sábado, setembro 30, 2006
American Land Edition
Nova edição do excelente We Shall Overcome (The Seeger Sessions) com extraordinárias 5 canções a mais, um dvd com vídeos e um documentário, e um novo encarte.
Recentemente a BBC4 mostrou um show do Bruce Springsteen com a The Seeger Sessions Band gravado numa igreja em Londres com as canções desse álbum. Maravilhoso, nem precisava falar.
As faixas dessa nova edição:
01. Old Dan Tucker 02. Jesse James 03. Mrs. McGrath 04. O Mary Don’t You Weep 05. John Henry 06. Erie Canal 07. Jacob’s Ladder 08. My Oklahoma Home 09. Eyes On The Prize 10. Shenandoah 11. Pay Me My Money Down 12. We Shall Overcome 13. Froggie Went A Courtin’ 14. Buffalo Gals 15. How Can I Keep From Singing 16. How Can A Poor Man Stand Such Times And Live (Bruce Springsteen Version) 17. Bring ’Em Home (Live) 18. American Land (Live)
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Foi feito um clipe da canção American Land para divulgar o álbum.
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sexta-feira, setembro 29, 2006
Born To Run: The Unseen Photos
1,350 numbered copies
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Boston Legal 2nd Season
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Jackie Chan: My Story
Documentário produzido pelo próprio Jackie Chan sobre sua trajetória até 1998 que é o ano em que foi lançado (vemos as filmagens de An Alan Smithee Film). Fora o começo com sua ida para a Escola da Ópera de Pequim e o encontro com Sammo Hung lá o que mais vemos é a carreira cinematográfica de Chan, o início atuando ainda criança, como dublê de Bruce Lee, os primeiros filmes, trabalho com John Woo, a má parceria com Lo Wei, a tomada de controle ao começar a dirigir, a primeira tentativa de entrar no mercado americado e assim vai. Quase todo fã sabe dessas histórias, mas é legal ver Chan mesmo relatando boa parte disso. O filme é em inglês então temos que nos acostumar com Chan falando no idioma. Quase não se fala de sua vida pessoal a não ser por poucas fotos de sua esposa e filho e a informação que ela cuida dos pais de Chan (o pai aparece dando entrevista). O empresário de longa data de Chan também aparece. Os gráficos que volta e meia surgem no filme são meio toscos, mas não atrapalham. Temos um top 10 dos piores acidentes que Chan sofreu em filmagens, dando detalhes de cada um e o que sofreu, o pior foi ironicamente simples. Também vemos algumas cenas inéditas de vários filmes que foram cortadas quando do lançamento para o mercado ocidental e um comparativo das cenas de ação de A Fúria Do Protetor que Chan refilmou para o lançamento chinês do mesmo. Chan, de sua maneira simples, fala das várias técnicas que começou a usar em seus filmes e da impossibilidade de teorizar em cima disso, ele mostra, mas não explica. Ficamos sabendo também da sua dura rotina diária de exercícios. Vários outros astros aparecem aqui e ali falando dele, geralmente captadas em premieres (Wesley Snipes, Bruce Willis, Sylvester Stallone), programas de entrevistas (Jay Leno, David Letterman), aparições na tv (Quentin Tarantino apresentando o MTV Movie Awards Lifetime Achievement), bastidores (Joe Eszterhas, Martin Lawrence) ou entrevistas mesmo (Michelle Yeoh, Arthur Hiller, Sammo Hung). Anos depois ele fez outro documentário: Jackie Chan - My Stunts, que também deve ser obrigatório. Pra fãs e não fãs é ótimo ver e rever cenas de seus filmes, nos maravilhar com sua genialidade, ver suas influências, seu estilo único, seu grande humor e sua força de vontade. Jackie Chan is the man!
P.S.: Jackie Chan até canta! Eis algumas canções:
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quarta-feira, setembro 27, 2006
Tell Them Who You Are
O filho do grande diretor de fotografia, Haskell Wexler, fez este documentário não só para falar da carreira do pai, mas sim tentar entendê-lo como pessoa e pai. Então as duas coisas vão se misturando, às vezes falando dos filmes que fez, outras sobre sua vida pessoal e política (que sempre foi forte). A personalidade de Haskell já é marcante pelas posições fortes e a dificuldade de trabalhar com outras pessoas (muitas vezes ele tentava dirigir os filmes que fotografava), juntando com a contraposição da personalidade do filho (afável e mais conservador do que o pai gostaria que ele fosse) ressalta-se ainda mais as características gritantes. Mesmo que a parte pessoal soe amadora na realização (câmera meio incerta, planos aparentemente mal planejados) a parte "profissional" é correta, dando uma sensação esquizofrênica. Entre os entrevistados aparecem personalidades como George Lucas, Michael Douglas, Jane Fonda, John Sayles, Julia Roberts, Martin Sheen, Milos Forman, Conrad L. Hall e Elia Kazan, entre outros. Um Estranho No Ninho, Quem Tem Medo De Virginia Wolf e America America são alguns dos filmes que fotografou. Vemos a grande amizade com Conrad que foi quase um segundo pai para Mark, filho de Haskell, já que ambos eram mais parecidos no jeito de ser do que Mark com Haskell. Um dos poucos filmes que Haskell dirigiu é o famoso Medium Cool que devo ver em breve, pena que não dirigiu mais coisas, mas muito se deve à sua personalidade. Fez mais documentários (tem até um sobre o Brasil feito em 1971: Brazil - A Report On Torture) onde foi um dos precursores do cinema direto (The Bus).
