sexta-feira, dezembro 30, 2005
Alias - Quarta Temporada
Quando a terceira temporada acabou houve criticas quanto aos rumos que o seriado estava tomando e muitos consideram a terceira uma temporada fraca (o que me surpreendeu pois quando vi achei muito boa). Tentaram voltar ao formato original com a quarta, o que pareceu um pouco exagerado, mas acabou que no decorrer dos primeiros episódios isso nem se apresentava mais como problema. A coisa vai engrenando e no meio disso temos dois episódios que parecem vir de Arquivo X, o que soou estranho. Eis que vem a missão com as duas irmãs, Sydney e Nadia, e então a série decola com tudo voltando Sark, Rambaldi, Katya Derevko, Anna Espinoza e até Irina, sim, Irina! E isso vai non stop até a parte final super empolgante quando há a reunião dos sonhos: toda a familia (disfuncional) em ação! O episódio final até poderia ser o final da série: grandioso, quase apocaliptico. Isso sem contar no gancho surpreendente para a quinta (and last one) temporada. Há episódios emocionantes como Mirage e partes do episódio duplo perto do final que causam até choro. Mia Maestro como a meia irmã Nadia se mostrou excelente, tanto no emocional quanto no lado kick ass, ela com Sydney então é covardia! Talvez tenha sido ela a coisa mais cativante da temporada. Sonia Braga tem papel importante na temporada e Amy Irving tem uma bela participação especial em um episódio. E o episódio que Marshall tem uma ação solo? Muito bom (e a coisa do caixão é mais uma coisa semelhante aos filmes do Tarantino). Enfim, Alias é foda!
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quinta-feira, dezembro 22, 2005
Notas
Nascido Para Lutar (Kerd Ma Lui) ***
Incríveis lutas, ou melhor dizendo, incríveis malabarismos (há mais disso que propriamente lutas). O patriotismo exacerbado é até engraçado (caso fosse dos EUA irritaria 100% dos espectadores, mas sendo da Tailândia tolera-se).
Clean (Idem) ***1/2
O personagem mais interessante é o de Nick Nolte, mas o filme se concentra na Maggie Cheung, então é quase ótimo pois não vi ou senti uma luta interna nela (mas a interpretação está muito boa).
Kung Fusão (Kung Fu Hustle) ****1/2
Maravilha de filme! Ainda melhor que Shaolin Soccer mostrando que Stephen Chow tem uma criatividade invejável. Making of do dvd bem longo.
800 Balas (Idem) **
Não era o que esperava e o que vi me pareceu o mais sem graça da carreira do Iglesia. Tem a coisa de se passar no tempo presente e ter um moleque caracterizado errado, não há identificação com a peste e de uma hora pra outra ele fica bonzinho (isto é, apagado).
A Sogra (Monster In Law) **1/2
Não é ruim, tem momentos engraçados com Lopez e Fonda. A virada na guerra travada é um dado a mais que melhora o filme.
Paixões Que Alucinam (Shock Corridor) ****
Poderoso filme de Samuel Fuller e um grande retrato da América da época (1963). Toda a técnica (montagem, fotografia, sons, música) é extremamente criativa. O filme consegue ser experimental e radical sem o ser realmente, isto é, consegue ser sem aparentar. Lembra outros filmes posteriores sobre o tema.
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sábado, dezembro 17, 2005
Sr. E Sra. Smith (Mr. And Mrs. Smith)
Agora mais famoso por ter sido o filme que juntou o casal central e separou Brad Pitt de Jennifer Aniston. Fica no meio termo entre ser um filme de ação e uma espécie de comédia romântica onde se odeia para depois de amar o parceiro. Há bons momentos onde se consegue juntar uma bem humorada visão do casamento com ação arrasa quarteirão.
Nunca Fui Amada (When Will I Be Loved)
James Toback é ainda um diretor de poucos filmes mas facilmente reconhecíveis, todos envolvem o sexo entre os personagens de forma mais aberta que a média da produção americana (seja mostrando ou em conversa). Jogos entre pessoas e uma encenação "solta" (a discussão em plena rua no início do filme, por exemplo) também são características do seu cinema. Até hoje não sei se gosto ou não de algum filme dele. Esse é mais redondo, se passando quase que num único dia e com poucos personagens e uma situação central apenas. Neve Campbell aparece nua nos créditos do filme (e de certa forma decepciona), mas não quando seria o esperado. Como ela consegue reverter o jogo masculino é a principal coisa da narrativa. As participações especiais são inusitadas, mas totalmente no espírito "Toback" de ser: Mike Tyson, Lori Singer e até o próprio Toback como o professor. Parecidos com os filmes de Toback estão alguns do Abel Ferrara como R'Xmas e Blackout, inclusive o Fingers de Toback influenciou, declaradamente, o Ferrara.
A Noiva Era Ele (I Was A Male War Bride)
Comédia de guerra de Howard Hawks mais uma vez com Cary Grant. Aqui o mais estranho (e ruim) é o título (tanto nacional quanto original): uma idéia que vende o filme, mas só acontece mesmo nos minutos finais da narrativa! Não sei porque escolheram esse título que estraga qualquer surpresa e deixa uma expectativa que não é função do filme cumprir. O humor em alguns momentos ficou envelhecido e em outros continua afiado. Todo o filme é a tentativa de reaproximação de um casal numa missão militar para apenas no quarto final tratar do casamento e as dificuldades para se chegar aos EUA (ou simplesmente dormir). Toda a parte da burocracia que realmente deveria ser a grande parte do roteiro, explorando mais o absurdo e o cômico da coisa.
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Janeiro 2006
Antes estava apenas disponível pelo site oficial do David Lynch, agora está liberado para venda geral.
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quinta-feira, dezembro 15, 2005
Stanley Kubrick: Drama & Shadows
Trata-se do livro de Rainer Crone sobre o trabalho fotográfico de Stanley Kubrick. Ele selecionou as fotos e fez pequenas introduções além do ensaio inicial. Livro fascinante tanto para admiradores de Kubrick quanto da arte fotográfica do século XX.
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quarta-feira, dezembro 14, 2005
MI:3
O que J.J. Abrams aprontará com a franquia? Belas mulheres (em ação) já estão garantidas. O teaser começa diferente, como uma ótima abertura de Alias.
No elenco os tradicionais Tom Cruise e Ving Rhames. Surpresas são Philip Seymour Hoffman, Laurence Fishburne e Billy Crudup. A mocinha é Michelle Monaghan. Vindos da tv Keri Russell (louco pra ver ela em ação) e Sasha Alexander. E como não poderia deixar de ser, Greg Grunberg, que está em todas as produções do J.J. Isso que é amizade.
J.J. conseguiu reunir três atrizes que gosto de seriados (que ainda não estouraram) e ainda colocar Crudup de quem sou fã. Só faltou uma ponta da Jennifer Garner e da Evangeline Lilly!
Teaser.
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sexta-feira, dezembro 09, 2005
Pra não esquecer
Filmes vistos e não comentados aqui agora com cotação e breve comentários:
O Senhor Das Armas (Lord Of War) ****
Ótimo filme do Andrew Niccol, no meio do filme achei que o final, caso fosse outro, iria destruir o filme, mas como ficou está bem, afinal o anti-herói é o herói. No máximo achei que ele escaparia de tudo e se daria bem fazendo outra coisa, dentro da lei, mas usando de tudo que aprendeu.
Separações ***1/2
O último do Domingos em película antes de começar a usar o digital. Como um Woody Allen nacional ou se gosta do repertório tradicional dele ou acha tudo sempre a mesma coisa. Eu gosto.
A Vida Secreta Dos Dentistas (The Secret Lives Of Dentists) **1/2
Sempre gosto de ver qualquer filme que tenha Hope Davis, neste é uma mistura ora boa ora irregular de humor negro com drama familiar, no caso entre um casal de dentistas. Da normalidade do começo o filme vai pirando junto com o protagonista até voltar à normalidade de antes.
O Exorcismo De Emily Rose (The Exorcism Of Emily Rose) ***1/2
Boa junção de terror com filme de tribunal. Laura Linney está linda e ótima. Todos os outros atores também, destacando a possuída. Por ser baseado em fatos reais o final é adequado ao invés de, caso fosse uma mera ficção, tentar de alguma forma provar para os descrentes (promotor, júri, público) que aquilo foi real. Não há como provar nada, a não ser pela fé.
Cinema, Aspirinas E Urubus ***
Bela estréia nacional juntando dois atores que desconhecia e fazendo um belo road movie brasileiro.
O Expresso Polar (The Polar Express) **
Longo demais para história tão simples o filme tem seus bons momentos nas cenas de ação na primeira parte. Toda a parte técnica é bem interessante, mas no final fica tudo meio frágil por percebermos que a narrativa é bem frouxa (daria um bom curta) e algumas idéias muito ruins (a importância do bilhete é quase ridícula). Não se explora bem nenhum dos personagens (o garoto pentelho, a garota, o garoto pobre, o condutor, o fantasma, e até o próprio protagonista) talvez por causa de, ironicamente, enfatizar a ação.
Visões (Jian Gui 2) **1/2
Diferente do primeiro nem chega a ser uma continuação. O lado religioso ainda é forte (antes um pouco mais espirita do que agora, budista). Boa interpretação de Qi Shu.
Assassinato Em Série (Asesino En Serio) ***
Policial bem humorado mexicano dirigido por Antonio Urrutia e com produção executiva de Guillermo Del Toro. Jesús Ochoa está bem como o policial que vai investigar crimes onde possivelmente o assassino mata as mulheres com um megaorgasmo. Santiago Segura tem o importante papel do padre. O filme não cai no escracho e nem é totalmente sério, fica se equilibrando. Há a ótima presença da gostosa Ivonne Montero. Making of de 30 minutos no dvd.
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quarta-feira, dezembro 07, 2005
Young Mr. Lincoln
SPECIAL EDITION DOUBLE-DISC SET FEATURES
• New, restored high-definition digital transfer • A 1992 BBC profile of John Ford, written and presented by filmmaker Lindsay Anderson • A 1975 episode of the BBC talk show Parkinson, featuring Henry Fonda • Archival audio interviews with Ford and Fonda, conducted by the filmmaker’s grandson Dan Ford • Academy Award Theater radio dramatization of Young Mr. Lincoln, downloadable as an MP3 file • Gallery of production documents • Optional English subtitles for the deaf and hard of hearing
PLUS: A 32-page booklet featuring critic Geoffrey O’Brien and Sergei Eisenstein’s homage to Ford
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Saindo ano que vem
Mal posso esperar pela versão nacional disso.
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terça-feira, dezembro 06, 2005
News
Foi ótimo o show do Pearl Jam em São Paulo, no sábado passado.
Finalmente achei Os Vagabundos Iluminados do Jack Kerouac da coleção pocket da L&PM. Queria que fosse esse o primeiro livro do Kerouac a ser lido (ao invés do clássico On The Road).
Mesmo sendo no português de Portugal (no texto não há problemas, só os títulos dos filmes às vezes que são diferentes) não tem como não achar excelente a edição da Taschen do John Ford, A Filmografia Completa. Encadernação muito boa, fotos excelentes e o texto é de Scott Eyman. Creio que as edições de outros cineastas estejam no mesmo nível. Coisa pra se guardar mesmo. Só avisando que os livros em português têm o A na capa, os que estão em espanhol só trazem Filmografia Completa na capa (é que muitas vezes os livros estão plastificados e não podem ser conferidos de imediato).
