sábado, janeiro 29, 2005
Accattone - Desajuste Social (Accattone)
O Grito (Il Grido)
Coincidentemente vi dois filmes italianos de dois grandes cineastas, quase da mesma época (1961 e 1957 respectivamente) que têm muito em comum pelo clima retratado e a história.
Ambos desenvolvem a relação do protagonista com mulheres e trabalho. Em Accattone, o primeiro filme de Pier Paolo Pasolini, o que temos é um gigolô que nunca trabalhou e se sustenta pela prostituição de sua mulher, mas quando ela é presa as coisas começam a mudar e quando ele encontra uma jovem mulher, bonita e ingênua, tenta mudar de vida. Em O Grito, de Michelangelo Antonioni, o protagonista é avisado pela esposa que o vai abandonar para ficar com outro. Inconformado ele parte com a filhinha pelas estradas se relacionando com várias mulheres, mas sem nunca esquecê-la.
Há um retrato do vazio que os personagens se encontram após sofrerem um baque. Ambos se distanciam do trabalho, um tenta pela primeira vez e desiste e o outro vai gradualmente perdendo interesse no trabalho, pois parece separado de seu mundo onde se encontrava no início do filme. Ele percebe que não pertence a lugar nenhum e por isso a função do trabalho também é nula.
Os relacionamentos com as mulheres têm muitas nuances, seja na forma cruel que Accattone acha para ver o quanto a sua paixão é verdadeira, testando a mulher até no bloqueio do viajante em expressar corretamente seus sentimentos com as mulheres que encontra.
A escolha das mulheres é ótima, lindas atrizes, com rostos marcantes e personalidades diferentes. O trabalho dos protagonistas também é elogiável já que conduzem os filmes.
A época de procura de emprego e manifestações é colocada como pano de fundo, mas são bem presentes.
Os finais são antológicos e trágicos, com destaque para a forma magnífica que Antonioni conduz tudo pelas imagens e pouco som.
Dois grandes filmes em duas belas edições restauradas. Uma ótima estréia de Pasolini e o começo do trabalho de alienação e incomunicabilidade de Antonioni.
P.S. - de curiosidade Bernardo Bertolucci foi assistente de Pasolini em Accattone.
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quinta-feira, janeiro 27, 2005
Doze Homens E Outro Segredo (Ocean's Twelve)
Steven Soderbergh simplesmente 'cometeu' o melhor filme de sua carreira. Conseguiu colocar em todo o filme só elementos de alta qualidade que passam pela trama, pelo elenco, pelos cenários, pela montagem, pela trilha, pela fotografia, pelo humor, pelo figurino, pelas legendas (aqui traduzidas mas respeitando tamanhos, tipos e posições na tela) e assim vai.
Mais livre do fato de não ser uma refilmagem, mas uma continuação de uma, Soderbergh brinca mais com a estrutura e conseguiu chamar todo o elenco de volta, acrescentando (muito bem) Catherine Zeta Jones. Fora as participações especiais de Vincent Cassel (carismático e um candidato ao grupo caso haja continuação), Topher Grace (tirando sarro de sua vida e carreira reais) e mais dois que não posso dizer para quem ainda não viu, mas uma delas é brilhante pois interfere na ação e chega a ser um coadjuvante de luxo mais do que uma ponta.
O ritmo do filme parece cronometrado de tão preciso, em nenhum momento achamos que há excessos ou escassez de cenas. Mesmo com um elenco grande não sentimos falta de um personagem ser mais explorado, todos têm seu momento e importância. E os que pareciam largados no começo (Julia Roberts e Carl Reiner) voltam no final equilibrando tudo. Se pensarmos que a duração é de duas horas não sentimos que é longo e ao mesmo tempo surpresos por caber tanta reviravolta, personagens e flashbacks nesta duração (e não parecer corrido demais).
Os momentos de humor abundam e são criativos e inteligentes (como a conversa em código) e há um clima anos 70, francês, italiano, um pouco indefinível na construção das cenas, seja em congelamentos de imagem, zooms, momentos livres aparentemente fora de lugar (e por isso mesmo maravilhosos) como do contorcionista pulando na cama, piadas internas (a maior sem dúvida é com Julia Roberts), tomadas inusitadas e canções escolhidas à dedo.
O recurso de não mostrar os golpes no momento, mas sim depois através de fotos, vídeos e flashbacks é ideal para quebra de expectativas e economia no andamento da narrativa.
No fim o filme é como a atividade dos personagens, enganação de alto nível. Se paramos para pensar nas incoerências da trama seria o mesmo que a vítima repassando o golpe que acabou de sofrer. Como ele não viu que era um golpe antes e nem durante? E por quê depois não ficamos bravos com o golpe, mas admirados pela agilidade dos ladrões? E isso aproxima ainda mais o filme do ato de fazer filmes.
Pra se ver com um sorriso no rosto do começo ao fim. Genial!
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quarta-feira, janeiro 26, 2005
Alexandre O Grande (Alexander The Great)
Alexandre (Alexander)
Tanto o filme de Robert Rossen quanto o de Oliver Stone pecam por querer botar em um filme a fascinante história de Alexandre. É muita coisa para pouco filme e em ambos perde-se aqui e ali, em um há aspectos mais bem trabalhos que no outro e vice versa, mas mesmo que se unissem os dois filmes ainda estaria bem distante de um mínimo retrato do que foi Alexandre. Será que por isso poucos se aventuraram em explorar o personagem?
No de Rossen a ação inexiste e quando acontece é mínima, como se a produção fosse modesta. Comparada com a produção de Stone a coisa fica mais evidente, tanto as batalhas quanto os cenários (Babilônia por exemplo) são grandiosas. Há falas idênticas em ambos os filmes, como se até fossem baseados em algum documento histórico. Não é bem resolvida a intenção de Stone em realizar o filme agora, em qual contexto ele se insere e o que ele reflete (como qualquer obra), se é que há importância a não ser o desejo dele de fazer um épico.