Fascinante estudo de indivíduo, profissional e pessoal, pai e marido, ativista político e mulherengo. Menos pela forma como Mark monta as coisas, mas mais pelo brilho pessoal de Haskell (suas brigas com Mark são ótimas). Há um momento dramático impossível de conter as lágrimas quando Haskell visita a ex-esposa, mãe de Mark, que sofre de Alzheimer. Uma vida inteira transcorre naquele momento, o que viveram, o que deixaram de viver, o que desfrutaram e o que estragaram. Emocional para os três ali e Mark gravando tudo com a câmera.
E o melhor é que não é um documentário de alguém que morreu, a trajetória pessoal e profissional de Haskell continua aos 80 anos, ele acabou de dirigir um documentário, Who Needs Sleep?, sobre a combinação mortal de longas horas de trabalho e pouco sono com várias personalidades (artistas, cineastas, diretores de fotografia, médicos) dando depoimentos, o que era um trabalho que ele já estava começando a fazer durante o filme do filho quando entrou na campanha por redução da jornada de trabalho das equipes de cinema (Julia Roberts foi uma das primeiras a dar entrevista para Haskell dentro do documentário do filho) por ver no dia a dia vários profissionais morrendo por causa disso, seja por doenças que vão desenvolvendo ou mesmo acidentes por falta de sono após excessivas horas no set de filmagem. É mais uma vez Haskell exercendo seu forte lado político.
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terça-feira, setembro 26, 2006
Regina Spektor
Ótima cantora, belo álbum, Begin To Hope.
"Iconoclastic indie darling" - Rolling Stone
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domingo, setembro 24, 2006
Enron – Os Mais Espertos Da Sala (Enron - The Smartest Guys In The Room)
Mas que ótimo documentário conseguiram fazer de um assunto nada atraente à primeira vista: a queda da Enron. Poderia se pensar em um bando de gente dando entrevistas e falando de balanços, fraudes contáveis, mercado, economia, coisas bem específicas e limitadas para um público restrito, mas o diretor fez um empolgante painel da coisa (auxiliado pelo livro em que o filme se baseia que já abordava por esse ângulo) se concentrando nas pessoas e achando meios visuais para realçar a história e deixá-la acessível para um público mais amplo. Pode-se ver o documentário mais pelo lado das tragédias pessoais dos envolvidos, que começaram do nada e construíram algo que aparentava força e ousadia, quando não passava de ilusão. Em como ideais ou atitudes que são valorizados nos dias de hoje podem mostrar seu lado mais perverso. E isso vai além dos grandes negócios e atinge toda e qualquer atividade. A auto promoção, a reinvenção de imagem, a supervalorização da idéia ou idéias (e bem menos a sua utilidade e praticidade), a ganância desenfreada, a fé cega dos indivíduos que fazem parte de uma empresa, de um partido, de um grupo, de uma comunidade, de uma organização, de uma seita, e até de um país (por que não?), a total falta de moral ou ética diante de assuntos críticos, a opção pelo risco (seja ele qual for), a arrogância de se achar superior em qualquer área, e assim vai. Os próprios personagens envolvidos (concentra-se em três ex-poderosos da Enron: Ken Lay, Jeff Skilling e Andy Fastow), principalmente Skilling, parecem atores nessa farsa (ou tragédia grega?) quando os vemos em depoimentos negando toda e qualquer responsabilidade de seus atos. Quando vamos percebendo, conforme a coisas vão se desenrolando, que não se trata só da Enron, mas de como funciona todo um sistema (e pessoas também) que apresenta buracos propícios para atitudes incorretas (e muitas vezes congratulando os que fazem isso de acordo com os resultados) vemos o universo envolvente e ficamos mais instigados com o que vemos e refletimos. E as reflexões passam pelas empresas, pela mídia, pela economia e pelos governos.
Alex Gibney conseguiu realizar mais do que uma simples reportagem televisiva ou um documentário formal e o próprio explica um pouco como fez isso nos extras do dvd utilizando uma boa narração de Peter Coyote, uma boa montagem, o uso de reflexos que se liga diretamente à como a Enron se mostrava, e uma pesquisa bem feita (conseguindo coisas que não estavam no livro como os áudios dos traders durante a crise de energia na Califórnia, reveladores). E evita em vários momentos pegar o caminho fácil da demonização dos enfocados, os próprios fornecem tanta corda para se enforcarem que era desnecessário. No meio de toda essa história ainda se toca de leve nas eleições de Bush e Schwarzenegger. O documentário é do ano passado, para atualizações do caso há um site. Nos extras há indícios que os realizadores iriam acompanhar a história para um segundo filme.
Interessante também é pensar no documentário diante de nossa realidade e vermos como há muitas coisas semelhantes e que esclarecem vários pontos.
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sábado, setembro 23, 2006
I will shine on, for everyone
Novo álbum do Jet em Outubro. Shine On, linda canção.
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sexta-feira, setembro 22, 2006
Shania Twain - Up! Close And Personal
Um especial para a tv que teve uma inusitada parceria: Shania Twain revisitando seus sucessos com a Alison Krauss e a Union Station! Uma união que muitos não acreditariam que aconteceria. As músicas com a ótima instrumentação da Union Station (assim como backing vocals) ficaram com um sabor bem diferente e além disso, Alison fez backing, tocou violino e cantou algumas em dueto. Um projeto que vale ser ouvido por fãs de uma artista e/ou de outra ou, o melhor, por várias outras pessoas que não são necessariamente fãs de nenhuma das duas (mas gostam de country, bluegrass e pop). Como sou fã de ambas foi um presente essa junção. Ainda quero ter o dvd para, além de ouvir o show, ver as duas cantando no mesmo palco.