Até que achei bom o Guia De Dvd 2006 do Rubens Ewald Filho. Lembra os guias de vídeo da década de 80 que eu comprava e lia (e foram úteis). Mesmo hoje acho prático ter um guia assim à mão, pois ainda não se tem internet (melhor dizendo, eu não tenho) na palma da mão, podendo acessar em qualquer lugar, qualquer hora. As fichas técnicas acrescentam agora o formato de tela, os aúdios, legendas e duração, fora o tradicional (elenco, diretor, sinopse, cotação). Há ainda os comentários, bem maiores que as sinopses (ainda bem), destacando extras (quando existem). Caixas de seriados também estão no guia. Nos agradecimentos estão Otávio Moulin e Heráclito Maia. São mais de 1200 dvds no guia. O preço é bom (563 páginas, 20 reais).
Saindo o primeiro livro da Contracampo, Cinema Brasileiro 1995-2005 - Ensaios Sobre Uma Década. Organizado pelo amigo Daniel Caetano o livro conta com artigos e entrevistas inéditas. Ainda não adquiri, mas tive em mãos e está ótimo (capa, encadernação, folha, os artigos e entrevistas em si). Mais informações (e como adquirir) aqui. O lançamento do livro no Rio de Janeiro será no dia 07/12, quarta-feira, às 19hs, no Unibanco Arteplex, na Praia de Botafogo. Em São Paulo ocorrerá no dia 16/12, às 19hs, no CineSesc, na Rua Augusta.
Celeste & Estrela
Divertido filme de Betse De Paula falando dos bastidores do cinema nacional. Gira em torno da relação entre um cara que se apaixona por uma cineasta iniciante e com ela tenta fazer um filme. Todo o processo de capitação de recursos é criticado levemente, com bom humor. Tem algo nos filmes da Betse que gosto mesmo vendo as falhas evidentes: algo no ritmo meio irregular ou algumas cenas meio encenadas demais. E mesmo assim passa algo de espontâneo (!). Lembro da cena em O Casamento De Louise em que Dira Paes canta uma canção com as crianças, a cena é meio ridícula, a canção constrangedora (do Carlinhos Brown) e mesmo assim passa algo de bom no meio disso. Ainda não consigo decifrar esse lance, mas se repete aqui neste filme. Dira Paes novamente está muito bem passando aquela ingenuidade apaixonante e meio desligada de uma cineasta iniciante. As brincadeiras e críticas que rolam com relação ao cinema nacional talvez sejam mais apreciadas por quem conhece o meio do que o público comum. O filme feito em 2002 só agora chega aos cinemas paulistas e provavelmente sairá de cartaz rapidamente. Por isso melhor ver logo.
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quinta-feira, dezembro 01, 2005
Criaturas Das Profundezas (Aliens Of The Deep)
Após Titanic James Cameron mergulhou (literalmente) nos documentários realizando três sobre o fundo do mar, explorando os restos do Bismarck, do Titanic e das profundezas do oceano que é esse recém lançado por aqui em dvd. Foi uma jornada científica da Nasa abordando os seres que se encontram fora do alcance da luz solar, muitos desses seres nunca antes vistos. A idéia é conhecer melhor nosso próprio mundo e se preparar para explorações espaciais, pois várias das condições presentes são semelhantes. O destaque fica para a próxima exploração numa das luas de Saturno que supostamente embaixo de sua camada de gelo da superfície exista um oceano inexplorado. O documentário é narrado por várias pessoas da equipe, incluindo James Cameron. Em certo sentido ele é o diretor da equipe, auxiliado por seus dois irmãos mais dessa área do que ele. Isso fica claro quando vemos a primeira dificuldade da missão: a quebra de um dos equipamentos que soltaria as "naves" no mar o que cancelaria toda a missão. Cameron, como se num set de filmagem, arranja uma engenhosa solução. As imagens são fascinantes e muitas vezes até parecem falsas (há efeitos especiais em algumas cenas, mas são claramente postas como simulações). Há uma ligação direta com o filme O Segredo Do Abismo em vários aspectos, o que lá era insinuado e fantasiado é meio que concretizado aqui. O entusiasmo de certos pesquisadores é bem semelhante ao de uma criança, pois muitos deles apenas estudavam aquilo na teoria. É como se estivéssemos vendo astronautas em contato com o cosmo ao invés de "mergulhadores" no nosso próprio oceano. Há a preocupação de não ser "cientifiquês" demais para assim envolver o espectador, principalmente o juvenil, no aspecto legal da exploração científica. Não é um documentário para experts no assunto. A curiosidade exploratória de Cameron sempre foi visível em sua personalidade e filmes; é um dos raros que vivencia muito mais o que filma que outros profissionais do meio, sempre gostou de esportes radicais e velocidade, por exemplo, além do forte lado científico (não é qualquer um, ainda mais um cineasta, que é aceito numa missão inédita da Nasa). A partir desses documentários que dá pra perceber porque ele não faz filmes desde Titanic: suas explorações são muito mais interessantes e significativas.
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segunda-feira, novembro 28, 2005
O novo de Abel Ferrara
Trailer Cena 1 Cena 2 Cena 3
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quinta-feira, novembro 24, 2005
"You are so beautiful... to me"
Eu não me canso. Esse ensaio foi uma beleza.
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Tudo Acontece Em Elizabethtown (Elizabethtown)
Meu Deus, o filme bateu algum recorde de canções por película exibida? Deve ser a primeira vez que a quantidade de canções numa trilha me fez ficar irritado! São tantas que nem parece que há momentos de silêncio, tudo tem que ter um sonzinho embalando senão não se sustenta. Eis talvez a característica principal do filme e seu pior defeito: o excesso. Já começa pela história, um fracasso, mas um fracasso monumental que vem se juntar à notícia da morte do pai. E o encontro com a comissária de bordo mais excessiva dos últimos tempos (encontro esse forçado, irreal, só reforçando que estamos vendo um filme). E o telefone mais longo da história num celular? Claramente o filme não precisava juntar tanto tema assim num filme só, pois Crowe não dá conta. O lado mais forte é a relação do protagonista com a comissária, o mais chato é da família e os preparativos para o funeral. Ainda temos que lidar com o fracasso dele, a relação com o pai, como a mãe reage à morte, a relação da mãe com a família do falecido, história dos EUA, tentativas de humor, tentativas de emoção, e canções, muitas canções! Se concentrasse em um só tema poderia dar num filme mais humano e profundo e não a salada meio indigesta que virou. A procura de situações irreais deixa os personagens como meros personagens e não seres humanos, no meio de algo que se aproxima de um sentimento real entra uma piada despropositada, ou então um pássaro pega fogo no meio do salão enquanto vemos o virtusiosmo da banda que não pára de tocar mesmo sob a água que cai. É como se nos fizesse, enquanto público, pensar: "só em filme mesmo". E essa quebra da magia que prejudica tudo. O andamento também não é lá muito bem feito (o que é irônico vindo de alguém que aparentemente tem paixão por música - saber o andamento devia ser inerente à sua pessoa), quando já dava pra acabar o filme temos mais um bom trecho da viagem de carro o que em si (essa seqüência) não é ruim, mas quando posta naquele momento parece se arrastar ao invés de finalizar algo (como se Crowe tivesse colocado 10 faixas bônus ao final do cd que fez). No fim não há real reflexão diante da existência "fracassada" dele ou da superação da morte do pai (o que não acontece pois não há real perda) ou a verdadeira América que se tenta traçar, só fica o amor descoberto, o que não é lá uma grande descoberta. Less is more, Crowe. O único momento de real emoção pra mim, vejam só, foi quando vemos imagens de Martin Luther King. Jr. em Memphis ao som do U2. Aliás, esse trecho da viagem me fez pensar em outra coisa que até tem haver com o filme, mas é mal explorada: a história. Em como os EUA criam e preservam sua história. E se comparar com o que fazemos por aqui... No filme não é desenvolvido, mas é a história que dá um sentido à vida do protagonista, história de sua família, da comunidade, do estado e do país. Creio que se o filme colocasse o protagonista aceitando sua história e sua parte numa história maior haveria mais significância e coerência com a proposta. E faltou Bruce Springsteen! Tanta música e nada do melhor sobre o tema!
P.S. - sobre o final: eles não deviam ficar juntos! mais uma forçada! já não bastasse o mapa mais excessivo já feito hehehe mas o bom da relação deles é a amizade e não o amor, os deixando seguir caminhos próprios o filme seria mais real e corajoso, o que cada um podia dar ao outro já foi dado sem que precisassem ficar juntos (aliás um bom final seria logo após a despedida dos dois após a noite de amor).
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terça-feira, novembro 22, 2005
Last Days
Gus Van Sant parece fechar uma trilogia iniciada com Gerry: baseado em histórias reais os três filmes não se fixaram nesta realidade, apenas serviram de inspiração; então Elefante não é exatamente sobre Columbine assim como Last Days não é sobre Kurt Cobain, mesmo que tudo leve a crer que sim. É um recurso curioso que instiga o público por ter seu interesse despertado pelo tema conhecido e o frusta (em certa medida) por não oferecer o que se esperava. Quem for procurando Kurt e seus últimos dias no filme realmente vai se sentir enganado de certa maneira. Já os que apreciaram essa nova abordagem de Van Sant desde Gerry vão ter motivos de sobra para elogios. Situo o filme entre Gerry e Elefante, sendo Gerry o meu favorito. Apesar do seu radicalismo, Last Days tem uma trajetória relativamente simples e previsível, sim, são os últimos dias de alguém assim como era esperado em Elefante o massacre escolar, diferentes de Gerry onde o destino final era impresivível (já que a questão da perda em vários sentidos é abordada). Mistura-se o que já vimos anteriormente em um ou outro filme (ou em ambos às vezes): a câmera acompanhando por trás alguém caminhando, os longos planos, a narrativa semi-circular, o uso extremamente importante do som, o distanciamento do que se mostra, etcs. A abordagem do protagonista (Michael Pitt / Blake / Kurt) é onde o filme se destaca dos outros, fica claro que vemos ali um não-ser (Pitt está ótimo nesta caracterização corpórea do personagem), que vaga pela casa e pelo campo, grunhindo coisas e não temos nenhum grande insight do que realmente se passa com ele (o tal do distanciamento), nem através de suas ações (preparando comida, acariciando um gato, caindo pelos cantos) a não ser (e isso é muito importante) através da música. Nas duas cenas "musicais" o filme se abre e deixa com que entremos no sentimento daquele indivíduo. São as duas melhores cenas do filme, filmadas de longe e capazes de emocionar. No resto tudo parece ser vago, até nas poucas conversas que ouvimos aqui e ali, que são banais num sentido e significativas em outro (a do vendedor das páginas amarelas nos remete à indústria musical e a discussão sobre o sucesso). Pequena participação de Kim Gordon fazendo a rara pessoa que faz algum sentido no meio daquelas pessoas "perdidas". Asia Argento é quase uma figuração, achei que seria melhor explorada. Muitas das coisas que podem ser tiradas do filme, paradoxalmente, se baseiam em Kurt Cobain. Entendemos mais certas ações e certos temas aqui e ali que sem esse fantasma da pessoal real que foi Cobain não ficariam tão significativas assim (isso talvez se repita em Elefante ao trabalhar com o fato do público saber que se fala em Columbine). Seria isso mais um motivo para minha maior apreciação de Gerry que não necessita disso (e por isso é entre os três o menos conhecido)?
Parece que depois dessa trilogia Van Sant descarregou o que tinha que descarregar e está com um projeto mais "convencional" para breve, onde nem mesmo escreveu o roteiro.
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segunda-feira, novembro 21, 2005
Weeds
Ótima nova série, em 10 episódios, está sendo exibida pelo GNT. O maior destaque é mostrar de uma vez por todas o talento da maravilhosa Mary Louise Parker, excelente como a traficante local de maconha.