Stone se concentra muito no poder maternal enquanto Rossen estabeleceu uma relação mais bem resolvida entre pai e filho. O homossexualismo é tocado levemente no filme antigo enquanto que mesmo que Stone tenha exposto mais ainda é tão púdico quanto Filadélfia, onde os amantes só ficam se abraçando... E a cena de sexo hetero é explícita, como se para apaziguar o público médio, quase uma covardia.
Há distorções (como sempre) em vários fatos e analisar os porquês seria interessante, mas não é algo de minha alçada. Por exemplo, no filme de Rossen é interessante notar quem mata Felipe e no de Stone dá o que pensar o corte de uma batalha importantíssima no amadurecimento de Alexandre, a de Queronéia.
Ambos são falhos em não mostrar a mente estratégica de Alexandre para batalhas. No de Stone tenta-se um pouco, mas a confusão é tamanha nas cenas de batalha que a coisa se perde, infelizmente. Foi uma das características mais marcantes e até hoje suas táticas são estudadas, mas creio que poucos saibam encenar atividades militares com competência (talvez Kubrick). Não seria o histrionismo de Stone com seus cortes rápidos e câmeras trepidantes que dariam essa noção (afinal, ele foi apenas um soldado na vida real, ele sabe lidar mais em como soldados se sentiam, o que acontece em Alexandre).
No filme de Rossen as relações são mais bem trabalhadas, já que toda a ação é reduzida. E no de Stone as qualidades ficam para a grandiosidade das batalhas, já as interpretações do elenco... Angelina Jolie está péssima e tem peso no filme, o que é pior. Colin Farrell não tem nem pose para líder (ainda mais se comparado com Richard Burton) que foi criado pela mãe como deus, é inseguro e pouco carismático, além de emotivo demais. O resto nem preciso citar, o garoto é mal trabalhado, não exala a prepotência e confiança de alguém que cresceu acreditando que era deus, e a mãe de Jolie não ajuda em nada mostrando receio de várias coisas quando era ela que tinha a certeza que o filho era divino (exceção é Val Kilmer, ele consegue fazer de Filipe um personagem interessante, mas não tanto quanto poderia ser, já que é mais visto negativamente). Isso mostra que a falha é mais de Stone na condução dos atores e na caracterização de suas ações. A batalha contra os indianos é a mais bem trabalhada tanto emocionalmente quanto fisicamente (mesmo assim perde-se a chance de mostrar um adversário à altura, colocando o elefante como o grande inimigo e não o líder indiano que dizem era temido e muito alto).
A narração de Anthony Hopkins serve para o público entender os fatos, mas é tediosa e apenas através dela que se estabelece a grandiosidade de Alexandre, tirando-a o filme apenas mostra um bravo guerreiro e nada mais. Até a fala final fica engraçada tentando provar que Alexandre foi grande, quando não se mostra isso durante todo o filme.
Estranho que em se tratando de Stone a paranóia de Alexandre nos momentos finais (após a morte de Heféstion) não seja maior. Além de cortar a batalha que se seguiu para ele expurgar a dor da perda de seu amor Stone evitou mostrar os presságios de morte que Alexandre começou a ver por todo canto, além de achar que todos queriam matá-lo. Tema ideal para Stone (como em Reviravolta, quase uma síntese de seu cinema, para o bem ou para o mal). No filme passa a impressão que ele se deixa matar, por causa da tristeza pela perda do amor, tornando o personagem mais fraco ainda.
Talvez em breve venha outro filme de Alexandre, com o Leonardo Di Caprio. Quem sabe juntando 3 filmes de Alexandre dê pra tirar um bom filme sobre a figura histórica?
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terça-feira, janeiro 25, 2005
Noites Brancas (Le Notti Bianche)
Excelente trabalho de Luchino Visconti na adaptação do texto de Dostoievski contando com qualidades abundantes: do elenco, dos cenários, da fotografia, da música, dos figurinos, etcs.
A primeira e principal qualidade é a escolha da atriz Maria Schell. Não a conhecia e é ela que dá força extra ao filme por ser absolutamente apaixonante! O sorriso magnífico com seu entusiasmo quase infantil faz lembrar não só de outros grandes personagens femininos no cinema, mas também da vida real. O olhar se vira pra ela e consegue nos fazer acreditar no quanto o protagonista vai se entregar nesses poucos dias que se relacionaram. E ela passa bem por toda gama de emoções de seu personagem, da alegria à tristeza, da vergonha ao desespero. Marcello Mastroianni está bem, num personagem até atípico, mais retraído.
O uso dos cenários é exemplar por dar um tom fantasioso sem cair na pura ficção, como Hitchcock utilizou os cenários em Janela Indiscreta. Usa-se a forma teatral (do texto e do set) de forma cinematográfica.
Muitas cenas memoráveis, mas a da dança é a mais engraçada e inusitada no filme, com Mastroianni entrando na roda numa disputa masculina por atenção.
O recurso dos flashbacks é brilhante e a opção de não mostrar o personagem de Schell falando no passado é fabuloso (ainda mais quando se brinca com essa opção numa tomada).
A cópia em dvd está com ótima qualidade, com imagem restaurada. De extras entrevistas com críticos, a roteirista, o diretor de fotografia e o figurinista. Também há três testes de câmera, da atriz, do ator e dos dois juntos que não poderia deixar de copiar devido ao magnetismo impressionante de Maria Schell (se tivesse um teste de câmera de duas horas com ela eu veria tudo com prazer).
O final, bem, ele é antológico, emocionante e mais não digo para não estragar quem for ver.
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segunda-feira, janeiro 24, 2005
War Of The Worlds
Junho 2005
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Nova peça de Felipe Hirsch
Imperdível!