Tracklist (com uma faixa para ser baixada como degustação):
01. I'm Gonna Getcha Good! 02. Ain't No Particular Way 03. From This Moment On 04. Whose Bed Have Your Boots Been Under? 05. I Ain't Goin' Down 06. Up! 07. You're Still The One 08. I'm Holdin' On To Love (To Save My Life) 09. She's Not Just A Pretty Face 10. Forever And For Always 11. In My Car (I'll Be The Driver) 12. You Shook Me All Night Long
Áudio ripado do dvd:
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quarta-feira, setembro 20, 2006
Pesquisa Literária 2006 (3)
Claro que a pesquisa já acabou faz tempo, mas como recebi uma ilustre resposta somente agora, quis ao menos deixar registrada aqui. Ela até explicou que a mensagem ficou perdida no limbo de um notebook de viagem e só agora reencontrou. Pra mim encerra de uma bela forma publicar aqui a resposta de uma pessoa da qual sou um grande fã.
5 Últimos Lidos:
e que gostou também (ressalta)
- O Anônimo Célebre, de Ignácio De Loyola Brandão - A Hora Dos Náufragos, de Pedro Maciel - A História Do Incrível Peixe-Orelha, de Edson Natale/Basmarck - Dois Irmãos, de Milton Hatoum - O Diabo Que Te Carregue, de Stella Florence
5 Últimos Que Mais Gostei:
- Vozes Do Brasil, de Patrícia Palumbo - As Intermitências Da Morte, de José Saramago - Tabloid Tokyo, de Mark Schreiber & Geoff Botting & Ryann Connell & Michael Hoffman - A Árvore, de Sophia De Mello Breyner Andresen - Cenas Japonesas, de Ronald Polito
Fernanda TakaiMarcadores: 2006, Pesquisa Literária
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terça-feira, setembro 19, 2006
Novo do Eastwood
Outros cartazes aqui.
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Just Kate
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segunda-feira, setembro 18, 2006
De Palmas
A.O. Scott começa com as cisões diante de Missão Marte para falar dos defensores de sua obra (os culpados de sempre: Armond White, Charles Taylor e Pauline Kael) e também os detratores:
Say ‘Brian De Palma.’ Let The Fighting Start
"The possibility of recognizing and relishing such moments, and of appreciating the unique visual power of film, is at risk in a culture saturated with cheap, flashy, corrupting images, few of them worthy of a second look." - A.O. Scott
O próprio De Palma falando de alguns de seus filmes, recentemente:
The Lives Of Brian
"The problem with the Mission: Impossibles is they've been copied so much on television now. And then in the third one, where you have a television director [J.J. Abrams] directing it, you're going to get a long episode of 24." - Brian De Palma
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sábado, setembro 16, 2006
A Casa Monstro (Monster House) ••••
Ótima animação computadorizada que tem Steven Spielberg e Robert Zemeckis como produtores executivos. A técnica é a mesma empregada em O Expresso Polar e aqui é muito melhor utilizada devido ao roteiro e às atuações. A história é simples, mas criativa e sem ficar se escorando em brincadeiras, referências (a não ser o início que é igual ao de Forrest Gump), etcs e faz tempo que isso não acontecia em animações. Mesmo visto dublado gostei do trabalho dos atores (carioquês, mas bom) que combinou com os personagens, até quero ouvir no original quando sair em dvd (vozes de Steve Buscemi, Maggie Gyllenhaal, Jason Lee, Kevin James, etcs). As feições dos personagens são ótimas, dando personalidade e vida à cada um como a menininha do triciclo, os garotos, a babá (a voz ficou muito boa!), a garota que se junta ao grupo, o namorado pentelho da babá, o sinistro vizinho, o policial negro, etcs. A velha história da casa assombrada se renovou e consegue conquistar o público adulto talvez até mais do que o público infantil (pode ser um pouco mais aterrorizante pra esse público do que o normal). Além de ser uma ótima diversão e uma evolução técnica bonita de se ver a trama contém muita coisa legal que passa por uma trágica história de amor e uma inversão muito boa de um personagem, ressaltando ainda mais que não é uma mera animação ou mera diversão, passando sua mensagem sem ser didático. Escrevendo assim e relembrando trechos fico até achando que vi mais um filme que uma animação, que bom!
Notícias De Uma Guerra Particular •••
Só agora fui ver o documentário do João Moreira Salles e Katia Lund, depois de diversas reprises no GNT e do lançamento em dvd. Dá uma perspectiva diferente diante do que ocorre hoje. Sem querer vemos como até no crime São Paulo se organiza melhor, o PCC é quase a resposta do que se diz no documentário de que se houver organização o crime domina. Ver o BOPE agora, após ler Elite Da Tropa, é bem diferente. Só achei meio curto, poderia ser maior. Uma das coisas que mais ficam até hoje é a questão que Hélio Luz aponta: a sociedade quer o fim da corrupção, uma polícia séria? O exemplo da experiência no microcosmo de uma cidade dá idéía do que seria no macro. E isso se extende para todos os outros problemas, se realmente é de interesse social a justiça realmente funcionando, as leis realmente sendo cumpridas, etcs. Pois quase todo o tecido social está de alguma forma burlando leis e cometendo injustiças, se tudo funcionasse mesmo muita, mas muita gente mesmo não ia gostar nada disso (e não são só os "vilões" da história, é muito mais que isso, os ditos "cidadãos de bem" também). Então...