E ainda há uma canção de abertura perfeita pro seriado, Little Boxes por Malvina Reynolds, com uma letra hilária:
Little boxes on the hillside, little boxes made of ticky tacky Little boxes on the hillside, little boxes all the same There's a pink one and a green one and a blue one and a yellow one And they're all made out of ticky tacky and they all look just the same
And the people in the houses all went to the university Where they were put in boxes and they came out all the same And there's doctors and there's lawyers, and business executives And they're all made out of ticky tacky and they all look just the same
And they all play on the golf course and drink their martinis dry And they all have pretty children and the children go to school And the children go to summer camp and then to the university Where they are put in boxes and they come out all the same
And the boys go into business and marry and raise a family In boxes made of ticky tacky and they all look just the same There's a pink one and a green one and a blue one and a yellow one And they're all made out of ticky tacky and they all look just the same
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In The Reins - Iron & Wine And Calexico
Ótima união! Fantásticas canções, absolutamente lindas!
CD
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Crash na Oprah
Sexta boa parte do elenco de Crash foi ao programa da Oprah (GNT). Foi muito bom. Primeiro que Oprah ficou entusiasmada com o filme e ela tinha acabado de entrar no recesso de verão do programa então não tinha como falar pra todos sobre o filme na tv, ela queria sair com cartazes pela rua falando para as pessoas irem ver o filme. Segundo que conseguiu realizar o programa logo que voltou com as presenças de Don Cheadle, Matt Dillon, Sandra Bullock, Thandie Newton, Terrence Howard e Chris 'Ludacris' Bridges. Com alguns relatando seus casos pessoais parecidos com o que ocorre no filme. O mais emocionante foi Terrence dando o depoimento de dois momentos seus, um já com 29 com sua filhinha no avião e outro quando criança, com o pai numa loja pertod do Natal. Bem emocionado ele nos deu um relato forte, nos dois momentos houve prisão: ele no avião foi preso por um dia acusado de algo que não cometeu (ele cita que até hoje se alguém acessa o imdb por exemplo vai estar lá o caso para todos lerem e terem um julgamento errado dele) e o do pai que ficou preso por 5 anos por ter matado o homem que o agrediu na loja (por ser mais claro o pai dele ouviu do homem branco atrás dele um comentário racista direcionado à mãe de Terrence, mais escura, quando soube que ela era esposa dele o agarrou e começou a agredí-lo, no que o pai tentou se defender, mas o homem acabou morrendo). Em ambos os casos o racismo foi forte. Thandie até saiu dos sets quando filmou a cena em que é abusada pelo policial e ficou perturbada por dias. Disse também um caso em que recusou trabalhar numa grande produção quando na reunião duvidavam que a personagem poderia ter um diploma, e quando ela ressaltou que tem um de Cambridge ouviu um: "mas com você é diferente", isto é, ela era clarinha. Se arrepende de não ter continuado na produção para mudar a visão que tinham das coisas, recusou o filme por ter se sentido vítima. Casos da platéia similares também foram ouvidos e um especialista em estudos de raça também deu sua opinião. O uso de 'nigger' foi debatido, com divergências. Paul Haggis só apareceu no finalzinho falando do incidente que o levou a escrever o filme. O melhor foi que isso foi trazido e debatido por pessoas com muita intimidade com o assunto, especialmente Oprah e os atores afro-americanos (Matt Dillon por exemplo não falou de nada pessoal), e o quanto o filme ressoou neles. Foi um complemento muito legal ao filme ou então um incentivo para quem ainda não viu, pois apesar de tudo (aqui o filme foi massacrado) o filme é menos simplista do que acusam, não jogando só com extremos para balancear, mas deixando várias áreas cinzas no meio, sem explicação ou motivação que só ajudam na reflexão (penso nos personagens de Terrence Howard e Larenz Tate, por exemplo, ou do pouco utilizado Brendan Fraser).
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The Kills
Cd
Vi a apresentação de No Wow no Fashion Rocks e adorei! Não sabia que o duo era a falada banda The Kills. Ótima surpresa.
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domingo, novembro 20, 2005
Recentes
li nessas últimas semanas:
- Fernando Meirelles – Biografia Prematura: Maria Do Rosário Caetano.
- Guilherme De Almeida Prado – Um Cineasta Cinéfilo: Luiz Zanin Oricchio.
- Sangue Ruim: Joe Coleman.
- Bastidores – Um Outro Lado Do Cinema: Elaine Guerini.
esses da coleção Aplauso são de leitura rápida, assim como o do Joe Coleman, os 4 são bons pra se ler.
e também li dois ótimos quadrinhos premiados no Eisner:
- The Originals – Sangue Na Rua: Dave Gibbons.
- Ex Machina - Estado De Emergência: Brian K. Vaughan.
na parte de livros tô meio com uma fila imensa aqui pra ler, pois nos últimos meses foi acumulando:
* Quando Teresa Brigou Com Deus: Alejandro Jodorowsky. [Americanas, 9 reais]
* Minha Vida: Bill Clinton. [sim, eu quero ler, por quê? hehe e ainda bem que adquiri por 19 reais)
* Desvarios No Brooklyn: Paul Auster.
* Desejo De Status: Alain De Botton.
* Pilatos: Carlos Heitor Cony. [uma promo, deve ter sido uns 7 reais, esse eu lerei bem mais pra frente, só aproveitei o preço]
* Disparos Do Front Da Cultura Pop: Tony Parsons.
* Três Verões: Julia Glass. [Laura Linney é a culpada por eu ter comprado este; "Oh, "Three Junes!" Loved "Three Junes." Loved it, loved it, LOVED it."]
* Cinema Da Boca – Dicionário De Diretores: Alfredo Sternheim.
* Helvécio Ratton – O Cinema Além Das Montanhas: Pablo Villaça.
* Anselmo Duarte – O Homem Da Palma De Ouro: Luiz Carlos Merten.
* Orson Welles: André Bazin.
* O Prazer Dos Olhos – Escritos Sobre Cinema: François Truffaut.
* Nirvana Nunca Mais: Mark Lindquist. [Americanas]
* A Vida Sexual Dos Ídolos De Hollywood: Nigel Cawthorne. [Americanas]
* Mandrake – A Bíblia E A Bengala: Rubem Fonseca.
esse último uma grande gentileza do amigão Ailton que leu e mandou pra mim.
fora os livrinhos da Penguin em comemoração aos seus 70 anos; lançaram 70 livrinhos de vários autores do seu catálogo em forma de contos ou mesmo capítulos, os que peguei:
* Otherwise Pandemonium: Nick Hornby. [dois contos, um especialmente pra essa coleção]
* Happy Birthday, Jack Nicholson: Hunter S. Thompson. [contos extraídos de um livro]
* On Seeing And Noticing: Alain De Botton. [textos inéditos sobre variados assuntos]
* Design Faults In The Volvo 760 Turbo: Will Self. [contos extraídos de um livro]
comprei:
muito bom (calma, não vi ainda, comprei hoje)! 2 dvds, 208 minutos, tem a opção de ver as apresentações separadas do documentário, há apresentações extras (e apresentações de outros artistas também, como Joan Baez, interpretando canções dele) e legendas em inglês nas canções. O documentário está dividido nos 2 dvds.
e numa promo achei Jornada Nas Estrelas IV - A Volta Para Casa, dvd duplo com ótimos extras: o comentário em áudio é especial, Leonard Nimoy e William Shatner (como é da Paramount vem tudo legendado), há entrevistas, bastidores, tributos (Gene Roddenberry e Mark Lenard), discussão sobre viagem no tempo, as mulheres de Kirk, etcs e etcs; como tenho o do VI também acho que pra fechar devo adquirir o II pois é uma lenda que os Star Treks bons foram os pares (e é verdade, pelo menos com a turma original, o II, IV e VI são bem melhores que o I, III e V). Ainda quero alugar o duplo Star Trek Contact pois há um extra precioso que é um tributo ao Jerry Goldsmith de 20 minutos que dizem ser até emocionante.
P.S.:
1) o dvd No Direction Home ainda vem uma foto do Bob de brinde, é uma promo da Paramount onde os dvds com o selo estão vindo com fotos do artista do dvd em questão (sei que tem um dvd que vem foto da Audrey Hepburn);
2) neste domingo o Extra colocou todos os seus dvds com 30% de desconto; diante de várias tentações, às vezes apenas pelo preço (Se7en por 11 reais até daria vontade de adquirir) o que levei foi o Guerra Dos Mundos (duplo) que estava originalmente com preço alto (por causa do lançamento), mas com o desconto ficou bom e Rio Vermelho que saiu 12 reais.
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sábado, novembro 19, 2005
Legendagem Ruim
Infelizmente vi dois exemplos recentes. Não sei se são da mesma distribuidora mas os filmes Tentação (We Don’t Live Here Anymore) e Tempo De Paixão (Lover's Prayer) estão com legendas péssimas. Simplesmente algumas falas não são legendadas! Não sei o motivo, mas não aparecem ou quando um personagem acaba de falar ou quando começa em muitos momentos, então se lê metade de suas falas, não fazendo lá muito sentido. Quem entende o idioma (inglês) até que não se perde, mas o espectador que não tem o conhecimento vai ver o filme pela metade pois momentos importantes não são traduzidos. No Tentação ainda há o recurso de se colocar a legenda em inglês que não tem esse problema (aparentemente, pois vi só alguns trechos assim), no outro nem isso dá pra fazer (o último recurso seria ver dublado, se é que existe essa opção). Uma das piores legendagens recentes foi do filme Sexo Com Amor que misturava idiomas ou errava feio em certas partes, deixando o filme quase com jeito de traduzido por crianças ou retardados. Uma pena pois prejudicou um filme bem interessante. Já não faltava ter que aguentar as péssimas legendagens de seriados na tv à cabo ou a não legendagem dos extras nos dvds agora temos que aguentar filmes parcialmente legendados?!
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quinta-feira, novembro 17, 2005
Meu Nome É Ninguém (Il Mio Nome È Nessuno)
Excelente western que tem Sergio Leone por detrás (a direção não é creditada, mas a idéia sim), quem assina como diretor é Tonino Valerii. É um filme que vi cenas várias vezes quando moleque, toda metade inicial eu lembrava de muita coisa, o início na barbearia (a entrada do título, fantástica), a cena do chapéu, a disputa no bar, etcs. Aliás a parte no bar, quando Hill bate no adversário é antológica, devo ter visto dezenas de vezes na tv e até hoje é maravilhosa. Muito bom ver o filme no formato 2:35, além da qualidade da imagem. O que dizer da trilha do Morricone então? Memorável. O que me surpreendeu positivamente é toda metade final que não lembrava e consegue criar emoção e significado, mais do que um mero western com humor, com toda a coisa da trajetória do herói que Hill tenta mostrar à Henry Fonda (numa relação mais complexa do que se possa imaginar à primeira vista). Na cena na linha do trem, quando Fonda espera o "Wild Bunch" é de uma emoção histórica rara, mais do que o personagem parece que se trata de todo um tipo de cinema encarnado ali (lembrando Era Uma Vez No Oeste) que pode levar às lágrimas o legítimo cinéfilo. Fora o nome do bando inimigo, Sam Peckinpah também é citado na cena do cemitério, é um dos enterrados ali. São duas cutucadas de Leone já que Peckinpah não aceitou trabalhar com ele. E o final? Perfeito.
Também vistos:
O Pássaro Das Plumas De Cristal (L’Uccello Dalle Piume Di Cristallo) - ***1/2 Plano De Vôo (Flightplan) - **** Crash – Sem Limites (Crash) - ***
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quinta-feira, novembro 10, 2005
"You're beautiful, you're beautiful, it's true..."