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domingo, janeiro 23, 2005
Jennifer Garner
Primeira vez que a vi foi na série Felicity, sendo a namorada de Noel, um dos personagens principais. Ela era mostrada como uma quase nerd e pouco bonita. Depois participou da série Time Of Your Life com a Jennifer Love Hewitt e do filme Cara, Cadê Meu Carro, mas só estourou mesmo como Sydney Bristow na série Alias. E é aí que cai de paixão por essa atriz! Sydney é um dos personagens que mais gostei de "conhecer" nos últimos anos, uma agente dupla numa série que começou explorando o mundo da espionagem com relações familiares complicadas. Ela consegue reunir muitas qualidades: seu físico é invejável nas cenas de luta e ação, dispensando muitas vezes dublês; convence tanto como uma expert espiã, séria, competente, inteligente e capaz de matar quanto como a vizinha do lado, simpática, sorridente, bondosa, frágil.
Jennifer não tem uma beleza clássica, em certas horas pode-se achá-la até feia pelos ossos marcantes no rosto, mas é absolutamente linda em muitos momentos (principalmente rindo). E quem já a viu em bastidores ela se mostra muito simpática e simples, rindo toda hora.
O seriado continua em sua terceira temporada me empolgando, mesmo que tenha mudado algumas prioridades. Desde lá que sempre vejo aqui e ali influências que a série tem exercido (sejam elas reais ou apenas imaginadas por mim) nos mais diversos filmes e seriados.
Foi natural vê-la como a escolhida para fazer Elektra no filme do Demolidor. Vejo poucas atrizes capazes (principalmente fisicamente), sendo Hilary Swank uma das raras escolhas alternativas (caso recebe treinamento intensivo). O filme não se mostrou muito bom, mas adorei sua participação.
Então ela faz dois filmes para o cinema para tentar se firmar como estrela cinematográfica (pois televisiva já é, mesmo que Alias não seja um seriado extremamente popular em termos de audiência, é mais cultuada), uma comédia e as aventuras solo de Elektra.
De Repente 30 (13 Going On 30)
É quase um filme gêmeo de Quero Ser Grande, só que é uma mulher desta vez. Dizer que Garner é a melhor coisa do filme não chega a ser surpresa. Há momentos bem engraçados como a dança ao som de Thriller (um verdadeiro mico antológico), mas talvez a comicidade física poderia ter sido mais explorada ao invés de tentar contar uma história (depois de uma dança daquelas o que menos se quer é coerência dramática). Os coadjuvantes Mark Ruffalo e Judy Greer estão bem. Mark se especializando como o cara-legal-que-a-protagonista-vai-se-apaixonar e Judy mostrando o desperdício de como ainda é pouco requisitada para papéis maiores. Como comédia romântica não chega a ser dos melhores, mas também não é esquecível. Engraçado nos extras os depoimentos (e fotos) dos atores sobre a época escolar, Judy é a mais diferente, uma verdadeira nerd no visual.
Elektra (Idem)
Acho que todo mundo que não gostou de Demolidor foi ver o filme com muitos pés atrás e talvez por isso mesmo não tenha achado o filme ruim, pois há coisas bem legais. Não se esperava fidelidade aos quadrinhos e nem na caracterização da personagem principal (uma Elektra emotiva, bondosa...). O começo parece quase plágio de uma história dela nos quadrinhos, o que não deixa de ser algo bom. Depois vem uma história que realmente dá o que pensar (no mal sentido): por que a escolha desta história? A criação do personagem da menina serve à qual propósito? Não amarra muito as coisas caso haja uma continuação? Ela parece até necessária caso aconteça uma continuação, quando o bom seria fazer um primeiro filme para estabelecer várias coisas para deixar a personagem livre para o segundo. Agora não consigo ver ela tão livre assim com a história da menina. É como se o filme fosse um passar de bastão, uma nova geração, mas isso aconteceria num quarto ou quinto filme de uma saga, não no primeiro! Com essa menina na história a emotividade de Elektra, seu lado quase maternal, parece fora de lugar. O breve e rápido flerte com o pai da garota não ajuda em nada também, parece forçado. Os vilões são ao mesmo tempo interessantes e descartados muito rapidamente, os tornando desisteressantes... Por outro lado a presença de Terence Stamp é boa fazendo Stick e merece ser mais explorada em outros filmes. As cenas de ação são boas, mesmo que a montagem seja picotada demais (as habilidades de Garner ficam escondidas quando deviam ser expostas abertamente). Há até uma cena meio Hero com panos brancos que é muito interessante. Rob Bowman se mostra um diretor que faz coisas boas em filme, só não consegue acertar o todo (muito por conta das escolhas de roteiro), como já tinha demonstrado nos filmes de Arquivo X e Reino De Fogo (já em séries de tv os resultados são bem melhores justamente por causa dos roteiros). Já que o filme inventou essa garota não custa achá-la então bonitinha, a atriz se chama Kirsten Prout, e pareceu familiar, mas nunca a tinha visto em outro trabalho. Enfim, poderia se dizer que vale pela Garner, de novo, que poderia ser melhor e tal. Quem sabe numa continuação? Pena que estreou em quinto nos EUA, mostrando que o público também não gostou de algumas coisas (e acho que seja a pouca ação na parte central do filme que cai naquele erro de querer contar uma história, quem se importa com isso? a não ser que seja muito boa a trama tem que ser deixada de lado) e fazendo com que a possibilidade de continuações possa ficar diminuída.
Garner com isso mostrou dois lados de sua persona: a sorridente e cômica num filme e a lutadora séria e dramática em outro. Isso nas folgas da série em que ela consegue juntar tudo isso. Bom, até agora a carreira está indo bem, se ela não se afetar com o pé frio do Ben Affleck vai ficar tudo bem daqui pra frente.
