindo o director's cut).

posted by RENATO DOHO 1:52 AM
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