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segunda-feira, novembro 07, 2005
Depois Da Mostra...
na viagem de volta
Seria bem legal caso tivesse um notebook para escrever e postar durante a Mostra. Com certeza sairia mais coisas do que esse resumão de agora, pois já não tenho saco para colocar aqui o que pensei depois de ver cada filme ou mesmo impressões gerais da Mostra enquanto ocorria.
Esse ano não me entusiasmei muito não, eram poucos os que eu realmente estava doido para ver e eu quase achei que não teria um que me arrebatasse como em outros anos (como Adeus Dragon Inn, Gerry, Antes Do Pôr Do Sol, Mal Dos Trópicos, etcs), mas surgiu o Brant e aí...
EXCELENTE
A Carruagem Fantasma (Körkarlen), de Victor Sjöström - experiência diferente, ver um filme mudo sem som algum mesmo (geralmente há uma música), estranho no início, mas o filme é tão bom que se esquece disso
Blood And Bones (Chi To Hone), de Yoichi Sai - adorei, Kitano numa performance maravilhosa; ninguém vai entender mas lembrei muito de meu avô e ele não batia na minha avó ou outras coisas que o protagonista fazia, mas me lembrou muito e de uma certa forma é uma lembrança muito boa para mim
Crime Delicado, de Beto Brant - um dos melhores dele, se não for o melhor, ainda muito o que se pensar dele
ÓTIMO
A Criança (L'Enfant), de Jean-Pierre Dardenne & Luc Dardenne - final lembra Bresson, mesmo gostando bastante preciso rever pois vi metade com sono
A Lula E A Baleia (The Squid And The Whale), de Noah Baumbach - ótimo filme sobre a família e/ou sobre os relacionamentos
Dig! (Idem), de Ondi Timoner - ótimo retrato de duas bandas, duas trajetórias e mais um gênio musical incompreendido
Dumplings (Gaudzi), de Fruit Chan - uh, que fome!
Espelho Mágico *, de Manoel De Oliveira - quanto mais velho, melhor?
Estrela Solitária (Don't Come Knocking), de Wim Wenders - devo ser um dos poucos que gostaram do anterior dele, por isso vejo neste uma melhoria que não esperava (os planos hopperianos continuam constantes)
Eu, Você E Todos Nós (Me And You And Everyone We Know), de Miranda July - eu até colocaria no excelente, mas soaria demais para filme tão simples, foi o filme mais divertido da Mostra, e eu não sabia que a Miranda era a atriz do filme, fazendo com que gostasse ainda mais do filme e dela; ótima chance pro John Hawkes ser o protagonista, gosto dele há tempos como coadjuvante; a cena do menino e a mulher no parque resume bem o espírito humano do filme, a cena fica terna e sentimental ao invés de ser apenas um motivo de riso e humilhação (a mulher seria vista como patética caso fosse outro filme) e isso se extende para várias outras cenas do filme; legal o entusiasmo de várias pessoas após a sessão achando esse o melhor que viram; quero ver mais coisas da Miranda, seja dirigindo, atuando ou escrevendo.
Factotum (Idem), de Bent Hamer - Matt Dillon supreendentemente bem como Chinaski, fez um Bukowski bem semelhante
Ingmar Bergman Completo: Bergman E O Cinema, Bergman E O Teatro, Bergman E A Ilha De Faro (Bergman Och Filmen, Bergman Och Teatern, Bergman Och Farö) *, de Marie Nyreröd - imperdível pra fãs de Bergman
Manderlay (Idem), de Lars Von Trier - difícil classificar esse, é envolvente e muito bem realizado (uma afinação do que se testou em Dogville), mas por outro lado é odiável a manipulação grosseira que ele faz dos personagens e da trama, pior que isso é o público adorar e sair revigorado pela crítica ao outro, nunca a si mesmo ("ah sim, os americanos que são odiáveis..."), reforçasse idéias preconceituosas achando que se combate outras; Bryce ao menos está excelente
Marcas Da Violência (A History Of Violence), de David Cronenberg - bem violento, quem diria que Cronenberg e Viggo fariam um filme do Justiceiro sem saberem?
Nine Lives (Idem) *, de Rodrigo Garcia - similar ao anterior dele de 10 histórias só que desta vez são 9 planos seqüências sem cortes e com muito movimento; como são quase episódicos há uma irregularidade entre os nove, mas há grandes atuações em boa parte, só não sei porque se tentou um cruzamento de personagens já que isso não vai ser explorado plenamente
O Inferno (L'Enfer) *, de Danis Tanovic - segundo ótimo capítulo da trilogia que o Kieslowski iria fazer; Emmanuelle Béart está muito bem
O Mundo (Shijie), de Jia Zhang-Ke - o exótico do ano, mesmo que seja bem normal (tirando as vinhetas animadas)
Reis E Rainha (Rois Et Reine), de Arnaud Desplechin - adorável, o estranho é a duração longa demais para um filme assim, mas nada que atrapalhe muito
BOM
A Dignidade Dos Ninguéns (La Dignidad De Los Nadies), de Fernando E. Solanas - documentário bom da situação argentina com um ou dois enfocados que não são lá muito interessantes
Carreiras *, de Domingos Oliveira - as falas falsas ao telefone atrapalham (falas explicativas e irreais numa conversa telefônica verdadeira, sem nem tempo certo para ouvir e responder), mas no todo há o charme dos filmes do Domingos que permanece
Cosmópolis / Pizza *, de Camilo Tavares, Otávio Cury, Cói Belluzzo / Ugo Giorgetti - inesperadamente achei o Cosmópolis melhor do que Pizza, e só vi o primeiro por causa do segundo
Flores Partidas (Broken Flowers), de Jim Jarmusch - parece faltar algo para ser ótimo (penalizo inconscientemente Bill Murray por não ter comido a Lolita? não sei hehehe)
Heróis Imaginários (Imaginary Heroes), de Dan Harris - lembra Tempestade De Gelo (inclusive porque tem Sigourney Weaver nos dois), tem um leve clima deprê
Humilhação (Bashing), de Masahiro Kobayashi - pra mim soou palpável esse ataque nipônico à certas pessoas, tão comum, mas para públicos ocidentais a coisa é exagerada e despropositada
Marionetes (Strings), de Anders Ronnow Klarlund - todo feito com marionetes (como Team America) com visual e som caprichados e um roteiro básico, bem melhor que a experiência americana
Violação De Domicílio (Private), de Saverio Costanzo - uma situação peculiar retratada de forma tensa e competente, um bom filme
REGULAR
A Máquina, de João Falcão - flui bem, mas no final tudo parece ser um especial "experimental" da Globo
A Terra Vista Do Céu (La Terre Vue Du Ciel), de Renaud Delourme - decepção quando vi que não eram imagens em movimento, mas as fotos sendo filmadas, fora isso as fotos são boas, o uso do som também e a narração meio artística é inusitada (até Pequeno Príncipe entra no meio)
Batalla En El Cielo (Idem), de Carlos Reygadas - tem coisas boas e interessantes, mas no todo soa vazio
Cachimba (Idem) *, de Silvio Caiozzi - filme bem humorado que se ousasse mais sexualmente (uma pornochanchada talvez) ficaria bem melhor
Elio Petri: Notas Sobre Um Autor (Elio Petri- Appunti Su Un Autore), de Federico Bacci, Stefano Leone, Nicola Guarneri - ver um documentário de um cineasta cuja obra você ainda não conferiu é engraçado
Em Memória De Meu Pai (In Memory Of My Father), de Christopher Jaymes - outro com coisas aqui e ali legais, mas eu esperava um filme completamente outro e isso foi uma decepção inicial
Os Atores Do Teatro Queimado (Les Artistes Du Théâtre Brûlé), de Rithy Panh - não vi o tanto que as pessoas elogiaram, até achei meio chato pois a metragem é curta só que parece longa, mas tem coisas boas no meio
Todas As Crianças Invisíveis (All The Invisible Children), de vários - não vi o do John Woo, a da Katia tirando a câmera e montagem frenéticas é bom
Zerofilia (Zerophilia), de Martin Curland - sessão da tarde
FRACO
Palindromes (Palindromes), de Todd Solondz - fraquíssimo, se não serve pra algo ao menos ajuda a enterrar qualquer esperança pela carreira de Solondz
* - filmes com presença do diretor ou produtor na sessão
Exibidos na Mostra, mas vistos fora dela, em sessões pagas:
Cidade Baixa, de Sergio Machado - muito bom, com um daqueles finais que adoro que consiste em terminar exatamente onde eu espere que acabe, e não exatamente em finais tradicionais, quando isso acontece (várias vezes até acertando o momento exato do corte) eu adoro; ah, Alice Braga é maravilhosa!
O Fim E O Princípio, de Eduardo Coutinho - mais um bom filme do Coutinho com algumas pessoas bem interessantes
ATUALIZAÇÃO
Com ingressos, mas não vistos: Free Zone (vi só meia hora, sai para comer e ir ao banheiro pois as sessões eram uma atrás da outra e essa era a quarta do dia, de cinco), Mistérios Da Carne (não fui pois quis prestigiar a apresentação de minha tia tocando na Orquestra Filarmônica Santo Amaro), Cafundó (na repescagem, não deu pra ir) e Uma Vida Iluminada (repescagem, tinha que ir embora, não dava tempo).
P.S.
Leiam a crítica do Eduardo Valente para o filme Eu, Você E Todos Nós que entusiasma e é muito do que achei do filme (inclusive destacamos a mesma cena do parque, não copiei, só li agora hehe). Uma confissão: não sabia que a Miranda July (diretora e roteirista) era a atriz do filme também (só soube pelos créditos finais) e depois da sessão, mesmo sabendo que ela não tem nada de bela esteticamente (ela tem olhos bonitos ao menos) me pareceu the perfect girlfriend no momento: criativa, sensível, diretora, roteirista, atriz, etcs.
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segunda-feira, outubro 31, 2005
Só Pra Atualizar
Imperdível a Rolling Stone com Bono na capa! Longa entrevista e Bono falando de cada álbum da banda. Preço acessível nas bancas.
Na Mostra BR... o do Wenders é bom (só eu gostei do anterior dele, Terra Da Fartura), o do Cronenberg e do Tanovic são ótimos, Dig é muito legal, Dumplings também, O Mundo é ótimo, Manderlay, bom, Von Trier é um fdp mesmo, mas o filme é bom, um aperfeiçoamento de Dogville, Bryce é excelente, mas depois eu falo porque tenho muitas reservas ao filme (só digo pra quem viu o filme que se ele botasse nos créditos assim: Directed by: Lars Von Trier (7) eu iria gostar mais da sinceridade). Bergman Completo é muito bom, o do Jarmusch é interessante, A Criança é ótimo (o final me pareceu bem Bresson), Espelho Mágico é ótimo também, A Lula E A Baleia é uma delícia, Heróis Imaginários é interessante e deprê, A Dignidade Dos Ninguéns é bom, Violação De Domicílio também, Cachimba é divertido (podia ser mais sexualmente ousado, um pouco mais pornochanchada), Marionetes é curioso, A Terra Vista Do Céu é fraco, Factotum tem um Matt Dillon muito bom como Chinaski (quase perfeito!), etcs.
Queria ver filmes do circuito... não tá dando...
Pearl Jam, ingresso comprado!
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sexta-feira, outubro 21, 2005
Born To Run - 30th Anniversary 3 Disc Set
Que maravilha!
BORN TO RUN CD First time in newly-remastered digital sound. Includes 48 page booklet of rare and unpublished photos.
CONCERT DVD Never-before-seen 1975 concert from Hammersmith Odeon, London featuring over 2 hours of music.