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sábado, janeiro 22, 2005
Perto Demais (Closer)
Mike Nichols, quem diria, está numa bela retomada de carreira. Começou de forma brilhante com os filmes Quem Tem Medo De Virginia Wolf? e A Primeira Noite De Homem. Depois teve ocasionais sucessos e filmes elogiados como Ânsia De Amar, Silkwood, Metido Em Encrencas e outros. A partir de Uma Secretária De Futuro ele parecia acomodado, fazendo filmes leves que geralmente acabavam concorrendo ao Oscar, mas sem grande relevância. Com Segredos Do Poder tentou uma volta e fez um belo retrato da era Clinton, mesmo assim só conseguiu voltar à toda quando foi fazer para a HBO um filme (Uma Lição De Vida) e uma minissérie (Anjos Da América). Voltou a saber escolher textos, geralmente vindos do teatro. É o terceiro projeto em seguida que realiza com enorme habilidade neste caminho.
Nichols consegue adaptar a peça de forma que não percebamos sua origem, a não ser quando vemos os diálogos mais expositivos sentimentais, mesmo assim sempre aparecem com grande força visual, seja no aquário, na exposição, no almoço no restaurante, na casa do casal ou até mesmo num quarto de hotel simples. A concentração da ação em 4 atores e apenas neles é perfeita, sem distrações e criações de coadjuvantes explicativos e ideal para mostrar o isolamento destes personagens. Nenhum deles consegue criar um relacionamento real no filme, não que essa seja a intenção, ao contrário, fica perceptível que eles não conseguem se relacionar de forma profunda, pois os jogos e as ilusões são permanentes. É um fator importante que não há familiares na estória ou amigos mais íntimos, fazendo os relacionamentos ficarem mais auto-isolados e propícios para as neuroses. Os pulos temporais também são muito bons. O texto consegue expor muito bem a psiquê masculina nos relacionamentos, onde os dois homens jogam muito bem com a mente do outro, quase de forma homo-erótica. O personagem de Julia Roberts não fica atrás e somente ao final percebemos que a personagem de Natalie Portman também tem essa complexidade (quando a víamos durante todo o filme como a mais inocente e previsível). A questão da verdade é posta em discussão: qual seu real valor? e num relacionamento amoroso, qual seu peso e o seu uso?
A única solução no contexto era todos os protagonistas partirem para outros relacionamentos, para que saíssem do círculo vicioso, para algo mais saudável. E apenas um personagem consegue fazer isso, dando uma esperança ao final.
Todos os atores estão em excelente forma, o que é comum pelo trabalho de Nichols com atores e teatro.
Foi uma sábia decisão dos tradutores daqui colocarem legenda na canção de Damien Rice que abre e fecha o filme, pois é algo que acrescenta e não está ali apenas para enfeitar a cena (e o público brasileiro poderia perder).
Um excelente filme adulto que auxiliado pelo elenco conhecido poderá alcançar um público que habitualmente se afastaria de tal texto.
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sexta-feira, janeiro 21, 2005
Michelle Trachtenberg
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Robert Frank
Dois livros que gostaria muito de ter no momento. Quem sabe mais pra frente...
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domingo, janeiro 16, 2005
Por Trás Do Comando (The Grid)
Minissérie que inaugurou a sessão que o Telecine Emotion criou. Toda semana uma minissérie em 5 partes vai ser exibida. Aqui a trama é sobre o terrorismo, com agentes da NSA, CIA, FBI, MI5 e MI6 (isto é, Estados Unidos e Reino Unido) tentando acabar com uma célula terrorista muçulmana. A série 24 Horas é a primeira que vem à mente como referência da minissérie, mas ela não tenta ser uma cópia, e muitas das semelhanças acontecem mais no início. Dylan McDermott e Julianna Margulies são os principais e vêm de seriados famosos (ele de O Desafio, ela de E.R.), na parte britânica temos Bernard Hill, ótimo como um agente mais velho. Piter Fattouche é o agente da CIA muçulmano e Jemma Redgrave da MI6. Jemma é a melhor surpresa do projeto, ela vem da família Redgrave, sobrinha de Vanessa, prima de Joely e Natasha; não a conhecia e mostrou um desempenho notável (é a que mais tem momentos dramáticos) além de charmosa. A mistura de várias agências e suas hierarquias, bem como as conexões terroristas são confusas para o espectador comum, lembrando os livros de Tom Clancy, cheio de nomenclaturas, tecnicalidades em vários cenários e situações. Tenta-se um retrato multifacetado dos terroristas, incluindo um médico na história que no início rejeita a idéia de participar de atos terroristas e nunca é visto como vilão; assim como um jovem terrorista americano de origem chechênica (?), por isso, branco. Também mostra os agentes com diversas falhas (técnicas, ideológicas). Não há desculpas em se colocar terroristas muçulmanos na trama como em 24 Horas (que sempre tentou botar terroristas com outras nacionalidades, com medo de retaliações ou protestos, mas na temporada atual assumiu a responsabilidade de dizer claramente quem é o alvo da política antiterrorista), assim pode-se ter a impressão de que de um jeito ou de outro todo muçulmano é ligado ao terrorismo (mesmo que a minissérie coloque atenuantes e mostre esse sentimento de desconfiança por parte dos americanos). A ação se concentra mais ao final, sendo que grande parte da história se concentra nas investigações contra terroristas e preparações dos terroristas. A direção é de Mikael Salomon, diretor de fotografia que virou diretor já sendo familiarizado na área tendo dirigido episódios de Alias, The Agency e Band Of Brothers. Se não chega a ser uma minissérie ótima, ela tenta ser e vale ser conferida (ainda mais pra quem gosta do tema).
Mais infos nos sites oficiais da TNT e BBC.