A Sangue Frio (The Ice Harvest) •••
Harold Ramis fazendo algo na linha de Fargo e Um Plano Simples. Pra mim isso é mau sinal, mas Ramis sempre consegue fazer algo bom (aliás, sua filmografia poderia muito bem ser reavaliada). O jogo de azares e traições é típico, até podemos ver onde tudo vai dar, mas a condução é muito boa, com boas atuações de John Cusack, Billy Bob Thornton, Connie Nielsen e Oliver Platt. Concordo com o final que Ramis escolheu, no dvd há outros finais, incluindo o que seria o original do livro em que o filme se baseou.
Pergunte Ao Pó (Ask The Dust) ••
Robert Towne passou tanto tempo tentando fazer o filme e quando faz dá nisso?! Não que seja tão ruim quanto achava que seria, mas quem leu o livro espera muito mais. Agora quem não leu até pode curtir além do que um simples romance entre um aspirante à escritor e uma garçonete mexicana. Em poucos momentos senti um clima de Fante nas imagens, nas falas, nas interpretações e até na reconstituição da época. Houve aqui e ali momentos soltos que lembravam Fante, só que perdidos no meio da narrativa. Salma Hayek, ao menos, está uma delícia. Espero que haja outra adaptação no futuro pra que essa não fique sendo a oficial.
Serpentes A Bordo (Snakes On A Plane) ••
Era pra ser um trash divertido (ao menos), mas acabei vendo um disaster movie mal feito. O problema é que o filme se leva a sério em momentos a mais do que deveria e assim expõe suas falhas que não apareceriam caso chutassem o pau da barraca, mesmo. Isso acontece lá pro fim, um pouco depois da famosa frase do Samuel L. Jackson (parece demarcar um momento, como aquelas transições para cenas de sonho/pesadelo). Naqueles poucos minutos o filme fica engraçado, mas é pouco, ainda mais depois de todo marketing feito. Sei do único momento, anterior a essa parte final, em que ri (ou ao menos sorri de verdade) que é quando Jackson solta um "great, snakes on crack!". Toda a parte terrestre é um desastre (não intencional); as adições feitas para agradar os fãs ficaram primárias (imaginem como era antes então!); Samuel nem chega a ser o herói cool em boa parte do filme. Parecia que estava vendo um filme do David A. Prior na Band (o nível é o mesmo) e que David Bradley ou Michael Dudikoff iam aparecer na trama. Se tivessem seguido a linha do ótimo O Ataque Dos Vermes Malditos ou até mesmo do bom Do Fundo Do Mar teria sido bem mais empolgante, engraçado (não ouso dizer que até Malditas Aranhas é melhor, mas quase hehe) e até tenso.
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sexta-feira, setembro 15, 2006
Dupla Identidade (Spooks / MI5)
Ótima série da BBC que é exibida tanto pela Tv Cultura quanto pelo People & Arts.
Fala das operações do MI5, o serviço secreto britânico. Quatro temporadas realizadas, a quinta começa esse mês lá fora. São 10 episódios cada temporada e há mudanças de elenco em boa quantidade, o que vem de encontro ao que o seriado trata: a vida dos agentes e o perigo de suas missões. Até agora um agente largou a agência, outra teve que fugir clandestinamente e três morreram em serviço. Do elenco original apenas o chefe continua, Harry Pearce (Peter Firth). Foi uma pena o personagem principal, Tom Quinn (Matthew Macfadyen), ter saído no começo da terceira temporada, mas o ator se mostrou mais no cinema fazendo Orgulho e Preconceito. Depois de sua saída, queira ou não, as coisas mudaram, pra pior e pra melhor.
Duas das melhores qualidades do seriado são o nível das interpretações (sendo elenco inglês não é de espantar) e as tramas que abordam de forma muito mais contudente assuntos emergenciais da atualidade. Não há histórias mirabolantes, mas sim eventos com tons realísticos únicos envolvendo terrorismo islâmico, política externa americana, política interna inglesa, problemas sociais britânicos (imigração, drogas, racismo), tráfico de armas e pessoas, exército, Síria, etcs. Assim sendo, certas coisas simplesmente não ocorrem como em outras séries: o QG não é simplesmente destruído, traidores não aparecem assim do nada e pipocando conforme o roteiro queira, grandes explosões, perseguições de carro por Londres, ressurreições inesperadas, etcs. A série se firma na realidade onde Tony Blair é o primeiro ministro, Bush o presidente dos EUA, e acontecimentos da vida real aparecem e afetam as tramas. Uma visita de Bush à Inglaterra é assunto de um episódio, ataque ao primeiro ministro outro, o caso envolvendo Lady Di também, ataques ao metrô londrino outro e assim vai, isso diferencia de longe esse seriado de qualquer outro (principalmente americanos que evitam bastante botar temas dos noticiários de forma tão direta assim, sempre acham subterfúgios dramáticos para contornar situações). WTC e Katrina com certeza estariam em episódios desse seriado caso esses acontecimentos tivessem ocorrido na Inglaterra e não como enfeites, mas questionando algo desses eventos. O seriado não serve de propaganda do serviço secreto britânico, há questionamento das ações do MI5 e tenta-se entender os grupos radicais e seus participantes (dando em ótimos embates), assim como nota-se um olhar bem cético das ações americanas.
Toda a estrutura narrativa é diferente também, às vezes caímos diretamente numa ação, em outras vamos passo a passo, as conclusões em muitos casos são frustrantes ou trágicas, todos os personagens têm graves falhas e algumas pontas ficam soltas (como aconteceria no MI5 real, sem finalizações de casos ou pessoas). Além de sempre ter esse clima de thriller de espionagem bem realizado o seriado guarda momentos de emoção e humor em determinadas situações. A visão da vida pessoal dos agentes não é nada boa, geralmente os laços afetivos pessoais são sacrificados, piorando os constantes dilemas éticos e morais de suas ações em campo.