DOCUMENTARY DVD Definitive story of "Wings For Wheels: The Making of Born to Run" with new interviews & rare archival footage.
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29ª Mostra BR De Cinema
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quinta-feira, outubro 20, 2005
Winona / Zhang
Recentemente tava num ônibus e passou um filme da Winona Ryder que já tinha visto, mas isso me fez encarar um fato que tentava fingir não existir: minha fascinação pela Zhang Ziyi vem pela semelhança com a Winona Ryder, uma musa pra mim desde adolescente? Não tem como não achá-las parecidas em alguns aspectos, não sei exatamente onde (fora a pele alva), tem a mesma estrutura facial, são pequenas (boquinhas, orelhinhas, narizinhos...), transmitem muito pelo olhar, não se destacam pelo corpo, têm lábios que pedem um beijo, têm belos sorrisos, o mesmo jeito de se portar e são ótimas atrizes. Winona sempre foi uma paixão, até ficar menos intensa devido ao seu afastamento dos filmes e seus problemas pessoais, mas não tem como ainda não achá-la fascinante. Zhang é caso recente (não tão recente assim, mas em comparação). As duas nas telas têm um poder irresistível para mim. No caso da Winona eu ainda me perco ao ouvir sua voz, uma das mais belas do cinema (eu adoraria que ela fizesse um áudio book só para ouví-la), já a Zhang não tem lá uma voz bonita, mas tem uma desenvoltura física que nunca vi na Winona. Numa fantasia minha elas poderiam fazer assassinas lutadoras / espiães para usar tanto o lado corporal quanto o charme. Uma com 26 a outra com 34 anos, não dá pra dizer que a Zhang é nova Winona, aliás essa comparação pode ser coisa só da minha cabeça mesmo...
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quarta-feira, outubro 19, 2005
Resumada
Uma geral no que vi:
Casa Vazia (Bin Jip)
Pra quem odiou o anterior (Primavera, Verão...) até que esse é bem melhor, mas continua com algumas coisas irritantes, meio didáticas, principalmente quando no final surge uma frase pra reforçar o óbvio e soa como o budismo light que apresentou antes. A partir da prisão o filme muda um pouco de tom, se tornando mais fantástico. No geral gostei.
2046 (Idem)
Excelente continuação de Amor À Flor Da Pele, só fiquei desapontado com a minúscula participação de Maggie Cheung, mas ter Zhang Ziyi e Faye Wong compensa, e muito! Toda a mistura de tempos e o lado futurista é mais fluente do que se esperaria da forma caótica que Kar Wai trabalha, revelando mais uma vez seu talento onde tudo parece planejado e sabemos que não é em grande parte. O personagem de Tony Leung se aprofunda mais mesmo que o tom (ou o sentido, ou o rumo) do personagem fique bem parecido ao anterior, como se numa espécie de eterno retorno ou uma danação. Tão bom rever Faye e Zhang, bom, como não dizer? Maravilhosa!
Eros (Idem)
Kar Wai faz o melhor episódio, seguindo um pouco a contenção e a repressão dos desejos. Gong Li está muito bem. O do Antonioni tem momentos interessantes, mas parece se perder no meio, vale mais como ele coloca os atores em quadro e no cenário ou como percebe um local, além da nudez das duas atrizes. Soderbergh faz o mais irônico e menos ligado ao tema que liga os curtas. Meio bobo e metaliguistico pois está num tom sério (quando está no entertainment fica muito melhor).
Senhor Vingança (Boksuneun Naui Geot) Lady Vingança (Chinjeolhan Geumjassi)
Apesar de serem bons filmes não deixa de ser decepcionante constatar que o cinema que Chan-Wook Park realiza é de certa forma desprezível. A mistura da violência com o humor parece querer tirar qualquer humanização dos seus personagens, virando marionetes da trama e fazendo do público marionete para seus jogos de sadismo. Em Senhor nenhum dos dois protagonistas é bem desenvolvido e isso faz com que se perca qualquer interesse no que aconteça com um ou outro. Quando o pai tortura a garota com choques a atenção vai mais no humor dele comer no quarto do que qualquer coisa que tenha acontecido com ela ou ele (em Lady vai ter algo parecido, só que ampliado). Há quem goste (Tarantino tem seus fãs - a cena da orelha sendo decepada criou seguidores). Toda a parte final de Senhor não soa nem trágica nem cômica ou mesmo tragicômica, mas sim uma piada de mau gosto. Há um trabalho muito interessante de som em Senhor, lembrando Lynch (mais adiante Lynch reaparece, mas na sua forma caricatural, jogando contra o que era positivo antes). Em Lady há uma melhora no que o filme tem a dizer, de certa forma a protagonista segue numa busca em parte similar ao de Laura Palmer. O trabalho com os tempos é muito mais bem desenvolvido e o humor em boa parte está nos lugares certos. Tanto o drama dela, das crianças e do professor são levados mais à sério. Até que chegamos na vingança e aí começa o show de humor negro (ou comédia hilária pela reação do público) que eu realmente não acho graça. O recurso vem da Agatha Christie (Expresso Oriente) só que com humor. Aí o filme lembra Dogville e há uma dose possível de ambiguidade que pode salvar o filme (como eu também acho ambíguo o final de Dogville, mesmo que a maioria perceba e aprecie pelo lado mais óbvio). A cena final seria redentora ou falsamente redentora? A se pensar. Nesta trilogia Old Boy se destaca pela história bem mais relevante, onde o trágico não é banalizado, mas sentido e mostrado.
Doutores Da Alegria
Não tem como criticar o documentário de cara, o projeto social é excelente e mostrar isso nas telas já seria o bastante. Só que pode-se depois de se emocionar, rir e chorar perceber que há uns excessos e umas posições questionáveis. Tentar o convencimento teórico e intelectual do palhaço para o público no começo pode soar como uma contextualização, mas depois fica parecendo que a justificação é maior do que o necessário, perdesse tempo com isso quando o ponto principal do documentário é a ação dos palhaços com as crianças, é isso que fez do projeto importante, é isso a relevância da coisa e não a construção filosófica do ser palhaço. Ao invés de dar mais dados ou depoimentos do impacto da recuperação nos pacientes há um discurso da função subversiva do palhaço, do artista na sociedade, etcs. É como se a imagem que os realizadores têm do que o público imagina do palhaço é tão ruim que foi necessária uma base teórica e histórica para mostrar a sua importância (às vezes muitas minorias caem nesse erro, se auto justificando sempre). Os depoimentos são tão melhores quando os palhaços falam de situações pessoais (como a do pai do criador do projeto ou seu primeiro dia como palhaço no hospital) do que quando vêm com discursos sobre o ser palhaço. Algumas cenas armadas para as câmeras também são desnecessárias. Ficou faltando mais isso, justamente o que o projeto tem de melhor, o pessoal, o lado humano, quem são os palhaços, o que os tocou, o que os modificou como seres humanos e até artistas (sem discursos). Mesmo assim o registro das atividades (de longa data) é ótimo.
Anjo De Vidro (Noel)
Um clássico filme de natal, com todos os bons sentimentos e histórias de vida. Daqueles que no futuro poderão ser exibidos pelas tvs na semana natalina. E isso não é algo negativo, o filme cumpre bem essa meta (o modelo é A Felicidade Não Se Compra). Os personagens são interessantes, o do Alan Arkin é esquisito inicialmente e a da Susan Sarandon (no ponto certo) é triste, mas esses e mais o casal Penelope Cruz (particularmente bonita aqui) e Paul Walker (boa atuação dele) vão se cruzar na narrativa. Há uma participação especial não creditada que proporcionará o momento de maior emoção do filme (se é óbvio ou não eu não tinha me tocado e fiquei emocionado).
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sexta-feira, outubro 14, 2005
Sam Peckinpah’s The Legendary Westerns Collection
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segunda-feira, outubro 10, 2005
O Demônio E Daniel Johnston (The Devil And Daniel Johnston)
Excelente documentário do fascinante cantor, compositor, desenhista e gênio Daniel Johnston. O diretor Jeff Feuerzeig conseguiu retratar esse lendário, mas pouco conhecido (ainda), artista de forma muito criativa, honesta e cativante. Ajuda o fato de haver a disponibilidade de muita coisa em aúdio e vídeo que o próprio Daniel gravou desde cedo. Só assim podemos ouvir as reclamações da mãe ou vermos o grande amor da vida dele. Fora todo o lado da pesquisa (outras fontes de vídeo, fotos, etcs) Jeff em alguns momentos reencena episódios contados dando maior impacto sem deixar a coisa falsa (a história da velhinha é mostrada com uma câmera subjetiva, por exemplo, dando muito mais força no relato). Juntando tudo isso numa montagem dinâmica e ótimo uso do som fazem do filme mais do que um mero retrato de um artista, mas sim em uma obra em si, cheia de méritos até quase que independente do personagem principal. Mas como estamos falando de Johnston fica difícil separar uma coisa da outra e admitir que essa personalidade distinta e original não dá uma força tremenda ao filme. Acompanhamos toda infância e adolescência relativamente normais até o primeiro surto de loucura. A partir daí adentramos um mundo muito particular que mistura depressão, arte e religião (o título do filme não é à toa). O legal é que o documentário estabelece toda força do artista Johnston bem antes de tentar se validar por opiniões mais famosas (como Kurt Cobain), fica claro nos depoimentos de aparentes desconhecidos que o brilhantismo de Johnston é evidente muito antes de qualquer mídia reconhecê-lo. Mesmo que depois citem Brian Wilson, Matt Groening apareça e tal não é neles que o filme tenta sustentar sua opinião, mas sim no que o próprio Daniel faz e mostra (seja canções ou desenhos). E olha que essa era uma via mais fácil devido à quantidade de artistas reconhecidos que admiram Johnston. Ficamos envolvidos em tudo que diz respeito à ele, sua arte apresentada da forma mais crua e honesta possível (que muita gente pode primeiramente rejeitar) diante de uma condição psicológica e existencial dificílima. Sentimos tanto o seu drama quanto o drama dos seus queridos pais, além de amigos e seu produtor one-of-a-kind. E uma coisa não é separada da outra, quanto mais sabemos de sua vida mais suas letras se mostram brutalmente sinceras e mais sentimos emoção diante disso, afastando o sentimento de ridículo que possa surgir inicialmente. A arte na mais pura forma. Há tantos fatos incríveis que somente vendo o filme para apreciar (ele trabalhando no McDonald's, sua escapada em Nova York, o pouso forçado do avião, suas internações, seus primeiros shows, etcs e etcs). Há momentos tocantes, mas há muito humor também, não se mostra ou se explora Johnston como um coitado, mas um ser complexo, com muitas dificuldades ainda - o que tira aquele clichê de "e no final tudo acabou bem" desses tipos de filme. Particularmente me emocionei quando começou a tocar uma canção que eu nem lembrava mais que era dele e que conhecia há anos através de uma gravação do Wilco. No filme ouvimos a versão original, mas não teve como não lembrar da do Wilco que é linda e misturar o que já sentia com a canção com o que via diante de mim, com toda história do Johnston por trás, aí não tinha como não chorar. Enfim, um documentário imperdível!
Aproveitando fica o agradecimento ao André ZP que é super fã de Daniel Johnston (que deve ter bem mais coisas para contar) e que me avisou sobre e recomendou o documentário.