Espero que venham mais minisséries interessantes, depois dessa não vi nenhuma outra que despertasse curiosidade (deste mês e de Fevereiro). Lembro que havia minisséries que gostaria de ver (mas o único acesso seria se alguém lançasse em dvd), mas não lembro agora quais são. HBO já realizou algumas ótimas (como Band Of Brothers). Taken vai ser exibida na Fox mês que vem.
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sexta-feira, janeiro 14, 2005
Cartazes
Na verdade eles estão aqui. A Salma foi só o chamariz...
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quinta-feira, janeiro 13, 2005
Hoje É Dia De Maria
Maravilha o que Luiz Fernando Carvalho anda fazendo nessa micro-série! Vale acompanhar na Globo! No bonito site oficial há uma entrevista muito boa com ele onde, como sempre, mostra uma enorme cultura que é visível em seu trabalho.
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O Grito (The Grudge)
Remake de filme japonês realizado pelo mesmo diretor. Como não vi o original me atenho ao que vi. Lembra muito O Chamado, até nos "monstros". O clima também, da cidade e das pessoas. É um filme mais de sustos que de medo. O mais curioso foi a sessão onde fui, lotada, que gritou do começo ao fim em qualquer cena de susto ou suspense. Eu me assustava mais com os gritos da platéia do que com o que via nas telas. Nesse quesito o filme é bem sucedido, assustou todos o tempo inteiro; as risadas, o barulho, as conversas que atrapalhavam no início diminuíram muito para aumentar os gritos de medo. Bom que o cenário continuou no Japão. Por outro lado faz com que o público ocidental ache que Japão é um lugar assustador e as mulheres e crianças de lá são apavorantes hehehe Aliás o terror é expert em criar medos sociais. Não fosse pelo gênero minha visão de cidadezinhas do interior americano seria outra, e também de vilas européias, países diferentes e desconhecidos em geral (vizinhos, caronistas, novos amores, até familiares). Gosto dos terrores desmistificadores mais do que os afirmadores, que criam lendas e medos, pois acho que o poder deles é tanto quanto de filmes de ação que botam estrangeiros como vilões (por exemplo). Isso fica no inconsciente do público, o que aumenta o preconceito em diversas áreas (imagino até as brincadeiras que uma mestiça japonesa de longos cabelos pode sofrer se passar perto de uma sala que acabou de exibir o filme hehehe). Sarah Michelle Gellar tem uma trajetória curiosa, ela não tem beleza padrão (ela pode até parecer feia dependendo do ângulo por causa do queixo retraído e nariz torto), mas tem carisma e fica bonita em certos momentos (mais quando alegre do que quando séria), e seu papel como Buffy marcou como aquela garota que kick some asses! Por isso ela com medo no filme até não combina, fica-se esperando a hora que ela vai ou dar uma porrada nos monstros ou tirar sarro deles (como em Buffy). Uma dúvida meio SPOILER: não seria o marido que deveria ser o espírito que mata? Por que o filho e a mãe que foram vítimas que são maus como almas do além? Se formos mortos violentamente vamos aterrorizar inocentes depois? Que merda, vou matar então hehe A história é meio "nas coxas", mas há bons momentos (alguns copiados de outros filmes) e o público aprovou por tantos sustos tomados. Ao menos a sessão foi memorável.
O Prisioneiro Da Grade De Ferro
Primeiro longa de Paulo Sacramento, já famoso pelos curtas e o trabalho de montador. A criatividade do projeto, além do vigor compensam problemas que nem são necessariamente do filme, mas do tema. O que nós, público comum, já não sabemos sobre o Carandiru? Pouca coisa. Eu sendo leigo no assunto devo ter achado um ou dos pontos inéditos, algo que não tinha visto sendo explorado antes. A opção de entregar a câmera na mão dos prisioneiros é bem interessante, mas o que falta e acho que não daria mesmo para registrar é o tal inferno que todos pregoam. Vemos muito o lazer deles e a rotina oficial, que contrasta com o que todos falam ser a porta do inferno. Um momento marca a virada do documentário, onde se mostra aspectos mais negativos da prisão, que é quando se mostram as fotos dos mortos. Depois veremos o tráfico de drogas, as armas improvisadas e a superlotação. Nada que mostre um cotidiano insuportável de medo e violência no ar (que existe na maioria dos presídios). A tentativa de humanizar os presos lembra o que o filme Carandiru tentou fazer e achei um de seus pontos fracos. Basicamente parece que só há gente boa lá! Presos 'criativos' em artes plásticas ou músicas que só parecem reforçar que há muito tempo livre lá. Por essa perspectiva a solução seria soltar todos. Outro problema nem é do filme, mas é vermos como é atrasado o sistema carcerário nacional, tudo é amador, inoperante, abandonado... Só quando Drauzio Varella aparece dá a impressão que pode haver uma esperança. O trabalho é mínimo, o que deveria ser o contrário, ser rígido e de longas jornadas, não um trabalho escravo, mas também não um trabalho como de simples operários, algo além para o pagamento da dívida social diante do crime e a possibilidade de uma função após a libertação (além da tentativa do presídio ser auto-sustentável). Longas jornadas para simplesmente cansar as pessoas para evitar quaisquer problemas no cotidiano e não deixar espaço para criação de organizações e negociatas criminosas que são comuns. A comida, por exemplo, em marmitas, são compradas? Não deveriam ser feitas lá mesmo e em refeitórios? Quem sabe até plantadas lá grande parte da alimentação. A questão da função da prisão ao menos é bem posta por um dos ex-diretores de lá, se existe alguma função ainda é algo para se debater (reabilitação? isso existe em alguma prisão do mundo ou é mais uma coisa individual?), mas a função de isolar o indivíduo da sociedade ao menos é (mal) feita. Muitos outros debates entram no tema como ver que apenas a classe pobre enche as prisões (como se as outras classes não cometessem crimes tão ou mais graves), muitos negros e mestiços, a questão da privatização ou não, a educação (aulas ministradas seriam realmente úteis? com que intenção?), regras e disciplinas, a modificação da sociedade fora da prisão para que haja redução dos indivíduos que vão para ela, etcs. Acho que a duração poderia ser menor, em algum ponto o filme repete o já dito e mostrado. Não deixa de ser um trabalho importante, com ótima fotografia e montagem, podendo ser utilizado principalmente em escolas.