Uma característica curiosa é que os créditos quase não aparecem, seja na abertura ou no final (diretor e roteirista passam bem rápido) ou mesmo no título dos episódios (foram renomeados apenas quando foram lançados nos EUA) o que dá um tom anônimo no seriado. Não sei quais os diretores mais constantes, quem mais escreveu (ou mesmo quem escreveu), quem é o criador do seriado, qual o nome dos atores principais e os coadjuvantes e participações especiais. De certa forma isso é bem positivo (e sendo coerente com um certo anonimato que uma vida de espião exige). Não há essa ênfase nos nomes e nem em elenco "bonitinho", com isso não ligamos para temporadas, brigas internas, reconhecimento autoral, títulos dando uma idéia do que o episódio trata, atores famosos mostrando a cara, spoilers, promos, chamadas, pessoas do elenco em capas e mais capas de revistas e ensaios de moda, fofocas, etcs, toda essas baboseiras que cada vez mais as séries americanas se afundam.
Uma curiosidade foi a participação de Hugh Laurie em um dos episódios da primeira temporada.
Vi três finais de temporada e todas foram muito boas, utilizando bons ganchos para a próxima. Na Cultura teremos o final da segunda temporada na próxima quinta. O People & Arts passa o seriado todo dia o que faz com que quase todas as temporadas tenham sido reprisadas várias vezes (1 temporada = 2 semanas), disse quase pois não sei exatamente o motivo o canal não tem os direitos da segunda, então sempre pulam da primeira para a terceira. A dublagem de ambos os canais é a mesma e não atrapalha, na verdade, eu já me acostumei, mesmo que saiba que seria outra coisa ouvindo os sotaques dos atores. Outra mudança é que a série passa na BBC com quase uma hora, uns 55 minutos, e nas versões fora de lá são montadas para os comerciais, ficando com os tradicionais 43 minutos, mais ou menos. Quem não sabe disso não sente a diferença, mas em dvd dá pra ter toda a duração (mas só importando pois dificilmente o seriado será lançado por aqui). Talvez no dvd também não haja a censura que em poucos casos apareceram onde detalhes de corpos mutilados ou baleados foram borrados (não sei se passa assim também na BBC).
Com essa constância de exibições no P&A vi a série em ordem levemente bagunçada pois perdia alguns episódios que não conseguia gravar (ou faltavam fitas). Da segunda (que tive que ver somente na Cultura) não vi 2; da terceira 1 e da quarta na terça que vem completo a temporada toda. Quem quiser ver desde o início poderá fazer isso quinta que vem no P&A. Espero que o canal passe a nova temporada em breve e que a série se mantenha em suas fortes bases, pois se desviar disso cai no comum como tantas outras.
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quinta-feira, setembro 14, 2006
Relançamento com novas introduções que a própria Ana escreveu.
E eis um bom bate papo com ela por ocasião do lançamento do livro Almanaque Anos 70.
Edição especial da revista Empire com matéria longa sobre a trilogia e diversas entrevistas.
Paget Brewster
Hoje penúltimo episódio da quinta temporada de The Shield no AXN.
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terça-feira, setembro 12, 2006
Huff - Primeira Temporada
Huff é um psiquiatra que atende em Los Angeles, com uma boa carreira e uma boa família. Quando um de seus pacientes se mata na sua frente muita coisa muda e uma das principais coisas é que ele começa a questionar sua vida, tanto profissional quanto familiar.
O seriado é mais uma ótima produção da Showtime, canal à cabo nos EUA que também produz a excelente Weeds. O estilo lembra os seriados da HBO seja na duração (quase uma hora), na estrutura narrativa (a instigante abertura, a não necessidade de mini-ganchos para comerciais e nem de episódios para episódios), no livre uso de palavrões, drogas e nudez (não que haja abusos), na abordagem dos assuntos e na construção de personagens.
É um drama levemente cômico onde não há uma centralização no psiquiatra, mas em todos os coadjuvantes, sendo eles: a esposa, o jovem filho único, a mãe que mora com eles, o advogado melhor amigo, o irmão internado num hospital psiquiátrico e outros que volta e meia aparecem como a mãe da esposa, pacientes, a secretária do advogado e um mendigo que aborda Huff frequentemente. Cada um com seus problemas, suas falhas, mas geralmente girando em torno do questionamento do sentido da vida, mesmo que não autoconsciente. O que fiz até agora? Estou no caminho certo? O que farei de agora em diante?