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domingo, outubro 09, 2005
Amor Para Sempre (Enduring Love)
Não sei até que ponto posso elogiar o texto se nem li o livro em que se baseia o filme, mas fica a nítida impressão que muitas das qualidades do filme já estavam no texto do aclamado Ian McEwan (autor que infelizmente nunca li nada, ainda). Transformar uma simples cena do cotidiano e da vida em algo maior (no filme a cena inicial é maravilhosa) e sustentar isso me parece vir muito mais da literatura do que da mente de roteiristas (exceções dos cineastas/autores), o que aliás é o natural: se um roteirista fosse tão bom assim seria escritor e não roteirista. Mas estou diminuindo o ótimo trabalho da direção de Roger Michell e um elenco bem afiado, com a nova sensação do momento, Daniel Craig, uma perfeita caracterização de Rhys Ifans e Samantha Morton, talvez até menos aproveitada quanto se poderia, mas não subutilizada. O filme pode tão facilmente ser reduzido e encarado como algo pertencendo à um gênero que pode-se deixar de notar todas as sutilezas que propõe (uma característica que acho ser do texto, caso fosse um roteiro original ficaria apenas na superfície). Detalhar as sutilezas estragará o prazer de quem não viu o filme ainda, mas para quem viu vale apenas dizer que o homoerotismo é latente e ambíguo e a crise interna do protagonista se relaciona com isso e os confrontos diante de Deus e do amor. Ver Rhys como um maluco, um vilão apenas, é perder tudo o de melhor que o filme tem a oferecer. Só que o lado obsessivo também é trabalhado e discutido, não podendo ser descartado. Eis que podemos ter quatro ou mais visões do que seja o filme, revelando ser bem mais do que pode ser encarado como.
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segunda-feira, outubro 03, 2005
Só Cotação
e mínimas notas...
Núpcias De Escândalo (The Philadelphia Story) ***1/2
bela comédia, mas senti que faltou algo pra ser ótimo
Suspeito Zero (Suspect Zero) **1/2
tem lá interesse, mas a estória...
O Intrépido General Custer (They Died With Their Boots On) ***1/2
distorce muito o real Custer, aqui ele é visto pelo lado heróico, mesmo assim...
Operação Babá (The Pacifier) **1/2
Um Tira No Jardim De Infância do Vin Diesel (a garotinha do filme é ótima)
Sahara (Idem) **
sub Indy, sub Múmia e meio longo para uma simples aventura...
Mondovino (Idem) **1/2
para interessados em vinho, o que irrita é a forma que foi registrado e montado
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domingo, outubro 02, 2005
Domino
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sábado, outubro 01, 2005
Loucos De Amor (Mozart And The Whale)
O roteiro de Ron Bass (Rain Man) era para ser dirigido por Steven Spielberg, mas acabou nas mãos de Petter Næss, cujos filmes não vi (é sua primeira produção americana). De imediato há o estranhamento ao ver os comportamentos dos personagens no grupo que Josh Hartnett participa, são malucos? Quão funcionais eles são? O filme não tenta explicar muito isso, são um certo tipo de autistas, diferentes do que geralmente associamos (Josh tem um emprego regular, por exemplo). O que conta é o relacionamento que vai se estabelecer entre Josh Hartnett e Radha Mitchell que sofrem do mesmo problema. O relacionamento vai ser um pouco mais complicado por causa disso, mas eles vão passar pelas mesmas coisas que todo casal passa. Radha está maravilhosa, louquinha, apaixonante, o filme já vale só por causa dela; Josh está bem, fazendo com que aos poucos ele vá apagando a imagem ruim que tinha dele. São ótimos os momentos dele interagindo com ela sem olhá-la diretamente. Dá pra sentir que a modéstia do filme impede que alcance algo maior, mas não deixa de ser uma qualidade, não sei o que seria caso fosse a versão do Spielberg (que também era para ter dirigido Rain Man, isto é, é de longa data o interesse dele pelo tema). Næss consegue transmitir bem os momentos mais estressantes que passam os protagonistas. O filme ainda não foi lançado nos EUA (parece que estréia este mês), mas já se encontra em dvd por aqui.
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terça-feira, setembro 27, 2005
Penetras Bons De Bico (Wedding Crashers)
Divertidíssima comédia. Acho que um dos destaques é a direção de David Dobkin, responsável por um dos melhores filmes do Jackie Chan nos EUA. Ele consegue fluir bem por entre o humor mais escrachado e o sentimentalismo mais piegas. Sua parceria com Owen Wilson deve ter sido muito útil e sua direção de atores torna até o então sem graça e chato Vince Vaughn em alguém apreciável. Outras atrações do elenco: Rachel McAdams conquista a platéia com sua graciosidade; Isla Fisher por outro lado nos diverte com seu histerismo; Keir O'Donnell com sua bizarrice proporciona a cena hilariante no quarto com Vince; o uso dos conhecidos atores de seriados Bradley Cooper (Alias) e David Conrad (Miss Match) fazendo personalidades opostas do que eram conhecidos ficou bem encaixado e convincente (Bradley, o típico melhor amigo pra se contar se tornar um playboy fdp é uma mudança brusca e bem vinda); Jane Seymour também vem de seriado, mas sua carreira no cinema também é conhecida, se mostra (como eu sempre achei) uma deliciosa milf, eu fui até levado ao cinema em parte por saber que ela exerceria seu lado sedutor (eu até gostaria de mais), coisa que pouco vi ela fazendo antes. Só Christopher Walken que apesar de boas cenas fica meio subutilizado. Da trama em si nenhuma novidade, é típico de dezenas de comédias românticas com duplas, um mais sério outro mais porra louca que podem mudar no decorrer do filme e tal, incluindo a revelação de alguma farsa que afasta o casal principal vinte minutos antes do final. Ainda bem que ao menos não há uma corridinha final para um casamento ou um aeroporto. E tenta-se consertar isso no final rebelde, onde elas se convertem ao lado adolescente deles. Ah, não esquecer da participação do Will Ferrell que é até engraçada (confirmando a panelinha atual dessa equipe), já que sempre achei ele no cinema bem sem graça em comparação ao que fez no Saturday Night Live (e mesmo lá não era sempre que acertava, ele tende à exagerar no humor do personagem, esticando as coisas, irritando, falta ele ser mais comedido).
Vingança Cega (Mannaja)
Um western spaghetti já em seus anos finais mas que mesmo assim tem várias coisas interessantes. A história do protagonista de vingança (e sabemos os motivos por flashbacks ocasionais geralmente que surgem de repente) é manjada, assim como a canção tema que volta e meia toca (eis uma coisa ruim do filme, a canção é péssima, culpa do cantor, fica parecendo Rammstein tentando fazer country) e uma barreira que será posta diante do mocinho para o final (no caso, ele ficar cego). As qualidades estão na condução da história e nos pequenos detalhes. O dvd está em wide.
A Ilha (The Island)
Até que não é ruim esse filme do Michael Bay (e posso dizer isso apenas de Bad Boys 1) quando está querendo contar a história, pois quando vai pra ação continua péssimo, insistindo em tomadas curtas e tremidas (ele quer deslocar as retinas dos espectadores?), confusas e mal posicionadas. A própria ação é até boa se filmada de outra forma (quando pegam a moto futurista, por exemplo), mas do jeito que ficou... Ele insiste em ter cenas iguais como a da auto estrada com o lançamento de coisas do caminhão (em Bad Boys 2 foram cadáveres e se não me engano carros de um transportador). Um dos aspectos que mais gostei foi da história fingir ser de alta ficção, muito futurista e se mostrar mais real a partir de certo momento. Todo aquele ambiente inicial, caso fosse a realidade total eu pouco me interessaria, aquela coisa de saber regras de um outro universo e tal me cansa e distancia, mas quando vemos que aquilo é uma ilusão de uma realidade mais próxima nossa a estória fica bem instigante, tocando no tema da clonagem para fins de armazenamento de orgãos e dos sentimentos dos clones, nada novo, mas curioso. Scarlett Johansson, nem preciso dizer, está linda e está engraçada como uma inocente, quase criança (uma fala que li por aí ser péssima eu achei boa, ela soltar um "bom trabalho" após uma cena, algo que soa deslocado e inocente, bem acertada). Djimon Hounsou e Steve Buscemi estão bem e é boa a virada de Djimon que era quase que o vilão do filme.
Coach Carter - Treino Para A Vida (Coach Carter)
Típico filme de professor que vai pegar classe rebelde e transformá-la baseada em fatos reais. Então como o filme mesmo assim é ótimo? A direção, o elenco e o roteiro ajudam a escapar da mesmice. Quem acompanha filmes atuais de esportes baseado em eventos reais vem notando uma característica que se repete aqui e não digo para não estragar o final, mas é notável que agora se escolham trajetórias diferentes das escolhidas em outras épocas, com outras qualidades e objetivos. Há vários momentos de emoção que o filme trabalha bem, com Samuel L. Jackson atuando muito bem e garotos relativamente desconhecidos que convencem. A filmagem das cenas de basquete são ótimas, empolgantes. Também a estrutura é diferente, de repente vemos um final no meio do filme (quando conquistam um título) e notamos que falta bastante pra acabar, o que vai acontecer? E no final outra surpresa, bem mais real. No dvd temos de extra o verdadeiro Carter falando de sua trajetória e alguns dos alunos também. Engraçado que ele se mostra até mais simpático que retratado no filme, mas é que não o vimos treinando hehehe Um cara inspirador.
Fábio Fabuloso
Um documentário bem divertido e bem feito sobre um dos grandes surfistas brasileiros. Mistura técnicas mais reconhecidas pelo pessoal global como Jorge Furtado e Guel Arraes (e também José Roberto Torero) de um narrador que vai explicando de forma bem humorada através de montagem rápida certos trechos biográficos ou não da narrativa. Ressaltasse a origem do surfista (da Paraíba), inclusive com narrador de carregado sotaque e desenhos típicos. O personagem não poderia ser mais carismático, Fábio se destaca dos outros surfistas tanto pela técnica como pelo jeito de ser, fugindo do tradicional modelo de como um surfista é, se veste ou age. Fora isso sempre tem as ótimas cenas de surfe, que são hipnotizantes mesmo quem não pratique (pois acho raro alguém que não ache legal só de ver).
Sangue Por Glória (What Price Glory?)
Filme do John Ford que é de guerra, mas com muito humor. A segunda parte é claramente mais séria, quando vamos para o campo de batalha mesmo. Dá pra notar que originalmente era pra ser um musical (boa parte das canções estão na primeira parte). Há um gritante diferença entre James Cagney e Dan Dailey, Dan não consegue acertar o tom do personagem. Até a Charmaine de Corinne Calvet não é bem construída ou melhor dizendo, interpretada. A primeira versão dessa peça é de 1926, com direção do Raoul Walsh. O humor salva o filme de ser um Ford fraco. Ah e o final, muito bom (mesmo que patriótico e militarista).
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sexta-feira, setembro 23, 2005
Bendito Fruto
Eis um filme difícil de explicar e definir e o engraçado é que é bem simples. O filme é ótimo, mas tem características que não sei quais são ao certo, não que não saiba, mas como houve essa mistura ou feitura para acabar do jeito que está na tela. Pra começar, o filme é de uma ternura incrível, as situações, os personagens, sentimos carinho por tudo apresentado, como se conseguiu isso? Atores? Direção? Roteiro? Como consegue tamanha naturalidade se é feito por atores tão conhecidos? E ainda mais que a paisagem, os cenários e tudo mais são familiares, mas não "realistas" e nem por isso soam falsos! Pra mim ainda é um enigma tudo isso, se descobrisse mais como o filme conseguiu ser assim melhor aprenderia tamanha qualidade. Engraçado pra caramba, o filme tem um elenco fantástico, até o Eduardo Moscovis, que não gosto muito, está muito bem como o galã gay (e sua caracterização está tão boa que só de vê-lo de primeira dá pra perceber que é gay, mesmo evitando a afetação). E disse que além do humor o filme consegue ser emocional, verdadeiro e até ter um lado bem social? Mais complexo do que aparenta o filme é uma delícia.