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domingo, janeiro 09, 2005
Melhores Do Ano - Amigos (1)
Pedi para alguns amigos via e-mail listas dos melhores filmes que viram em 2004 para ter uma noção do que viram e gostaram. Publico aqui as primeiras respostas pois serve de espaço para aqueles que não têm blog ou se têm não o utilizam pra falar de cinema, e também para os que não participam de listas de discussão sobre o assunto ou sequer usam a internet com freqüência. Enfim, gente normal, público de cinema! hehe
FABIANO MORAIS (Niterói, RJ)
seguem os meus melhores no cinema:
A VILA, M. Night Shymalan
ANTES DO PÔR DO SOL, Richard Linklater
FAHRENHEIT 11 DE SETEMBRO, Michael Moore
MADRUGADA DOS MORTOS, Zack Snyder
DOGVILLE, Lars Von Trier
esses são os em outros veículos:
ICHI THE KILLER, Takashi Miike (dvd)
EL TOPO, Alejandro Jodorowski (dvd)
O PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO, Paulo Sacramento (dvd)
O PROCESSO, Orson Welles (dvd)
A MORTE PASSOU POR PERTO, Stanley Kubrcik (vhs)
FELLIPE COSME (Florianópolis, SC)
Os melhores que vi:
A Vida De David Gale - Alan Parker
Igual A Tudo Na Vida - Woody Allen
Contos Proibidos Do Marquês De Sade - Philip Kaufman
Quase Famosos - Cameron Crowe
21 Gramas - Alejandro González-Iñárritu
NANCY MUNHOZ (São Paulo, SP)
Gringos:
- O Senhor Dos Anéis 3
- Shrek 2
- Tróia
- Sob O Sol Da Toscana
- O Terminal
Nacionais:
- Cazuza - O Tempo Não Pára
- A Dona Da História
- Sexo, Amor & Traição
- Os Normais - O Filme
- Lisbela E O Prisioneiro
Recebendo mais (faltam 13) publico aqui, mesmo sabendo que alguns não vão responder ou por falta de vontade ou por preguiça ou por não quererem que suas preferências cinematográficas sejam públicadas hehehe
Agradeço aos que já responderam.
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sábado, janeiro 08, 2005
Laços Humanos (A Tree Grows In Brooklyn)
A estréia de Elia Kazan na direção é impressionante pela capacidade que ele teve em extrair tantas performances extraordinárias dos atores, principalmente da jovem Peggy Ann Garner (recebeu Oscar especial pelo papel) e conseguir nos emocionar por todo o filme, chegando em dois ou mais momentos catárticos. O cotidiano pobre da família não é disfarçado, desde o início vemos a luta para ganhar ou gastar os mínimos valores. A diferença do pai sonhador com a mãe prática proporciona várias belas cenas, como a da leitura de Shakespeare (onde a avó faz um discurso de imigrante bem patriótico, mas também de importância do conhecimento ao invés de apenas do valor do trabalho), os momentos entre pai e filha (todos excelentes), o árduo caminho para o relacionamento total entre mãe e filha, etcs.
O personagem do pai é tão comum na dramaturgia americana, sempre rico para exploração e aqui no filme é uma base forte para a construção do personagem da filha. Os prováveis defeitos de certos personagens nunca são vistos de forma negativa, mas sim de forma humana, compreensiva. O pai sonhador nada prático, com ilusões de um futuro promissor que nunca acontece, com problemas com a bebida não vira um vilão como poderia se achar. A praticidade da mãe que a vai deixando cada dia mais fria e insensível também poderia facilmente ser retratado de forma a se achar que ela é o lado ruim da coisa, mas isso não ocorre. A irmã da mãe, aparentemente inconsequente com relação aos homens que se relaciona, também não é esteriotipada negativamente. Amamos os personagens com todos os seus 'defeitos'.
O filme consegue tantos momentos dramáticos que um espectador mais cínico acha tudo aquilo piegas demais, mas é no talento de Kazan e dos atores que todos esses momentos se elevem do banal e adquiram uma força e honestidade impressionantes.
O talento da jovem atriz é tamanho que ela é graciosa quando feliz, convincente como inteligente e imaginativa e devastadora quando triste. Seu amadurecimento durante o filme é palpável. Pena que depois vamos descobrir que sua carreira não deu certo em Hollywood, sendo desfavorecida em relação à atrizes mais bonitas do que talentosas.
Curiosidade é que Nicholas Ray foi assistente de Kazan (por exigência dele) e aprendeu muito das filmagens para realizar seu primeiro filme. Dizem que faz uma ponta como atendente da padaria, mas isso eu não iria notar nesta primeira vez que vejo o filme (primeira de muitas).
Tenho alguns filmes ainda para ver para ter visto quase todos os filmes de Kazan (faltando Mar Verde), mas neste momento é o meu favorito disparado e é um dos mais impressionantes primeiros filmes que já vi. Engraçado como não ouvi falar deste filme antes, pois tem tudo para ser daqueles clássicos que podem ser vistos todo o ano (como por exemplo A Felicidade Não Se Compra).
Posso dizer que comecei bem este ano com este filme que me fez chorar como há tempos não fazia.