Um dos grandes trunfos dessa criação de Bob Lowry além dos roteiros é o elenco intrinsicamente ligado aos personagens que cada um interpreta. Começando por Huff que Hank Azaria faz, eis a primeira real chance de Hank, muito mais conhecido pelo lado cômico, em fazer algo mais denso sem perder essa comicidade. Huff se debate em ser muito preocupado com os outros, em sempre querer ajudar e perceber que com isso deixou de prestar atenção em si mesmo e nas pessoas mais próximas como a esposa e o filho. Fica evidente que ele também sofra de distúrbios quando ele faz de seu irmão perturbado o seu confidente e não um outro psiquiatra (o que é natural um psiquiatra se tratar com outro psiquiatra como ocorre com o personagem de Lorraine Bracco em The Sopranos). O mendigo que ele esbarra toda hora e tenta ajudar nada mais é que uma projeção de sua psiquê. A esposa é feita por Paget Brewster que é um achado (fãs de Friends podem lembrar dela num episódio onde ela foi disputada por Chandler e Joey), boa atriz, também de um background cômico fazendo muito bem drama, ideal no papel de uma jovem mãe, bem atraente e maternal ao mesmo tempo. Se aparentemente vive saudavelmente vemos seus conflitos internos diante de sua profissão, sua família que mora longe e a relação conflituosa com a sogra. O filho é feito por Anton Yelchin e sua interpretação e seu jeito de ser acentuam o personagem mais centrado da série, muitas vezes o pai de seus pais, o que mais sente o clima da família seja ele bom ou ruim e ainda assim pisa na bola às vezes, mas tem uma abertura emocional diferencial diante de todos os outros. A mãe de Huff é extraordinariamente feita por Blythe Danner, um dos melhores personagens da série, complexa e contraditória, controladora e atenciosa, distante do filho doente e a melhor avó do mundo, preconceituosa e extremamente prestativa, um personagem que teria tudo para ser odiado e consegue ser adorável e ainda muito atraente (fora o fato de que adoro a Blythe como atriz e como mulher). Oliver Platt faz o advogado melhor amigo de Huff, totalmente hedonista que entra numa espiral autodestrutiva de drogas, bebidas e sexo casual (principalmente pago) e ainda ser bem sucedido além de ser quase da família (do Huff). Andy Comeau faz o irmão maluco de Huff, com uma complicada relação com a mãe e carinhosa com Huff, muitas vezes sendo de sua forma o equilíbrio mental do caos da vida de Huff.
Na primeira temporada as participações constantes foram de Robert Forster como o pai de Huff, Lara Flynn Boyle, uma paciente maluquinha e Swoosie Kurtz a sogra de Huff que enfrenta um câncer. Na segunda temporada Sharon Stone, Tom Skerritt (substituindo Forster, fazendo o mesmo papel) e Anjelica Huston fizeram participações em vários episódios.
A primeira temporada consegue terminar numa ótima confusão que junta todos os personagens principais na mesma situação.
Infelizmente, apesar das premiações e indicações (Blythe, Oliver e Swoosie ganharam prêmios, bem como a abertura e direção) o seriado foi cancelado após sua segunda temporada (no recente Emmy a Blythe ao ganhar novamente como coadjuvante ironizou o fato, fazendo um leve protesto). Mesmo assim é uma série que vale conhecer, que cativa com as histórias e os momentos dramáticos, cômicos e surreais, que trabalha bem as questões existenciais assim como as familiares e profissionais.
Felizmente o seriado foi lançado por aqui em dvd com alguns bons extras. Espera-se que a segunda temporada saia logo (nem saiu nos EUA ainda pois a segunda temporada acabou quase agora).
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segunda-feira, setembro 11, 2006
11/09/1940
Brian, parabéns!
"I've always been against the establishment from day one. I've never been accepted as that conventional artist. Whatever you say about David Lynch or Martin Scorsese, they are considered major film artists and nobody can argue with that. I've never had that. I've had people say it about me. And I've had people say that I'm a complete hack and you know, derivative and all those catchphrases that people use for me. So I've always been controversial. People hate me or love me." - BDP
"One of my favorite movies is The Red Shoes. It’s beautiful. I like beauty, and I like tragedy. I like to cry and be moved by what happens to the characters. I like Puccini operas. This is the kind of stuff that you never see. You can’t have a downbeat ending like this anymore. And this has been in art throughout the ages. I guess it’s because now you can’t sell products with a downbeat ending. You can’t be depressed, and go out and buy something. I think that’s really the answer to it in a nutshell. You’re not going to be using your credit cards if you’re sad. (Laughs)" - BDP
The Black Dahlia Production Notes
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domingo, setembro 10, 2006
Dino
Ouçam:
You're Nobody 'Til Somebody Loves You
You're nobody 'til somebody loves you You're nobody 'til somebody cares You may be king, you may possess the world and its gold But gold won't bring you happiness when you're growing old
The world still is the same, you never change it As sure as the stars shine above You're nobody 'til somebody loves you So find yourself somebody to love
The world still is the same, you never change it As sure as the stars shine above Well, you're nobody 'til somebody loves you So find yourself somebody to love
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sexta-feira, setembro 08, 2006
Maria Sharapova
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Somente dias atrás que vi pela primeira vez uma partida da famosa tenista. Que maravilha! Com um charme irresistível (Anna Kournikova parece ser mais bela, mas pior tenista) ela mostrou habilidade e garra. Ela está na final do US Open que acontece este sábado. Go Sharapova!
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quinta-feira, setembro 07, 2006
David Lynch's Golden Lion for Lifetime Achievement
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Emilio Estevez
"What I wanted to discover were common people, those who found themselves at the epicenter of one of the most important events of the 20th century" - EE
"Bobby is a sentimental love letter from writer-director Emilio Estevez to his hometown and the slain politician"
"All the other elements with Thomas Newman’s powerful score makes “Bobby” the most enjoyable and imperative film of the year"
"I have just seen one of the frontrunners of Oscar 2007"
Que bom ver a ótima recepção do novo filme dele, Bobby.
"I feel like I've been in my basement working on my own little algorithms and out came this picture from this twisted brain. I'm just so very proud to be coming back into the game and to be embraced by this festival and by the business in general. It's difficult not to weep when I think about it." - EE
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terça-feira, setembro 05, 2006
Little Children
Que ótimo trailer! Se a presença de Kate Winslet e Jennifer Connelly já era motivo de interesse agora que a espera pelo filme realmente aumentou!