Duas Vezes Com Helena
Curto filme de Mauro Farias que consegue ótimos resultados adaptando um conto do grande Paulo Emílio Salles Gomes. O uso do back projection é até estranho de início, mas se revela muito bem colocado, quebrando um naturalismo. O trio de atores está muito bem, destacando Christine Fernandes que está maravilhosa na cena do jantar que vai ser a mais importante de todo o filme. E é dela que parte o mote de algo que ao se ter a reviravolta final o espectador se sinta quase que na pele do protagonista (caso seja um homem assistindo), o que torna tudo melhor ainda nas implicações psicológicas e emocionais que o protagonista e o espectador terão. A história se permite discutir coisas bem de cinema, mesmo que não aparente de imediato. O olhar, a narração, a construção de cena. Extras bem interessantes no dvd, incluindo um comentário do professor João Luiz Vieira (por acaso meu ex-professor) que é sempre muito bom. Tem também do elenco, do diretor, do fotógrafo e outros, dando bem mais que 45 minutos. Não lembro de repercussões desse filme, espero que em dvd o filme seja mais visto e descoberto.
Jogo Subterrâneo
A idéia até que é curiosa e há um bom começo, mas quando a personagem de Maria Luisa Mendonça começa a ser desvendada (o lado misterioso dela antes é interessante) tudo fica fraco demais. É aí que o filme perde o pouco de credibilidade que tinha, ficando mais explícito que é apenas um filme cheio de clichês e assim nos distanciamos da ação e dos personagens. Roberto Gervitz se não escreveu bem o roteiro ao menos conseguiu boas coisas no metrô. Outro personagem ruim é da cega feita pela Julia Lemmertz, que vira uma espécie de oráculo do Felipe Camargo e finaliza sua participação com uma revelação péssima. Daniela Escobar nem erra ou acerta (mas fica nua) e a menina que faz sua filha (autista) tem bons momentos. Numa comparação grosseira o filme nos seus piores momentos lembra Nina, talvez pelo visual "cinema paulista anos 80". Mas não é de todo ruim não.
De Passagem
O filme de estréia de Ricardo Elias é muito bom. Vê-se algumas tomadas escolares até, mas outras muito boas e a utilização dos trens paulistanos é ótima. Fora isso o filme passa um senso de real e familiar muito próximo, os dois atores principais são ideais pelas diferenças e também pela amizade evidente. O filme é quase um railroad movie, passado em dois tempos, claramente mostrando uma jornada (ou duas no caso) de um dia que modificou e modificará as pessoas envolvidas (os 2 que fazem a viagem no presente e a terceira pessoa oculta). Nisso o filme pode remeter à vários filmes que seguem essa trajetória, como Conta Comigo. E o fato de ser brasileiro e em São Paulo dá outros importantes contornos ao filme. Particularmente achei bem legal ver dois orientais em destaque no filme, Claudio Yosida no roteiro e Carlos Yamashita na fotografia. Uma cena que até parece um interlúdio onde há uma paquera no trem revela uma graciosa atriz que consegue se fazer notar apenas pelo olhar e deixar lembrança nos espectadores. Há extras no dvd.
Contra Todos
Dá pra destacar a direção de atores que consegue extrair performances impressionantes como as de Silvia Lourenço e Giulio Lopes, dois atores que não conhecia. E também dos mais conhecidos como Leona Cavalli e Ailton Graça. O uso do digital às vezes é bom, às vezes estraga a cena. O que pega mesmo é o roteiro. Quando tudo vai transcorrendo como no cotidiano, tudo bem, mas quando começa a virar uma demonstração de algo, vai ficando cada vez pior até chegar ao ponto do flashback explicativo que além de redundante se mostra apenas um efeito narrativo e não algo para dar substância àquelas pessoas ou àquela situação. Aliás fica parecendo no final que nem há interesse naquela realidade, mas sim uma utilização ou no pior dos casos uma crítica vinda de cima, de como é podre "aquela gente lá", reforçada pelo final que se propõe irônico e cínico. Curioso notar que o filme segue uma tradição hollywoodiana de explicitar a violência, mas ser púdico no sexo (apenas a transa mais pro final que é um pouco explorada, o resto é só (mal) sugerido).
Gaijin – Ame Me Como Sou
É difícil falar do filme de outra forma que não a pessoal e nesse aspecto Gaijin se torna mais do que pode ser para grande parte do público. Tudo me remete à minha família (até na parte dos dekasseguis) em vários aspectos, do presenciar, do ouvir falar, do conhecer, do vivenciar, do amar, do sofrer. Quando um primo diz ter chorado numa cena por tê-lo feito lembrar de nossa avó falecida não tem como ao reconhecer a cena eu não me emocionar também. E nisso o filme de Tizuka Yamazaki consegue passar muito bem. Mas deixando tudo isso de lado dá pra falar da dublagem um pouco inadequada dos atores estrangeiros (em algumas cenas em especial, pois no geral é passável). Não senti, como diziam, uma esquizofrenia ao tentar abordar muitas histórias num só filme, achei que teriam pulos abruptos, mas acompanhei toda a história sem sentir falta de algo (e quanto mais, melhor pra mim). Na sessão que fui apenas eu e mais duas pessoas, uma mulher com sua mãe, ambas japonesas (elas gostaram). É uma pena.
Água Negra (Dark Water)
Fiquei surpreendido ao achar que o filme não é ruim como pintavam (ou queriam) por aí. Walter Salles não demonstra uma mão pesada que tenta imprimir uma marca pessoal evidente e nem um diretor qualquer que faria tudo no automático. Tudo ajuda, a Jennifer Connelly atuando, os coadjuvantes de luxo, o roteiro de Rafael Yglesias (parece até que há mais coisas dele que de Salles no filme), a fotografia, os cenários e até o figurino. Todos os personagens são caracterizados como solitários ou sozinhos, mesmo que não sejam de verdade, nunca vemos suas outras relações pessoais (em todos os níveis, até da garotinha) dando a sensação de isolamento ao filme. O final é bom e creio que fiel ao original japonês; um pouco desolador para uma produção americana.
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quarta-feira, setembro 21, 2005
Quatro Aventuras De Reinette E Mirabelle (Quatre Aventures De Reinette Et Mirabelle)
Mais um ótimo filme de Eric Rohmer que aqui divide o filme, como o título diz, nas 4 aventuras das protagonistas. Diferente da primeira as outras três têm mais humor. E diferente da primeira que se passa no campo as outras três se passam na cidade. O embate, ou melhor dizendo, a exposição teórica e prática de questões de moral, bom senso e costumes são excelentes, nunca assumindo realmente um lado, não deixando que a interiorana seja vista como obtusa ou ingênua e nem que a garota da cidade seja superior e esperta. Uma tirada melhor que a outra e o destaque fica com a atriz que faz a interiorana.
A Outra Face Da Raiva (The Upside Of Anger)
Um bom drama com muito humor e ótimo elenco. As filhas de Joan Allen no filme foram escolhidas à dedo, dificil não querer todas (ordem de preferência: Evan Rachel Wood, Erika Christensen, Keri Russell e Alicia Witt) e até dependendo do dia a Joan entra na fila também. Kevin Costner está ótimo, largado e bonachão. O curioso é quem não sabe quem é o diretor (como eu) vai ficar surpreso ao vê-lo no making of. Tem algo de humor negro ao final do filme, desvendando a trama (que aparentemente não sugeriria ter algo a ser desvendado). O personagem de Evan que narra o filme e é justo ela que não se afeta emocionalmente pela raiva que o filme tanto enfatisa e discute, permeando todas as relações.
Assalto À 13a. DP (Assault On Precint 13)
Tem coisas interessantes nessa refilmagem do clássico filme de John Carpenter. Nunca chega perto de se equivaler, sequer de superar, mas ao menos em algumas escolhas aperfeiçoa ou explora coisas a mais do "original" (que já era uma refilmagem de Rio Bravo). A história já é ótima por si só, podendo passar de um western para um policial ou um terror (e poderia se dar bem em ficção e guerra também). Algumas tomadas "virtuosas" são estéreis e até risíveis. Já alguns atores estão bem como Ethan Hawke e John Leguizamo. Todo o lado psicológico dos personagens não sei se era explorado no filme de Carpenter. Engraçado ver o diretor (francês) dizer que cresceu em bairros perigosos e tem essa "experiência de rua" e notar que se parece mais com um nerd francês.
A Um Passo Da Morte (The Indian Fighter)
Ótimo western de André De Toth com Kirk Douglas e a presença de Walter Matthau (que é daqueles que parece que nunca foram jovens). Um tratado de paz entre índios e brancos é abalado por causa de aproveitadores que querem descobrir a fonte de ouro dos índios. Kirk faz o homem do meio, que estabelece contato entre um lado e outro. Também faz contato com uma mulher de cada lado, tendo um relacionamento com uma e sendo assediado por outra (numa ótima cena de proposta de casamento inversa). A relação com a índia é politicamente incorreto para os dias de hoje, todo avanço dele é brutal, forçado, com ela resistindo bastante de início para depois gostar desse quase estupro. A parte final é bem movimentada com o ataque dos índios ao forte (isso me lembrou muito meu forte apache de brinquedo, pois a geografia e detalhes da construção são muito semelhantes).
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segunda-feira, setembro 19, 2005
Lançamento
Diante da data eis um bônus, faixas dos singles lançados de Have A Nice Day com versões ao vivo para I Get A Rush, Miss Fourth Of July e The Radio Saved My Life Tonight, aqui.
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sábado, setembro 17, 2005
Cocorico Monsieur Poulet (Idem)
Primeiro filme que vejo do renomado Jean Rouch. E por pouco saber de sua carreira é mais interessante entrar no filme, pois parece que estamos vendo um documentário sobre vendedores de galinha na Nigéria, mas na realidade é uma ficção documental. Mesmo percebendo se tratar de uma ficção (pelas câmeras de cobertura e a montagem) o realismo é tamanho que embarcamos numa boa, como se fosse um divertido documentário dos intrépidos vendedores. As situações que eles passam são fascinantes, sendo o carro usado um símbolo daquele povo, daquele país. Todas as técnicas usadas por Rouch para filmar essa viagem são inspiradoras pois tiram muito do pouco e nunca soam forçadas e artificiais (e muitas vezes até documentários soam assim mesmo filmando o "real"). No final estamos diante de um ótimo road movie, extremamente bem humorado e de bem com a vida, apesar dos pesares.
Cinco Dedos (Five Fingers)
Ótimo suspense de espionagem realizado por Joseph L. Mankiewicz. James Mason está ótimo como um mordomo que vira espião para os nazistas, passando documentos secretos da embaixada inglesa. Não ficamos sabendo de suas motivações em boa parte da metragem, mas passamos a torcer por ele, o que é ótimo, na parte final, cheia de tensão (a cena da empregada é enervante). O final se passa no Rio De Janeiro e é uma resolução perfeita. O surpreendente é saber depois que o filme é baseado em fatos reais (o filme não diz isso, é informação off the screen).