O Que A Carne Herda (Pinky)
Um ótimo filme de Kazan retratando o racismo que uma jovem enfermeira enfrenta ao retornar para casa no sul após longo tempo vivendo no norte. O fator diferencial é que ela tem a pele bem clara e sua avó é uma tipíca negra do sul dos EUA. Mais uma vez a relação filhos e pais se estabelece além dos laços familiares quando ela tem que cuidar de uma velha senhora por consideração à sua avó. O final pode ser previsto com antecedência e é bem altruísta.
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sexta-feira, janeiro 07, 2005
Sexo Com Amor (Sexo Con Amor)
Filme chileno de grande sucesso na terra natal que é uma comédia divertida sobre sexo e relacionamentos. É quase um Tinto Brass mais leve que também brinca com o machismo latino e acrescenta o sexo num casal de meia idade, um caso de amor onde ambos são comprometidos, o galinha que trai a esposa grávida, etcs. Mesmo sendo leve tem muita nudez das atrizes e sacanagens variadas. As atrizes são um espetáculo, lindas e gostosas. Não sabia que o diretor, Boris Quercia, fazia um dos personagens, justo um dos mais carismáticos (e é dele a cena mais excitante para mim quando a sobrinha o seduz na máquina de lavar) e simpáticos (a atitude dele que poderia ser vista como antipática no personagem do galinhão é vista de forma positiva e engraçada). Até se toca no homossexualismo de leve através de um diálogo (que se mostra uma surpresa). Pena que a legendagem é péssima, com muitos erros gramaticais (acho que não foi feita aqui) além do making of não vir com legenda nenhuma. Mais informações no site oficial (até com mp3 do tema do filme pra baixar).
A Janela Secreta (Secret Window)
Mais um filme bem interessante do David Koepp que até agora só fez filmes que gostei (O Efeito Dominó e Ecos Do Além). A realização é muito boa, com um cuidado especial nos detalhes (que podem ser conferidos no ótimo making of disponível no dvd, que iluminam pontos que nem eu mesmo prestei atenção como a relação do protagonista com mulheres). A "solução" pode ser previsível (e é até certo ponto), mas o que importa é o estudo de personalidades e de criação. Os trabalhos de Stephen King que trabalham sua própria profissão são sempre mais interessantes como o ótimo A Metade Negra (com Timothy Hutton que também aparece aqui) e Louca Obsessão.
A Dama Enjaulada (Lady In A Cage)
Os créditos iniciais lembram Saul Bass e depois o clima do filme parece um Além Da Imaginação com Olivia De Havilland presa num elevador de sua mansão e assaltantes entrando em sua casa (Quarto Do Pânico se inspirou décadas depois?). Seu problema na coluna a faz ficar impossibilitada de maior mobilidade dando mais a sensação de impotência. Além disso a relação com o filho vai ser importante no decorrer da narrativa. O filme é modesto, mas bem realizado, causando tensão. James Caan estreou neste filme e faz um dos assaltantes. Creio que para época há várias coisas fortes (e algumas até hoje) tanto físicas quanto psicológicas. Era moda na época as grandes atrizes do passado se enveredarem para o terror como Bette Davis e Joan Crawford por exemplo. O mais estranho pra mim é que há uma perversa sensualidade na envelhecida Olivia, a ponto de achar que haveria um estupro ou uma sedução com trama. O final é típico de como seria um episódio de Além Da Imaginação, como se fosse um conto moral perverso. Um filme pra se conhecer.
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quinta-feira, janeiro 06, 2005
A Lenda Do Tesouro Perdido (National Treasure)
Jerry Bruckheimer fez uma jogada de mestre, pegou o sucesso de O Código Da Vinci e realizou um filme com trama similar antes da adaptação oficial! Crédito pro filme vai para o produtor e roteiristas, já que Jon Turteltaub nunca foi diretor de talento e no filme não mostra algo de especial. Como em Da Vinci a trama se passa num tempo concentrado, sem perder tempo com muitas apresentações, com várias locações, uma mocinha, um vilão e códigos para serem decifrados. É o pop do pop, pois o filme pega a estrutura de thriller do livro, mas não toda a parte dissertativa sobre os temas que chamaram atenção, no lugar colocam história americana com pitadas soltas demais de maçons e templários, só para o público achar algo familiar. Mas mesmo assim o filme é bem sucedido, sendo uma envolvente aventura censura livre. Tem algo de CSI (produção de Bruckheimer) na parte inicial com relação à montagem, além de um pouco de Alias. Isso dá o que pensar também: semanalmente na tv tem-se produções tão boas ou melhores que grandes produções pro cinema.
Apesar de conhecer sua beleza nunca tinha visto um filme com Diane Kruger e ela se revelou graciosa, apresentando potencial para comédias românticas, aventuras, policiais (já a vejo como agente ou espiã) e suspenses (e se quiser um prêmio vai se enfeiar num drama hehe). Mas a grata surpresa é o parceiro e alívio cômico que Justin Bartha interpreta. Todas suas entradas são boas e o público (e eu) riu de todas sua tiradas. Não o conhecia, é um nome pra se prestar atenção. Cage, coitado, não faz nada o filme inteiro que justifique algum esforço de interpretação, é quase outro trabalho em sua carreira que o ajuda como astro de aventuras, mas nada acrescenta como ator. As falhas do roteiro são enormes, mas nem ligamos. Gostaria que o tesouro fosse outro, algo menos material, mais de conhecimento tanto para frustrar o vilão quanto o público ao perceber que a riqueza maior é a cultura, a arte.
Algo interessante é pensar o que os produtores de O Código Da Vinci vão modificar no filme para não ficar muito parecido com esse. Se ignorarem a produção podem cometer erros que o público possa achar que Da Vinci que é cópia deste e não o contrário. Seria mais sensato concentrar no que o livro tem de mais rico, as teorias de Maria Madalena e Leonardo Da Vinci, não transformando em apenas um filme de mistério e ação, mas com algo mais substancioso. O final se feito com sensibilidade a partir do que acontece no livro pode ser muito bonito.