Trailer
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domingo, setembro 03, 2006
Miami Vice (Idem) 🌟🌟🌟🌟 1 / 2
Michael Mann sempre foi um cineasta visual e aqui mais ainda. Transportou o universo de Miami Vice para a nova era da tecnologia, seja na frente ou atrás das câmeras. Informação e conhecimento são fundamentais no cinema de Mann e agora, com todo um novo universo de vigilância eletrônica, Sonny, Tubbs e todos os outros tinham que adentrar esse mundo.
Um dos pontos fundamentais do filme segue esse caminho, mas de outra forma, quem olha o quê. E quem deixa de olhar. Quem começa é o informante (o ótimo John Hawkes) quando apenas no desvio do olhar que passa por Tubbs sabemos todo seu estado de espírito (brilhante recurso de Mann). Ele é o que consegue olhar para fora desse universo e dar o passo seguinte, mas o resultado é a morte. Sonny não demorará muito para apresentar a mesma angústia quando olha para fora da janela quando toda a equipe se reúne com outro informante, Nicholas. Ele também quer sair daquele mundo? Curioso notar que Tubbs, logo no início, apresenta o elo mais humano do trabalho, sem querer sair dele, quando vê o que está acontecendo com uma das garotas que trabalham para o suspeito vigiado.
Quando Isabella (Gong Li) também olha para fora de seu mundo, saindo do protocolo e encarando Sonny, estabelece-se uma ligação muito forte entre os dois. Eles querem mais, eles querem algo além disso, mas ao mesmo tempo são extremamente profissionais (até onde isso entrará em conflito). Se Sonny e Isabella vão para Cuba para se libertarem o mesmo faz Mann desde o início tirando toda a ação de Miami para o estrangeiro, se desamarrando tanto da origem (a série) quanto do país (e nisso vemos mais fortemente como Vincent de Colateral está aprisionado – na cidade, no metrô – ou Neil no aeroporto em Fogo Contra Fogo em oposição ao Ali na África, sendo todos conectados, bem ou mal, à suas profissões).
Dentre todos os personagens então que saem dois destaques que se ligam muito ao próprio Mann. José Yero e Martin Castillo. São eles, mais do que ninguém, que vêem tudo, pois são eles que usam óculos (fora os de sol que muitos têm). Yero quer ver tudo, quis ver Sonny e Tubbs ao vivo, cara a cara, para vê-los, controla todo o clube pelos monitores, é o que olha lá no fundo ao que acontece, é o que vê a ligação mais forte entre Sonny e Isabella (e enfatiza para o chefe Arcángel que ele precisa ver o vídeo), é o que comanda de longe, por uma câmera, o esconderijo dos russos que estão com Trudy, enfim, é quem detém a informação e o conhecimento. Pena que morra, mas morre como uma pintura de Pollock. Castillo também, de certa forma, comanda tudo do outro lado, seja no olhar de cima, via helicóptero localizando Trudy ou no final, procurando os atiradores. Sem ele o que seriam dos “mocinhos”? E voltamos à Mann, de óculos... Isabella diz para Arcánjo que Sonny é sério, mas precisa ser “watched”, não que se precisa tomar cuidado ou ser zeloso ou desconfiado, mas “watched”. E Arcánjo não olha para ela mesmo quando sabe da transa, só ao final. O mesmo Arcánjo que quis ver Sonny e Tubbs no carro, mesmo que tenha sido a primeira e única vez que isso aconteceria. E Isabella que só estabelece realmente um contato mais íntimo ao mostrar uma foto de sua mãe para Sonny (sim, porque vemos que o sexo pode ser casual em sua vida), algo que ele não queria em princípio (num outro lance brilhante nessa cena temos um plano das rodas do carro estacionado fora do bar, não sendo o ponto de vista de nenhum dos dois, mas do espaço entre eles quando Sonny prevê que a relação não vai dar em lugar algum). É ela que também diz claramente que Sonny deve olhar ao seu redor e saber que tudo pertence à Arcánjo.
Aliás, se houver uma revisão criteriosa dos olhares no filme entre personagens e como a câmera os capta é algo riquíssimo e complexo. Mann simplesmente não bota a câmera quase entrando nos olhos de Tubbs quando liberta Trudy, perdendo toda a ação geral, à toa. Trudy que, vejam só, está vendada. E o leve deslocar dos olhos de Gina para sua boca, para o que fala.
Nisso do olhar o uso da digital é exemplar, no que diferencia da película em tomadas noturnas, “vendo” muito mais e no uso mais leve que em muitas tomadas podem ser confundidas com câmeras ocultas e câmeras de documentários, nos tirando do nosso lugar, nos deixando mais próximos ao que é filmado (ao contrário do que muitas vezes, infelizmente, a película/cinema/indústria proporciona).
E é quando Isabella descobre a verdade sobre Sonny que Mann chega em seu melhor momento, ela vê o distintivo e nada mais importa, aquilo é o cinema em estado puro e apenas lágrimas podem homenagear aquele momento. Momento decisivo melhor dizer. É dali que veremos o que Mann tem a dizer sobre tudo visto antes. Isabella poderia simplesmente morrer ali naquele momento de suspensão, onde ela não sabe mais onde está e quem é quem. A boa notícia é que são boas novas, sim, há saída, há a chance do olhar para fora, mesmo que para isso haja dor e despedidas. E tudo fica à se perder no horizonte, longe da vista. “Well, if you told me you were drowning
I would not lend a hand
I’ve seen your face before my friend
But I don’t know if you know who I am
Well, I was there and I saw what you did
I saw it with my own two eyes”
P.S. 1: o espírito do seriado se mantém na abertura sem créditos, direto numa missão (geralmente sem ligação com a trama principal) e o final sem verdadeiras resoluções e conclusões, onde se antevê uma continuação (Arcánjo não é pêgo) que seria a intenção de Mann que gostaria de trabalhar mais a cidade de Miami, como ele trabalha muito bem Los Angeles. Apenas um ponto não foi mantido e se sente falta: a sobreposição das falas, característica marcante da série, dando um ar real quase inédito na tv. P.S. 2: teria muito mais coisas para se dizer sobre o filme, mas por enquanto fica nisso mesmo.