A Chave Mestra (The Skeleton Key)
Filme ridículo. Quando o filme vai progressivamente dependendo de sustos com aumento da trilha (ou som) e aparições "de surpresa" já dá pra perceber que não há nada de realmente relevante sendo dito ou mostrado. A direção é desastrosa. Depois quando percebemos que há algo de racista e preconceituoso com relação à crenças e práticas antigas tudo fica pior ainda. Jogar para o casal negro a imagem do mal é revoltante, ainda mais quando no início se achava que o preconceito que os fez serem enforcados (que na verdade eram as crianças sendo mortas), mas na verdade parece que o filme concorda com as atitudes dos "nobres". Pobre Gena Rowlands fazendo um papel perdido que nem ao menos é ameaçador (outra coisa pobre do filme é que não há algo para se aterrorizar - a não ser ter medo do que o diretor vai jogar na frente da câmera com um som alto pra assustar). Tirando a parte preconceituosa que se traveste de final "corajoso" o filme não se sustenta mesmo assim, sendo muito mal realizado. Um mau legado à uma região arrasada atualmente (maldição pelo que o filme prega?). Ao menos concordo com o amigo Ailton sobre a cena gratuita da Kate Hudson, as mais belas costas que vi em tempos no cinema, se o filme inteiro fosse isso, quem sabe eu gostava mais.
Maria Cheia De Graça (Maria Full Of Grace)
Achei o filme mais comum do que imaginava. Mostrando a trajetória de uma jovem colombiana quando faz o serviço de "mula" para traficantes o que fica é a revelação da atriz principal. Seja a história ou a forma como foi filmado ou o resto do elenco nada se sobressai realmente. Sendo que as condições anteriores não eram extremamente precárias ou desesperadoras fica a impressão que o que conta é a cobiça de ganhar grana boa com pouco trabalho. Depois disso a percepção muda, mas também não há algo positivo ou negativo no que o personagem decide ao final. Não desestimula futuras mulas, nem critica claramente os imigrantres nos EUA ou a situação colombiana. Enfim, fica tudo no banho maria.
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sexta-feira, setembro 16, 2005
At The Beach (Mourning)
Bela e triste música composta por Michael Giacchino para um dos episódios de Lost.
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Sem Essa Aranha
Dos 5 filmes que já vi do Rogério Sganzerla este sem dúvida é o mais experimental. Todo feito em planos seqüência é de se imaginar que sua realização é tão interessante quanto o que vemos na tela, o quanto cada cena teve de imprevisto, improvisação e organização. A utilização de Jorge Loredo é ótima. As atrizes estão particularmente histéricas. O uso das frases (algumas em eterna repetição), além do corte e som lembram Godard. É inesperado Luiz Gonzaga ser tocado para logo após o vermos em carne e osso tocando no filme (outras participações também são curiosas). Irritam alguns aspectos que mostram mais uma encenação e artificialismo do que uma liberdade fílmica (até pequenos toques em coadjuvantes e figurantes ajudariam nisso). Não que não fique óbvio que seja uma encenação, mas até nisso há uma ilusão que pode ser quebrada facilmente por algo negligenciado. A cena do vômito, por exemplo, sente-se a falta de um vômito mesmo e não meras tentativas (se elas tivessem comido antes seria mais interessante). Claro que sempre há o recurso de se dizer que não era a intenção ter certas coisas, mas num filme assim as intenções são a coisa menos importante do processo; a reação do público e sua compreensão é que contam, tornando a obra múltipla e podendo ser ao mesmo tempo exaltada e apedrejada (com razões para ambos os lados). Para mim resulta que o filme é muito mais curioso e interessante que apreciável. Para um texto mais elogioso e detalhado, vale ler este.
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quarta-feira, setembro 14, 2005
Segunda Chance (P.S.)
Ótimo filme que tem toda cara de filme indie americano, mas em alguma hora se livra disso e se torna algo mais. Uma das forças do filme é Laura Linney, excelente, como uma trintona separada e solitária que encontra um jovem quase idêntico ao seu primeiro namorado da adolescência, tendo a mesma cara, o mesmo nome e até o interesse pela pintura, que morreu num acidente quando jovem. O jovem quem faz é Topher Grace, cada vez mais mostrando que é bem mais que o jovem de That 70s Show, ele consegue atuar de igual para igual com Linney. Um dos cuidados do filme é com os coadjuvantes, seja o ex-marido Gabriel Byrne, o irmão Paul Rudd ou a amiga Marcia Gay Harden, todos têm presença importante (e o ex-marido numa ótima cena se mostra muito mais complexo do que se esperaria). Não sendo episódico o filme vai intercalando ótimas cenas uma atrás da outra, destacando a entrevista para a universidade, a do sexo entre Laura e Topher (com uma naturalidade excelente), a do espelho, a confissão do ex-marido, o encontro com a amiga e a resolução. A recusa de colocar algo suspeito na identidade do jovem ou procurar uma explicação para a semelhança entre o jovem e o falecido ex-namorado é acertada, não transforma um drama romântico em outra coisa, desviando o assunto. Canções bem escolhidas (incluindo duas da excelente Martha Wainwright) e uma boa trilha de Craig Wedren. Também há ótima escolha nos quadros pintados por Topher, nos créditos vemos que são de vários artistas, os temas apresentados nos remetem direto ao que o filme trata. O diretor Dylan Kidd fez antes Roger O Conquistador que em breve quero conferir. Havia um projeto dele filmar um roteiro com Jon Bon Jovi que não sei se vai vingar.
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terça-feira, setembro 13, 2005
Vôo Noturno (Red Eye)
Um thriller tenso que pode ter carreira boa em dvd por causa dos closes, da produção modesta e da curta duração. A história é batida (um filme semelhante melhor trabalhado é Tempo Esgotado que é em tempo real) mas se segura por boa parte da narrativa. A trama é absurda e desde o começo temos que esquecer disso para aproveitar mais (seja na carteira transportada na velocidade da luz ou a totalmente improvável bateria fraca do celular ou o plano terrorista mais capenga do mundo). Rachel McAdams está bem no papel, um de seus primeiros no gênero (ao invés de cômica ou mocinha romântica), tomando a ação em vários momentos (e não soando irreal com isso) e mantendo a pose simpática de uma atendente. Já Cillian Murphy não convence desde o momento que aparece como alguém que se passe por boa pessoa, mas quando se assume como mau fica melhor. É cômica a apresentação dos personagens secundários e não servem para muita coisa (o jovem fornece uma caneta, a loira o encharpe e o médico irritado, bom, não serve pra nada), sendo bem pouco aproveitados. A parte final volta às situações típicas mostradas em Pânico, até com o vilão mais monstruoso (por causa da garganta perfurada).
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sexta-feira, setembro 09, 2005
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20.09.2005
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segunda-feira, setembro 05, 2005
Comédias Românticas
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De Repente É Amor (A Lot Like Love)
Bem calcado em Harry E Sally o filme tenta mostrar um casal em vários períodos de tempo e vida, se encontrando, se relacionando, mas nunca assumindo a coisa à sério. O primeiro encontro e outras coincidências poderiam ser mais realistas para dar força na história, começar no aeroporto e numa transa num avião já é forçar um pouco a barra, é se distanciar do espectador. Há um carisma do casal central, não necessariamente entre eles (é difícil imaginar alguém amando o Kelso... hehe). O lance profissional é o mais interessante, são tão perdidos como a geração para quem falam, de não definições de vida e de trabalho. Ela se acha na fotografia, mas ele ficamos na dúvida até no final, e isso é bom, tanto quanto mostrar sua aventura pelo mundo do comércio online (ele não se deu bem, ainda bem). Também como Harry E Sally há o foco na amizade do casal, pois vão se formando como amigos / amantes mais do que apenas amantes. A música tem um papel legal na história, nas constantes citações ao Bon Jovi (em referência ao primeiro namorado dela que vemos no filme), na cena muito divertida ao som de Chicago e na melhor cena da declamação de I'll Be There For You, cena essa que é melhor do que se vendia (pelo trailer), não é apenas cômica, ela evolue para se tornar emocional (e verdadeira), o que foi uma surpresa positiva. Destaque para o irmão surdo que apenas pela presença passa um espírito do bem viver e do bom humor, nunca se tornando uma muleta cômica ou melodramática (como a irmã acaba sendo). Acaba sendo um bom filme, mas poderia ser mais, só que foi tentar ser Harry E Sally, aí a competição é difícil.
A Dona Da História
Aproveitando uma promoção de filmes nacionais na locadora resolvi locar alguns que não vi e que talvez nem alugasse num dia normal, mas é bom para dar uma atualizada no cinema nacional mesmo em sua face mais comercial. O filme do Daniel Filho até que ficou acima da média do que eu esperava. É um filme simpático e uma narrativa diferente do que vemos usualmente em produções americanas (experts neste gênero). A narrativa paralela uma hora se cruza e não há nenhuma explicação boba e lógica para isso (como aconteceria fosse outra produção). Simplesmente acontece e os personagens se debatem sobre o tempo e o destino fazendo com que nenhuma das realidades mostradas seja a definitiva, o filme poderia terminar até numa realidade bem diferente daquela do começo (em relação ao presente que parece se mostrar como consolidada - o casal fica junto). Óbvio que dá pra saber como as coisas irão se concluir (mas isso nunca foi problema nesse gênero). Gostei muito mais do casal velho do que o jovem, ainda que Débora Falabella tenha uma inocência no olhar que encanta. O amor não constantemente declarado e até escondido do casal do presente soa mais real que o apaixonado jovem casal. Outra coisa diferente é colocar a coisa social e política na vida dos personagens, mesmo que de leve; esse assunto é até evitado em comédias românticas geralmente. E não parece um produto televisivo, mas isso o Daniel já tinha mostrado que não faz quando realizou A Vida Como Ela É.
Mais Uma Vez Amor Uh, difícil esse filme, não que seja complexo, é simples demais. O duro é a reação e percepção... Não é ruim, mas não é bom também. Baseado numa peça de teatro não é teatral, mas nem cinema parece e às vezes parece tv. Não há cenas boas, mas coisas boas dentro da cena se debatendo com outras ruins. Os atores não estão bem, mas alguma fala ou olhar no meio disso soa bem. Uma boa idéia surge e desaparece. Ora fica caricatural e bem artificial, ora fica sentimental e emocional, não equilibrando ou definindo bem o que o filme realmente é. O que poderia ser mais sério é mostrado como paródia, o que poderia ser cômico vira dramalhão... Não sei se era assim, mas pelo que lembro o primeiro filme da Rosane Svartman tinha essas qualidades e defeitos também. A garotinha numa cena fica muito bem só no olhar, Cristiane Fernandes em outra também, mas só em uma cena. Juliana Paes é mais uma presença de beleza que outra coisa e o Tom Hanks nacional parece estranho como personagem e como par. Ah a "Juliana Paes" adolescente é uma graça, podia ser ela o filme todo! Enfim, só pra curiosos mesmo.
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sábado, setembro 03, 2005
Dragões Da Violência (Forty Guns)
Ótimo western de Samuel Fuller (escrito, produzido e dirigido) que já começa de forma grandiosa com a passagem de Barbara Stanwyck e seus 40 dragões pelas planícies do Arizona. Os movimentos de câmera durante toda metragem são precisos e belos, com ótimos enquadramentos. O som também se destaca (incluindo as duas canções). Todo o clima é de um western: os cenários, a trama, a música e os personagens, mas estamos diante de um romance doloroso, e não só dos protagonistas. Amor e violência se misturam muito bem sejam através de manifestações naturais (o casal se juntando através de um tornado) ou humanas (três momentos fortes que estragam a trama se ditas aqui mas envolvendo o protagonista, seu irmão e o delegado em cada momento). Até pequenas cenas tocam neste tema: o irmão mimado da rancheira com uma mestiça e o irmão do protagonista se relacionando com um armeira (com a cena do ponto de vista do cano da espingarda). A mais forte e melhor cena do filme é perto do final, no último tiro. Forte, inesperado e complexo no que propõe. Tirando a Barbara não conhecia o resto do elenco. Achei engraçado o título de uma opinião sobre o filme no imdb: West Slide Story. Enfim, um belo trabalho de Fuller de grande impacto pela parte final.
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