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segunda-feira, janeiro 03, 2005
Filmes 2004
Todo ano é complicado fazer uma lista de melhores do ano já que muita coisa eu não vi em cinema por atrasos na distribuição ou impossibilidade mesmo. Por isso na lista de 2003 deixei de fora dois filmes que só fui ver no começo de 2004 e vão acabar não entrando nem em 2003 e nem em 2004, mesmo merecendo estar em qualquer uma: Sobre Meninos E Lobos e Pacto De Justiça. O mesmo deve ocorrer neste começo de ano já que não vi muita coisa que estreou recentemente como Os Incríveis, Galera Do Mal, Peões, Entreatos, etcs. Então peguei os filmes visto de Fevereiro até Dezembro de 2004. Sempre coloco os filmes vistos em Mostras caso contrário eu não conseguiria realizar uma lista decente, tendo que listar filmes que no máximo tenha achado bons. O que notei ou o que sinto falta nos últimos anos são os blockbusters que tenha gostado, a cada ano parece que são menos atraentes e empolgantes, este ano só Homem Aranha 2 teve repercussão grande e eu nem gostei muito...
Os melhores:
A Vila (The Village)
Antes Do Pôr Do Sol (Before Sunset)
House Of Flying Daggers
Zatoichi (Idem)
Família Rodante (Familia Rodante)
A Paixão De Cristo (The Passion Of The Christ)
Madrugada Dos Mortos (Dawn Of The Dead)
Colateral (Collateral)
Old Boy
Cinco (Five)
Alguns que quase chegaram neste top 10:
5x2 (Cinq Fois Deux)
Hora De Voltar (Garden State)
Mal Dos Trópicos (Sud Pralad)
La Niña Santa
Outros que destaco:
Como Se Fosse A Primeira Vez (50 First Dates)
O Operário (The Machinist)
O Coração É Traiçoeiro Acima De Todas As Coisas (The Heart Is Deceitful Above All Things)
Terra Da Fartura (Land Of Plenty)
Os nacionais foram poucos vistos, mas ao menos cinco posso listar como os melhores:
Quase Dois Irmãos
Bens Confiscados
Feminices
Garotas Do ABC
Justiça
Acho que o que mais vai diferenciar minhas escolhas da maioria é que não vai ter menção ao Kill Bill. Não é que esteja numa lista de piores, mas o filme foi tão frustrante (para mim, claro) que mesmo gostando bastante de partes do primeiro (e algumas coisas do segundo) não posso considerar bom todo o projeto.
Vale a lembrança de filmes vistos que não podem ser considerados nas listas por serem antigos, mas são tão maravilhosos que estariam nos primeiros lugares como Três Homens Em Conflito, O Joelho De Claire, O Signo Do Leão, Conto De Outono, Amor À Tarde e Bianca.
Os piores:
Nina
Diários De Motocicleta
21 Gramas
Menina Dos Olhos
Os Esquecidos
Em tv, vídeo e dvd foram 183 filmes vistos. Destaco na ordem que foram vistos:
Caçado (The Hunted)
A Vingança Dos 47 Ronin – Parte 2 (Genroku Chushingura)
Minha Vida Sem Mim (My Life Without Me)
Submersos (Below)
13 Visões (13 Conversations About One Thing)
O Quarto Verde (La Chambre Verte)
Honkytonk Man (Idem)
História De Um Egoísta (Patterns)
Minha Vontade É Lei (Warlock)
Amor & Morte (Love And Death On Long Island)
Tragam-Me A Cabeça De Alfredo Garcia (Bring Me The Head Of Alfredo Garcia)
Anjo Do Mal (Pickup On South Street)
Corrida Contra O Destino (Vanishing Point)
Sob O Olhar Do Mar (Umi Wa Miteita)
Band Of Brothers (Idem)
Kite
Ensaio De Um Crime (Ensayo De Un Crimen)
Comedian
Os Maias
Cidade Sem Compaixão (Town Without Pity)
John E Mary (John And Mary)
Jin Roh – The Wolf Brigade
Peter Pan (Idem)
A Noite Nupcial (The Wedding Night)
Avalon (Idem)
Tokyo Godfathers (Idem)
O Preço De Um Homem (The Naked Spur)
O Bandido Da Luz Vermelha
A Capital Do Poder (Capital City)
Mortalmente Perigosa (Gun Crazy)
44 Minutos (44 Minutes – The North Hollywood Shoot-Out)
Céu E Inferno (Tengoku To Jigoku)
Sem Notícias De Deus (Sin Noticias De Dios)
Crimes De Um Detetive (The Singing Detective)
À Sangue Frio (In Cold Blood)
O Rolo Compressor E O Violinista (Katok I Skripka)
A Canção Da Vitória (Yankee Doodle Dandy)
Daisy Miller (Idem)
Encantadora De Baleias (Whale Rider)
Thriller – A Cruel Picture
Laurel Canyon – A Rua Das Tentações (Laurel Canyon)
Sob O Sol Da Toscana (Under The Tuscan Sun)
Noite Inolvidável (The Big Night)
O Gigante De Ferro (The Iron Giant)
O Show Da Vida (The Jimmy Show)
O Agente Da Estação (The Station Agent)
Inocência Marcada (Amy & Isabelle)
São Francisco (Francesco)
Olhos De Vampa
Na Idade Da Inocência (L'Argent De Poche)
A História De Ricky (Lai Wong)
Eurotrip – Passaporte Para A Confusão (Eurotrip)
A Janela Secreta (Secret Window)
Sexo Com Amor (Sexo Con Amor)
Suspiria (Idem) - no último dia do ano
Boa parte destes têm pequenos comentários no blog, só procurar nos arquivos.
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