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sábado, setembro 02, 2006
Napoleon Dynamite
Cult, eis uma palavra boa pra definir o filme. Tudo nele parece ir nessa direção: os personagens bem característicos, as falas engraçadas, o cuidado com os detalhes (começando pelos créditos com as comidas), as cenas cuidadosamente planejadas, as canções, etcs. Não dá pra esquecer agora de Napoleon, Pedro, Kip, tio Rico, Deb, Summer, LaFawnduh e a avó (e os atores que interpretam essas figuras únicas).
A história (?) consiste em mostrar o mais nerd dos nerds, Napoleon e seus conhecidos durante alguns dias quando sua avó fica internada e um tio vem cuidar dele e do irmão de 32 anos ao mesmo tempo que o baile da escola vem chegando e o novo amigo mexicano resolve se candidatar à presidente da turma.
A forma como as cenas são filmadas e os atores atuam acentuam tudo de peculiar (para alguns bizarro) que um imaginário dito americano tem. O tempo se passa entre o final dos anos 80 e começo dos 90, mas nada fica muito marcado (a não ser por uma música dos Backstreet Boys na trilha). As roupas, as expressões, os costumes, os penteados, os objetos de cena, as comidas, as referências do cotidiano, tudo é extremamente bem colocado e usado. É incrível como consegue parecer ao mesmo tempo não roteirizado e altamente encenado. As caras de zumbis são especialmente engraçadas pois são bem reais, e neste quesito Pedro é imbatível. Ele ainda é o que mais ressalta essa estranheza geral que o filme passa, com seu bigodinho e seu jeito de vestir parece não pertencer àquele ambiente (ou então pertencer tanto, mas tanto, que difere). E o que é mais engraçado é que essa estranheza é tremendamente familiar aos americanos, por isso a recepção fervorosa por lá (chegou inclusive a ganhar o Teen Choice Award e o MTV Movie Award).
O diretor usando na maioria (ou totalidade?) planos fixos lembra bastante o cinema de Jim Jarmusch (ou como bem disseram por aí: imaginem uma comédia adolescente do John Hughes refeita por Jim Jarmusch numa cidade que o tempo esqueceu).
A trilha tem "clássicos" dos anos 80 (incluindo o tema do Esquadrão Classe A!) e uma seqüência já antológica: a dança de Napoleon.
Depois que o filme fez sucesso em festivais e em algumas capitais o estúdio fez um epílogo após os créditos finais e relançou o filme. Coisa que não acrescenta nada e dizem ter custado metade do orçamento do filme todo...
Umas das melhores reações ao filme foi do Jonathan Demme que até escolheu a película para comentar numa seção de jornal chamada "Filmmakers On Film".
"To me, Napoleon Dynamite reflects an extremely bold vision, so bold that it alienates some of our august critics. It has enriched my life and brought joy and pleasure into my household." - Jonathan Demme
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sexta-feira, setembro 01, 2006
Eu, Um Negro (Moi, Un Noir) Mestres Loucos (Les Maîtres Fous) Jean Rouch - Subvertendo Fronteiras
Segundo filme de Rouch que vejo, Eu, Um Negro, mantém a mesma bela mistura entre documentário e ficção onde ao acompanhar alguns dias da vida de nigerianos trabalhando em outro país (Costa Do Marfim) nos deparamos com muito mais que isso ao vermos os personagens retratados improvisarem e depois dublarem em cima das imagens capturadas/encenadas/recriadas (e Rouch também narra certos trechos). A complexidade da linguagem empregada influenciou bastante a nouvelle vague, muitas passagens nos mostram isso, seja na liberdade da câmera, no jogo entre o que se mostra e o que se fala, nas falas dubladas e nas cenas mostradas e montadas que dão pulos temporais, incorporam comentários, pensamentos e diálogos e no uso do som e da música. Grande aula de cinema. Nota-se a maior valorização do tempo livre dos retratados do que o trabalho, já que no dia em que trabalham acompanhamos o almoço e a siesta; já no fim de semana é onde eles realmente se mostram e vivem, antevendo um pouco a angústia da próxima semana e o sentimento de não pertencer ao local que se encontram. No mesmo dvd há o fascinante curta Mestres Loucos que só posso ser realmente absorvido se visto pois é algo tão intrigante e espantoso que não parece real. Também há um documentário nacional sobre Rouch feito por estudantes de antropologia.
Person
Versão reduzida do documentário que Marina Person realizou sobre o pai, Luiz Sérgio Person. A versão, ainda não lançada, de cinema deve ter duração maior. Como está é mais o lance da relação entre Person e suas filhas (Marina e Domingas) entremeadas pelo trabalho dele como cineasta, dando destaque à alguns filmes. A parte pessoal mesmo não é muito focada. Em relação a um programa feito pelo Canal Brasil o filme da Marina é menos abrangente, apenas se diferenciando pelo olhar que tem no registro das entrevistas (tentando não ser formal como seria um programa televisivo). É esperar o documentário completo deste que é um dos grandes do cinema brasileiro (e um dos meus favoritos justamente pelas obras primas São Paulo S/A e O Caso Dos Irmãos Naves).
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